O Prof. Rafael, gentilmente, faz alguns reparos no meu texto “O mundo está ao contrário”. Abaixo transcrevo seu comentário e depois faço os meus.
“Professor, aprecio muito suas idéias sobre a educação física, a educação e a escola. Mas na minha impressão percebo alguns excessos nas suas críticas à educação tradicional. Penso que, na maioria das vezes, o problema não seja os conteúdos dos componentes curriculares ensinados na escola, mas sim a forma como são ensinados, ou seja, a metodologia de ensino. O equívoco da educação tradicional foi dotar os conteúdos curriculares de vida própria, no que resultou a prescindibilidade de sua aplicabilidade social. A maioria dos conteúdos dos componentes curriculares nasceu de um problema prático e portanto é necessário à prática social. No meu ponto de vista, a maior parte do problema é apenas de ordem metodológica. Claro que existem alguns absurdos. Eu, particularmente, nunca entendi pra que serve uma oração subordinada adverbial.
Rafael. Prof. de Educação Física na cidade de Codó-Ma.”
De nada valeria termos disciplinas que objetivassem a saúde, a ética, a estética, etc., se a metodologia não fosse adequada. Quando penso no método, penso em um modo de orientar a educação que resulte em conscientização. Não basta fazer, não basta aprender isto ou aquilo, é preciso refletir, compreender, tomar consciência. A boa educação, em meu entender, é uma educação do conflito, aquela que opõe algo conhecido a algo desconhecido, algo do nível A, a algo do nível B, aquela que cria obstáculos, que faz o aluno pensar, que o faz fazer e saber o que está fazendo. Porém, Rafael, quando faço minhas críticas à educação tradicional é porque ela teve séculos para provar suas teses, e nada provou. Quanto tempo passamos aprendendo matemática, e o que sabemos sobre isso? Quanto tempo de crueldade, de restrições ao espaço, ao movimento, ao som, às coisas que são próprias do mundo? Quanto tempo insistindo que o conhecimento para viver se resume a uma dúzia de pacotes de ciência?
O mundo está ao contrárioO Nando Reis fez uma música chamada Relicário, que, a uma certa altura diz: “O mundo está ao contrário, e ninguém reparou.” A Cássia Eller gravou. Vejo a educação formal um tanto assim. Quem disse que, para dar conta de viver, temos que passar doze anos de ensino básico aprendendo Português, Matemática, Geografia, História, Física, Química, etc.? Ou seja, pacotes de ciência. Acho que está tudo errado. A gente tem que ir à escola para aprender a viver melhor. As disciplinas deveriam ser conjuntos de conhecimentos que ensinassem a ter melhor saúde, a pensar melhor, a lidar bem com as emoções, a ter bons sentimentos, a ser ético, a ter bom gosto, etc. Nesse caso, Português, Geografia, etc., seriam coadjuvantes, e não protagonistas. Nessa minha escola, a Educação Física teria um papel central, porque acredito que, para estar neste mundo, temos que ser corpo, e a Educação Física ensinaria os habitantes do planeta a viver corporalmente.
“Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.”; “… Todas estas informações têm uma soberba desimportância científica- como andar de costas.” “A 15 metros do arco-íris o sol é cheiroso.”(Manoel de Barros).
Oi Professor! Todos os adjetivos que o Sr. citou tais quais deveriam estar em conjunto, são encontrados na poesia do matogrossense Manoel de Barros, tem até Geografia na poesia dele!
Professor… eu não sei como anda o ensino da Poesia nas escolas, vou procurar saber!
E o Sr. o que acha da Poesia, e principalmente da Poesia juntada à Educação Física?
A Poesia é qualidade, é onde conseguimos no mínimo “farejar” a Transdisciplinaridade!
Um abraço!
Marco Jr
Graças à generosidade de minha amiga Denise, tenho as cinco partes da entrevista publicadas no You Tube. Quem quiser ver é só escrever no You Tube “João Batista Freire”, ou acionar:
http://www.youtube.com/watch?v=fK9fwU_KbZ8
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