Numa reunião recente tivemos uma discussão interessante. Falávamos dos países que mais exportam atletas e logo surgiu o Brasil e Argentina.
Um dos participantes disse que na situação do Brasil a exportação é prejudicial porque enfraquece o futebol local. Os bons jogadores saem, ganham algum dinheiro e retornam desmotivados, alguns com lesões graves, outros fora de forma. Citou vários atletas, alguns atualmente em atividade. Disse também que isso não acrescenta nenhuma melhora técnica para o país, e muito menos ajudam os clubes que os contratam.
Diferentemente, para o Japão, a saída dos jogadores gera uma grande contribuição ao futebol nipônico porque fora eles participam de treinos diferentes, aprendem táticas diversas e voltam ainda jovens e mais profissionais. Passam o que aprenderam para uma nova geração de atletas e dirigentes.
Então, percebi que duas ações absolutamente iguais (saída de atletas para o exterior) podem gerar resultados completamente inversos.
Será que os futebol brasileiro sai perdendo com tudo isso ou imagem de maior país exportador gera dividendos?
Comentários
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Bruno Ferreira Cattaruzzi
em 30 de Maio de 2012 às 10:39.
Para um país que está se desenvolvendo na modalidade e ainda não atingiu todo seu potencial, exportar jogadores é uma saía para o bom crescimento do esporte. O Brasil é um exportador histórico, sempre mandando jogadores para outras terras. Ano passado nosso país perdeu a primeira posição para a Argentina nesse quesito. Fatores econômicos e de gestão são levados em conta e temos conseguido segurar por mais anos nossos melhores jogadores e esse é um fato extremamente importante no desenvolvimento dos clubes. Alguns clubes conseguem ter uma gestão mais eficiente, outros tantos estão se desenvolvendo e outros estão parados no tempo, o fato é que hoje o ídolo é enxergado de outra maneira no Brasil.
Abraço.
Bruno Cattaruzzi
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Edison Yamazaki
em 30 de Maio de 2012 às 21:56.
O Brasil é exportador, mas isso ajuda ou prejudica o futebol brasileiro? A saída dos atletas contribui de que maneira para a evolução do futebol nacional?
Particularmente, acho que isso não tem contribuido muito para a melhora do futebol brasileiro. Vejo os casos mais recentes (Adriano, Luis Fabiano, Ronaldinho, Cleber, Sobis, etc). que não atraem público, não estimulam os mais novos, não vendem sonhos, não tiram os clubes das dívidas. Os veteranos que já pararam (Elber, Falcão, Romário, Ricardo Gomes, Juninho, Paulo Sergio, Mozer, Valdo, Mazinho, Raí, Luis Pereira, Leivinha, Vasconcelos, Marinho Chagas, Marinho Perez, Juary, João Paulo, etc) estão envolvidos em outros projetos, muitos deles longe do futebol e do país.
Com essa exportação as crianças perdem a identidade com os seus ídolos e consequentemente com o time que torcem. As vezes, nem torcem para o time, apenas para o ídolo.
Se os jogadores ficassem pelo menos uns 5 a 6 anos jogando no Brasil criando uma identidade com a torcida, acho que seria diferente. O ídolo atual é mais notado pelas suas posses do que pelo futebol que joga. Não sei se isso é bom para as novas gerações.
Nada contra ir para o exterior e ganhar muito dinheiro. Mas antes, ficar num clube o suficiente para que a torcida o identifique como jogador brasileiro, para depois sair em busca de outras realizações. Acho que isso pode acontecer como Neymar, Oscar, Lucas, Damião, etc. se eles ficarem mais alguns anos.
O Taffarel é um bom exemplo. Foi o primeiro a sair e ganhou uma Copa do Mundo sendo um dos destaques. Leão, Zetti, Ceni, Marcos, entre outros, passaram a vida inteira no Brasil e são lembrados até hoje.
Abraços,
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Roberto Affonso Pimentel
em 31 de Maio de 2012 às 08:59.
O Brasil é exportador de jogadores...!
Edison, ao comparar culturas diferentes - Japão e Brasil -, há que se considerar o grau de instrução dos altetas, para se aquilatar quão presente se fazem em outros ambientes e que tipo de conribuição podem oferecer. No caso brasileiro não é necessário se dizer, basta acompanhar o noticiário sobre a forma como são tratados e educados os pretendentes a jogador de futebol.
Creio que a maior influência está no trabalho que alguns poucos técnicos produzem no exterior, ou mesmo no seu prórpio país. Alguns exemplos se nos apresentam atualmente, como o José Mourinho que, ainda muito novo já se impôs mundialmente e, certamente sua influência positiva será modelo para muitos outros que, por sua vez, tratarão de repassar aos seus atletas. No caso do Japão, a presença do Zico foi um destaque, muito embora em terras brasileiras não se tenha destacado como técnico. Conclui-se que de certa forma deu a sua contribuição, medida pela participação japonesa em Mundiais.
Na cultura futebolística brasileira não é tão necessário o ídolo, mas quanto se ganha para jogar futebol. E isto, para quem frequenta a sacristia, sabe dos percalços por que têm que passar os aspirantes a "novo rico". Trata-se de uma verdadeira selva, em que os variados agentes mostram seus interesses particulares e agem de forma a extrair maior proveito. Assim, quando se olha para a base da pirâmide, onde são forjados os futuros jogadores, percebe-se quanto é estreito este funil e a influência dos técnicos Formadores. Estes, são ex-jogadores, repetidores desatentos de receitas técnicas (de bolo) que ali estão para dar continuidade ao processo. Jamais terão condições de acrescentar algo novo, a não ser que alguém lhes diga ou ensine.
O pior é que isto ocorre também no voleibol...
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Bruno Ferreira Cattaruzzi
em 31 de Maio de 2012 às 18:06.
A figura do ídolo é imprescindível para qualquer esporte. Ídolo chama atenção da mídia, leva torcedor pro campo e pra frente da tv, vende mais camisa, etc. O futebol brasileiro é recheado de exemplos e não precisamos citar Marcos e Rogério Ceni que são 2 pontos fora da curva. Robinho e agora Neymar no Santos, César Sampaio, Evair, Rivaldo, Edmundo no Palmeiras e no Vasco, Marcelinho Carioca e Tevez no Corinthians, Guiñazu no Inter e tantos outros que não precisam ficar uma vida inteira no clube, mas ter alguma identificação com aquela agremiação e cativar suas torcidas.
Hoje, manter jogadores assim se tornou mais fácil, até porque importantes mercados exportadores não buscam jogadores como outrora. Outro ponto crucial é a profissionalização dos dirigentes, que se ainda não são profissionais, que valorizem seus jogadores ao invés de criticá-los na mídia.
Abraço.
Bruno Cattaruzzi
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Edison Yamazaki
em 31 de Maio de 2012 às 21:01.
Roberto,
O grau de instrução dos atletas tem grande influência na percepção do jogo, naquilo que precisa realizar como atleta e cidadão. Isso sem falar que entendem o que está escrito nas entrelinhas de uma partida, de um ambiente.
Acredito sinceramente que a baixa escolaridade tem influido de maneira marcante no futebol brasileiro. Ex-jogadores passam a cuidar das categorias de base, menos por seus conhecimentos técnicos e mais por ligações sentimentais. Entretanto, continuam não entendendo as novidades, as necessidades atuais.
Por causa da saída desenfreada de atletas para o exterior, a criança brasileira vem perdendo a capacidade de identificar um ídolo em seu clube do coração. Antigamente até os números das camisas ajudavam a identificar os jogadores, hoje, nem isso.
Pergunte à qualquer criança quem são seus jogadores preferidos e eles rapidamente citarão nomes de atletas no exterior. Acho que isso não é bom para o futebol brasileiro.
Agora, não sabia que a continuidade de treinos "conservadores" também existia no voleibol.
Bruno,
Você está certo quanto a necessidade de um ídolo. Isso é incontestável.
Agora, quem são os grandes ídolos do futebol brasileiro no momento?
Acho que ídolos que trazem público e geram receitas são aqueles que possuem "raízes" em seus respectivos clubes, sem falar na incontestável qualidade técnica. Acho que são os casos de Del Pierro, Buffon, Totti, Baresi, Pirlo, Iniesta, Xavi, Van Basten, Seedorf, Cassano, etc. Atletas que ficaram várias temporadas num único time e levantaram títulos. Porque um bom time sem títulos, não é um bom time.
Abraços,
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