Cevnautas do Maranhão,

Ótima notícia.

Laércio

Com mais incentivos para o ensino, alunos do Maranhão participam pela 1ª vez de competições internacionais  

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A equipe maranhense figurou em primeiro lugar entre as equipes estrangeiras participantes do desafio Robo Party, em Portugal, realizada entre 02 e 04 de março na Universidade do Minho, e participará do desafio Robo Cup, em julho, no Japão

Até então considerados “fora do mapa da educação” por especialistas, alunos maranhenses da rede pública começam a colher frutos de políticas adotadas nos últimos dois anos no Estado. Pela primeira vez na história, estudantes do ensino médio participam de competições internacionais de robótica, segundo Jhonatan Almada, secretário da pasta da Ciência, Tecnologia e Inovação, que começou a dividir as responsabilidades da área com a Secretaria de Educação.

A equipe maranhense figurou em primeiro lugar entre as equipes estrangeiras participantes do desafio Robo Party, em Portugal, realizada entre 02 e 04 de março na Universidade do Minho, na cidade Guimarães. A competição, com 120 equipes, envolveu cinco países – Brasil, Alemanha, Espanha, França e Itália, além do país que sediou o evento.

O próximo passo será em julho, na cidade de Nagoia, no Japão, para o desafio Robo Cup, considerada a Copa do Mundo de Robótica, que reúne cientistas e estudantes de todo o mundo para  apresentarem seus robôs em um cenário realístico.

O grupo maranhense é formado pelo professor de matemática, Fabio Aurélio, 36 anos, coordenador do curso de robótica do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA), alocado no município de Pindaré-Mirim, interior do Estado. A cidade tem uma população estimada em 32,348 mil habitantes.  A equipe conta com os alunos Miguel Neto (16 anos), e Alef Josemeldo (15 anos), os dois do 2º ano do curso técnico de Agropecuária do instituto; e Alefe Bispo, 15 anos, do 2º ano do curso Serviços Jurídicos, também da mesma instituição de ensino.

Aurélio, disse que o prêmio conquistado em Portugal é fruto da somatória de todos os desafios enfrentados pela equipe e acrescentou que, com a nota obtida, o grupo foi classificado para participar do desafio japonês, em julho.

“Vamos concorrer na modalidade ‘resgate de alto risco’. Construiremos um robô e em uma arena simulada acontecerá um incêndio na qual o robô entrará e resgatará uma vítima com segurança”, explicou.

Conforme entende o matemático, a participação nessas competições traz retorno significativo para os alunos sobretudo com baixo poder aquisitivo. “O grupo que foi para Portugal é formado por alunos do interior do Maranhão, que nunca saíram nem da própria cidade”, destacou.

Primeiros passos

Os estudantes participam das maratonas desde o ano passado. Iniciaram em março pela Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), em São Luís, capital do Estado, quando foram vice-campeões. Em seguida, no Rio de Janeiro, participaram do Torneio Juvenil de Robótica (TJR) e conquistaram o titulo de campeões brasileiros. “Lá conseguimos a classificação para o desafio em Portugal”, descreveu o matemático.

O professor Aurélio atribuiu as conquistas dos alunos à adoção de um novo modelo da educação básica do Maranhão. Com a implementação da rede de institutos IEMA, disse, os alunos passaram a ter aulas em tempo integral e contato com outras disciplinas, como robótica, lançamento de foguetes e a prática em laboratórios. “É um contexto bem amplo que está favorecendo esses alunos”, comemora o professor.

Conforme observa o matemático, até então os estudantes não participavam de olimpíadas internacionais porque não havia incentivo e nem apoio do governo.

“Com a mudança no modelo de governo começou-se a fazer um investimento maior na robótica e daí começamos a ter êxito nas competições”, acrescentou.

Crédito do BNDES

Criada em 2015, a rede de institutos IEMA, vinculada às secretarias de CT&I e da Educação do Maranhão, possui laboratórios de matemática, robótica, física, química e biologia. “Criamos a rede IEMA com a perspectiva de adotar o ensino em tempo integral, currículo mais atualizado e diversificado”, informou Almada, secretário da pasta de CT&I.

Segundo ele, hoje a educação do Maranhão vive outra realidade em relação ao passado. Em 2014, por exemplo, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou que o Maranhão era o Estado com a infraestrutura escolar mais precária do País. Na época, mais de 80,7% das escolas maranhenses, de um total de 13 mil colégios, ofereciam somente os itens mais básicos, como água, sanitários, cozinha, energia elétrica e esgoto. Não havia salas para diretores, TV, DVD, computadores ou impressoras nessas unidades.

O secretário da pasta de CT&I acrescentou que, além do ensino médio em tempo integral, existe um trabalho permanente de valorização e formação continuada dos professores da educação básica. “O foco é oferecer um salário atrativo aos professores e um programa permanente de formação continuada.”

Almada fez questão de citar o que o salário inicial para o professor da rede estadual é o maior do País, R$ 5,328 mil, mesmo diante da crise orçamentária que assola quase todos os Estados. Até agora, disse, o governo contratou 1,5 mil profissionais da educação.

Para fazer frente aos desafios educacionais em tempos de crise econômica generalizada, o Estado contratou financiamento do BNDES, da linha disponibilizada para os Estados nos últimos três para fomentar a infraestrutura e projetos sociais.

O pacote de empréstimo contratado para educação é da ordem de R$ 600 milhões, valores assegurados até 2018. Desse total, R$ 240 milhões são para o fomento à educação em tempo integral, ofertada pelos institutos IEMA. O custo mensal de cada unidade é de R$ 300 mil, o equivalente a R$ 3 milhões anuais. “Hoje temos sete unidades e a meta é chegarmos a 23 unidades até 2018”, estimou Almada.

Outra fatia dos recursos é canalizada ao programa ‘Escola Digna’ que prevê melhorar a infraestrutura educacional e substituir paulatinamente as conhecidas escolas de taipa, de barro e palha da rede municipal por estruturas de alvenaria.

“Até agora foram construídas 60 escolas que eram de taipas da rede municipal e a meta do Estado é chegar a 300 até 2018, colocando a escola em boas condições, equipadas, com ar condicionado, laboratório”, disse. “Estamos fazendo uma reforma completa, não somente passando a tinta”, acrescentou Almada.

Para Almada, a meta é corrigir o déficit histórico da educação do Maranhão e melhorar os indicadores educacionais nas avaliações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Excluídos do mapa

Além do esforço para melhorar a educação básica, o especialista Manuel Marcos Formiga, professor da Universidade de Brasília (UnB) e sócio-fundador da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), observa que o governo vem trabalhando tanto na melhoria dos ensinos técnico e profissional como no superior, em um movimento contrário do que vem acontecendo na maioria das universidades estaduais. A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), por exemplo, chegou a atrasar até mesmo os salários dos professores.

Reconhecendo o esforço do atual governo do Maranhão, o professor da UnB, acrescentou, contudo, que esse movimento vem acontecendo há algum tempo, por duas iniciativas: a criação dos centros de educação técnica e pelo programa Maranhão Profissional, rede construída com a partição do setor produtivo, governo e as escolas técnicas da rede pública e da iniciativa privada, da gestão anterior.

“Esse esforço despertou um ambiente favorável e acredito que independentemente de partido do governo, isso teria de ser feito, seja pelos atuais dirigentes, seja pelos futuros. Porque se a educação brasileira é catastrófica, a do Maranhão é pior. É um dos estados onde a educação é mais deplorável”, disse ele, que ajudou a conceber o programa Maranhão Profissional, por indicação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Mesmo sem querer apostar todas as fichas de que essa seria a primeira vez que estudantes maranhenses participam de competições internacionais, o professor da UnB disse acreditar que sim, porque “eles estavam fora do mapa.”

Para ele, os investimentos maciços na educação tendem a melhorar também o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, um dos mais baixos do País. “Acho que eles estão cientes de que sem investimento na educação, o Maranhão não sairá do marasmo social e da estagnação do progresso da região que, apesar de ser um Estado rico (natureza), os investimentos se concentram muito na região litorânea do porto”, disse.

Simpósio internacional

Marcos Formiga, que vem acompanhando alguns projetos na Universidade Estadual do Maranhão (Uema), destacou o trabalho que vem sendo conduzido também no ensino superior e nas universidades da região Sul do Maranhão. E antecipou que em junho, por solicitação da Abruen, associação brasileira das universidades estaduais e municipais, a Universidade maranhense sediará um grande simpósio internacional, sobre inovação em educação, com a participação de especialistas europeus, da Itália, Inglaterra, Espanha e Portugal.

Viviane Monteiro – Jornal da Ciência

FONTE: http://www.jornaldaciencia.org.br/edicoes/?url=http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/2-com-mais-incentivos-para-o-ensino-alunos-do-maranhao-participam-pela-1a-vez-de-competicoes-internacionais/

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