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Nascemos sem asas, mas necessitamos delas, de as criar e fazer crescer, porque temos uma vocação e missão aladas. Somos seres obstinadamente transcendentes. Move-nos a atração pelo absoluto, a saudade do longínquo, a esperança no inatingível.
Designaram-nos ‘humanos’. Temos que fazer jus ao nome: levantar-nos do chão, lamber as feridas como um cão de lágrimas, romper o cerco da cegueira com a luz dos sonhos, sobreviver, numa jangada de pedra, às forças da alienação e opressão, contrariar a propensão para elefante montado por um vulgar cornaca, libertar-nos da condenação e fado de Caim, e subir no céu estrelado como morteiros impulsionados pela pólvora do espírito, da ousadia, dos ideais e utopias. Para escrevermos, com letras maiúsculas e a tinta do compromisso e da decência, um manual da existência; e deixarmos de nós um memorial do impossível.


Citius, Altius, Fortius! Uma exortação antropagógica, encorajante de que o Homem corra e se eleve para o melhor de si próprio, seja parecido à sua ideia e axiologia, uma obra da arte. Não fique à espera de ver, por maneira espontânea, ultrapassados os males que o apoquentam e realizados os sonhos idealizados. Porque, disse-o Eurípedes (ca.480-406 a.C.), “o tempo não se ocupa em realizar as nossas esperanças; faz o seu trabalho e voa.” Somos os autores e obreiros de nós mesmos.


Será isto mais uma utopia? Certamente! Sem elas, não há caminhos e roteiros para o alto, o distante e o infinito.

 

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