CLÁUDIO VAZ, O ALEMÃO (17) – UMA CONCLUSÃO POSSÍVEL, DO MESTRE DO JORNALISMO ESPORTIVO, POR José de Oliveira Ramos & Leopoldo Gil Dulcio Vaz 0comentário

UMA CONCLUSÃO POSSÍVEL,

DO MESTRE DO JORNALISMO ESPORTIVO:

 

Cláudio Antônio Vaz dos Santos – o ‘Alemão’

Por

 

José de Oliveira Ramos
Leopoldo Gil Dulcio Vaz

 

Publicado no JORNAL PEQUENO, 28 de fevereiro de 2010, Caderno de Esporte

Cláudio Vaz, o criador dos JEMs

Sou a mãe e o pai do JEMs.

Os JEMs são a minha vida.”

– Cláudio Vaz dos Santos.

Em 1973 nasceram os primeiros JEMs, na época chamados de Jogos Estudantis Maranhenses porque, um ano antes, 1972, o Maranhão participou dos JEBs -Jogos Estudantis Brasileiros – em Maceió, Alagoas. O então Coordenador de Esporte do Estado era o ousado desportista Cláudio “Alemão” Vaz dos Santos, que idealizou em 1971 o FEJ – Festival Esportivo da Juventude – sob a orientação da professora Mayre Santos, secretária de Educação da época. O FEJ sobreviveu durante dois anos apenas (1971 e 72). Após a participação dos JEBs em julho de 1972, Cláudio “Alemão” Vaz dos Santos, resolveu que, a partir de 1973, o FEJ seria substituído pelos JEMs.

Imaginemos o inventor Alberto Santos Dumont criando o 14 BIS sem as “asas”. Melhor: imagine uma das mãos sem nenhum dos cinco dedos. Imagine um jogo de futebol sem traves. Imagine uma piscina de Natação competitiva sem as raias. Enfim, imagine o Esporte maranhense sem a luz divina e a criatividade inicial e pioneira – queremos manter a redundância – de Cláudio Antônio Vaz dos Santos. Imagine, também, o Cláudio Antônio Vaz dos Santos, hoje, sem o “Alemão”.

Da mesma forma que alguns seres vivos estão entre nós “apenas para atrapalhar”, a entidade divina superior à quem recorremos nas horas difíceis e que nos acostumamos chamar de Deus, criou e colocou também entre nós – para nossa felicidade – aquelas que vivem exclusivamente para ajudar, doando-se por inteiro.

Pois, uma dessas pessoas foi batizada na igreja católica com o nome de Cláudio Antônio Vaz dos Santos. E nós que temos o privilégio e somos premiados com a sua pura e simples amizade, o tratamos apenas como “Alemão”.

Cláudio Vaz para alguns e Alemão para outros tantos, é um dos homens vivos mais importantes no esporte maranhense. Tanto quanto Dimas, Rubem Goulart, Furtado, Dejard Martins e tantos outros e muitos que já partiram, entre os iniciantes e, Tião, Canhoteiro, Djalma Campos, Ronaldo “Codó” Maciel, e os atuais Felipe Cunha, Frederico Castro, Iziane e China, Cláudio Antonio Vaz dos Santos é o nosso quarto ocupante do pódio. Para ele estamos criando a medalha de brilhante. (José de Oliveira Ramos).

Cláudio Antônio Vaz dos Santos, Cláudio “Alemão” Nasceu em São Luís, no dia 24 de dezembro de 1935. Foi atleta de Basquetebol, Voleibol, Futebol de campo e de salão, Atletismo e Natação. Pertenceu à famosa “Geração de 53” do esporte maranhense, atuante nas décadas de 1950 e 1960.

Em 1971, formado em Economia, foi nomeado Coordenador do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação da então Secretaria de Educação e Cultura – DEFER-SEC. Reestruturou o esporte e a Educação Física maranhense implantando as escolinhas de esportes no Ginásio Costa Rodrigues, que passaram a funcionar desde as 5 horas até às 23 horas, com atividades como Atletismo, Futebol de campo, de salão, Voleibol, Basquetebol, Judô, Boxe (que também praticou), Karatê, Capoeira, Xadrez, Ginástica Olímpica e folclore. Nesse mesmo ano criou o Festival Esportivo da Juventude – FEJ, embrião dos Jogos Estudantis Maranhenses – JEMs.

Fotos: CEDIDA POR A. MENESES

Ribeiro Neto (E) e Cláudio Vaz

Foi coordenador do DEFER até 1978; em 1979, transferiu-se para Brasília-DF, indo coordenar a Unidade Esportiva do DF. Em 1980 volta para São Luís passando a dirigir a então Fundação Municipal de Esportes – FUMESP; foi, também, Coordenador de Desportos da então Secretaria de Desportos e Lazer – SEDEL, nas administrações de Phil Camarão e Marly Abdala.

Além de Cláudio, faziam parte desse grupo José Reinaldo Tavares (ex-Governador do Estado), Alim Maluf (Secretário de Esportes e Lazer); Mauro de Alencar Fecury (ex-Prefeito de São Luis, deputado federal, hoje, Senador); Raul Guterres; Janjão Vaz dos Santos, Cel. PM Carlos Alberto (Bebeto) Barateiro da Costa.

Por iniciativa de Mauro Fecury, esses atletas ainda hoje se reúnem durante o mês de dezembro para os Jogos dos Amigos, para relembrar o passado de atletas, disputando várias modalidades juntamente com os “jovens” das gerações que os precederam.

Cláudio “Alemão” – recebeu este apelido quando estudava no Colégio Marista, no 4º ano primário. Começou os estudos no Jardim de Infância Antônio Lobo, ao lado da Igreja do Santo Antônio, onde sua mãe era professora. Estudou dos 4 até os 6 anos de idade no Colégio Antônio Lobo, quando foi transferido para o Colégio São Luís Gonzaga, da Professora Zuleide Bogéa, na Rua do Sol.

De lá se transferiu para o Colégio Marista, pois morava na Montanha Russa, e o Marista, nesse tempo, era no Palácio do Bispo, na Avenida Dom Pedro II e foi fazer exame de Admissão para o 4º ano primário no Colégio Marista. Ao chegar no Marista, era um praticante de futebol e de espiribol (esporte que hoje não é mais praticado).

“O irmão Manuel era considerado o Diretor de Esportes do Colégio Marista, me olhava e me chamava de Alemão (nessa época, loiros maranhenses eram poucos) e começou o Manuel: – Alemão, Alemão, Alemão, e eu fiquei Alemão até hoje, e sinto orgulho, o que marcou muito a minha formação, tanto Cláudio Alemão, que depois, devido ao Fontenelle, eu passei a ser o Cláudio Vaz (o Alemão), quando entrei na área de esporte, como dirigente”, conta.

Fez o exame de admissão e até a 4º série ginasial no Colégio Marista. Depois no Colégio Maranhense e no Colégio Cearense.

Como surgiram os JEMs – Inspirando-se em Mário Frias, deu o pontapé inicial para a realização dos jogos. O criador dos Jogos Escolares Maranhenses foi atleta do Colégio São Luís, em 1952. Ele era apaixonado por esporte, mas, com o pouco interesse das autoridades da época, se motivou e criou os jogos com o apoio de alguns ex-atletas. Entre eles, Zé Reinaldo Tavares (ex-Governador do Maranhão) e Mauro Fecury, atual Senador da República pelo Estado.

Assim, teve toda a ajuda do Governo Federal, Estadual e Municipal para a criação do Festival Esportivo da Juventude (FEJ) que, três anos depois, mudaria o nome para Jogos Escolares Maranhenses (JEMs).

“Nós participamos do JEBs em 72 e a sigla pesava. Mas, por bem, achamos melhor mudar para JEMs”, explicou.

No início, escolas do interior não participavam. Elas começaram a chegar só em 1974. A partir da primeira edição, nenhum ano passou em branco com o JEMs.

Tudo começou quando Cláudio Vaz foi Coordenador de esporte em 1971. “A competição foi criada com o intuito de incentivar os jovens a praticarem o esporte e tirar o mal do caminho deles. O esporte é uma forma de acabar com a violência e tirar as drogas do caminho dos jovens atletas”, afirma.

Como não havia nenhuma competição na época, Cláudio Vaz resolveu trazer para o Maranhão os Jogos Escolares. Trouxe algumas formas de incentivos às escolas, como a Educação Física. Montou um ginásio dentro do Nhozinho Santos, reunindo mais de 40 mil pessoas. Alcançou seu objetivo e deu aos novos atletas tudo o que não tivera na sua época.

O interesse dos alunos, pais e professores fez com que os Jogos fossem ganhando força e se federalizando (essa a maior conquista das modalidades). Tornou-se a maior competição inter-colegial do Maranhão. Com ajuda do professor Dimas, de Handebol, foram contratados técnicos de outros estados, como Laércio Elias Pereira, Marcão, Biguá, Vitché e outros. Isso elevou o nível técnico e o espore começou a crescer.

Os primeiros JEMs tiveram a participação de aproximadamente 20 escolas. As escolas que dominavam na época eram os colégios São Luís, Batista, Marista e Escola Técnica. Só mais tarde, o Dom Bosco entrou na briga. O primeiro campeão foi o Colégio São Luís.

Os campeões eram premiados com troféus e medalhas. Os atletas que se destacavam eram chamados para fazer parte da seleção maranhense e disputavam os JEBs (Jogos Escolares Brasileiros). Para disputar os JEBs, a seleção maranhense não ia de ônibus. Aviões eram fretados para dar mais conforto aos atletas.

Quem se destacava nos Jogos, ganhava uma medalha de ouro. Com isso, tinha o direito de colocar uma estrela na bandeira como forma de incentivo aos atletas. As primeiras modalidades dos jogos foram: Futebol de campo, Vôlei, Basquete, Handebol, Natação, Atletismo e Futebol de Salão.

Todos os jogos de salão eram realizados no Ginásio Costa Rodrigues. Com isso, o Governo liberou recursos para a construção do Ginásio Guioberto Alves inaugurado no Governo Pedro Neiva de Santana. Entre todas as modalidades da época, a que mais cresceu tecnicamente foi o Handebol. Nas primeiras edições dos JEMs já aconteciam jogos femininos, com as jogadoras atuando de saias. (Leopoldo Vaz).

A “importação” de professores, técnicos e atletas – Cláudio Vaz começou a trazer técnicos e atletas de fora, para continuar o trabalho iniciado por Dimas. O primeiro a chegar, foi Laércio Elias Pereira, depois, Marcão, Biguá, Vitché… Com a chegada de Laércio, Dimas passa o Handebol para ele e passa a se dedicar mais à Ginástica Olímpica; com Natação, principalmente em aulas particulares, em piscinas particulares e à outras coisas.

Dimas e Laércio procuravam entre os melhores alunos, os preparavam, e os deixavam nos diversos estabelecimentos de ensino, para atuarem como técnicos, formando toda uma geração de atletas-professores. A influência de Dimas em toda uma geração de jovens atletas foi tamanha que, até hoje, trinta anos depois, estes pequenos ginastas de outrora tornaram-se os responsáveis pelo Esporte no Maranhão, e continuam honrando a posição de destaque ocupada pela Ginástica Olímpica maranhense no Brasil.

Origens Em 1960, o Ministério da Educação e Cultura – MEC promoveu Cursos e Exames de Suficência em Educação Física, em São Luis, habilitando então professores da disciplina para o Sistema Escolar do Estado do Maranhão. Este estágio coincidiu com apresentações de Handebol em São Luis e possivelmente pela primeira vez no Maranhão pelos professores Luiz Gonzaga Braga e José Rosa, ambos da Escola Técnica Federal do Maranhão – ETFM, do ensino médio local, hoje representado pelo Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET.

Esses dois técnicos esportivos pioneiros participavam dos Jogos Estudantis

Brasileiros do Ensino Médio – JEBEM e, ao serem avisados da introdução futura do Handebol nas competições, fizeram um curso da modalidade no Rio de Janeiro e, ao retornar, realizaram treinamento com um grupo de alunos. No aniversário da Escola, em 23 de setembro de 1960, este grupo fez uma apresentação oficial da nova modalidade. Dentre outros, estavam os alunos Aldir Carvalho, José Geraldo de Mendonça, França, Aldemir Mesquita.

Credita-se também a Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo – o Professor Dimas – a introdução do Handebol no Maranhão, após assistir a competições da modalidade nos Jogos Estudantis Brasileiros – JEBs de Brasília. Ao retornar a São Luís introduziu a modalidade no Festival Esportivo da Juventude FEJ e Jogos Estudantis do Maranhão, JEMs, idealizados por ele e Cláudio Vaz dos Santos – o Cláudio Alemão.

Em setembro de 1972 inicia-se o aprendizado do Handebol com o Professor Laércio Elias Pereira transferido de São Paulo para São Luís para atuar na Escola Técnica, e, a seguir, chegam outros professores e alguns atletas provenientes do mesmo Estado como, Edivaldo Pereira (Biguá) e Vicente Calderoni Filho (Viché).

Com a chegada dos “paulistas” Laércio, Biguá e Viché, o professor Dimas, compreendendo suas limitações técnicas, afasta-se do Handebol, considerando sua missão cumprida, nessa modalidade. Data daquela época a grande rivalidade do Handebol maranhense entre o Colégio Batista e a Escola Técnica nascida da competição do Batista – base da seleção maranhense que foi aos JEBs – com a Escola Técnica, melhor orientada para os JEMs. (Leopoldo Vaz).

Todos esses fatos têm estreita relação e dependência direta do trabalho inicial desenvolvido por Cláudio Antônio Vaz dos Santos, o “Alemão”. Pena que o futebol profissional tenha tomado caminhos diferentes e hoje esteja na bancarrota por absoluta incompetência dos dirigentes (JOR).

 

Comentários

Nenhum comentário realizado até o momento

Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.