A dor de uma geração perdida e o abismo do basquete feminino, por Diego Toscano 0comentário http://jc.ne10.uol.com.br/blogs/cestinhajc/2016/08/11/a-dor-de-uma-geracao-perdida-e-o-abismo-do-basquete-feminino/ Pivô Érika, destaque do basquete brasileiro, se despede sem conquistas marcantes. Fotos: JAVIER SORIANO / AFP
Érika, destaque do Brasil, se despede da seleção sem conquistas marcantes. Fotos: JAVIER SORIANO / AFP

O ano era 1996. Comandada por Paula e Hortência, a seleção feminina de basquete espantava o mundo na Olimpíada de Atlanta (EUA). Campeãs mundiais, as meninas do Brasil ficaram com a prata, a primeira medalha do País no basquete olímpico, que ainda levaria o bronze em Sydney-2000 e ficaria com o quarto lugar em Atenas-2004.

O ano é 2016. Na sua casa, as meninas do Brasil perdem a quarta partida e são eliminadas no Rio. A derrota para a França, ontem, fez a seleção feminina cair na fase de grupos do torneio pela terceira edição seguida. Juntando com Pequim-2008 e Londres-2012, apenas duas vitórias em 14 jogos.

Agora, você deve estar pensando que eu vou botar a culpa nas jogadoras ou na qualidade técnica da equipe. Errado. Isso seria criticar os peões e esquecer o mestre do tabuleiro: a Confederação Brasileira de Basquete (CBB).

Coordenadora Adriana Santos e técnico Barbosa chegaram "com o bonde andando" e não puderam evitar vexame
Coordenadora Adriana Santos e técnico Barbosa chegaram “com o bonde andando” e não evitaram vexame

Há oito meses, os clubes da Liga de Basquete Feminino (LBF) fizeram um boicote a um evento-teste organizado pela CBB. Na época, foi criado um colegiado, que contava com nomes importantes do basquete feminino, como Roberto Dornelas, técnico do Uninassau/América, para tratar da preparação do Brasil para os Jogos Olímpicos.

O movimento reivindicava mais atenção para as meninas do Brasil, que não tinham uma representante na confederação. A seleção, comandada por Luiz Augusto Zanon, também era alvo de críticas por fazer “uma falsa renovação” após o fracasso de Londres-2012.

A solução da CBB foi dar de ombros para o movimento, afastar ainda mais os clubes e trocar peças: saiu Zanon e entrou Antonio Carlos Barbosa, além da contratação de Adriana Santos, ex-atleta e que ficou como coordenadora da seleção feminina.

Cíclo olímpico marcado por troca de técnicos e confusões entre CBB e clubes cobrou seu preço
Ciclo olímpico marcado por troca de técnico e confusões entre CBB e clubes cobrou seu preço na Olimpíada

Ou seja: as meninas se prepararam para a Olimpíada mais importante da nossa história em apenas oito meses, com troca de técnico e filosofias de trabalho, confusão entre clubes e confederação e até boicote a evento-teste. Tinha como dar certo?

Uma pena que Adrianinha e Kelly, últimas representantes daquela seleção vitoriosa, se despeçam da camisa verde e amarela de forma tão melancólica. Outras, como Iziane e Érika, com carreiras vitoriosas no nosso basquete, saem da equipe feminina sem conquistas marcantes e frustradas.

 

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