Cevnautas, alguém bisbilhoteca pra saber se essa audiência da Câmara ainda pode ser assistida? Laercio
08/08/2012 21:34
Conselho de Educação Física defende mudança no critério de classificação das Olimpíadas
Renato Araújo
O presidente do Conselho Federal de Educação Física, Jorge Steinhilber, afirmou, nesta quarta-feira (8), que o critério de classificação final dos países nos Jogos Olímpicos precisa ser mudado, porque é uma convenção da imprensa internacional que valoriza os esportes individuais.
Na opinião de Steinhilber, o atual modelo é injusto, porque não leva em conta o número de medalhas obtidas por atletas dos esportes coletivos, como o futebol, o voleibol e o basquetebol, que têm maior tradição no Brasil. Steinhilber participou de audiência pública promovida pela Comissão de Turismo e Desporto da Câmara.
Ele afirmou que a classificação de um país como potência olímpica foi uma convenção inventada pela mídia internacional e copiada pela imprensa do Brasil. Essa convenção leva em conta o número de medalhas de ouro, ou a soma de todas as medalhas conquistadas - ouro, prata e bronze. De acordo com Steinhilber, nem o Comitê Olímpico Internacional, nem o Comitê Olímpico Brasileiro estabelece esse tipo de regra para classificação. O Comitê Internacional apenas elabora um quadro de honra dos medalhistas, não do país.
Olimpíadas de 2008
Ele deu um exemplo para mostrar como a imprensa muda a classificação final dos países de acordo com a conveniência dela. De acordo com Steinhilber, nas Olimpíadas de 2008, a mídia europeia e a asiática consideraram a China vencedora dos jogos daquele ano, porque teve maior número de medalhas de ouro. Já a imprensa dos Estados Unidos informou à população do país que os norte-americanos foram os vencedores, uma vez que somaram o maior número de medalhas de ouro, prata e bronze.
Jorge Steinhilber sugere um tipo de ranqueamento diferente. "O ranqueamento de países é importante, mas para que fosse um pouco mais justo e democrático, ele deveria fazer o somatório das medalhas de ouro, prata e bronze, e, mais ainda, não ser injusto com os esportes coletivos. Por que, no esporte coletivo, a mídia considera apenas uma medalha para o ranqueamento? Quando, na verdade, você tem, por exemplo, no voleibol, 12 atletas que recebem as medalhas. Se 12 atletas recebem medalha e a Carta Olímpica estabelece que o que vale é o atleta, eu entendo perfeitamente que devem ser consideradas as medalhas recebidas por cada atleta."
O especialista em Olimpismo Lamartine Pereira da Costa, professor da Universidade de East London, no Reino Unido, também defendeu a modificação, no Brasil, do critério adotado para classificar o desempenho dos países nas Olimpíadas. Ele destacou que o Brasil não tem a obrigação de seguir a tradição que leva em conta apenas o número de medalhas de ouro conquistadas. Disse ainda que não tem nada que impeça o Brasil de mudar.
O presidente da Frente Parlamentar de Apoio à Atividade Física para o Desenvolvimento, deputado João Arruda (PMDB-PR), também concorda que o Brasil não pode ficar "refém" da tabela estabelecida pela imprensa, principalmente a dos Estados Unidos.
O deputado André Figueiredo (PDT-CE), um dos autores do requerimento para a realização da audiência, juntamente com João Arruda, destacou que já é uma conquista para qualquer atleta do mundo atingir um índice olímpico. Por isso, em sua opinião, também é preciso valorizar os atletas que chegam em quarto, quinto ou sexto lugar. "A participação pífia do Brasil dentro desse processo de ranqueamento injusto tem que ser superada por uma inversão de valores", disse.
Legado das Olimpíadas
João Arruda também ressalta que a Olimpíada que vai ser realizada no Brasil em 2016 precisa deixar um legado social e educacional para a população. "Não é só medalhas, não é só o resultado que nós queremos buscar. Nós queremos proporcionar uma nova política de esporte no nosso País. Queremos estabelecer uma cultura de prática esportiva dentro de cada escola, no esporte de base, dentro de cada universidade. Para isso, a gente pode utilizar, sim, as Olimpíadas que vão acontecer daqui a quatro anos no Brasil. Mas já queremos antecipar isso: fazer a prevenção daquilo que a gente pode aproveitar e potencializar. Coisa que não aconteceu com a Copa do Mundo, mas, quem sabe, a gente possa fazer com as Olimpíadas."
Caminhada
O deputado informou que a frente parlamentar e a Comissão de Turismo e Desporto vão promover, no dia 22 de agosto, de uma caminhada de quatro quilômetros em volta do Congresso Nacional. O objetivo é chamar a atenção para qual tipo de legado socioeducacional os Jogos Olímpicos vão deixar para o Brasil.
FONTE: http://bit.ly/audiencia_ago_2012
Comentários
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Alexandre Medeiros Jorge de Carvalho
em 9 de Agosto de 2012 às 09:07.
O Brasil está procurando o caminho mais fácil para se destacar no quadro de medalhas. Seria um absurdo o voleibol dar 6 ou 12 medalhas de ouro para o país, se no caso o que se premia é o conjunto. Cada um dos jogadores, em cada posição, realmente é o melhor do torneio? E os reservas que ficam a maior parte do tempo no banco contariam uma medalha de ouro a mais para o país?
Ao invés de ficar nessa discussão, o Brasil deveria mudar sua postura com relação ao esporte, enfatizando os esportes individuais, indo brigar com EUA, China, Rússia, França, Coreia do Sul e outros países nas diversas modalidades e não apenas formar um bom conjunto, como ocorre nos esportes coletivos, e a partir disso querer faturar várias medalhas.
É necessário mudar a mentalidade de governantes em todas as esferas de Poder Executivo. No Brasil, quando se fala em instalações esportivas, incentivo ao esporte ou coisa do tipo, a primeira instalação esportiva que se constrói é a quadra poliesportiva para esportes coletivos. Por que não construir mais pistas de Atletismo, ou locais adaptados (por exemplo, não precisa ter a pista, mas se pode ter uma reta de 100m ou uma caixa de areia, numa reta), mais piscinas, mesmo que com somente duas ou três raias, aproveitar a abundância de rios e lagos e investir em Canoagem e Remo? E os esportes de combate, que dão tantas medalhas e estão menos sujeitos ao fator doping, por que não os incentivar?
Brasil, vamos mudar a mentalidade e realmente trabalhar e não procurar, com o famoso jeitinho brasileiro, adaptar o quadro de medalhas às nossas condições. Daqui a pouco, estarão propondo que as medalhas conquistadas no Voleibol, no Judô, no Voleibol de Praia e no Futebol tenham maior valor do que as medalhas conquistadas na Luta, no Levantamento de Peso, na Esgrima, no Ciclismo e no Remo, pois nestes esportes o Brasil não tem tradição nenhuma.
Se o Brasil quer subir no quadro de medalhas, que trabalhe para isso e faça investimentos nos esportes individuais, naqueles que distribuem muitas medalhas. A única solução para se colocar os esportes coletivos em condições de igualdades com os demais seria formar um quadro de medalhas por modalidade, adotando-se o critério do total de medalhas. Assim, por exemplo, teríamos no Atletismo, os EUA com a medalha de ouro, a Rússia com a de prata e o Quênia com a de bronze. Na Natação, teríamos EUA, com ouro, China com a medalha de prata e França ou Austrália com a de bronze. No Voleibol teríamos, por exemplo, Brasil com a medalha de ouro, EUA com a de prata e outro país, talvez Rússia, com a de bronze. Esse quadro também poderia considerar a separação em gêneros, masculino e feminino.
Agora, sinceramente, querer dar um peso maior aos esportes coletivos, já é exagero. Evitem o fator torcida na análise de um quadro de medalhas.
Alexandre Carvalho.
PS. Dormindo 3 horas por dia e sintonizado com Londres-2012!
www.favoritos2012.blogspot.com
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João Guilherme Cren Chiminazzo
em 9 de Agosto de 2012 às 10:03.
É pssoal.... parece que quem tem o poder quer procurar o caminho mais fácil!!! Imagina se o sistema muda dando uma medalha de outro apenas para uma equipe de voleibol, já que os críticos assim pediram!!!!
Como só criticar não basta, aqui vai minha sugestão: ao invés de levantar idéias infundadas, pq não começamos um debate uma reestruturação do desporto nacional, dando continuidade nos diversos âmbitos de prática esportiva, assim estabelecemos uma política de desenvolvimento do esporte nacional e quem sabe em 2020 ou 2024 poderemos brigar com potências mundiais do esporte.
O que realmente precisamos..... o mais fácil nem sempre é o correto!!!!! Vamos pensar um pouco nisso! E peço aos que possuem "o poder", que sejam mais críticos e façam valer o seu poder em prol do desenvolvimento do esporte de forma digna e coerente.
Um abraço
Por
Bruno Ferreira Cattaruzzi
em 9 de Agosto de 2012 às 11:15.
Caso essa sugestão seja adotada, o que mudaria em nosso esporte? Se entrarmos nessa, perderemos a chance de discutir a gestão do nosso esporte, que é o que realmente trará resultados não só no alto rendimento, como na base. O Alexandre foi muito feliz ao lembrar das quadras poliesportivas nas escolas e isso é um claro indicativo do peso dos esportes coletivos, com os clubes assumindo o papel de formadores de atletas.
Abraço.
Por
Maria Izabel de Souza Lopes
em 9 de Agosto de 2012 às 12:36.
Muito bem Alexandre. Sem populismo e arranjos para o Jogos Olimpicos no Brasil. Temos que investir e estimular esportes no Brasil com qualidade e competência. Há muitos talentos não despertados. Há muitos profissionais de Educação Física que se empenham mas não recebem estímulo e nem incentivo para seu trabalho de iniciação nas escolas, escolinhas desportivas, clubes, comunidade e outras formas de ação para a popularização das práticas desportivas. Mais incentivos para os profissionais de alto nível. Vejam o exemplo do atleta de ginástica artística - argola. Nada deve ser por acaso. O acaso precisa de excelente base. Lamento, mas os conselheiros estão na contra-mão. Não temos que combater a mídia, temos que combater nossa incapacidade de investimento sério em esportes individuais e coletivos no Brasil. Não dá para investir só naqueles que "eventualmente" conseguiram uma medalha. Polêmica errada. Tema errado. Tática errada.
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