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categoria Atlas do Esporte no Maranhão
RAÍZES
Reúne abordagens de jogos e versões esportivas nativas do Brasil (tradições indígenas e também atividades de criação regional – Maranhão – ou aculturadas localmente de origens diversas):
JOGOS TRADICIONAIS INDIGENAS
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Por definição do Atlas do Esporte no Brasil (2005, p. 33/34), são atividades corporais com características lúdicas, pelas quais permeiam os mitos e os valores culturais, que requerem um aprendizado específico de habilidades motoras, estratégias e/ou chances. Visa, também, a preparação dos jovens para a vida adulta, a socialização, a cooperação e/ou a formação de guerreiros, ocorrendo em períodos e locais determinados, com regras estabelecidas, não havendo limite de idade para os jogadores.
Em diferentes culturas e diferentes épocas houve alguma forma de manifestação do movimento representado pela corrida e esta sempre teve primeiro, um caráter de sobrevivência. Ritualizada, passa a fazer parte da cultura onde representa os valores e as normas sociais, o mesmo ocorrendo quando levada para a esfera do lazer (lúdico).
CATHARINO, José Martins, ao fazer uma análise do “Trabalho índio em terras de Vera ou Santa Cruz e do Brasil” (Rio de Janeiro: Salamandra, 1995), refere-se, dentre esses trabalhos a dois que nos interessam particularmente: “O trabalho desportivo” e “O Trabalho locomotor”. Ao analisar o trabalho desportivo, considera que nesse mundo, antes da chegada dos brancos, a sobrevivência exigia qualidades atléticas, exercícios constantes, com descanso e repouso intercalados, de duração sumamente variáveis. Por isso, os índios se tornavam atletas naturais, para sobreviver, pois tinham que, em terra, andar, correr, pular, trepar, arremessar, carregar, e, na água, nadar, mergulhar e remar. Realizar trabalho-meio, autolocomotor, com suas próprias forças, apenas e/ou, também, com auxílio de instrumentos primitivos, para obtenção de produtos necessários: “Entre prática guerreira e desportiva há um nexo de causalidade circulativo, proporcionalmente inverso. Mais prática desportiva, menos guerra. Mais guerra, menos aquela. Causas produzindo efeito repercutindo sobre a causa. Nexo fechado, de recíproca causalidade e efeito. O trabalho-meio, autolocomotor, servia de aprendizado e adestramento – atlético que era – ao competitivo”. Entre a infância e a puberdade, e a adolescência e a virilidade ou maioridade, entre os 8 e 15 anos, a que chamamos mocidade, os kunnumay, nem miry nem uaçu, tomavam parte no trabalho dos seus pais imitando o que vêem fazer. Não se lhes manda fazer isto, porém eles o fazem por instinto próprio, como dever de sua idade, e já feito também por seus antepassados: “Trabalho e exercício, esses mais agradáveis do que penosos, proporcionais à sua idade, os quais os isentava de muitos vícios, aos quais a natureza corrompida costuma a prestar atenção, e a ter predileção por eles.Eis a razão porque se facilita à mocidade diversos exercícios liberais e mecânicos, para distraí-la da má inclinação de cada um, reforçada pelo ócio mormente naquela idade”.
Após essas explicações, o Autor informa que essa seção – o trabalho desportivo – é dedicada ao trabalho competitivo entre índios, embora caçando e pescando, competissem amiúde com outros animais, considerados irracionais, o que faziam desde a infância. Sem falar nos jogos educativos: “… jogos e brinquedos (Métraux) dedicou um só parágrafo, quase todos graças a d’Evreux, acerca dos feitos pelos Tupinambás. “Tratava-se de ‘arcos e flexas proporcionais às suas forças’. O jogo, educativo para a caça, pesca e guerra, era possível porque reunidos plantavam, e juntavam cabaças, que serviam de alvo, ‘adextrand oassim bem cedo seus braços’. Assim, brincavam os meninos de 7 a 8 anos. Kunumys-mirys. As meninas, na mesma faixa etária, Kugnantins-myris, além de ajudarem suas mães, faziam ‘uma espécie de redesinhas como costuma por brinquedo, e amassando o barro com que imitam as mais hábeis no fabrico de potes e panelas’.
Ao descrever as atividades da educação física no Brasil colonial, MARINHO (s.d.) afirma serem a “pesca, a natação, a canoagem e a corrida a pé processos indispensáveis para assegurar a sobrevivência de nossos índios”. Os primeiros registros de atividades corporais, no Maranhão, datam da chegada dos franceses, em 1612, e aparecem nas crônicas de Abeville e deEvreux.
1614 – “História da Missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas”, por Claude d´Abbeville, publicada pela primeira vez em 1614.
1864 – “Viagem ao norte do Brasil feita nos anos de1613 a1614”, por Yves D´Evreux, publicada pela primeira vez em 1864.
CORRIDAS
Desde 3.000 a.C – as corridas (Atletismo) aparecem no Maranhão anterior ao período colonial, através da Corrida de Toras – pertencente ao grupo de provas de revezamentos – dos Índios Kanelas Finas – pertencente à etnia Jê, presentes por estas terras há pelo menos cinco mil anos. A ocupação do território maranhense se deu através de três correntes migratórias – Lácidas, Nordéstidas e Brasílidas, nessa ordem. Os Lácidas, descendentes dos australóides, atingem o Maranhão. Das famílias lingoculturais suas descendentes, destaca-se a JÊ, grupo mais populoso; de maior expansão territorial; e de melhor caracterização étnica. Os Jês caracterizam-se pela ausência da cerâmica e tecelagem, aldeias circulares, organização clânica e grande resistência à mudança cultural, mesmo depois de contato, como se observa entre os Kanelas, ou RANKAKOMEKRAS como se denominam os índios da aldeia do Escalvado (DICKERT & MEHRINGER, 1989).
Os Jê são conhecidos no Maranhão com a denominação de “TIMBIRAS“, e se dividem em dois ramos principais, segundo seu habitat – Timbiras do Mato e Timbiras do Campo -, estes apelidados de canelas finas “pela delicadeza de suas pernas e pela velocidade espantosa que desenvolvem na carreira pelos descampados”, conforme afirma TEODORO SAMPAIO (1912, apud CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p. 41), confirmando SPIX e MARTIUS (1817, citados por CORREIA LIMA & AROSO, 1989, p.59) quando afirmam, sobre os Canelas, “… gaba-se a sua rapidez na corrida, na qual igualariam a um cavalo.”.
1946 – NIMUENDAJÚ estuda os Kanelas, e descreve a corrida de toras como sendo uma forma de honrar as almas mortas.
1964 - SCHULTZ segue a interpretação de NIMUENDAJÚ (1946), em suas investigações sobre os Krass, mas enfatiza também o “caráter esportivo”. Os RANKAKOMEKRAS confirmam que a tora seria uma alma dos mortos. Mas “… a alma do morto (megaro) teria se transformada numa moça e agora se encontraria na palmeira Buriti…”.
1969 – STAHLE, ao estudar os Kanelas, encontrou a corrida de toras como “culto da morte”, pois “…todas as toras são consideradas ‘representantes dos mortos’ e a corrida de toras possibilita uma ‘ressuscitação das toras como forma de garantia da vida para além da morte para os mortos”; estabeleceu que a época das corridas corresponderia ao início das chuvas.
1984 – JUNG & BRUNS ao analisarem os aspectos rituais das corridas de longa duração em diferentes culturas e épocas afirmam ser “ uma outra forma de corrida religiosa … a chamada corrida do tronco dos índios Jês no Brasil meridional … A corrida podia ser um rito ou também ter caráter profano. Os participantes podiam ser homens, mulheres ou inclusive crianças”. Não descartam o contexto ritualista da corrida, que marcam os “ritos de iniciação, o regresso à aldeia após uma caçada ou também como prova de matrimônio”, não havendo surpresa em que essas corridas fossem executadas às vezes diariamente. Segundo os regulamentos, duas equipes, – representação dual da sociedade Canela onde as duas metades da aldeia, a ocidental e a oriental se “opõe” (DICKERT & MEHRINGER, 1989a) – teriam que carregar os troncos de madeira (palmeira buriti) – (DICKERT & MEHRINGER, 1989b) – em uma corrida por um caminho previamente traçado, até uma meta estabelecida, quase sempre fixada na praça da aldeia. As “corridas de aldeia” eram realizadas com mais freqüência, sempre por volta das 6 horas da manhã e/ou à tarde, pelas 4 horas, no caminho circular de 850 metros. Cada equipe carrega um tronco que é trocado com freqüência, já que é muito pesado para ser levado por um só corredor durante o longo trajeto percorrido. O tronco é passado do ombro de um corredor para o de outro, repetindo-se a cada 50 a 100 metros: ” O objetivo da competição é transportar a tora, fazendo trocas entre os corredores – carregadores – o mais rápido possível, entre a partida e a chegada, onde ela deve ser jogada primeiro. Isso só pode ser feito quando cada membro do grupo dispor tanto de uma boa condição para a corrida como também de uma boa força para o transporte. Além disso deve acontecer uma constante combinação entre os corredores (atitude tática), sobre quando deveria ser feita a troca da tora. Além disso não pode haver perda de tempo na troca da tora de um ombro para outro. Deve-se por esgotamento do carregador ou durante a troca. Assim sendo, sempre se combinam as coisas no grupo antes da corrida …”. (DIECKERT & MEHRINGER, 1989a, p.13). Verifica-se, pelas regras principais, que se trata de uma corrida de revezamento onde toda a equipe vai correndo atrás de quem leva o tronco, e têm um caráter competitivo entre os dois grupos adversários, onde o objetivo sério é: vencer (DICKERT & MERINGER, 1989a, 1989b). No entanto não há nem elogios para o ganhador, nem críticas para o perdedor (JUNG & BRUNS, 1984) pois conforme informou um dos corredores a DIECKERT e MEHRINGER (1989a) “(…) ele sempre procura não correr muito mais rápido do que o adversário. Isso poderia causar inveja e, também, haveria o perigo de um ‘feiticeiro’ (bruxo – curandeiro mau) castigá-lo…” (p. 14).
1989 – DIECKERT & MEHRINGER afirmam que as corridas de toras são realizadas durante os cinco diferentes ciclos festivos “que ocorrem na época das secas, de março a setembro”. as formas de movimento dos índios Canelas se manifestam num contexto de ritual (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b; JUNG & BRUNS, 1984). Por ser uma sociedade dual – onde as duas metades da aldeia se opõe -, o que determina a conseqüente formação de grupos (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b), situações de conflito são resolvidas, por exemplo, com a realização da “corrida de toras” (FEITOSA, 1983). Nela se manifestam os valores e as normas sociais (DICKERT & MEHRINGER, 1989a). São as festas que aproximam os jovens dos valores e normas culturais, que lhes permite “vivenciar” o mundo de acordo com suas leis (DICKERT & MEHRINGER, 1989b). Parece verdadeira a interpretação de ser a corrida de tronco um culto aos antepassados (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b; JUNG & BRUNS, 1984), pois as regras da corrida foram ensinadas ‘pelos bisavós’ e ainda são respeitadas (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b). Há um sentido mais profundo na realização da corrida pois aquele que “quiser viver como caçador e coletor e também como guerreiro tem que apresentar uma excelente condição física”. Por isso, essa “necessidade de sobrevivência” foi formulada “(…) enquanto ‘objetivo de ensino’ para os jovens, num contexto cultural, a fim de garantir a continuação da tribo.” (DICKERT & MEHRINGER, 1989a). Observa-se que em diferentes culturas e diferentes épocas houve alguma forma de manifestação do movimento representado pela corrida (DICKERT & MEHRINGER, 1989a, 1989b; JUNG & BRUNS, 1984) e esta sempre teve, primeiro, um caráter de sobrevivência. Ritualizada, passa a fazer parte da cultura onde representam os valores e as normas sociais, o mesmo ocorrendo quando levadas para a esfera do lazer (lúdico). Os Canelas, ao codificarem as corridas realizadas em suas aldeias – regras dos bisavós -, estão repetindo o que fizeram outras culturas. Se é aceita a codificação das regras de corridas pelos Gregos em seu período clássico como precursora das regras atuais do Atletismo, também deve-se aceitar a corrida entre os Canelas como a primeira manifestação desse esporte em terras maranhenses, pois quando as diversas nações européias modernas aqui chegaram por volta dos anos 1.500 já encontram diversas outras nações, sendo a mais antiga delas os Canelas.
NATAÇÃO
CATHARINO, José Martins ao fazer uma análise do “Trabalho índio em terras de Vera ou Santa Cruz e do Brasil” (Rio de Janeiro : Salamandra, 1995), acredita ser inconcebíveis vida e cultura índias sem locomoção pelas próprias forças. Por isso, os índios fazem exercícios constantemente. Essa constante movimentação concorria para sua higidez, robustez e estado atlético, tornando-os mais aptos a enfrentar as naturais dificuldades do meio, e a manterem-se sadios. Tinham profunda intimidade com a água, nela se sentindo à vontade, para o que, por certo, concorria o costume das mães banharem seus filhos logo após tê-los. Não admira soubessem nadar. Os costeiros e os do interior. De todas as idades, mais ainda os meninos e as meninas, moços e moças. Quando da chegada dos primeiros portugueses, relata Vespúcio: “…e antes que chegássemos à terra, muitos deles lançaram-se à nadar e vieram nos receber a um tiro de nesta no mar (equivalente a 150 metros), que são grandíssimos nadadores… Continua o Autor: “Nadam fora de toda expectativa, e melhor as mulheres que os homens, porque os encontramos e vimos muitas vezes duas léguas adentro do mar sem apoio algum iram nadando”.
Serve-se de vários autores, para ilustrar o quanto nossos índios dominavam a arte da natação: “… Ramirez: ‘ellos som mui ligeros é mui buenos nadadores … Lopez: ‘E vinham apoz de nós, hús a nado e outros em almadias, que nadam mais que golfinhos; … Knivet: ‘Levou-me esse cannibal pela praia, e fomos ter a uma penha que sahe ao mar; tomou-se então elle às costas, e, tendo nadado comigo por fóra dos parceis, continuámos a nossa viagem … D’Abeville:Vimos maravilhados inúmeros índios se lançarem-se a nado (Tupibambá) para nos encontrar e trazer seus agrados. Jaboatam, acerca dos gentios Goyatacá: ‘Costumavão, por não Ter outro modo, andar de nado pelas ribeiras do mar esperando os Tubarões, com um pau muito aguçado na mão, e em remetendo o tubarão a eles, lhes engastavão a ponta pela garganta a dentro, com tanta força, que o affogavão, e morto assim o traziam à terra…”.
Não eram apenas exímios nadadores. Também sabiam mergulhar. Sobre os índios do Maranhão, como acima a nota de Claude D’Abeville citada, serem os “Tupinambás grandes nadadores e mergulhadores, chegando a nadar três a quatro léguas. Se de noite não tem com que pescar, se deitam na água, e como sentem o peixe consigo, o tomam às mãos de mergulho; e da mesma maneira tiram polvos e lagostins das concavidades do fundo do mar, ao longo da costa… “Eram, os Tupinambás, extremados marinheiros, como os metem nos barcos e navios, onde todo o tempo ninguém toma a vela como eles; e são grandes remadores, assim nas suas canoas, que fazem de um só pau, que remam em pé vinte a trinta índios, com o que as fazem voar …”.
CANOAGEM
Os índios, aqui estabelecidos de há mais de 5.000 anos, já praticavam o Remo, conforme se depreende dos cronistas da época e historiadores. CATHARINO informa que Soares já elogiava os Tupinambá como excelentes marinheiros, ninguém tomando a vela melhores do que eles. Já Caminha, em sua carta acerca dos achamentos dos portugueses referia-se às almadias – canoas feitas de tronco ou casca de árvore – e jangadas, com que se deslocavam pelas águas – mares e rios: igará era denominação genérica; ubá a feita de uma só casca de árvore; igaraçú, as grandes, de um só tronco; igaritê, as pequenas. Igaratim chamavam aquelas canoas em que iam os morobixabas e se diferenciavam das demais por levarem à prôa um maracá – maracatim dos Igaraunas, do Maranhão.
No Maranhão, faziam-se, e ainda se fazem, balsas de talo de buriti – periperis; delas tomou nome o considerável afluente que o Parnaíba recebe pelo lado esquerdo. Pode-se afirmar que os índios também impulsionavam periperi com remos. Aos remos – apecuitá; ao leme – yacumá; à pá do leme, iacumã. Em sendo o leme peça fixada na popa, para ser a embarcação governada e dirigida, ficou a dúvida se ela existia em canoa, ou se, como leme, era usado remo, sendo mais provável esta hipótese.
Quanto ao trabalho de remar, variava em conformidade com o tamanho e a capacidade das canoas; variável também o número de transportados e dos remadores. Falando da ida dos Tupinambá para a guerra, Léry disse que vogam em pé, com um remo de pás duplas, ao qual seguram pelo meio. A descrição indica remo usado para impulsionar caiaque, o que permite remar metendo na água alternadamente cada pá por cada borda. Os Igaraunas, do baixo Maranhão, são tidos em conta dos melhores remeiros do país porque a este exercício se afazem desde a infância. Foram eles, que à força de remos, levaram o comboio do capitão Teixeira desde o Oceano até à costa dos Andes. Esses índios tinham suas canoas de guerra de quarenta a cinqüenta pés de comprimento e feitas de um só tronco de árvore, a qual davam o nome de maracatins.
DANÇA E MÚSICA
1815 – PAULA RIBEIRO descreve uma das principais “manifestações do lúdico e do movimento” – para usar uma expressão de DIECKERT & MEHRINGER (1989b) -, na cultura Jê, referindo-se à música e à dança: “… enquanto as muitas mulheres guizam as comidas, dançam eles e cantam ao som de buzinas, maracás e outros instrumentos … esta dança e música noturna, melhor repetida depois da ceia, dura quase sempre até às cinco da manhã …“.
JOGOS E BRINCADEIRAS
Foram observados na aldeia dos Canela, da aldeia Escalvado diversos brinquedos, brincadeiras e jogos que as crianças praticam em sua vida cotidiana como pular corda; batalha de pião (Cuhtõj Tere); uma espécie de jogo de bola de gude utilizando coquinhos (Crowkâ); bente-altas ou taco (Ihcahyrxà); perna de pau (Pàr Xô Hyre, Texware); estilingue (H?caper Xá), a peteca (Põ-hyhpr?), zumbidor (Ihkjênxà), a cama de gato (H?hkra To Hapac Tu Xá), dobraduras retratando animais, inclusive com movimento, e brinquedos construídos com a polpa de buriti, estes dois últimos com movimento. Foi observado ainda o quebra-cabeça Anel Africano (Ihkã Cahhêc Xá). Trata-se do quebra-cabeça muito difundido em todo o mundo, considerado um clássico pela simplicidade da idéia e engenhosidade da solução. Nos livros de jogos, o quebra-cabeça é mais conhecido pelo nome de Anel Africano. Trata-se de um desafio que deu origem a centenas de outros quebra-cabeças em todos os continentes.(in Projeto Jogos Indígenas do Brasil, disponível em http://www.jogosindigenasdobrasil.art.br/port/campo.asp#canela)
JOGOS DOS POVOS INDÍGENAS
1994 – O INDESP promoveu uma reunião de trabalho, em Brasília, sob a coordenação de Jairo R. P. Bamberg para discutir “o que é desporto com identidade cultural?”. Participaram da reunião Silvino Santin; Leila Mirtes Santos de Magalhães Pinto; Lamartine Pereira da Costa; Paulo Vicente Guimarães; Muniz Sodré; Priscila Ribeiro Ferreira; Maria Hilda Baqueiro Paraíso; e Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Dentre as várias ações propostas, constava a de realização de jogos esportivos que contemplassem as tradições indígenas – uma olimpíada indígena; essa proposta foi apresentada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, endossada por Lamartine Pereira da Costa, Muniz Sodré e Hilda Paraíso, e seria levada às lideranças indígenas.
1996 – I Jogos dos Povos Indígenas, realizados na cidade de Goiânia – GO, de 16 a 20 de outubro de 1996, patrocínio do então Ministério Extraordinário do Esporte e do Instituto Nacional de Desenvolvimento do esporte – INDESP, em parceria com a Secretaria de Esportes e Lazer de Goiás e com o apoio da FUNAI e do Comitê Intertribal. Do Maranhão, participaram os Kanela, que levaram três dias para chegar, de ônibus, da aldeia até Goiânia. No entanto, nem as oito mulheres do grupo, que encararam o desfile de abertura com os seios à mostra, davam sinais de cansaço.
1999 – II Jogos dos Povos Indígenas, realizado em Guaíra – PR, de 14 a 20 de outubro, com a participação de mais de 500 índios, de 25 etnias, sendo que do Maranhão, participaram os Kanelas, mais uma vez. A realização do evento foi interrompida em 1997 devido à falta de planejamento e critérios para a escolha da próxima sede dos Jogos. Os estados de Amazonas e Paraná se candidataram, mas, devido à indefinição do governo amazonense, o estado do Paraná foi escolhido para sediar a segunda edição dos Jogos
2000 – III Jogos dos Povos Indígenas, realizados na cidade de Marabá-PA, na Ilha de Tucunaré, com a participação de 34 etnias indígenas, sendo que mais uma vez, os Kanelas se fizeram presentes em competições e demonstrações de práticas como corrida de tora (característica dos povos de língua jê do Brasil Central).
2001 – IV Jogos dos Povos Indígenas, realizados em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, no período de 20 a 27 de outubro, com cerca de 850 índios, de 39 etnias.
2002 – V Jogos dos Povos Indígenas realizados no município de Marapanim, no Pará de 14 a 21 de setembro. No evento, que apesar de pouco conhecido no país é bastante difundido no mundo, serão apresentadas modalidades tipicamente indígenas. A promoção é do Ministério do Esporte e Turismo.
2003 – VI Jogos dos Povos Indígenas, realizados na Praia da Graciosa, em Palmas, no estado do Tocantins, no período de 04 a 11 de outubro, com o patrocínio do Ministério do Esporte e organizado pela Secretaria de Esporte de Tocantins, com a participação da Prefeitura de Palmas e o apoio da Funai. O evento contou com a participação pela primeira vez dos os Awa Guajá, que quase não têm contato com a sociedade brasileira, entendem muito pouco a nossa língua; os Kaapor, com uma arte plumária exuberante e os Kanela Ramkokamekra, todos do Maranhão.
2004 – VII Jogos dos Povos Indígenas, em Porto Seguro (BA) nas proximidades da Reserva da Jaqueira, entre os dias 20 e 27 de novembro com a participação de 60 etnias e 1050 guerreiros e guerreiras
- A Gerência de Esporte e Lazer do Maranhão – hoje, Secretaria de Esportes do Maranhão – a partir deste ano pretende realizar os Jogos Indígenas. O objetivo desta competição é movimentar a população indígena do Estado e quem sabe num futuro bem próximo levá-los as disputas dessa competição que a partir de 2004 volta a acontecer nacionalmente. No Maranhão os Jogos Indígenas deverão acontecer em quatro modalidades e em dois municípios Barra do Corda e Grajaú.
2005 – VIII Jogos Indígenas na Aldeia do Manga, no município do Oiapoque, no Amapá.
FONTES: CATHARINO, José Martins. TRABALHO ÍNDIO EM TERRAS DA VERA OU SANTA CRUZ E DO BRASIL – tentativa de resgate ergonlógico. Rio de Janeiro : Salamandra, 1995; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas – contribuições à história da educação física maranhense. In SOUSA E SILVA, José Eduardo Fernandes de (org.). ESPORTE COM IDENTIDADE CULTURAL: COLETÂNEAS. Brasília : INDESP, 1996, p. 106-111; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas – contribuições à história da educação física maranhense. In Revista “Nova Atenas” de Educação Tecnológica, São Luís, v.4, n. 2, jul/dez 2001, disponível em www.cefet-ma.br/revista; DIECKERT, Jurgen & MEHRINGER, Jakob. A corrida de toras no sistema cultural dos índios brasileiros Canelas (relatório de pesquisa provisório).ZEITGSCHIFT MUNCHER Beltrdzur Vulkerkunde, julho, 1989; DIECKERT, Jurgen & MEHRINGER, Jakob. Cultura do lúdico e do movimento dos índios Canelas. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Campinas, v. 11, n. 1, p. 55-57, set. 1989; JUNG, K. & BRUNS, U. Aspectos rituales de las carreras de larga distancia en diferentes culturas y epocas (conclusion).STADIUM, Buenos Aires, v.18, n. 105, p. 26-29, junho 1984; PAULA RIBEIRO, Francisco de. MEMÓRIAS DOS SERTÕES MARANHENSES. São Paulo : Siciliano, 2002; FRANKLIN, Adalberto: CARVALHO, João Renor F. de. FRANCISCO DE PAULA RIBEIRO – desbravador dos sertões de Pastos Bons: a base geográfica e humana do sul do Maranhão. Imperatriz : Ética, 2005; Projeto Jogos Indígenas do Brasil in http://www.jogosindigenasdobrasil.art.br/port/campo.asp#canela.
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