Biro-Biro (ou Bichinho), por José De Oliveira Ramos
Biro-Biro (ou Bichinho)

Foi ainda durante o período de chumbo que o acesso ao Serviço Público mudou. Lei nacional determinou que, a partir de então, para ser Servidor Público municipal, estadual ou federal, somente através de concursos públicos, com direitos iguais para todos.


Mas, nem assim a “moralização” fincou bandeira na sociedade brasileira. Apareceram os servidores “contratados” temporariamente. E é disso que muitos têm se aproveitado para povoar o cabide existente em todo serviço público ou autarquia.


A criação de algumas estatais também permitiu que, durante algum período, o funcionário trabalhe como se estável fosse. Empresas multinacionais (vamos omitir os nomes por questão de ética) mantêm contratados por até 20 anos e, passado esse período enviam-lhe o “bilhete azul” – e, ainda jovens, sem ter aproveitado o tempo para uma melhor formação profissional, ou garantir a qualificação, muitos passam a viver da informalidade.


Mas, entre esses informais, existem também aqueles que sempre se mantiveram ali – por um motivo ou por outro. Deixam o tempo passar, se acomodam e acabam se tornando figuras que, de uma forma ou de outra contribuem com o dia-a-dia da cidade.


Esse é o caso, de JOSÉ RIBAMAR PEREIRA DA SILVA, personagem da vigésima-segunda edição da série “Nossa gente – todos no mesmo pódio”, que tenta resgatar alguns que a sociedade formal e o gestor público prefere esquecer.


Mas, se alguém chegar na Praça Pedro II, no Centro de São Luís e procurar José Ribamar Pereira da Silva, com certeza não vai encontrar. Ninguém informa, porque não “conhece”. Mas, se qualquer pessoa chegar no mesmo local e procurar por “Biro-Biro” ou “Bichinho” vai conseguir informações com quase todos os que por ali trabalham.


Biro-Biro é um antigo “Limpador de carros” que, de alguns anos atrás para cá, passou a ser chamado de “Flanelinha”. Trabalha naquele mesmo local há exatos 42 anos – desde o governo Newton Belo.


Pernambucano de Recife, onde nasceu no dia 3 de janeiro de 1947, Biro-Biro é filho de Caetano Pereira da Silva e Joana Pereira da Silva, está vivendo em São Luís desde os anos 70.


Respeitado por quem ali resolveu (e preferiu) estacionar seu veículo, Biro-Biro é alguém altamente confiável e não tem qualquer relacionamento com sindicatos ou associações de classe – que entende que atrapalham mais que ajudam.


Enquanto muitos estão trabalhando, Biro-Biro também está. Os proprietários dos veículos lhes confiam a “guarda” do carro e dos pertences que por acaso estiverem no interior do veículo.


Lazer, Biro-Biro não tem. No lazer dos outros, Biro-Biro “trabalha”, pois é um dos Árbitros do futebol amador mais conhecidos de São Luís. E é como Árbitro que Biro-Biro se realiza, pois não vê cor de camisa nem status de jogador, tampouco porte físico.

 

 

 

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