Conhecimento, utilidade e verdade

Há poucas semanas, circulou na internet uma proclamação feita por cientistas dos EUA, do Reino Unido, da Holanda e de outros países; ela rotulava a maioria dos papers publicados pelos académicos como “estudos inservíveis”.
Obviamente, eles servem para alguma coisa: para alimentar o ganancioso mercado das revistas em língua inglesa, para os seus autores adotarem a conduta e a figura de pavões, e para galgarem degraus na carreira profissional. Não servem para mais nada, muito menos para os qualificar como docentes universitários e cidadãos exemplares.
Dos centros de investigação e dos programas de pós-graduação foi escorraçado o credo de Albert Einstein: “O mistério é a coisa mais bela que podemos experimentar. É a fonte de toda a arte e ciência verdadeiras.” Certamente, isto ainda se encontra na universidade, porém sujeita-se, a toda a hora, a ser apedrejado.
Os papers que perfazem as dissertações, elaboradas segundo o dito modelo escandinavo, são instrumento de abaixamento do nível científico, cognitivo, crítico, racional, intelectual, espiritual, cultural e ético de não poucos doutores. Estes são formatados por uma ‘instrução funcionalizante’ que os amarra ao papel menor de técnicos de pesquisa; de cientistas e intelectuais têm pouco ou mesmo nada.
Escutemos o aviso do Prof. Manuel Ferreira Patrício: “a Verdade que a Universidade serve está em perigo, a própria utilidade de que a Humanidade precisa está em perigo, pois o seu alimento é a própria Verdade, ou seja, o Conhecimento Verdadeiro. O qual é difícil de alcançar; com o qual, todavia, tudo se torna fácil no utilizar.”
Se a missão da Universidade ainda é a de casa do espírito livre e do intelecto clarividente, então há que abandonar o atual caminho e retomar o antigo. Sob pena de se tornar insignificante no delinear de rumos para a vida e para o mundo.

 

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