Atleta: um símbolo do oitavo dia da criação, por Jorge Bento
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Nosso colunista d´além mar tem nova contribuição:
O estádio continua à espera de ser compreendido, segundo o legado que encerra.
Carece de um apurado olhar axiológico, da parte de quem o contempla, usa e frequenta.
De um olhar preocupado em reparar no essencial e ‘substancial, no que está por debaixo da superfície; que não se canse, nem esmoreça na transposição do captado e visto para o texto falado e escrito.
Porque aquilo que não tem palavras e é nomeado não existe; ou deixa de existir.
No estádio encontra-se em laboração a oficina de um ser ‘excessivo’ e ‘transfronteiriço’, capaz de transpor a raia que separa a animalidade e a humanidade, a necessidade da liberdade.
Um ser minúsculo, animado da propensão para idealizar e realizar empreitadas grandiosas.
Um ser ‘artístico’ e cultural, que se alimenta de ambrosia e outras ‘coisas’ não perecíveis, da matéria das imaginações e visões.
Esse ser esforçado e iluminado, simples e despido de penachos, é o atleta, que escreve, com a tinta da transpiração, o estilo do rigor e a métrica da desmedida, versos e poemas de louvor à imperfeita perfeição.
Faz inteiro jus à grandeza da criatura humana, largada no mundo para se reger por sua conta e risco, sem manual de instrução.
Deus nomeou e criou durante sete dias.
Depois descansou, deixando, de propósito, a obra incompleta.
Compete ao Homem e à faculdade do seu livre arbítrio ser o visionário, o arquiteto, o sujeito e obreiro do oitavo dia da criação: o da conclusão do projeto original.
Eis o atleta!
Eis o óbvio tão difícil de ver e de entender!
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