Este que vos escreve agora, é descendente de um homem negro, cuja quarta ou quinta geração resolveu fugir para o Brasil, vindo de um dos muitos quilombos do mundo africano. Nascido no Brasil, e, com o conhecimento que tinha, acabou se tornando Professor. Professor de Matemática por conta do incontestável saber, e pela facilidade de ensinar (e convencer), inerente às pessoas vividas e inteligentes.
Polêmico inconteste, algo presente no DNA transmitido aos filhos, virou “comunista” – e, claro, sempre manteve essa atividade, então ilegal, trancada por sete ou mais chaves. Só a mulher, no caso, minha mãe, sabia disso. Tanto que aceitava as explicações das semanas de ausências dele.
Entre os filhos, este insignificante escriba é o que carrega e vai carregar, sempre, os tons mais fortes das polêmicas – e, com ele (meu pai) aprendemos que, nunca, em momento algum, nem pelo próprio direito de continuar vivendo, a submissão ou a corrupção pelas moedas, sejam elas quantas e quais forem, nos tirem quaisquer direitos de “botar a boca no trombone”, quando se fizer necessário. E, esse tem sido nosso lema de vida.
E, é com base nesses três primeiros parágrafos, que aparentemente nada têm com o texto da homenageada em si, que queremos dizer que, manter um trabalho desses, tentando resgatar pessoas e suas importâncias para a cidade, situações e/ou objetos quaisquer que sejam eles que representem São Luís e o Maranhão como um todo, tem sido muito difícil.
Com certeza, cada dia que passa comprovamos que, como costuma falar Lecílio Estrela de Sá, “o Maranhão é a terra do já teve”. Já teve isso e aquilo, mas não tem mais. Deixam acabar, desaparecer, muito mais por insensatez que por desapego. Não registram, e muito menos se predispõem a resgatar.
Assessoria de Imprensa, do Município, do Estado ou de autarquias, serve para que mesmo?
É difícil encontrar dados e/ou registros fotográficos sobre pessoas que deram a vida por São Luís. Talvez seja por conta disso, que a inoperante Câmara Municipal de São Luís prefira assinar um título de cidadania à Ana Maria Braga – que sequer sabe se São Luís é uma Ilha ou uma capital brasileira – em vez de homenagear o falecido Fotógrafo Moby, o Jornalista Rui Barbosa ou uma Professora como Solange Costa. A vereança desconhece até pessoas públicas que, algum dia fizeram muito mais pelo Município que ela própria (a vereança).
Pois, tem sido extremamente difícil (ainda que não exista qualquer obrigatoriedade do Estado ou do Município em “servir” aos nossos propósitos), porque Estado e Município, exercendo uma concepção de caverna, acham que não têm obrigação (e tem!) de preservar arquivos fotográficos ou informações de pessoas que, em anos anteriores, prestaram relevantes serviços, de acordo com o que lhes foi possível.
Lanço um desafio: sugiro que Estado e/ou Município mostre uma foto de “Bota pra Moer”, “Rei dos Homens”, “João do Caldo”, “Ray Santos”, Camilo Costa Pereira, Reginaldo Corrêa ou Felipe Costa da Cunha sem recorrer ao Google ou ao Wikipédia ou aos familiares.
E, com a certeza de que Estado e/ou Município dormem em berço esplêndido, e entendem muito pouco da sua razão de existência, resolvemos render mais uma homenagem a uma figura que, hoje, leva o nome de São Luís (embora nascida em Caxias) e do Maranhão ao conhecimento e reconhecimento internacional através da dança.
Especialmente, nessa nossa trigésima edição da série “Nossa gente – todos no mesmo pódio”, marco especial de um trabalho difícil com bônus apenas no prazer de fazer, rendemos homenagem à bailarina internacional BRUNA FERNANDA CANTANHEDE GAGLIANONE, que coloca o Nordeste brasileiro e em especial o Maranhão no palco secular do mundialmente famoso balé do Teatro Bolshoi da Rússia.
Nascida em Caxias, Maranhão, no dia 30 de dezembro de 1990, irmã de ex-jogador profissional Humberto Cantanhede (hoje estudante de Medicina), filha do Advogado carioca Francisco José de Carvalho Gaglianone e da maranhense Eliana Cantanhede Gaglianone, Bruna Gaglianone reside atualmente em Moscovo – é muito amor pela arte, convenhamos, trocar o calor de Caxias/MA que é normal atingir os 38 ou 39 graus pelo insuportável frio de até 21 graus negativos.
Conhecemos Bruna faz tempo. Cumprindo nossa missão de Repórter, já no Jornal Pequeno, nos deslocamos para uma cobertura jornalística no esquecido e abandonado Ginásio Rubem Goulart, onde uma turma de alunas treinava para uma apresentação de Ginástica Artística. Apenas fotografamos Bruna. Depois viemos saber que era filha de Chicão (é como o tratamos) e irmã de Humberto.
Mas, por mais esquecida que seja para um justo reconhecimento por parte de quem “acha que dirige a cultura maranhense”, Bruna Fernanda Cantanhede Gaglianone é maranhense e nos visita com frequência, enquanto aproveita para ser sucesso internacional como bailarina do Balé Bolshoi da Rússia. Uma honra para nós.
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