CAROLINA E O GRANDE IRMÃO  

O tempo passou na janela…

 

A formação do pesquisador, a organização do conhecimento e a elaboração de políticas científicas produzem-se redes, pois a ciência constitui um programa coletivo de busca do conhecimento, uma atividade social na qual indivíduos, grupos e instituições estabelecem conexões, através da troca de informações, colaboração, debates e polêmicas. (Poblacion, Mugnaini, 2009: Redes sociais e colaborativas: em informação científica).
Data de 1990 a World Wide Web, ou Web;  constituía-se em um espaço virtual para armazenar informações (Ferreira, 2013, REDES SOCIAIS E PRODUÇÃO COLABORATIVA (WIKI) DE GÊNEROS ACADÊMICOS: UM PANORAMA DO QUE A WEB OFERECE). Mais de dez anos após sua divulgação, seguida consequentemente por um desenvolvimento de aparelhos (hardwares) e de sistemas (softwares) mais velozes, a Web passou a incorporar mais aplicações e usuários, permitindo, além disso, a possibilidade de (re)criação rápida e gratuita de todo e qualquer tipo de informação a ser disponibilizada na rede:

 

[…] torna-se mais frequente a construção colaborativa de conhecimento através da Internet e das ferramentas disponibilizadas pela WWW. Ao proporcionar maior velocidade para a publicação e o consumo de informações, a evolução da Web potencializou propostas de redes sociais direcionadas à produção colaborativa e ao compartilhamento de dados on-line. Por conseguinte, o avanço dessas práticas, associado à constante interação entre usuários da/na Web em sua fase atual (2.0), foi decisivo para a criação de redes sociais virtuais com finalidades específicas, dentre elas, o uso acadêmico-científico. (Ferreira, 2013)

 

A Web proporciona o surgimento e a propagação de ambientes virtuais que promovem a criação de Comunidades Científicas, principalmente para ampliação, divulgação e colaboração de gêneros acadêmicos. Esse novo espaço prescinde de colaboração inter pares, pois a Web (2.0, e agora a 3.0) proporciona um espaço cômodo para a Inteligência Coletiva (LÉVY, 2011); é preciso observar se estas plataformas virtuais acadêmicas estão decididas a incorporar o máximo de recursos disponíveis para a chamada Geração Digital (TAPSCOTT, 2010, A hora da geração digital: como os jovens que cresceram usando a internet estão mudando tudo, das empresas aos governos):

 

A Web é uma plataforma promotora da inteligência coletiva e de experiências enriquecedoras nos mais diversos campos. O aspecto interativo e colaborativo da Web 2.0 permitiu uma nova forma de inteligência, a inteligência coletiva, que surge da colaboração de um grupo de indivíduos para gerar novos conteúdos, melhorando os conteúdos existentes. Segundo Lévy (1997), a inteligência coletiva é uma inteligência variada, distribuída por toda a parte, constantemente valorizada, gerando sinergia em tempo real, que tem como resultado uma ótima mobilização das competências. (PATRÍCIO, 2009,Tecnologias Web 2.0 na formação inicial de professores).

 

Todas as tecnologias comunicacionais geram ambientes ou entornos comunicativos nos quais os gêneros se desenvolvem e permitem “culturas” variadas (Marcuschi, 2010, Hipertexto e gêneros digitais). Um ambiente virtual é um espaço produzido para práticas sociais específicas mediadas por tecnologia computacional e disponibilizadas em rede (internet ou intranet). Em vários desses espaços virtuais são criadas comunidades virtuais nas quais os sujeitos interagem e põem constantemente a língua em funcionamento; uma comunidade virtual

 

“é construída sobre as afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos mútuos, em processo de cooperação ou de troca, tudo isso independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais. […] Nesse sentido, recentemente, uma prática que vem invadindo a Web é o surgimento e a propagação de ambientes virtuais que promovem a criação de Comunidades Científicas principalmente para ampliação, divulgação e colaboração de gêneros acadêmicos. (Lévy, 2000, A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço).

 

Ferreira (2013) comenta que esse conceito de Comunidade Virtual apresentado é geral, e que Lévy utiliza “Comunidade Virtual” para designar não uma potencialidade, mas uma realidade que é mediada pela virtualidade das tecnologias computacionais. Servindo-se de Janet Holmes e Miriam Meyerhoff (1999), Ferreira traz o termo “The community of practices” (Comunidade de práticas; já Marcuschi (2010, Hipertexto e gêneros digitais) sugere trocar a noção de comunidade pela de gênero

 

Segundo Ferreira (2013), já existem vários modelos de redes sociais por onde circulam os mais diversos gêneros textuais acadêmicos: artigos, ensaios, resenhas etc. Tais espaços ainda não utilizam boa parte do potencial da Internet/Web para agregar outros recursos a essa produção textual, como a utilização de mídias diversas. Considera que a colaboração e a divulgação estão intimamente relacionadas ao processo de produção de conhecimento científico:

 

Desse modo, é imprescindível que haja fácil circulação de livros, periódicos e artigos científicos em qualquer formato, pois a virtualização por si só não vai agilizar e baratear a divulgação de informação, como exemplifica Biojone (2003, Os periódicos científicos na comunicação da ciência.) […] identificando que a diferença de tempo entre a divulgação de informações científicas em um periódico e até mesmo em um livro na web é pequena quando relacionada a sua “cópia” impressa.

 

Observa-se que, com o advento da Internet e desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC’s, as relações sociais foram completamente alteradas e o fluxo da comunicação científica teve que ser reestruturado e readaptado aos novos ambientes (TAVARES, VALÉRIO e SILVA, 2012, A Comunicação Cientifica em Redes Sociais Virtuais):

 

A Web 2.0 permitiu a criação de sistemas de compartilhamento de informações e a interação entre pessoas. Mecanismos esses, que dentro da comunidade científica, possibilitaram a rápida comunicação de resultados de pesquisas e a disseminação de informação entre os grupos de pesquisadores. […] as RSVs [Redes Sociais Virtuais] são consideradas fontes de informação que proporcionam ao pesquisador, de maneira rápida, a informação necessária para obtenção de conhecimento. Durante a análise, percebeu-se que os pesquisadores dão mais ênfase à utilização de fontes primárias de informação, ou seja, livros e periódicos. Mas alguns ainda são mais resistentes, usam apenas a versão impressa, descartando a utilização de qualquer meio digital.   (…) Enfim, parece adequado refletir sobre a importância e o alcance que essas redes têm atingido no processo de comunicação, pois os sujeitos sociais podem partilhar de vários materiais de interesse comum, de forma que as informações que circulam em rede tende a ser especializada, atendendo as necessidades desses grupos.

 

Já a Web 3.0 é a terceira geração da Internet. Esta nova geração prevê que os conteúdos online estarão organizados de forma semântica, muito mais personalizados para cada internauta, sites e aplicações inteligentes e publicidade baseada nas pesquisas e nos comportamentos. Esta nova Web também pode ser chamada de “A Web Inteligente”. O termos Web 3.0, atribuído ao jornalista John Markoff do New York Times, é uma evolução do termo Web 2.0 que foi criado por Tim O’Reilly durante a conferência O’Reilly Media Web em 2004 (https://www.significados.com.br/web-3-0/).

 

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