Artigo publicado no Jornal Pequeno de hoje (domingo, 25/07) do Oliveira Ramos. Muito bom...

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Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 26 de Julho de 2010 às 10:29.

Sampaio Corrêa – a “Bolívia Querida” Publicado em 25 de julho de 2010 por ramos

Aprendemos ao longo dos nossos muitos dias de vida nesta terra maravilhosa que só Ele é capaz de nos oferecer, que “ninguém deve chutar cachorro morto”. Não há mérito nenhum nisso. E o futebol chamado de profissional no Maranhão, atualmente, é um cachorro morto. Está, como afirmou em alto e verdadeiro tom na semana passada o novo presidente do TJD, em “estado de putrefação”. E como costuma dizer o radialista Herberth Fontenelle, quando a gente acha que já viu tudo, aparece sempre mais alguma coisa inolvidável.

E, acredite caro leitor, hoje, domingo, 25 de julho de 2010, o Sampaio Corrêa estará jogando na vizinha cidade de Teresina/PI, uma partida de futebol válida pelo Campeonato Brasileiro, série D, enfrentando o JV Lideral, outro clube maranhense.  O fato, por si só, pareceria normal se não fossem os acontecimentos que motivaram a marcação desse jogo por parte da CBF para aquela cidade piauiense.

Por conta de um “incentivo pedagógico-cultural”, em 2009, um torcedor da “Bolívia Querida” que não tem sangue de barata resolveu pular o alambrado do estádio Nhozinho Santos e agredir um bandeirinha que trabalhava num jogo, também válido pelo campeonato brasileiro. O clube foi punido com a perda de dois mandos de campo e teve que cumprir neste campeonato de 2010.

Isto significa dizer que, mesmo com São Luís possuindo dois estádios (Nhozinho Santos e Castelão), o Sampaio Corrêa, punido, não pode atuar hoje nem no jogo seguinte no seu domicílio. Sampaio Corrêa e FMF falharam, negligenciaram obrigações e maranhesemente preguiçosos continuaram deitados na rede assistindo o cortejo passar. A CBF, atenta, cumpriu a sua obrigação e marcou o jogo para Teresina.

Nos quatro parágrafos anteriores pretendemos fazer um croquis, mesmo com a ausência de alguns detalhes necessários, da atual situação de desmando, da falta de controle e gerenciamento do futebol maranhense. É, afirme-se, uma verdadeira pororoca. E, acredite, leitor, deveria ser diferente, muito diferente, se aqui não fosse a residência de muitos “Doutores Silvanas” e de alguns marechais vencedores da Batalha de Pirro, também conhecida como Batalha de Heracleia.

O que pretendemos dizer neste texto é que futebol é coisa séria e, hoje, contextualmente, é, não só a principal atividade profissional de muitos, mas também a única. E, acredite leitor, no Maranhão tem gente brincando de fazer futebol profissional, desafiando a paciência do torcedor – como aquele que pulou o alambrado e agrediu o bandeirinha.

Tem gente que faz futebol no Maranhão e ainda não sabe que o Sampaio Corrêa foi fundado no dia 25 de março de 1923 – 87 anos completados – por um grupo de homens bem intencionados e com o objetivo de proporcionar lazer e entretenimento aos jovens e à sociedade daqueles tempos. E, nesses 87 anos, em meio a incontáveis crises (quase todas administrativas), a “Bolívia Querida” conquistou inúmeras glórias no futebol e levou ao lugar mais alto do pódio o orgulho do povo maranhense. Queremos dizer: o Sampaio Corrêa merece e faz por merecer respeito dos gestores deste segmento passional que movimenta centenas de milhares de pessoas ávidas de entretenimento, prazer e diminuição de estresse.

Quem nos conhece sabe que torcemos pelo Maranhão Atlético Clube e que isto não está sendo dito agora. Já fizemos isso várias vezes. Quem nos conhece de forma mais aproximada, também sabe que não nutrimos nenhum sentimento de amizade em relação ao Senhor Sérgio Frota, atual Presidente do glorioso Sampaio Corrêa, por não aceitarmos os seus muitos momentos de prepotência, de arrogância e falsa imaginação de “Dono do Mundo”, “única pessoa correta e honesta” e a única nesta face da terra que tem o atributo da coragem. Ainda bem que nunca necessitamos um do outro e sequer nos cumprimentamos. Querem ouvir? Dê-lhe um microfone por 5 minutos!

Aproveitamos para lembrar ao Senhor Sérgio Frota que o filme desse assédio já assistimos aqui neste bom Maranhão mais de uma vez. Foi assim com Manoel Ribeiro quando este era Presidente da Assembléia, e foi assim com José Raimundo Rodrigues, quando este comandava o bingo Domingão da Sorte. Durante o jogging do Tremendão, tinha até quem lhe carregasse a pasta com dinheiro e documentos e quem conduzisse um coco com canudo. Coisa de subservientes.

E, já que estamos com a mão na massa, aproveitamos para lembrar que, no campeonato brasileiro de 2009, quando aqui esteve um Árbitro vindo de Fortaleza para apitar um jogo do Sampaio Corrêa – que o time perdeu por incompetência – o Senhor Presidente da “Bolívia Querida” em alto e muito audível som, disse no microfone da Mirante que aquele Árbitro viera de Fortaleza “encomendado” para roubar o Sampaio e que ele, Presidente do Sampaio, tinha provas do que estava falando. Não tinha provas. Se tivesse, teria denunciado ao órgão competente. Se tinha as provas e não denunciou foi leviano e conivente. Se a Mirante tem o bom costume de arquivar as fitas, será suficiente procurá-las e ouvir.

Na partida seguinte que o Sampaio jogou em São Luís, motivado pelo que escutara o Presidente falar ao microfone, o torcedor que não tinha sangue de barata, não aceitava o seu time ser “roubado de novo” dentro da sua casa, resolveu pular a alambrado e passar a sua fatura ao bandeirinha. Foi aí que a “Bolívia Querida” foi punida com a perda de dois mandos de campo e que o primeiro está sendo cumprido hoje. E o torcedor? A princípio falaram até que seria torcedor do Moto Club. Nesta semana foi simplesmente chamado de irresponsável. É fácil, não é?

Mas, quem também nos conhece, sabe que, nesses 67 anos de vida – mais de 50 de convivência com o futebol – e mais de 30 de jornalismo, não usaríamos de imparcialidade para deixar de reconhecer a importância da entidade futebolística Sampaio Corrêa Futebol Clube, apenas por esta estar sendo dirigida por alguém com quem não simpatizamos pelos motivos acima expostos. Jamais faríamos isso. Nunca misturamos as coisas. Também não seríamos canalhas a ponto de pretendermos esconder o trabalho, a luta, o denodo do Senhor Sérgio Frota na tentativa construir o melhor para o Sampaio Corrêa. É um bravo lutador, reconhecemos. Aplaudimos e até o agradecemos pelo que tenta fazer pelo futebol maranhense. Se souber infiltrar na sua personalidade um mínimo de humildade, vai construir muito mais.

Jamais deixaríamos de reconhecer que a “Bolívia Querida” é o clube que possui mais títulos do campeonato maranhense de futebol profissional com 28 conquistas, sendo oito de forma invicta. O Sampaio foi, até agora, o único clube do Maranhão a participar de um torneio internacional oficial: a Copa Conmebol de 1998, terminando como terceiro colocado atrás apenas do Santos e do Rosário Central, da Argentina.
No jogo semifinal da Copa Conmebol de 1998, entre Sampaio x Santos, foi quebrado o recorde de público do Estádio Castelão no dia 24.09.1998. O público divulgado foi de 97.720 torcedores. O detalhe interessante é que esse recorde superou o antigo, que durava apenas pouco mais de 24 horas: no dia anterior, a Seleção Brasileira, comandada por Vanderley Luxemburgo, empatou com a Iugoslávia em 1 x 1 (gol brasileiro: Marcelinho Carioca), com o público de 91.666.
Fomos buscar em pesquisas no saite Wikipédia que, após a fundação, o Sampaio Corrêa em pouco tempo tornou-se “Campeão Suburbano” ao bater pequenos clubes da periferia e após desafiar o grande Luso Brasileiro, à época campeão maranhense e maior potência do estado. O primeiro compromisso oficial entre os dois clubes ocorreu em 26 de abril de 1923, sendo que o Luso vinha de uma longa invencibilidade. A partida aconteceu no campo da Rua do Passeio, com arbitragem de Antero Novais, e terminou com a vitória do Sampaio Corrêa por 1 x 0, com gol de Lobo, feito aos quatro minutos do primeiro tempo. A primeira equipe do Sampaio era a seguinte: Rato; Zé Novais e João Ferreira; Roi Bride, Chico Bola e Raiol; Turrubinga, Mundiquinho, Zezico, Lobo e João Macaco.
Um de seus antigos ídolos, MASCOTE, bateu o recorde brasileiro de gols numa única partida. Aconteceu em 20 de setembro de 1934,quando o Tricolor venceu a representação do Santos Dumont por 20 x 0, e Mascote marcou 13 gols, decretando, infelizmente, a extinção do time “Aviador”. Esse recorde nunca foi sequer igualado. Os atletas que passaram mais perto foram: Caio Mário (CSA 22 x 0 Maceió, pelo alagoano de 1944) Dario (Sport Recife 14 x 0 Santo Amaro, pelo pernambucano de 1976), com 10 gols cada. O alarde criado por Dadá Maravilha, em 1976, em torno de sua folclórica pessoa, ajudou a criar o mito de que teria sido o maior artilheiro numa única partida, fato que pode ser desmentido facilmente recorrendo-se a jornais da época do fabuloso feito de MASCOTE.
Os primeiros títulos do clube vieram somente nos anos 1930, quando conquistou o bicampeonato de 1933 e 1934, enquanto que nos anos 1940 também conquistou apenas dois títulos estaduais, vendo a supremacia do rival Moto Club, que, na época, ainda bem jovem, não era o principal rival do time, honra que cabia ao Maranhão.
Um dos feitos mais importantes da história do Sampaio Corrêa foi a conquista do campeonato brasileiro da Segunda Divisão de 1972. O Tricolor começou mal no campeonato: estreou no dia 10 de Setembro, no super clássico, perdendo para o Moto por 1x 0; em seguida empatou em Teresina com o Flamengo, por 0 x 0; também no Piauí, arrancou novo empate, por 1 x 1, desta vez com o Tiradentes; no dia 1 de outubro, perdeu em casa para o Guarany por 2 x 1. Restava ainda o Fortaleza para fechar o turno, mas o retrospecto do Sampaio era desanimador: 2 empates e 2 derrotas. Nem de longe se imaginava que aquele time poderia ainda sonhar em ser campeão. O Tubarão, porém, começou a mostrar seus dentes afiados no jogo contra o Fortaleza, no Nhozinho Santos, vencendo a batalha por 1 x 0. Daí para frente, a equipe se acertou.
Classificado, o Tubarão passou ao grupo “E”, que também tinha o Tiradentes (PI), o Itabaiana (SE) e o Atlético (BA). O Sampaio estreou nessa fase no dia 26 de novembro em Alagoinhas, contra o Atlético, que na primeira fase vencera 9 dos dez jogos disputados e empatara 1, estando, portanto, invicto na competição. Pois o Sampaio foi lá e venceu a partida por 2 x 1. Depois teve dois empates em 0 x 0, com o Itabaiana fora e o Tiradentes em casa. Na volta, nas duas partidas em casa, o Sampaio bateu o Atlético por 2 x 0 e o Itabaiana por 1 x 0, e perdeu o último jogo, fora, para o Tiradentes por 2 x 1, terminando empatado em todos os aspectos com o Tiradentes, vencendo-o apenas nos critérios de desempate (maior número de vitórias – no geral).
Desta forma, o Sampaio Corrêa classificou-se para a grande final, disputada em um jogo apenas, contra o Campinense – PB, melhor time da competição. A partida ocorreu em São Luís, numa verdadeira batalha campal, terminando em 1 x 1 no tempo normal e 0 x 0 na prorrogação. O Sampaio venceu na cobrança de pênaltis por 5 x 4, levantando o troféu de campeão. Encerrou sua participação com dezessete jogos, 8 vitórias, 4 empates, 5 derrotas, 19 gols pró, 8 gols contra, 11 gols de saldo e o artilheiro da competição: Pelezinho, com 8 gols.
Time campeão da Série B de 1972: Jurandir; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Valdecir Lima; Gojoba, Djalma Campos e Edmilson Leite; Lima, Pelezinho e Jaldemir.
Entre 1988 e 1989, o Sampaio ficou 46 jogos sem perder, até que foi derrotado pelo Moto Club, no dia 16 de julho de 1989, pelo escore de 1 x 0. Lembrando que o recorde brasileiro pertence aos cariocas Botafogo (1977-1978) e Flamengo (1978-1979), ambos com a incrível marca de 52 jogos de invencibilidade.
Eis que, depois de algumas conquistas importantes o Sampaio Corrêa chega ao ano de 1997. O então presidente Manoel Ribeiro conseguiu montar um time muito bom e entregá-lo para uma excelente Comissão Técnica sob o comando do experiente Pinho que conduziu o elenco à sua segunda conquista nacional.
No último jogo, no Estádio Castelão com mais de 70 mil pessoas, o Sampaio Corrêa sagrou-se campeão Brasileiro Invicto da Série C em 1997, após o triunfo de 3 a 1 diante do Francana. Equipe base do Sampaio: Geraldo; Erly, Ney, Gelásio e Lélis; Luís Almeida, Renato Carioca, Ricardo (Edmilson) e Adãozinho; Jó (Cal) e Marcelo Baron. Técnico: Pinho
Em todas as divisões do campeonato brasileiro, apenas três clubes conseguiram ser campeões invictos: o Internacional/RS, na série A de 1979, com 23 jogos, 16 vitórias e 7 empates, e aproveitamento de 85% (a vitória valia 2 pontos); o Vila Nova/GO, na série C de 1996; e o Sampaio Corrêa, na série C de 1997, com dezoito jogos, 12 vitórias e 6 empates, e aproveitamento de 78%.
No Brasil, apenas 15 equipes conseguiram conquistar o campeonato brasileiro em mais de uma divisão: Atlético Mineiro, Atlético Paranaense, Bragantino, Brasiliense, Corinthians, Coritiba, Criciúma, Fluminense, Grêmio, Guarani, Palmeiras, Sampaio Corrêa, Sport Recife, Tuna Luso e União São João.
O Sampaio teve dois atletas como artilheiros em torneios nacionais: Pelezinho, no brasileiro Série B de 1972 (8 gols), e Marcelo Baron, no brasileiro Série C de 1997 (9 gols).�
O Sampaio Corrêa foi declarado entidade de Utilidade Pública Estadual, pela Lei Estadual n.° 100/48, de 03.05.1948; e de Utilidade Pública Municipal, pela Lei Municipal n.° 456/54, de 09.12.1954.
Optamos livremente por residir em São Luís no ano de 1987. Aqui fizemos ótimas amizades e, entre essas, grandes e importantes dirigentes e torcedores do Sampaio Corrêa. Seria necessário maior espaço para anotarmos todos os nomes. Mas não podemos esquecer pessoas como Djard Martins, Pedro Vasconcelos – o maior e mais vitorioso Presidente da história da Bolívia Querida – José Ruy Salomão Rocha, Jorge Vidal, Phil Camarão, Ronaldo Maciel, Antonio Moraes (Totó), Luís Henrique de Nazaré Bulcão, José Santos, Rosclin Serra, Luís Carlos, Ivanildo, Zé Carlos, Raimundinho, Beato, Lamartine, Léo, William Ribeiro, Batista Oliveira e mais uma infinidade de torcedores que aprendemos a respeitar pela preferência de torcer pela Bolívia Querida.

Finalmente, é hora do Sampaio Corrêa fazer como fazem em Fortaleza, Ceará e Fortaleza; na Bahia, Bahia e Vitória; em Pernambuco, Náutico, Sport e Santa Cruz; em Goiás, Atlético, Vila Nova e Goiás; em Minas Gerais, Cruzeiro e Atlético; no Rio Grande do Sul, Grêmio e Internacional e os grandes do Rio de Janeiro e São Paulo e, como time de maior torcida e prestígio no Maranhão, assumir as rédeas e comandar a necessária reformulação moral para atingir a credibilidade que o futebol maranhense necessita para atingir seus objetivos.


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