Charles Chaplin em seu filme: TEMPOS MODERNOS, focaliza a vida do na sociedade industrial caracterizada pela produção com base no sistema de linha de montagem e especialização do trabalho. Exemplificando, um operário se especializava em um determinado parafuso de um rádio e só fazia aquilo o dia todo, se tornando num excelente apertador de parafusos, mas não sabendo como construir o rádio todo. Ele só será um bom construtor de rádios, se ao longo da vida, construir muitos rádios e com isto desenvolver técnicas cada vez mais apuradas e eficientes na construção destes rádios.
Garganta (1998, p.22), apoiado em Mauss (1980), destaca que a técnica esta relacionada com “as diferentes formas de utilização do corpo com os constrangimentos impostos pelas características das respectivas modalidades desportivas”.
Com base na afirmação acima, conclui-se que aprender a técnica do jogo nada mais é que aprender a “jogar o jogo”, aprender a técnica de se construir um rádio nada mais é que entender o que é um rádio e fabricar diversos rádios completos e não só apertar parafusos isolados.
Se eu fraguimento o jogo e ensino partes deste jogo, exemplificando: um aluno que driba cones e chuta ao gol, com o tempo ele se tornara um excelente driblador de cones seguido de chutes a gol, eu não estou ensinando este aluno a “jogar o jogo”, a entender o que é o jogo, eu não estou ensinando a TÉCNICA DO JOGO.
Posso concluir então que o tecnicismo não ensina a TÉCNICA DO JOGO.
Comentários
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André Luiz de Souza Araújo
em 8 de Junho de 2011 às 22:50.
Enio,
Na minha opinião o treinamento no modelo tecnicista pode ensinar e aperfeiçoar os fundamentos do jogo. O problema é que não existe uma contribuição significativa para resolver os problemas do jogo, que no caso do futsal são imprevisíveis. Você aprende todos os fundamentos e não consegue jogar, pois não sabe como usa-los nos momentos decisivos ou como organizar as ações durante a partida.
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Mario Zeymison
em 9 de Junho de 2011 às 01:08.
Muito dos problemas que os amigos citaram passa pela pedagogia (ou a ausência dela) no treinamento esportivo. É comum confundir pedagogia do desporto com aula pra criança. O tecnicismo vai de encontro à um dos principais recursos do Futsal que é a tomada de decisão. Mecanizar movimentos sem flexibilizar sua utilização mediante advsersidades é tão útil quando um único padrão de jogo para uma equipe. Concordo com o Ênio quanto à equivocada metodologia na aquisição e iniciação, fazendo as crianças driblarem cones e finalizarem. A fragmentação do jogo é importante se quando acontece de maneira que o jogo seja desconstruído e tomando forma a partir da solidifação dos movimentos, nunca isolando pedaços do jogo por muito tempo sem o contexto do jogo para aplica-los. Ora, se o futsal é um jogo de constante oposição, como o praticante aplicará apenas situações que foram treinadas em uma zona de conforto altamente favorável? Para isso, meu amigos, os princípios de especificidade do treinamento citados no MECs de Dante de Rose Júnior fundamentam hoje os mais modernos planejamentos espiralizados, onde as dificuldades aumentam gradativamente ao longo dos treinos. Será que a melhor formação dos gestores (professores e/ou técnicos) resolveria este problema?
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Enio Ferreira de Oliveira
em 9 de Junho de 2011 às 08:39.
Mario e André obrigado pela colaboração e solidificação de conceitos importantíssimo para que definitivamente nos coloquemos no caminho mais coerente na formação de futuros atletas e até mesmo no futuro de verdadeiros cidadãos. E respondendo a pergunta do Mário eu ilustro com uma pergunta de um aluno em um curso de pós graduação onde após ouvir conceitos neste caminho ele relatou - "sou recem formado e pergunto, porque os professores da graduação ainda continuam com aulas prontas elaboradas na década passada?" Acho que isto responde a pergunta do Mario, a melhor formação de formadores de profissionais da área já seria um bom começo.
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Rafael Moreno Castellani
em 9 de Junho de 2011 às 11:36.
Bom dia Enio! A pergunta levantada por vc é fundamental para discutirmos esse tema! A transformação do trabalho docente passa necessariamente pela transformação da formacao universitária!
Tenho uma opiniao que corrobora com a de vcs!
No entanto, grande parte do meu entendimemento sobre esse assunto vem das considerações/contribuição de dois professores q estimo muito: Alcides Scaglia e o nosso coordenador Wilton Santana!
Recomendo a leitura dos seus principais livros! "A metodologia da participação" (Wilton) e o recem lancado pelo Alcides " o futebol e as brincadeiras de bola" seriam um bom começo!
Mais proximo desse nosso tema recomendo um artigo escrito pelo Alcides: http://www.ferrettifutsal.com/Publica/Artigos/78682618.html
Boa lietura!
Abracos a todos
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Enio Ferreira de Oliveira
em 15 de Junho de 2011 às 11:48.
Não podemos cair no erro do exagero. O Tecnicismo tem la sua importância nas modalidades esportivas em que a técnica do movimento vale centésimos de segundos e até novos recordes.
O outro extremo desta linha de raciocínio é o xadrez, onde a técnica do movimento não influencia em nada no resultado final, e sim as tomadas de decisões durante o jogo.
Mas estamos falando de modalidades, no nosso caso o futsal, em que a complexidade envolve relações com adversários e companheiros de uma mesma equipe e situações em que o gesto técnico vem sempre acompanhado de tomada de decisão, e executá-los bem ou mal influencia muito no resultado final do jogo.
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