Ano passado fui convidado a escrever um artigo sobre a Marinha e a Capoeira:
MATARUNA – LEONARDO 02/02/2015 Para: Leopoldo Gil Dulcio Vaz Date: Mon, 2 Feb 2015 12:40:38 +0000Subject: Carta Convite
From: mataruna@
To: vazleopoldo@
Grande Amigo Leopoldo,Fui convidado para organizar um número histórico da revista Navigator sobre história do esporte.
Gostaria de lhe convidar para escrever um artigo de no máximo 20 paginas sobre Capoeira, Esporte e Marinha do Brasil do ponto de vista histórico.Preciso apenas de vossa confirmação até 5/FEV com a indicação de um tema.Você acha que tem algum material nessa linha? Qual tema poderia contribuir?
Nosso deadline para a entrega final é 20 de Maio de 2015. As normas da revista estão aqui e fico a sua disposição para o que for preciso. Um abraço, Mataruna.
A Revista Navigator aceita trabalhos inéditos relacionados à História Marítima e áreas afins, sob a forma de artigos, ensaios e resenhas. A publicação dos trabalhos é decidida segundo pareceres dos membros do Conselho Editorial, Conselho Consultivo e de dois pareceristas ad hoc, que avaliam a qualidade do trabalho e sua adequação às finalidades editoriais da revista. As colaborações para a Revista Navigator devem seguir as seguintes especificações:1. Os artigos devem ser enviados ao endereço eletrônico l.mataruna@coventry.ac.uk no formato Word for Windows. Terão a extensão de 20 páginas no máximo, digitadas em fonte Times New Roman 12, com espaçamento de 1,5cm e margens de 2,5cm. As notas devem ser de rodapé. 2. Se houver imagens, estas não deverão estar inseridas no texto em word, mas em outro arquivo anexo, digitalizadas em 300 DPI no formato TIFF ou JPEG. No caso de imagens provenientes de câmera digital, deverão estar na mais alta resolução do equipamento. 3. Os artigos deverão estar acompanhados de resumo (português e inglês) de no máximo dez linhas e três palavras-chave. 4. Os ensaios seguirão as mesmas normas especificadas para os artigos. 5. As resenhas poderão ter até sete páginas. 6. As notas deverão obedecer à NBR 6023: SOBRENOME, Nome. Título do livro em itálico: subtítulo. Tradução. Edição, Cidade: Editora, ano, p. ou pp. SOBRENOME, Nome. Título do capítulo ou parte do livro. In: Título do livro em itálico. Tradução. Edição, Cidade: Editora, ano, p. X-Y. SOBRENOME, Nome. Título do artigo. Título do periódico em itálico. Cidade: Editora, vol., fascículo, p. 7. Os trabalhos devem ser remetidos com uma folha à parte com nome completo do autor, seguido das referências com as quais deseja ser apresentado (máximo de três linhas), endereço completo, e-mail e telefone para contato. |
Em 2 de fevereiro de 2015 13:12, Leopoldo Gil Dulcio Vaz <vazleopoldo@hotmail.com> escreveu:
OK… pode ser esse titulo, A MARINHA DO BRASIL E A CAPOEIRAGEM
‘apenas’ 20 páginas? vai ser difícil… começo ainda hoje, e vou te perturbar, pois na medida em que for escrevinhando, vou mandando para voce… pode até ser em dupla autoria…
Leopoldo Ao saber – hoje, através de postagem, via CEV de um dos autores – que um livro fora publicado abordando a temática anunciada pelo Leo, escrevi um comentário no anuncio do lançamento do mesmo, através do CEV, perguntando ao autor da noticia se poderia postar o sumario do livro, pois fiquei curioso se se tratava do mesmo material do Leo, ou de outro,e se havia sido incluído o mandara no mesmo… fica a dívida e a ansiedade… http://cev.org.br/comunidade/maranhao/debate/livro-100-anos-de-esporte-na-marinha-do-brasil-1/ A MARINHA E A CAPOEIRAGEM LEOPOLDO GIL DULCIO VAZRESUMO
Analisa-se o termo ‘capoeira’, para se estabelecer sua historicidade, e os principais acontecimentos em que se envolveram a Marinha – de Guerra e a Mercante – com a Capoeira(gem) e os Capoeiras.
Palavras-chave: MARINHA; CAPOEIRA; HISTÓRIA
ABSTRACT
Analyzes the term ‘capoeira’, to establish its historicity, and the major events that have engaged the Navy – War and Merchant – with Capoeira(gem ) and the Capoeiras .
Keywords: NAVY ; CAPOEIRA; HISTORY
O que é ‘capoeira’?[1] Verniculização do tupi-guarani caá-puêra: caá = mato, puêra = que já foi [2]; no Dialeto Caipira de Amadeu de Amaral: Capuêra, s.f. – mato que nasceu em lugar de outro derrubado ou queimado. Data de 1577 primeiro registro do vocábulo “capoeira” na língua portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra “Do clima e da terra do Brasil”. Conotação: vegetação secundária, roça abandonada (Vieira, 2005) [3].
DEBRET – 1816/1831
Capoeira – espécie de cesto feito de varas, onde se guardam capões, galinhas e outras aves (Rego, 1968): […] os escravos que traziam capoeiras de galinhas para vender no mercado, enquanto ele não se abria, divertiam-se jogando capoeira[4].
Por Capoeira deve-se entender “individuo(s) ou grupo de indivíduos que promovião acções criminosas que atentavam contra a integridade física e patrimonial dos cidadãos, nos espaços circunscritos dos centros urbanos ou área de entorno“? Ou conforme a conceitua Araújo (1997) [5] ao se perguntar “mas quem são os capoeiras? e por capoeiragem como: “a acção isolada de indivíduos, ou grupos de indivíduos turbulentos e desordeiros, que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal, com fins maléficos ou mesmo por divertimento oportunamente realizado”? (p. 69); e capoeirista, como sendo: “os indivíduos que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidas como Capoeira, nas vertentes lúdica, de defesa pessoal e desportiva”? (p. 70). Para esse autor, capoeiras era a denominação dada aos negros que viviam no mato e atacavam passageiros (p. 79): “manda que a Junta Policial proponha medidas para a captura e punição dos capoeiras e malfeitores)[6]. Ou devemos entendê-la como:
[…] Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada” (Regulamento Internacional da Capoeira); assim como Capoeira, em termos esportivos, refere-se a ‘… um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica. (Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 39-40).
Considera-se como prática do desporto formal da Capoeira sua manifestação cultural sistematizada na relação ensino-aprendizagem, havendo um ou mais docentes e um corpo discente, onde se estabelece um sistema de graduação de alunos e daqueles que ministram o ensino, havendo uma identificação indumentária por uniformes e símbolos visuais, independentemente do recinto onde se encontrarem.
Considera-se como pratica desportiva não formal da Capoeira sua manifestação cultural, sem qualquer uma das configurações estabelecidas pelo Artigo anterior, e que seja praticada em recinto aberto, eminentemente por lazer, o que caracterizará a liberdade lúdica de seus praticantes:
Capoeira – jogo atlético de origem negra, ou introduzida no Brasil por escravos bantos de Angola, defensivo e ofensivo, espalhado pelo território e tradicional no Recife, cidade de Salvador e Rio de Janeiro, onde são reconhecidos os mestres, famosos pela agilidade e sucessos. Informa o grande folclorista que, na Bahia, a capoeira luta com adversários, mas possui um aspecto particular e curioso, executando-se amigavelmente, ao som de cantigas e instrumentos de percussão, berimbaus, ganzá, pandeiro, marcando o aceleramento do jogo o ritmo dessa colaboração musical. No Rio de Janeiro e Recife não há, como não há notícia noutros Estados, a capoeira sincronizada, capoeira de Angola e também o batuque-boi. Refere-se, ainda, à rivalidade dos guaiamus e nagôs, seu uso por partidos políticos e o combate a eles pelo chefe de Polícia, Sampaio Ferraz, no Rio de Janeiro, pelos idos de 1890. O vocábulo já era conhecido, e popular, em 1824, no Rio de Janeiro, e aplicado aos desordeiros que empregavam esse jogo de agilidade. (Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore) [7].
“Capoeiragem”, de acordo com o Mestre André Lace: ”uma luta dramática” (in Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 386-388).
Para a capoeira, apresentam-se quatro momentos importantes: finais do século XIX, quando a prática da capoeira é criminalizada; décadas de 30/40, quando ocorre sua liberação; década de 70, quando se torna oficialmente um esporte; e o reconhecimento como patrimônio imaterial do povo brasileiro.
Do Atlas do Esporte no Brasil[8]:
Origens e Definições A capoeira é hoje um dos esportes nacionais do Brasil, embora sua origem seja controvertida. Há uma tendência dominante entre historiadores e antropólogos de afirmar que a Capoeira surgiu no Brasil, fruto de um processo de aculturação ocorrido entre africanos, indígenas e portugueses. Entretanto, não houve registro de sua presença na África bem como em nenhum outro país onde houve a escravidão africana. Em seu processo histórico surgiram três eixos fundamentais, atualmente denominados de Capoeira Desportiva, Capoeira Regional e Capoeira Angola, os quais se associaram ou se dissociaram ao longo dos tempos, estando hoje amalgamados na prática. Desde o século XVIII sujeita à proibição pública, ao longo do século XIX e até meados do século XX, ela encontrou abrigo em pequenos grupos de praticantes em estados do sudeste e nordeste. Houve distintas manifestações da dança-luta na Bahia, Maranhão, Pará e no Rio de Janeiro, esta última mais utilitária no século XX. Na década de 1970 sua expansão se iniciou em escala nacional e na de 1980, internacional.
Embora sejam encontrados diversos significados para o vocábulo “capoeira”, cada qual se referindo a objetos, animais, pessoas ou situações, em termos esportivos, trata-se de um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, pandeiro, agogô e reco-reco). Enfocada em suas origens como uma dança-luta, acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginástica, dança, esporte, arte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica. [9], [10].
Na pesquisa realizada pelo IPHAN, ela é definida como:
[…] um fenômeno urbano surgido provavelmente nas grandes cidades escravistas litorâneas, que foi desenvolvido entre africanos escravizados ligados às atividades “de ganho” da zona portuária ou comercial. A maioria dos capoeiras dessa época trabalhava como carregador e estivador, atividades muito ligadas à região dos portos, e muitos realizavam trabalho braçal.[11]
Seguindo a justificativa do IPHAN[12], a partir de 1890, quando a capoeira foi criminalizada, através do artigo 402 do Código Penal, como atividade proibida (com pena que poderia levar de dois a seis meses de reclusão), a repressão policial abateu-se duramente sobre seus praticantes. Os capoeiristas eram considerados por muitos como “mendigos ou vagabundos”. Outras práticas afro-brasileiras, como o samba e os candomblés, foram igualmente perseguidas. Mais adiante, durante a República Velha, a capoeiragem era uma manifestação de rua, afrodescendente, e muitos dos seus praticantes tinham ligações com o candomblé, o samba e os batuques. A iniciação dos capoeiras nessas atividades acontecia provavelmente na própria família, no ambiente de trabalho e também nas festas populares. Ainda sobre o universo das ruas, estudiosos revelam que o cancioneiro da capoeira se enriqueceu dos cantos de trabalho, e que o trabalhador de rua, em momentos lúdicos ou de conflitos, também se utilizava dos golpes e movimentos da capoeira.
Já na década de 1920, com o apoio fundamental de intelectuais modernistas que procuraram reconstituir as bases ideológicas da nacionalidade, as práticas afro-brasileiras começaram a ser discutidas, e passaram a constituir um referencial cultural do país. Ao final dos anos 30 a capoeira foi descriminalizada e passou de um extremo a outro, a ponto de ser defendida por historiadores e estudiosos como esporte nacional, considerada a verdadeira ginástica brasileira. A manifestação já foi apontada como esporte, luta e folguedo, e era praticada por diferentes grupos sociais, principalmente a partir do século XX. Assim, em 1937:
[…] a capoeira começou ser treinada como uma prática esportiva, e não apenas como uma “vadiação” de rua. Neste mesmo ano Mestre Bimba criou o Centro de Cultura Física e Capoeira Regional da Bahia. A capoeira regional nasceu como forma de transformar a imagem do capoeira vadio e desordeiro em um desportista saudável e disciplinado. Ele criou estatutos e manuais de técnicas de aprendizagem, descreveu os golpes, toques, cantos, indumentárias especiais, batizados e formaturas. Em seguida, Mestre Pastinha fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola , em 1941, e assim este estilo passou a ser ensinado através de métodos próprios. A ideia da capoeira como arte marcial brasileira criou polêmica, pois era defendida por uns e criticada por outros, principalmente pelos angolanos, que afirmavam a ancestralidade africana do jogo.[13].
JOÃO MOREIRA (TENENTE AMOTINADO)
O primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’. Viam os negros escravos como o ‘amotinado’ se defendia quando era atacado por quatro ou cinco homens, e aprenderam seus movimentos, aperfeiçoando-os e desdobrando-os em outros dando a cada um o seu nome próprio. “Como não dispunham de armas para sua defesa uma vez atacados por numeroso grupo defendiam-se por meio da ‘capoeiragem’, não raro deixando estendidos por uma cabeçada ou uma rasteira, dois ou três de seus perseguidores” (Hermeto Lima, 1925) [14]. Macedo (1878) [15] afirma que “o Tenente ‘Amotinado’ era de prodigiosa força, de ânimo inflamável, e talvez o mais antigo capoeira do Rio de Janeiro, jogando perfeitamente, a espada, a faca, o pau e ainda de preferência, a cabeçada e os golpes com os pés” [16].
A MARINHA E A CAPOEIRAGEM
O primeiro episódio que se tem notícia do envolvimento da Marinha com os capoeiras deu-se durante a revolta das tropas estrangeiras no Rio de Janeiro em 1828 [17]. Pol Briand[18] cita o Relatório de Le Marant, em que o almirante, no pedido de D. Pedro I, botou tropas de marinha em terra para guardar o Palácio e o Arsenal da Marinha, enquanto as tropas brasileiras saiam destes lugares para abafar a revolta. Diz-se que foram os capoeiras que dominaram a revolta, derrotando as tropas estrangeiras sublevadas. Para Briand, a aparição do termo capoeira na relação da revolta das tropas estrangeiras no Rio de Janeiro mostra a invenção interessada de uma tradição da capoeira.
Segundo esse autor, foi Capistrano de Abreu quem denunciou ser o sr. Pereira da Silva o inventor da intervenção dos capoeiras.[19] Para Briand, todos os escritores anteriores concordam em dizer que as autoridades brasileiras mobilizaram o povo, escravos incluídos, para impedir a comunicação dos três focos da revolta. O populacho (populace) para Debret, [20] os moleques para Walsh[21] massacraram os revoltosos isolados, enquanto as tropas brasileiras, apoiadas por infantaria de marinha francesa e inglesa desembarcada dos navios estacionados na Baia, atacavam com canhões os seus quartéis.
Segundo Álvaro Pereira do Nascimento[22] a Marinha de Guerra, em seus recrutamentos, tinha dentre os vadios e malfeitores, capoeiras. Conforme consta em Relatório do Ministro da Marinha (1888 “Annexos”) nota-se que, de 1840 a 1888, foram recrutados à força 6.271 homens para o Corpo de Imperiais Marinheiros, e recebidos somente 460 voluntários. Essa diferença com certeza asseverava o dito por vários ministros da Marinha ao longo do século XIX e início do XX, isto é, a falta de voluntários levava ao imediatismo do recrutamento forçado[23]:
Entre as autoridades civis, os chefes de polícia eram o braço direito do ministro da Justiça e dos presidentes de província para assuntos de alistamento, e precisavam pôr seus delegados e subdelegados na rua para alcançar a quantidade de alistados destinada à cada província. Nesse sentido, todo homem pego pela malha como recruta, suspeito de deserção, vadio, arruaceiro, gatuno, capoeira ou órfão poderia ser enviado para a Marinha ou para o Exército. Se até um homem negro com sinais de castigo podia ser capturado e enviado para as Forças Armadas, o que dizer daqueles sem marcas?
…Mando apresentar […] o moleque livre Martinho de Tal, solteiro, de 16 anos, capoeira, ex-sineiro da igreja de Santa Anna, e que pretende passar por peruano quando até mal sabe uma ou outra palavra de espanhol e aqui na Corte é muito conhecido, infelizmente, sempre vadio.
Em 1865, o Brasil, junto com a Argentina e o Uruguai, declarou guerra ao Paraguai. O exército brasileiro formou seus batalhões e, dentro destes, um imenso número de capoeiras. Muitos foram “recrutados” nas prisões; outros foram agarrados à força nas ruas do Rio e das outras províncias; aos escravos, foi prometida a liberdade no final do conflito.
Na própria Marinha, o ramo mais aristocrático das Forças Armadas, destacou-se a presença dos capoeiras. Não entre a elite do oficialato, mas entre a “ralé” da marujada[24]:
Marcílio Dias (o herói da Batalha do Riachuelo, embarcado no “Parnahyba”) era rio-grandense e foi recrutado quando capoeirava à frente de uma banda de música. Sua mãe, uma velhinha alquebrada, rogou que não levassem seu filho; foi embalde, Marcílio partiu para a guerra e morreu legando um exemplo e seu nome. (Correio Paulistano, 17/6/1890) [25].
Os capoeiras do Batalhão de Zuavos, especialistas em tomar as trincheiras inimigas na base da arma branca, fizeram misérias na Guerra do Paraguai.
Manuel Querino descreve-nos “o brilhante feito d’armas” levado a efeito pelas companhias de “Zuavos Baianos” no assalto ao forte Curuzu, quando os paraguaios foram debandados. Destacam-se dois capoeiras nos combates corpo-a-corpo: o alferes Cezario Alves da Costa – posteriormente condecorado com o hábito da Ordem do Cruzeiro pelo marechal Conde d’Eu -, e o alferes Antonio Francisco de Melo, também tripulante da já citada corveta “Parnahyba” que, entretanto, teve sua promoção retardada devido ao seu comportamento, observado pelo comandante de corpos: “O cadete Melo usava calça fofa, boné ou chapéu à banda pimpão e não dispensava o jeito arrevesado dos entendidos em mandinga”. (REIS, 1997, p.55) [26].
O 31º de Voluntários da Pátria – policiais da Corte do Rio de Janeiro com grande percentagem de capoeiras – também se destacou na batalha de Itororó: esgotadas as munições,”investiu contra os paraguaios com golpes de sabre e capoeiragem” (COSTA, Nelson in SOARES, op.cit., 1944, p.258) [27].
Devido a estas ações de bravura e temeridade, começou a surgir dentro do Exército e da Marinha, de maneira velada e não explícita, o mito que o capoeira seria o “guerreiro brasileiro”.
Cinco anos depois, 1870, os sobreviventes da Guerra do Paraguai voltaram, agora transformados em “heróis”, e flanavam soltos pelas ruas do Rio. Muitos engrossaram as fileiras das maltas cariocas e, não raro, pertenciam também à força policial.
Na Revolta da Armada (1893-1894) capoeiristas pró-Exército e pró-Marinha lutaram entre si[28].
O pesquisador francês Pol Briand[29], informa que os famosos mestres de capoeira Aberrê e Pastinha[30] foram Aprendizes Marinheiros no início do Séc. XX. Pastinha ingressou na escola em 1902, e ensinava capoeira a seus colegas aprendizes da Marinha.
Em “Areia do Mar” [31], ladainha do Abadá Capoeira (Pato):
Areia do mar, areia do mar
o que você tem, para me contar
Me conta de Pastinha
e de Bimba por favor
seu Pastinha na marinha
Mestre Bimba estivador
Vicente Ferreira – Pastinha – nasceu em Salvador, na Bahia, em 05 de Abril de 1889. Filho de uma mulata baiana e de um comerciante espanhol, aprendeu capoeira ainda na infância, através dos ensinamentos de um africano chamado Benedito, buscando aprender a se defender depois de muito apanhar de um menino de seu bairro. Aos 12 anos entrou, em Salvador – onde morou a vida toda – na Escola de Aprendizes de Marinheiro[32] e, posteriormente, na Marinha, lá permanecendo até os 20 anos. Em 1910 dá baixa e começa a dar aulas de capoeira em um espaço onde funcionava uma oficina de ciclistas. Ainda na Marinha, teve contato com esgrima, florete e ginástica sueca, o que nos mostra que conheceu outros estilos de luta que não a capoeira[33].
De acordo com Matthias Röhrig Assunção (2014) [34], no Brasil, os oficiais da Marinha foram os primeiros a se interessar pelo jiu-jítsu. Navios da Marinha brasileira já aportavam no Japão desde o século XIX. Em 1905, dois oficiais da Marinha, Santos Porto e Adler de Aquino, publicaram o manual Educação física japonesa , traduzido de um livro em inglês de H.I. Hancock (PIRES, 2001, p. 95[35]; VIEIRA, 1995, p. 154[36]; CAIRUS, 2012, p. 38-39) [37].
José Cairus assinalou que a introdução ao livro pelos militares explica por que consideram o jiu-jítsu superior à capoeira: a arte marcial brasileira teria sido durante o Império desviado por criminosos, o que a teria levado à decadência.
Em 1907 começa a circular um livro: “O.D.C. Guia do Capoeira ou Ginástica Brasileira” (2a. edição)[38]. Rio de Janeiro, Livraria Nacional. Corre uma versão em que a autoria do livro é atribuída ao primeiro tenente da Marinha José Egydio Garcez Palha[39]. Tendo esse oficial falecido em 1898, seu livro sobre capoeira foi publicado posteriormente sobre a sigla ODC. (Lace Lopes, 2005) [40]. Segundo alguns estudiosos, “ODC” não representa as iniciais do possível nome do misterioso autor; “ODC” significa simplesmente, “Ofereço, Agradeço, Consagro”. Livro duplamente misterioso. Pelo seu autor que não quis aparecer e, sobretudo, pelo seu desaparecimento da Biblioteca Nacional. Por sorte, antes desta ocorrência, Annibal Burlamaqui teve a chance copiá-lo (sem ter como reproduzir as ilustrações). Enquanto o original não reaparece é esta cópia que está correndo o mundo.
Em 1908, a Marinha do Brasil importa mestres japoneses para o ensino do jiu-jitsu a seus homens. O judoca japonês, Sada Miako, foi contratado para ensinar aos oficias da Marinha, e considerou-se adotar o jiu-jítsu no treinamento dos recrutas. Isso provocou debates e comentários irônicos da imprensa nacionalista, que em geral dava preferência ao uso da capoeira sobre tradições importadas de luta[41]. Época de profissionalização, além das mudanças nas estruturas internas, reforma de regulamento, inserção de novas práticas, bem como a intensificação das preocupações com as atividades físicas. Em uma visita do navio-escola Benjamim Constant ao Japão, em sua volta vieram alguns japoneses, ocasião em que houve demonstrações de jiu-jitsu (CANCELLA, 2014) [42].
Assim a introdução das técnicas japonesas de luta no Brasil provocou reações e respostas de vários segmentos da sociedade: os capoeiras, os aficionados em esportes de combate, os intelectuais e os militares (Assunção, 2014; Cancella, 2014).
Acompanhava o professor Sada Miyako, seus ajudantes M. Kakihara, e Sensuke He. Os marinheiros brasileiros receberam lições dessa arte marcial de origem japonesa[43]
Em artigo publicado no Jornal do Capoeira[44] em 2005, escrevi que em “A Pacotilha”, São Luís, segunda feira, 14 de junho de 1909, aparecera noticia que tem por titulo “JIU-JITZÚ” – certamente transcrita de “A Folha do Dia” – do Rio de Janeiro (ou Niterói):
Desde muito tempo vem preocupando as rodas esportivas o jogo do Jiu-Jitzú, jogo este japonês e que chegou mesmo a espicaçar tanto o espírito imitativo do povo brasileiro que o próprio ministro da marinha mandou vir do Japão dois peritos profissionais no jogo, para instruir os nossos marinheiros. […]”Na ocasião em que o ilustre almirante Alexandrino cogitava em tal medida, houve um oficial-general da armada que disse ser de muito melhor resultado o jogo da capoeira, muito nosso e que, como sabemos, é de difícil aprendizagem e de grandes vantagens. […] “Essa observação do oficial-general foi ouvida com indiferença. […] Sobraram razões ao nosso oficial general quando dizia que o brasileiro ‘sabido, quando se espalha, nem o diabo ajunta’. (Grifos nossos).
Para o Mestre André Lacé (s.d.) [45], Francisco da Silva Ciríaco, mais conhecido como Macaco Velho, nascido em Campos, foi um dos mais afamados capoeiristas no Rio de Janeiro, na virada do século 19 para os 20. Era o mestre preferido pelos acadêmicos de medicina, fenômeno que se repetiu na Bahia, décadas mais tarde, com Mestre Bimba. Foram esses estudantes que insistiram no confronto da Capoeira (Macaco Velho) com o jiu-jitsu (Sada Miyako, campeão japonês). Evento que acabou ocorrendo, no dia 1º de maio de 1909, com um fulminante desfecho: aplicando um literalmente surpreendente rabo-de-arraia, Ciríaco encerrou a luta em alguns segundos. Mesmo existindo uma versão – jamais comprovada – de que Ciríaco teria utilizado um recurso, digamos, de rua, mesmo assim, luta é luta, vale-tudo é vale-tudo, e ninguém jamais poderá negar o mérito da vitória. Tanto assim, que Mestre Ciríaco saiu vitorioso do Pavilhão Internacional Paschoal Segreto, com o povo cantando pelas ruas “a Ásia curvou-se ante o Brasil”. No dia seguinte, a Capoeira foi notícia em quase todos os jornais, valendo registrar, por oportuno, a ocorrência de algumas redações cautelosas, quase envergonhadas da própria cultura brasileira, como a nota do jornal do Commercio (02.05.1909, pág. 7):
O sportman japonez do tão apreciado jogo jiu-jitsu foi hontem vencido pelo preto campista Cyriaco da Silva, que subjugou o seu contendor com um passo de capoeiragem”.[46]
A nota, curiosamente, não menciona o nome do “sportman” perdedor. Mais adiante, entretanto, no mesmo jornal garimpei o seguinte anúncio:
“JIU-JITSU: Mr. Sada Miyako, professor contratado para leccionar na marinha brasileira encarrega-se de dar lições particulares a domicílio. Cartas para a Rua Gonçalves Dias n. 78 ou para a Fortaleza de Willegaignon”.
Em recente novela de época, da Rede Globo de Televisão, em um dos episódios – segundo a sinopse – ocorre a seguinte cena[47]:
Zé fica danado ao saber que a Marinha contratou japonês para ensinar jiu-jítsuZé Maria (Lázaro Ramos) está se dando bem como administrador do jornal Correio da República, mas ele ainda não está livre de testemunhar o preconceito contra a capoeira. Depois de ter sido expulso da Marinha após a Revolta da Chibata, ele descobre no jornal que o governo contratou um japonês para ensinar jiu-jítsu aos marinheiros brasileiros.
“A capoeira é proibida, sinônimo de vadiagem. Agora, se a luta vem do Japão, é chamada de arte marcial. Eu queria só ver esse japonês lutar!”, reclama Zé, indignado.
Jonas (George Sauma) avisa que o japonês vai fazer uma exibição no Pavilhão Nacional, na Praça Tiradentes, o local onde se realizam os campeonatos de luta greco-romana.
“É jiu-jítsu, luta greco-romana… Esse é o Brasil. Só não ganha respeito o que vem do meu povo”, reclama Zé. Será que ele vai deixar isso barato?
O escritor Coelho Neto (maranhense) apresenta um projeto de lei para a Câmara dos Deputados tornando obrigatório o ensino da capoeira nas escolas civis e militares; usa de dois argumentos para sua proposta pedagógica: o primeiro, era de que a capoeira, como excelente ginástica, promovia um desenvolvimento harmonioso do corpo e dos sentidos; o segundo atribui à capoeira um sentido estratégico de defesa individual (Reis, 1997, p. 88-89) [48].
Gomes Carstruc, no jornal O Paiz, de 22 de outubro de 1923 conclama que o jogo da Capoeira seja adotado pela Marinha de Guerra:
[…] todos os brasileiros a cultivarem o Jogo da Capoeira – ‘um jogo elegante, próprio para a defeza individual, jogo de destreza nobre e não brutal e aviltante’ e que poderia ser, certamente, adotado oficialmente pela ‘nossa marinha de guerra’ – e a exevrarem o boxe – um jogo no qual
‘duas feras, ridículas nas suas formas inestheticas, nem bem quadrúpede, nem bem bimano, quase reptil, quase mono; as duas feras se esmurram, quebram-se mandíbulas, esmigalham-se dentes, cegam-se a murros, assassinam-se com pesados socos, diante dos seus semelhantes, embriagados com tanta estupudez.’ 99
99 Cf. A. Gomes Carstruc. Cultivemos o jogo de capoeira e tenhamos asco pelo do boxe. O PAIZ, Edição Extraordinária, anno XI, no. 14.246, 1ª. Página. Rio de Janeiro, segunda feira, 22 de outubro de 1923.[49]
Lamartine Pereira Da Costa[50], [51], Mestre Capoeira, foi o introdutor, oficialmente, da capoeiragem na Marinha. Escreveu vários artigos e dois livros específicos sobre o assunto; em 1961, apresenta-nos “Capoeiragem: a arte da defesa pessoal brasileira” (Rio de Janeiro: [s.n.], 1961) e logo a seguir “Capoeira sem mestre” (Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1962), onde propunha uma espécie de ensino de capoeira por correspondência, pois a luta poderia ser a sós, como no Box, dispensando a figura do mestre (Reis, 1997, p. 156) [52]. Como professor de Educação Física escreveu dezenas de artigos, coordenou dezenas de projetos a nível nacional e internacional. Com doutorado em Filosofia, além de professor universitário, tornou-se um consultor internacional em sua área profissional.
“Dança de negros e arma de malandros: capoeira oficializada na Marinha“. Com esse título, o Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 30 março de 1966 noticia que Lamartine Pereira da Costa, com a cooperação dos Mestres Artur Emídio e Djalma Bandeira promove um curso de capoeira especialmente para oficiais e praças da Marinha. (Lace Lopes, 2005) [53].
Lamartine Pereira da Costa[54], à época oficial da Marinha, deu-me o seguinte depoimento sobre os livros que publicou[55]:
A versão “Arte de Defesa Pessoal Brasileira” é 1961 e a “Sem Mestre” é de 1962, mas o conteúdo é o mesmo. A obra de 1961 foi publicada por mim já que nenhuma editora quis se envolver com o tema. A de 1962 foi da Edições de Ouro (editora hoje inexistente) que me propôs fazer um livro popular de baixo custo e titulo chamativo. O publico da versão 1962 foi o geral sem um foco preciso como todo livro popular, vendido em qualquer lugar.
O meu livro de 1961 foi o quarto livro publicado sobre a capoeira. Os dois primeiros foram de pouca penetração desde que eram contra a lei vigente entre 1900 e década de 1928, período de publicação dos livro ODC e Aníbal Burlamaqui. O terceiro foi um estudo histórico publicado pelo Inezil Pena Marinho (professor da então Universidade do Brasil, hoje UFRJ) com pouca circulação. O meu seguiu-se ao do Inezil porque havia uma deficiência na apresentação da luta pelos seus golpes e movimentos. Este ultimo livro em meados dos anos de 1960 já tinha vendido 60 mil exemplares e a capoeira se popularizou.
Claro está que houve vários livros e artigos sobre a capoeira ao longo da historia brasileira, mas por menções, citações ou textos menores. Livros pioneiros são os citados acima embora se possa discutir se essas obras foram efetivas em termos de impactos culturais.
Desconheço a obra do Mestre Bimba dos anos de 1960 mas posso garantir que ela não existia quando do lançamento dos dois livros citados desde que a razão que me motivou a produzi-los foi da ausência de fontes sobre a capoeira. Estive na Bahia entre 1960 e 1961 e constatei que os mestres famosos cultivavam o segredo (típico da cultura africana). Meu mestre – o baiano Artur Emidio, radicado no Rio de Janeiro – também cultivava o segredo e me alertou sobre as dificuldades para ser ter registros de utilização pedagógica como eu antevia a época.
Artur Emidio e Djalma Bandeira foram meus mestres, mas Novis e Vieira foram meus apoiadores no financiamento para a publicação do livro 1961.
A produção do livro de 1961 foi muito simples com desenhos calcados em fotografias. A semelhança com figurações ODC é meramente casual em face de que eu somente conhecia a obra do Inezil.
Há que se destaca que, em 1967, A Força Aérea Brasileira organizou o I Congresso Nacional de Capoeira; como também organizou o II Congresso Nacional de Capoeira. Nestes dois eventos, aviões da FAB trouxeram Mestres de todo o Brasil com o objetivo de dar uma organização nacional efetiva à prática da luta (Vieira, 2005) [56].
Em 1995, outro Oficial da Marinha lança livro sobre o assunto: SANTOS, Esdras M. dos. “Conversando sobre capoeira”. São Paulo: JAC. Livro emocionado, desassombrado e extremamente informativo. Preciosa fonte de informações e esclarecimento sobre a trajetória da Capoeira Regional. (Lace Lopes, 2005) [57].
Aliás, para o Mestre André Lacé, estudioso da Capoeira, um grande mote, ainda virgem, é o papel das Marinhas – de Guerra e Mercante – na propagação e no intercâmbio capoeirístico nos portos brasileiros e do mundo. (Lace Lopes, 2005) [58].
A esse propósito, já expusemos em vários eventos o que consideramos uma influencia europeia na Capoeira, configurada através da Chausson/Savate (VAZ, 2013; 2014) [59], praticado por marinheiros no porto do sul de Marselha, do século XVII. Segundo os historiadores, foram aprendidos pelos ‘leões marinhos’ em suas viagens aos países do Oceano Índico e o Mar da China. Houve intenso tráfico entre os portos brasileiros – Rio de Janeiro, Salvador, Recife, São Luis e Belém – e Marselha. Encontramos em nossas pesquisas artes marciais que se localizavam justamente nas rotas dos navios dos impérios coloniais assim como nas rotas ancestrais dos malaios e indús que povoaram Madagascar.
Posteriormente, em cada rixa da barra em portos franceses era comum ver chutes infligidos em qualquer parte do corpo. Os marinheiros chamavam “Chausson” este tipo de combate, em referência à chinelos normalmente usados a bordo. Marinheiros gauleses e espanhóis eram instruídos com estas formas de ataques e defesas. Na época de Napoleão Bonaparte, os soldados do imperador exibiam publicamente suas “aptidões” chutando a bunda de seus prisioneiros. A punição era conhecida como “Savate”, que pode ser traduzido como “sapato velho” [60].
A capoeira do século XIX, no Rio, com as maltas de capoeira [61], e em Recife, com as gangues de Rua dos Brabos e Valentões, foram movimentos muito semelhantes aos das gangues de savate (boxe francês) [62] em Paris e das maltas de fadistas[63] de Lisboa do século XIX. Chama atenção é que os gestuais dessas lutas também são parecidos, ou seja, os golpes usados na aguerrida comunicação gestual eram análogos.
http://cap-dep.blogspot.com/search/label/1890-BRASIL-Capoeiragem%20prohibido
O “Chausson” era do sul da França e usava somente os pés; já no Norte, usava-se a combinação de pés e mãos abertas – “savate”. Enquanto os homens se reúnem em um duelo de tiro com espadas ou bastões, as classes mais populares lutavam com os pés e batendo com os punhos, de modo que o Savate, esgrima, pés e punhos, tornaram-se a prática de “Thugs” no momento, para citar apenas Vidocq, Chefe simbólico do fim do século XVIII.
O contato com essas formas de luta se dá, também, com a interação entre marinheiros, nas constantes viagens entre os dois lados do Atlântico, pois navios da marinha francesa entre 1820 e 1833 foram de Brest (cidade natal de Savate) para Portos do Brasil (Capoeira), Martinica (Ladja) e Bourbon (Moringa):
Fonte: Tratado de hygiene naval, ou, Da influencia das condições physicas e moraes …
Por J. B. Fonssagrives, on line http://eu-bras.blogspot.com/search/label/1820-1833-BREST%28Cuna%20del%20SAVATE%29-Navios%20de%20la%20Armada%20frecuentando%20BRASIL%28Capoeira%29%20-MARTINICA%28Ladja%29%20Y%20BOURBON%28Moringue%29
Fonte: LIBRO:Souvenirs d’un aveugle Escrito por François Arago, Jules Janin Edición: 4 – 1868 – http://books.google.com/books?id=5hGQK-QrB8QC&hl=es&source=gbs_navlinks_s, on line:Ç http://eu-bras.blogspot.com/search/label/1840-RIO-Savate%20y%20Bast%C3%B3n%20en%20Rio%20de%20Janeiro
Câmara Cascudo[64] informa que assistiu a uma pernada executada por marinheiros mercantes, no ano de 1954, em Copacabana, Rio de Janeiro. Diziam os marinheiros, que era carioca ou baiana. É uma simplificação da capoeira. Zé da Ilha seria o “rei da pernada carioca”; é o bate-coxa das Alagoas.
Para Costa (2007) [65], no Rio de Janeiro, no Recife e na Bahia, a capoeira seguia sua história, e seus praticantes faziam a sua própria. Originavam-se de várias partes das cidades, das áreas urbanas e rurais, das classes mais abastadas às mais humildes, de pessoas de origem africana, afro-brasileira, europeia e brasileira, inserindo-se em vários setores e exercendo várias atividades de trabalho, profissões e ofícios. Alguns exemplos que fundamentam essa constatação: Manduca da Praia, empresário do comércio do ramo da peixaria, Ciríaco, um lutador e marinheiro (CAPOEIRA, 1998, p. 48) [66]; José Basson de Miranda Osório, chefe de polícia e conselheiro (REGO, 1968)[67] ; mais recentemente, Pedro Porreta, peixeiro, Pedro Mineiro, marítimo, Daniel Coutinho, engraxate e trabalhador na estiva; Três Pedaços, que trabalhava como carregador (PIRES, 2004, p. 57, 61, 47 e 73)[68]; Samuel Querido de Deus, pescador, Maré, estivador e Aberrê, militar com o posto de capitão (CARNEIRO, 1977, p. 7 e 14)[69]. Todos eram capoeiristas.
Em postagem no Blog “École de capoeira angola de Paris” [70], ao se discutir “o que é um contramestre?”, se esclarece a origem dessa graduação. Segundo Mestre Jogo de Dentro, a origem do termo contramestre estaria na intima relação que capoeiras possuíam com os trabalhos portuários. Muitos capoeiras trabalhavam nos portos como estivadores, como marujos, como pescadores, ou ainda, por morarem em cidades litorâneas compartilhavam uma cultura portuária que foi incorporada pela cultura da capoeira que os mestres do inicio do século XX estavam construindo. O autor da matéria encontrou material produzido no século XIX que pode ser elucidador sobre a questão dos contramestres na Capoeira Angola. Trata-se da obra: Princípios de Direito Mercantil e Leis da Marinha para o uso da mocidade Portuguesa, destinado ao comércio, de1819 e impresso em Lisboa.
Em nota publicada no jornal sorocabano “Cruzeiro do Sul” [71] ao reproduzir notícia da pretensão de se fundar uma academia de capoeira no Rio de Janeiro em 1920, tem-se notícias sobre outros homens do mar que utilizavam a capoeira como defesa, em suas brigas pelos portos afora:
UM DESPORTO NACIONAL
O dr. Raul Pederneiras e o professor Mario Aleixo pretendem fundar no Rio uma escola […] por ser a capoeiragem um desporto excellente. […] Um japonez, jogador afamado do “jiú jutsú” foi vencido há tempos pelo capoeira carioca Cyriaco.Raul Pederneiras pensa em reviver esse desporto, auxiliado pelo professor Mario Aleixo, que já ensinou “jiú-jutsú” e capoeiragem à polícia civil do Rio.Os francezes chamam aquelle desporto de “savate”: os pés, as mãos, a cabeça, tudo o capoeira emprega quando se defende. A “Folha” cita um marujo brasileiro, um tal “Boi”, que num porto francez resistiu a uma escolta numerosa, só se utilizando da cabeça e dos pés.[72] (Grifos meus).
Luciano Milani[73], em entrevista com Mestre Bola Sete, divulgada pelo Jornal do Capoeira, traz a informação que o grande capoeirista Pessoa Bababá era marinheiro da Marinha Mercante. Discípulo de Mestre Pastinha ingressa em sua academia em 1969:
José Luiz Oliveira Cruz, o mestre Bola Sete, nasceu em 31 de maio de 1950, iniciou na capoeira em 1962 como autodidata, em 1968 começa a treinar com o grande capoeirista Pessoa Bababá, marinheiro da Marinha Mercante e discípulo de Mestre Pastinha, em 1969 ingressa na academia de Vicente Ferreira Pastinha, […].
A Capoeira maranhense teve, dentre seus precursores Roberval Serejo [74], que fundou o grupo “Bantus”. Roberval Serejo aparece no Maranhão por volta dos anos 60 do século passado; era escafandrista da Marinha, tendo aprendido capoeira no Rio de Janeiro – quando lá servia -, com o Mestre Arthur Emídio[75], um baiano de Itabuna, considerado referência na história da capoeira. Mestre Patinho relata o aparecimento desse grupo:
[…] bem aqui na Quinta, bem no SIOGE. Década de 60 era um grande reduto da capoeira principalmente na São Pantaleão, onde nasci […]outro amigo que era marinheiro da Marinha de Guerra, também aprendeu com o mestre Artur Emídio do Rio, Roberval Serejo; juntamos Jessé, Roberval Serejo, Babalú, Artur Emídio e eu formamos a primeira academia de capoeira, Bantú, e estava sem perceber fazendo parte da reaparição da capoeira no Maranhão […][76].
Em meados dos anos 2000, a Marinha do Brasil realizou uma parceria com ONGs num projeto social chamado “Cidadão do Amanhã”, coordenado pela ONG Ativa, com o grupamento dos Fuzileiros Navais, em que se realizavam atividades de recreação e ensino de capoeira [77].
[1] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CRONICA DA CAPOEIRAGEM. São Luis: Edição do Autor, 2014. Disponível em http://issuu.com/leovaz/docs/cronica_da_capoeiragem_-_issuu/1
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. JORNAL DA CAPOEIRA http://www.capoeira.jex.com.br/, Edição 47: 30 de Outubro à 05 de Novembro de 2005
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. In RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, Sorocaba-SP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados).
LACÉ LOPES, André Luiz. In RIBEIRO, Milton César – MILTINHO ASTRONAUTA. (Editor). JORNAL DO CAPOEIRA, Sorocaba-SP, disponível em www.capoeira.jex.com.br (Artigos publicados)
LACÉ LOPES, André. Capoeiragem.in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005, p. 386-388.
LOPES, André Luiz Lacé. Capoeiragem. In DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006. Disponível em http://cev.org.br/biblioteca/capoeiragem/
REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado “Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição” (Reis, 1993).
VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro : Shape, 2005, p. 39-40.
LIMA, Mano. DICIONÁRIO DE CAPOEIRA. 3ª. Ed. Ver. E amp. Brasília: Conhecimento, 2007ARAUJO, Paulo Coelho de;
JAQUEIRA, Ana Rosa Fachardo. DO JOGO DAS IMAGENS AS IMAGENS DO JOGO – nuances de interpretação iconográfica sobre a Capoeira. Coimbra – Portugal: Centro de Estudos Biocinéticos, 2008.
[2] MARINHO, Inezil Penna. A GINÁSTICA BRASILEIRA. 2 ed. Brasília, Ed. Do Autor, 1982
[3] VIEIRA, 2005, obra citada, p. 39-40.
[4] Antenor Nascimento, citado por REGO, 1968, citados por MANO LIMA – Dicionário de Capoeira. Brasília: Conhecimento, 2007, p. 79
[5] ARAÚJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA. (Porto): Instituto Superior Maia, 1997.
[6] BRASIL. Decisão 205, de 27 de julho de 1831, documentada na Coleção de Leis do Brasil no ano de 1876, p. 152-153
[7] CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972.
[8] DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006, p. 1.44-1.45. Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br
[9] VIEIRA, 2005, obra citada, p. 39-40.
[10] DACOSTA, 2005, 2006, obra citada.
[11] IPHAN, Assessoria de Imprensa do Iphan. A capoeira na história. in REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, Ed. de Julho de 2008, disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1871
[12] IPHAN, 2008, obra citada.
[13] VAZ, 2014, obra citada.
[14] LIMA, Hermeto in “Os Capoeiras”, Revista da Semana 26 nº 42, 10 de outubro de 1925
[15] MACEDO, Joaquim Manoel. Memórias da Rua do Ouvidor. Rio de Janeiro: Perseverança, 1878, pg. 99.
[16] O texto em tela se relaciona também com o Tenente João Moréia.
[17] No 9 de junho de 1828, um castigo desmedido, inflito por um motivo de vez fútil e duvidoso a um soldado alemão — 250 açoites, podendo significar a morte na tortura, sem contar que no Brasil, os livres não levavam açoites — provoca, no 201º açoite inflito à frente da tropa, à sublevação. Os soldados apelam ao Imperador, que nega-se a recebê-los. Eles entrincham-se nos seus quarteis, e dois outros regimentos se rebelam, matando o pondo em fuga oficiais brasileiros. Chega a noite. É uma crise como ainda se conhece em nossos dias: as autoridades querem retomar o controle, mais ficam enfraquecidas; os poderes estrangeiros, as marinhas francesa e britânica, que dispõem de uma força considerável na Baia de Guanabara, querem, sem demostrar-se partidários, preservar a vida e os bens dos seus conterrâneos; e a oposição política procura aproveitar da situação. Un dia passa sem decisão. Os Brasileiros de todas as tendâncias concordam em reduzir a revolta pela força. Para impedir a comunicação entre os três quarteis insurgentes, põem os soldados estrangeiros fora da lei, pode-se ferir e mata-los sem risco de sanção penal. Homens e crianças das classes mais baixas de livres e escravos perseguem os isolados. Estas presas, que não são realmente guerreiros, escondem-se, ou, com mais freqüença, caiem feridos o mortos. Nos dias seguintes, as tropas de artilheria e a cavalaria do Minas Gerais retomam o controle dos quarteis. Os revoltosos sobrevivantes são presos, e na sua maior parte, ora mandados de volta para Europa, ora expediados nas províncias. In Nota de BRIAND, Pol. HISTÓRIA DE UM MITO DA CAPOEIRA. Blog da Association de Capoeira PALMARES de Paris, www.capoeira-palmares.fr, disponível em http://www.capoeira-palmares.fr/histor/legenda.htm
[18] Rapport du Contre-Amiral Le Marant, commandant de la station navale française à Rio de Janeiro, au Ministre de la Marine. A bord de la régate la Surveillante en rade de Rio Janeiro, le 14 juin 1828. Archives de la Marine, BB/4/ 506, Campagnes 1828.10, f.o 78. In BRIAND, Pol. HISTÓRIA DE UM MITO DA CAPOEIRA.. Blog da Association de Capoeira PALMARES de Paris, www.capoeira-palmares.fr, disponível em http://www.capoeira-palmares.fr/histor/legenda.htm
Ver também: Esboço fiel dos acontecimentos dos dias 9, 10, 11 e 12 de junho de 1828. Rio de Janeiro: Imperial Tipografia de Pedro Planch. Cópia literal do impresso, Rio de Janeiro, 20/6/1865, Seção de Manuscritos-Biblioteca Nacional (SM-BN), II-34, 16, 19.
[19] Pereira da Silva. João Manoel, Secondo periodo do reinado de Dom Pedro I no Brazil, narrativa historica, Rio de Janeiro:Garnier, 1871. .p. 269-274, 286-291. Disponíverl em http://www.capoeira-palmares.fr/histor/legenda.htm
[20] Debret, Jean-Baptiste, Voyage Pittoresque et Historique au Brésil, ou Séjour d’un artiste français au Brésil, depuis 1816 jusqu’en 1831 inclusivement,époques de l’avènement et de l’abdication de S.M. don Pedro, premier fondateur de l’Empire brésilien. Paris:Didot Frères, 3 volumes in-Folio publiés en livraisons de 1834 a 1839
[21] Walsh, Robert, Notices of Brazil in 1828 and 1829,London:Frederick Westley & A.H. Davis, 1830; reprinted in Boston, 1831.
[22] Do cativeiro ao mar: escravos na Marinha de Guerra. In http://cap-ang.blogspot.com.br/2009/09/do-cativeiro-ao-mar-escravos-na-marinha.html
[23] O autor faz referencia a Nascimento 1997: cap. 2, sem explicitar a fonte. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-546X2000000200005
[24] PASSOS NETO, Nestor S. dos. “Jogo Corporal e Comunicultura”, ECO-UFRJ, 2001. In http://www.nestorcapoeira.net/hfp.htm
[25] Citado por PASSOS NETO, Nestor S. dos. “Jogo Corporal e Comunicultura”, ECO-UFRJ, 2001. In http://www.nestorcapoeira.net/hfp.htm
[26] REIS, Letícia Vidor de Sousa. O mundo de pernas para o ar: a capoeira no Brasil. São Paulo: Publisher Brasil. 1997.
[27] Citado por NESTOR CAPOEIRA. (PASSOS NETO, Nestor S. dos.). IN história, filosofia e pesquisa, 2007. Disponível em http://www.nestorcapoeira.net/hfp.htm
[28] DONATO, Hernâni. HISTÓRIA DOS USOS E COSTUME NO BRASIL: 500 anos de vida cotidiana. São Paulo: Melhoramentos, 2005, p. 286
[29] On line in http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/search/label/Ginga-SAVATE . Ver também:
KUHLMANN, Paulo Roberto Loyolla (Major), Serviço Militar Obrigatório no Brasil: Continuidade ou mudança? Campinas: Núcleo de Estudos Estratégicos – Unicamp / Security and Defense Studies, vol. 1, winter 2001, p.1.
SOUSA, Celso. La mission militaire française au Brésil de 1906 à 1914 et son rôle dans la diffusion de techniques et méthodes d’éducation physique militaire et sportive. Thèse Histoire contemporaine, Université de Bourgogne, 2006 in [http://www.esefex.ensino.eb.br/atual_trab/%40cap I.PDF
[30] http://pt.wikipedia.org/wiki/Mestre_Pastinha
[31] http://www.letrasdemusicas.fm/abada-capoeira/areia-do-mar-pato#seu-pastinha-na-marinha
[32] […] ingressou na escola da marinha, por desejo de seu pai que não apoiava sua prática de capoeira. Na escola ele costumava ensinar capoeira aos amigos. Com 21 anos, ele deixou a escola da marinha e se tornou um pintor profissional. MESTRE PASTINHA In Abadá Capoeira, disponível em http://www.abadadc.org/paginas/pastinha.htm
[33] FONSECA, Vivian Luiz. Capoeira sou eu: memória, identidade, tradição e conflito. Rio de Janeiro: GFV/CPDOC, 2009. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – CPDOC como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em História, Política e Bens Culturais.
[34]ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Ringue ou academia? A emergência dos estilos modernos da capoeira e seu contexto global. Hist. cienc. saude-Manguinhos vol.21 no.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 2014 Epub Jan 01, 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702014005000002 . Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702014000100135[35] PIRES, Antonio Liberac Cardoso Simões. Movimentos da cultura afro-brasileira : a formação histórica da capoeira contemporânea, 1890-1950. Tese (Doutorado) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade de Campinas, Campinas. 2001.
[36]VIEIRA, Luiz Renato. O jogo de capoeira : corpo e cultura popular no Brasil. Rio de Janeiro: Sprint. 1995.
[37] CAIRUS, José. The Gracie clan and the making of Brazilian jiu-jitsu : national identity, performance and culture, 1801-1993. Tese (Doutorado) – Graduate Programme in History, York University, Toronto. 2012
[38] Edição do livro apócrifo ‘Guia do Capoeira ou Gymnástica Brasileira’ é 1904. Nele a autoria é feita pelas iniciais ‘O.D.C.’, que significada à época: ofereço, dedico e consagro’. (Vieira, 2005)
[39] Em 1890 era Capitão de Fragata, e pertencia ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ocupando a função de Secretário Suplente. E ainda, que em janeiro de 1980 fora exonerado da função que ocupava no Ministério da Marinha. Em julho de 1890 aparece o livro Aprendiz do Marinheiro, organizado por Garcez Palha, então 1º Tent. e José Vitor de Lamare, Capitão-Tenente. Em 1894, nomeado Secretário do Ministro da Marinha, Almirante Elisiário Barbosa. Em 1898, a 10 de março, noticia de que seu enterro fora muito concorrido, incluindo o representante do Presidente da República, Tent. Ávila, ajudante de ordens. Garcez Palha foi autor da obra Efemérides Navais. Era lente da Escola Naval. Redator da Revista Marítima Brasileira por vários anos, chegando a seu Diretor. Foi membro da Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro.
[40] LACÉ LOPES, 2005, obra citada
[41] ASSUNÇÃO, 2014, obr citada
[42] CANCELLA, Karina. O ESPORTE E AS FORÇAS ARMADAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA: das atividades gymnasticas às participações em eventos esportivos internacionais. (1890-1922). Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército, 2014, p. 108-1110.
[43] CANCELLA, 2014, p. 108-1110, obra citada.
[44] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Jiu-Jitsu no Maranhão. In Jornal do Capoeira Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005, Dispon[ível em http://www.capoeira.jex.com.br/
[45] LACÊ, André. Disponível em CD-Room, enviado ao autor. CIRÍACO, HERMANNY, ARTUR E HULK
[46] Ver também CANCELLA, 2014, p. 108-1110.
[47] http://gshow.globo.com/novelas/lado-a-lado/Vem-por-ai/noticia/2013/01/ze-fica-danado-ao-saber-que-a-marinha-contratou-japones-para-ensinar-jiu-jitsu.html
[48] REIS, Letícia Vidor de Sousa. O MUNDO DE PERNAS PARA O AR – A CAPOEIRA NO BRASIL. São Paulo: Publisher Brasil; FAPESP, 1997
[49] Fonte: O que a escola faz com o que o povo cria: até a capoeira entrou na dança! Cesar Augustus Santos Barbieri, São Carlos – SP – Agosto 2003 – Tese. In Blog Asociasion de capoera deportiva, disponível em http://cap-dep.blogspot.com.br/2011/01/1923-jogo-da-capoeira-adotado-pela.html
[50] DA COSTA, Lamartine Pereira. Capoeiragem: a arte da defesa pessoal brasileira. Rio de Janeiro: [s.n.], 1961
DA COSTA, Lamartine Pereira. Capoeira sem mestre. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1962.
[51] LAMARTINE PEREIRA DA COSTA. Graduação em Ciências Navais pela Escola Naval (1958), licenciatura em Educação Física pela Escola de Educacao Fisica do Exercito (1963) e doutorado em Filosofia pela Universidade Gama Filho (1989). Atualmente é professor titular da Universidade Gama Filho, membro Conselho Pesquisas do Comité Olimpico Internacional em Lausanne (Suiça) e professor visitante da Universidade Técnica de Lisboa. Atuou como professor visitante da Universidade do Porto (Portugal), da Academia Olimpica Internacional (Grecia) e da Universidade Autonoma de Barcelona (Espanha). No Brasil foi professor da Universidade Católica de Petrópolis (Engenharia), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Mestrado em Geografia), UNIRIO (Mestrado em Memoria Social), USP (Mestrado Educação Física) e UERJ (Graduação Educação Física). Tem experiência nas áreas de Educação Física, Administração, Historia e Filosofia com ênfase em meio ambiente, esportes, lazer e Gestão do Conhecimento. Tem produção contínua em pesquisas desde 1967 no Brasil e no exterior, com inicio na area de meio ambiente. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4721721A5
[52] REIS, 1997, obra citada.
[53] LACÉ LOPES, 2005, obra citada, p. 386-388; 2006.
[54] Da COSTA, Lamartine Pereira. Depoimento de Lamartine P. Da Costa sobre livros de Capoeira no Brasil – 15fev15. Em Correspondência pessoal. De: “Lamartine DaCosta” Enviada:segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015 05:56:19 Para:”Leopoldo Gil Dulcio Vaz” (vazleopoldo@hotmail.com)- Re: MARINHA + CAPOEIRA / MARANHÃO.
[55] Em 1960, Lamartine Pereira da Costa, então oficial da Marinha, diplomado em Educação Física pela E.E.F.E e instrutor chefe dos cursos de Escola de Educação Física da Marinha, CEM-RJ, lança um livro que se tornou o clássico da capoeira: Capoeiragem – A arte da Defesa Pessoal Brasileira. http://www.capoeiramestrebimba.com.br/busca_reconhecimento.html
[56] VIEIRA, 2005, obra citada, p. 39-40.
[57] LACÉ LOPES, 2005, obra citada, p. 386-388; 2006
[58] LACÉ LOPES, 2005, obra citada, p. 386-388; 2006
[59] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Uma origem da Capoeira é a Ringa-Moringue Maugache? ANAIS do CONGRESSO ISHPES – PHYSICAL EDUCATION AND SPORT AROUND THE GLOBE: PAST, PREENTE AND FUTURE. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2013, p. 173-202
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O “CHAUSSON/SAVATE” INFLUENCIOU A CAPOEIRA? ANAIS XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA. Londrina-PR, 19 a 22 de agosto de 2014b.
VAZ, 2014, obra citada.
[60] On line http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/01/pelea-de-marinos-savate.html
[61] As Maltas eram grupos de capoeiras do Rio de Janeiro que tiveram seu auge na segunda metade do século XIX. Compostas principamente de negros e mulatos (os brancos também se faziam presentes), as maltas aterrorizavam a sociedade carioca. Houve várias maltas: Carpinteiros de São José, Conceição da Marinha, Glória, Lapa, Moura entre outras. No período da Proclamação da República havia duas grandes maltas, os Nagoas e os Guaiamús. http://pt.wikipedia.org/wiki/Malta_(capoeira)
[62] As Maltas eram grupos de capoeiras do Rio de Janeiro que tiveram seu auge na segunda metade do século XIX. Compostas principamente de negros e mulatos (os brancos também se faziam presentes), as maltas aterrorizavam a sociedade carioca. Houve várias maltas: Carpinteiros de São José, Conceição da Marinha, Glória, Lapa, Moura entre outras. No período da Proclamação da República havia duas grandes maltas, os Nagoas e os Guaiamús. http://pt.wikipedia.org/wiki/Malta_(capoeira).
[63] SOARES, Carlos Eugenio Líbano. Dos fadistas e galegos: os portugueses na capoeira. In Análise Social, vol. xxxi (142), 1997 (3.º), 685-713 disponível em http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1221841940O8hRJ0ah8Vq04UO7.pdf
[64] CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: TECNOPRINT, 1972.
[65] COSTA, Neuber Leite Capoeira, trabalho e educação. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação, 2007.
[66] NESTOR Capoeira: Pequeno Manual do Jogador. 4. ed. Rio de Janeiro: Record. 1998.
[67] REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: um ensaio sócio-etnográfico. Salvador: Itapuã, 1968.
[68] PIRES, Antonio Liberac A. Capoeira na Bahia de Todos os Santos: estudo sobre cultura e classes trabalhadoras (1890 – 1937). Tocantins: NEAB/ Grafset. 2004
[69] CARNEIRO, Edson. Capoeira. 2 ed. 1977 (Cadernos de Folclore).
[70] http://www.angola-ecap.org/matieres-a-penser/em-portugues/87-o-que-e-um-contramestre
[71] CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. O ensino da capoeiragem no início do século XX. In JORNAL DO CAPOEIRA, 02.08.2005 – Sorocaba ” SP, www.capoeira.jex.com.br, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/o+ensino+da+capoeiragem+no+inicio+do+seculo+xx
[72] Cruzeiro do Sul, 31 jan 1920
[73] MILANI, Luciano. Mestre Bola Sete & Capoeira Angola. In JORNAL DO CAPEIRA, 31 de Julho de 2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/noticias/mestre+bola+sete+capoeira+angola ; www.lmilani.com
[74] Mestre Mirinho (Casimiro José Salgado Corrêa) In LIVRO ÁLBUM DOS MESTRES DA CAPOEIRA NO MARANHÃO – em entrevista concedida a Hermílio Armando Viana Nina aluno do Curso de Educação Física da UEMA, em fevereiro de 2005.
[75] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ARTHUR EMÍDIO E A CAPOEIRAGEM EM SÃO LUIS DO MARANHÃO. In BLOG DO LEOPOLDO VAZ, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/11/15/cronica-da-capoeiragem-artur-emidio-e-a-capoeiragem-em-sao-luis-do-maranhao/
[76] Antonio José da Conceição Ramos – Mestre Patinho – em entrevista concedida a Manoel Maria Pereira in “Livro-Álbum dos Mestres de Capoeira do Maranhão”, trabalho de pesquisa apresentado a disciplina História da Educação Física e Esportes, do Curso de Educação Física da UEMA, turma C-2005.
[77] http://raivosocdonatal.blogspot.com/2008/01/capoeira-na-marinha-projeto-social-2006.html#ixzz3RYppoBen
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