…ainda em Breves Anotações sobre a Punga dos Homens.
Neste apontamento peço licença, para compartilhar, não saberes sobre a Punga dos Homens, mas para tentar aproximar quem lê, de nuances, as mais diversas – dentro ou fora da Roda.
Apenas, como reflexão e saber…
Como é sabido, em “Cultura Popular, antiguidade é posto”!
Sendo assim é fundamental que se esteja atento, compreenda e respeite o fato de que mestras/es consagrados/as nessa seara trazem consigo saberes, ofícios e percepções, os quais levaram tempo para serem entronizados, apreendidos…conhecidos.
Mulheres e homens, griôs, para que se tornassem e fossem vistas como lideranças respeitadas/os em suas respectivas comunidades, decerto que há carisma pessoal, mais demonstram capacidades singulares para lidar com questões, as mais diversas, que vão desde saúde, segurança, economia criativa, familiar, etc., além do indescritível significado que é ser detentor/a de elementos simbólicos, que compõem as “brincadeiras”.
Não à toa, muitos/as se reservam e não gostam de quando estão repassando tais conhecimentos adquiridos a muito custo e desprendimento pessoal, em momentos em que há curiosos ou, quem não seja de sua intimidade.
Isso ocorre, mesmo entre quem como eu é somente um/a simples zelador/a, vez que ainda há muito o que ser percorrido para chegarmos nos altos das árvores aonde essas “onças” grandes, mestras/es e griôs estão posicionadas, observando, e, no tempo que convém, se assim for, manifestarem-se.
Por outro lado obter a confiança de um/a sábia/o popular requer muitos anos de dedicação da parte de quem aprende, pois somente dessa forma, com raras exceções, saberes vão sendo repassados.
Vale ressaltar que para homens e mulheres se tornarem verdadeiros/as líderes comunitárias/os, respeitadas/os, não se basta a força de poder econômico, mas por tudo o que representam na comunidade, bem como e, de que forma interferem no dia-a-dia da mesma, pois somente dessa maneira pairará sobre si uma aura de autoridade consagrada, sobretudo, pela forma como lida nas diversas áreas de vivência que atua.
Isso era possível ver na atitude do Mestre Felipe, na Comunidade da Vila Conceição, no Coroadinho, fosse nos “tambores de ponta de rua” realizados pelo mestre na comunidade – até hoje por nós levado a cabo – fosse nas rodas de dominó, na porta de sua casa, ou, um simples visita de muitos/as que para ali iam só receber acalanto.
No dia de “brincadeira” era livre para quem quisesse, no entanto, apontasse um bêbado – fosse íntimo ou não: não tinha disso!!! – vindo de lá… Felipe, de dentro da Roda dizia em alta voz: “Fulano de tal! “Caminho do feio por onde veio!!!!”. Para em seguida mandar o recado que já ficava para todos/as ali presentes, “eu já te disse que se tu quer beber, para beber aqui, mas não chegar aqui, bêbado”.
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