CLÁUDIO VAZ, O ALEMÃO (10) – O JUDÔ E O KARATÊ 0comentário

O JUDÔ

 

Da entrevista com o Jornalista Jota Alves[1][i], este diz de Cláudio – “Ah! esse cara é metido a lutador de Judô”:

Eu fui, modéstia à parte, foi o esporte individual que eu mais me destaquei, eu disputei dois campeonatos maranhenses e nós tivemos aqui um grupo de judô muito técnico… Fomos aluno do Major Vicente, mas antes do Major Vicente, tinha o Paulo Leite, já tinha o judô no Maranhão um ano, dois anos, antes de começarmos a nossa Samurai; era atrás do Costa Rodrigues, onde é o Líbano, aquele clube lá que hoje é Colégio. Então o Paulo Leite já praticava judô em 68, o Major Vicente, do Exército, veio… Era Professor de Educação Física, da Escola de Educação Física do Exército, e praticante de Judô, faixa preta, criou a Academia Samurai, onde nós fomos alunos e conhecidos, assim, mais no momento eu, Marco Vieira da Silva, Fabiano Vieira da Silva, Juca Chaves, Paulo Miranda, que eu perdi dois campeonatos para ele, fui vice – campeão duas vezes naquele tempo; judô só era defensivo, não valia pontos ofensivos, só valia a defesa, você sempre contra atacava mas não valia o ataque, só valia a defesa. Então nós fomos praticantes e realmente criamos um judô de elite aqui no Maranhão. Nesses 03 anos de trabalho, 68 até 70.

Major Vicente foi transferido… Rio de Janeiro, era oficial do Exército, foi transferido; ai nós procuramos trazer um professor no nível dele, quando Jorge Saito estava disponível, foi campeão das Forças Armadas, por sinal um elemento técnico de primeiro nível, de primeira linha. Major Vicente, que eu já vi para poder transmitir e assinar. Que nos esportes individuais a pessoa muitas vezes não é o campeão, mas é o melhor mestre para transmitir, para ensinar, então nós aprendemos muito a técnica, a filosofia do judô; nós tínhamos um judô clássico, elevado, seguíamos aquelas mensagens, tudo o que dizia o que vinha do judô nós tínhamos esse trabalho e isso não foi só comigo, foi com todo o grupo, era vestido, preparado para enfrentar esse judô clássico, acadêmico, milenar que nós conseguimos absorver, hoje eu acho que o judô virou uma competição de briga, acabou o nível de uso das técnicas, o nível do respeito, desde o Kimono abotoado, amarrado fechado; hoje a pessoa solta, a pessoa faz um judô de luta livre.

Não, usa até o azul por causa da televisão que comprou para poder transmitir e precisar ter destaque e tem até isso e o judô que eu fiz era um judô Acadêmico, elevado dentro dos princípios. Era uma filosofia de vida, era uma arte, uma arte marcial. Transformaram em competição o judô, não é o que eu aprendi no Judô que… Não é isso que eu vejo hoje. É um puxando o Kimono do outro, abrindo, abrindo, abrindo é aquela briga nós não fazíamos aquela linha, nós fazíamos linha mais elevada do judô, como doutrina. Não como briga, hoje é uma briga. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

 

Notícias sobre a prática do Judô[ii] aparecem pela primeira vez, no Maranhão, na década de 1930 em que os irmãos Paraíso, dentre eles Durval, o praticavam. Depois, na década de 1950, com Rubem Goulart, introduzindo a modalidade no SESC.

Já na década de 1960, e de acordo com Antonio Matos – um dos maiores nomes do Judô maranhense, junto com Cláudio Vaz, Emílio Moreira, e James Adler – o Judô foi introduzido no Maranhão pela família Leite[iii]. Depois, surgiu o Major Vicente, o que é confirmado por Cláudio Vaz.

No ano de 1966, Paulo Leite funda a academia “JUDÔ CLUBE IRMÃOS LEITE”; sua primeira sede foi um salão nos altos do antigo Banco do Maranhão, na Rua da Estrela nº. 175 – Praia Grande; mudando-se depois para Rua Rio Branco nº. 276 – Centro. Após terminar o curso de Engenharia Civil na Universidade Federal do Ceará, onde iniciou a prática do Judô com o Professor Antonio Lima, retorna a São Luís e, como atleta sagrou-se campeão em vários torneios e campeonatos no estado do Ceará, Rio de Janeiro, Bahia, e São Paulo. Além de iniciar todos os seus irmãos na prática do Judô, formou vários atletas, inclusive as primeiras mulheres judocas dentre elas sua esposa Margarida. Iniciou o Judô nas escolas de São Luis, sendo pioneiro o Colégio Marista. Promoveu a vinda da seleção Baiana de Judô, evento este que lotou o Ginásio Costa Rodrigues, quando foi homenageado juntamente com o professor Lhofei Shiozawa, pelo também judoca da época, Cláudio Vaz dos Santos, o conhecido desportista “ALEMÃO”.

Lembremos que em 1968, Cláudio retorna do Rio de Janeiro, já como praticante de Judô. Com a chegada do Major Vicente é criada a Academia “Samurai”, que funcionava atrás do Ginásio Costa Rodrigues. Além de Cláudio, praticavam Marco Antonio Vieira da Silva, seu irmão Fabiano Vieira da Silva, Paulo “Juca Chaves” Miranda.

Cláudio Vaz perdeu dois campeonatos para Paulo Miranda. O judô só era defensivo, como lembra Cláudio: “não valia pontos ofensivos, só valia a defesa, você sempre contra atacava, mas não valia o ataque, só valia a defesa”.

 

 

Ainda nesse ano de 1968 é criada a segunda escola de Judô em São Luís, no Clube Sírio Libanês, tendo como instrutor o Major Vicente, após a introdução da modalidade pelo Prof. Paulo Leite; faziam parte do grupo, além de Cláudio Vaz dos Santos, Antonio Matos, Marco Antonio Vieira da Silva, Paulo “Juca Chaves” Miranda, Sargento Leudo, Francisco Camelo, Alberto Tavares, Gabriel Cunha, Durval Paraíso, Mestre Sapo – Anselmo Barnabé Rodrigues, o maior capoeirista que o Maranhão já teve.

Em 1969 é formada a primeira seleção maranhense de Judô, para disputar um Campeonato Brasileiro, em Brasília-DF; a equipe era formada por Antonio Matos, Paulo Juca Chaves Miranda. Sargento Leudo, e Francisco Camelo, técnico: Major Vicente.

 

Com a transferência do Major Vicente para o Rio de Janeiro em 1970, o grupo já formado procurou trazer um professor no mesmo nível dele. Foi quando Jorge Saito – campeão das Forças Armadas – foi trazido para o Maranhão.

No ano seguinte, 1971, com o surgimento das Escolinhas de Esportes, no Ginásio Costa Rodrigues, criadas por Cláudio Vaz dos Santos, a de Judô também está inserida nesse movimento de ressurgimento do esporte no Maranhão. Emílio Moreira, maranhense nascido em São José de Ribamar, retorna do Rio de Janeiro, onde se iniciou no Judô na Academia do C.R. Flamengo, com o mestre Gilberto Menezes. Passa a treinar na Academia Samurai, já sob o comando de Jorge Saito, sendo seu auxiliar, embora ainda faixa verde. Convidado por Durval Paraíso começa a ensinar Judô aos internos da FEBEM, onde permaneceu por 17 anos.

E O KARATÊ

De acordo com o Professor Joaquim Pedro Almeida Ribeiro, o karatê chegou ao Maranhão por volta de 1968, através do professor Murilo Pinheiro que instalou uma academia na Av. Magalhães de Almeida. Inicialmente a bela arte ficou muito restrita a poucos alunos, como os comandantes de aviação Gaudêncio, Edimilson, Pedrada, e outros. Depois, o professor Murilo Pinheiro transfere-se para a rua Oswaldo Cruz e posteriormente para a rua do Egito, São Francisco, IPASE e finalmente para o bairro do Monte Castelo.

Só veio popularizar-se com a chegada do professor José Ribamar Alves – O Prof. Zeca – discípulo do mestre Minoru Massu, um dos pioneiros do karatê na região Norte do Pais.

Aí, surge Cláudio Vaz dos Santos, que convida o Prof. Zeca a ministrar as aulas de uma ‘escolinha’ de karatê, instalando-a no Ginásio Costa Rodrigues, dando acesso a um grande público. Foi tão grande a aceitação que a frequência chegava a registrar mais de 300 alunos, nos dois turnos.

[1] ALVES, José Faustino dos Santos. ENTREVISTAS. JORNALISTA J. ALVES (José Faustino dos Santos Alves). Entrevista com o jornalista J. Alves, realizada no dia 28 de março de 2001, no departamento acadêmico de ciências da saúde, no Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão, situado à Avenida Getúlio Vargas, n.º 04, Monte Castelo. [i] ALVES, José Faustino dos Santos. ENTREVISTAS. JORNALISTA J. ALVES. (José Faustino dos Santos Alves). Entrevista concedida a Leopoldo Gil Dulcio Vaz pelo jornalista J. Alves, realizada no dia 28 de março de 2001, no Departamento Acadêmico de Ciências da Saúde, no Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão, situado à Avenida Getúlio Vargas, n.º 04, Monte Castelo.

[ii] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Judô. In ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL; IHGM, 2013.

[iii] PAULO LEITE, faleceu às 23:30 hs do dia 1º de março de 2003, no Hospital do Coração Dr. José Murad, sendo sepultado no Cemitério do Gavião às 11:30 h do dia 02. Era filho do Dr. Olivar da Silveira Leite, advogado de renome, já falecido, e da Sra. Marina Fernandes Araújo da Silveira Leite. Casado com a Sra. Margarida Teixeira Leite, deixou três filhos, quatro netas e um bisneto. Seus irmãos e sobrinhos dão continuidade à formação de novos judocas, na “Academia Ação” sob o comando do seu sobrinho Marco Leite, e na “Academia Toca do Samurai” com os seus irmãos Álvaro e Olivar Leite Filho. Além de ser faixa preta de Judô era Engenheiro Civil, foi diretor do 1º distrito do DER-MA, diretor técnico da CODERMA-MA, diretor dos serviços de transporte do D.N.E.R. na cidade de Porto Alegre-Rio Grande do Sul, foi condecorado com a Medalha de Mérito Rodoviário, pelos serviços prestados ao DER-MA e D.N.E.R.-RGS (Condecoração concedida pelo atual Governador José Reinaldo Tavares quando era Ministro dos Transportes). In VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Judô. In ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL; IHGM, 2013.

 

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