Continuo com a postagem do conteúdo do Curso de Formação de Treinadores de Futebol, promovido pela AGAP-MA, disciplina HISTÓRIA DO FUTEBOL NO MARANHÃO…
OS FUTEBOLISTAS
por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Neste capitulo, estão relacionados aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram com a História do Futebol no Maranhão. Suas biografias – incompletas, mas resgatado o que foi possível – foram tiradas de jornais, livros, e, principalmente, de entrevistas, algumas realizadas pelo Autor, outras, de reportagens dos jornalistas Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá; outras, do jornal “O Esporte”, do final dos anos 40, do jornalista Ribamar Bogéa; mas a fonte principal, foi o livro de Dejard Ramos Martins, Esporte, um mergulho no tempo. Capítulo específico do ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO[1] .
Ao apresentar a História de Vida desses personagens, está se resgatando como o Futebol foi introduzido e se implantando nas terras maranhenses. Sua trajetória esportiva é a mesma do futebol… Apresentaremos alguns personagens que, embora não tenha se dedicado diretamente ao ofício de jogador de futebol, atuaram como dirigentes esportivos e tiveram, em suas atuações e funções, importância para a consolidação do mesmo.
Adotamos a metodologia do Atlas do Esporte no Brasil, que tenho utilizado no resgate da memória do esporte no Maranhão, indicando-se o ano (ou o período) e o principal acontecimento ocorrido.[2] As biografias serão apresentadas em ordem de nascimento
JOAQUIM MOREIRA ALVES DOS SANTOS – Nhozinho Santos –
1905 – retorna de Liverpool (Inglaterra),onde fora estudar, e traz consigo vários equipamentos esportivos, introduzindo alguns esportes no Maranhão. Naquele final de ano, reuniram-se na residência dos Santos, na rua Grande, 1018 (Instituto Zoé Cerveira) além de Nhozinho, seus irmãos Totó e Maneco, alguns amigos e convidados para tratar da implantação do “foot ball association” no Maranhão. Além dos irmão Santos, estiveram presentes: John Shipton, John Moon, Ernest Dobler, ingleses empregados na Boot Stearship Co. Ld. – Mala Real Inglesa -, Botho & Co. Ld., e os maranhenses Izidoro Aguiar, Edmundo Fernandes, Afonso Gandra, José Ramos Bastos, Antero Novaes, Carlos Neves, Antero Serejo, e outros mais (MARTINS, 1989 : 284). Ficou estabelecido que na vasta área da Fábrica seria construído um campo para a prática do futebol. Foram sacrificadas algumas árvores, para que tivesse as dimensões necessárias para a pratica do esporte. A princípio houve alguma dificuldade para se arranjar os onze jogadores para se formarem os times. Os treinamentos eram realizados com dois quadros de oito jogadores, cada. As competições no campo do FAC começaram a despertar a curiosidade dos transeuntes, que assistiam as partidas através de aberturas no cercado da Fabril. Ninguém entendia do que se tratava, ao observarem os rapazes correndo atrás da bola, pois havia muita disputa e muita algazarra: “Sucederam-se os treinamentos com os ‘sportmen’ apurando a forma técnica, entendo melhor as regras … não havia treinamentos físicos. A resistência vinha em decorrência do maior tempo dos coleticos que, às vezes, processavam-se até não ser mais enxergada a bola. Assim, decorreu o ano de 1906, uma ou outra disputa entre as duas formações, usando camisas e chuteiras e as bolas importadas“. (MARTINS, 1989 : 284-285). 1907 – Funda, nas dependências da Fábrica Santa Isabel – de propriedade de sua família – o FABRIL ATHLETIC CLUB – FAC – para a prática do “foot-ball association”; também foram praticados o Tênis, o Cricket, o Crockt, o Tiro, e o Atletismo. (Fonte: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A inauguração do “foot-ball” em Maranhão. In LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 5, n. 24, agosto de 2000, disponível em www.efdeportes.com; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, O nascimento de uma paixão. O IMPARCIAL, São Luís, Domingo, 29 de outubro de 2000, p. 7. Esporte.)
RAUL ANDRADE
1891 – nasceu em Belém do Pará, em 15 de maio. 1903 – Estudante do Ginásio Paes de Carvalho, aprendeu a manejar o balão, tendo iniciado sua carreira esportiva aos 12 anos. 1908 – fundado o Esporte F. C., o crack Raul já dominava bem o balão, atuando na aza média e na zaga. Seus colegas eram Moraes, Coronel Castanha Podre e outros. 1911 – o Esporte mudava de nome, passando a ser o Time Negro (hoje, Paissandú). 1914 – Raul veio a São Luís a passeio (a Primeira Guerra Mundial estava começando …) para visitar sua família e, em companhia de outros esportistas, fundou dois times com os nomes de França F. C. e Alemão F. C., com as camisas dos citados grêmios correspondentes às bandeiras francesa e alemã. 1915 – era fundado o Foot-Ball Athletic Club – FAC – o antigo Fabril Athletic Club, com outra denominação, mas ainda funcionando no mesmo local, com as mesmas pessoas. O grêmio “milionário” – pertencia à elite empresarial e comercial ludovicence – possuía dois grandes quadros – o Red Futebol Clube e o Black Esporte Clube. A diretoria era uma só, entretanto sempre existiu rivalidade entre os integrantes do Red e do Black. Nessa época, o futebol maranhense já possuía três bons clubes, que eram os quadros do Red e do Black (FAC) e o XI Maranhense. Nhozinho Santos e Saturnino Belo eram os principais dirigentes. 1916 – com o concurso de alguns elementos do FAC e alguns esportistas nascia o Luso Brasileiro, vindo então a rivalidade que deu origem aos tradicionais clássicos – Luso x FAC, a maior sensação do futebol maranhense do passado. O dr. Raul deixou de praticar o futebol quando o Remo fez sua primeira visita ao Maranhão. Ainda enfrentou a turma paraense, jogando pelo Red. Além de ser sócio fundador do FAC, passou a ser diretor e foi tesoureiro da antiga AMEA.
VALÉRIO MONTEIRO
1901 – nascido em Alcântara no dia 1º de abril; 1907 – Aos 6 anos veio para a capital. Morando numa vivenda à rua Jacinto Maia, defronte ao antigo Gazômetro, dando suas fugidas para as peladas da Praia do Caju, onde existia, na época, uma verdadeira escola de futebol, tendo conseguido diploma naquela zona atletas como Clarindo, Cabelo, Lucas (Júlio Galas), Beleza e outros. E Valério Monteiro foi um dos elementos preparados na “Universidade Futebolística da Praia do Caju”. – Valério jogava no Paulistano da Praia do Caju, quando foi comandado pelo sr, Jacques Vieira para defender o Spark F. Clube, grêmio da primeira usina elétrica que o Maranhão possuiu. Depois, foi levado pelo português David Martins Sousa para o Luso Brasileiro. Após um grande período em que o futebol maranhense viveu em abandono, Valério aparece no Sírio como diretor, jogador de futebol e astro do basquete e volei.
[1] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL; IHGM, 2014. Disponível em www.cev.org.br/biblioteca/atlasesportemaranhão
[2] DA COSTA, Lamartine Pereira. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de janeiro: CONFEF, 2005. Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br
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