Desde 2014 está disponível, conforme anunciado aqui http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2014/10/15/cronica-da-capoeiragem-ja-esta-no-ar/
Caríssimos,
Meu novo trabalho, Crônica da Capoeiragem, já se acha disponível na nuvem. Em papel, só quando conseguir recursos para sua publicação.
Está em formato livro, e ficou com 656 páginas… O formato do ISSUU não permite mais que 500 páginas, então passaei para A4 e ficou com 200 a menos… esta que está disponível agora…
http://issuu.com/leovaz/docs
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Apresentação
ANDRÉ LUIZ LACÉ LOPES
A Fascinante Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem
– Curso-Livro –
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
São Luiz, Maranhão – agosto de 2014
Somos conterrâneos do Paraná, eu e Mestre Leopoldo Vaz. Saí de Curitiba, bem criança, fui morar em Fortaleza e, logo depois, viajei para o Rio de Janeiro, onde moro até hoje, com duas longas estadas nos Estados Unidos e constantes viagens. Leopoldo Vaz fez também peregrinação parecida, saindo, embora não tão cedo quanto eu, de Curitiba para o Maranhão.
Pronto, temos aí a base para excelente tese doutoral provando e comprovando a tendência nômade de um verdadeiro capoeira.
Longas décadas atrás escrevi sobre o tema comparando o capoeira com o “bluseiro” afro-americano, tocador de banjo ou gaita, cantador de blues que saía pelos Estados Unidos, sem rumos, sem endereço, posto que sua verdadeira terra era a África. O capoeira não ficaria atrás, como se pode verificar pelas andanças de vários mestres pelo mundo afora. Tem mais, o “bluseiro” tinha a sua lenda de pacto místico na estrada, garantindo para si extraordinária performance; na Capoeira também temos o “corpo fechado”, o nego mandingueiro. E por aí vai.
Onde quero chegar?
Muito simples, 3, 4 décadas atrás, muito pouco se haviam publicado sobre a fascinante Arte da Capoeiragem, basicamente, o que existia saía do Rio de Janeiro, então capital federal e corria o Brasil inteiro. Durante muito tempo o Rio foi o grande modelo para o resto do país, como ocorre com toda Capital federal.
De repente, não mais do que de repente, começaram a proliferar dezenas, centenas de livros sobre o assunto, quase todos professorando, eram e continuam sendo os donos da verdade. “Causos” foram transformados em verdade verdadeiros; manchetes de jornais foram apagadas, outras adulteradas ao bel prazer do “pesquisador” de plantão, verdadeiras penas de aluguel. Cristalizou-se, então, grande fantasia como a versão oficial, consagrando longo processo de embranquecimento e aburguesamento da capoeiragem.
Processo, diga-se de passagem, já detectável na própria África, especialmente na triste fase dos navios tumbeiros, mas que foi marcantemente acentuado durante os períodos Vargas, onde a liderança negra ou era captada ou era perseguida. Deste processo surgiu uma nova capoeira, que não era barro nem tijolo, não era folclore autêntico, muito menos luta eficaz, mas juravam que era. Dezenas de livros passaram a ser escritos, dezenas de congressos passaram a ser realizados, alardeando essa verdade mentirosa, falseando-se datas e inventando-se teorias. Mais do que nunca se fortaleceu o capoeira chapa-branca, contraditoriamente vangloriando-se de que a capoeira estava no mundo todo (o que significaria rico mercado para todo mestre) e, ao mesmo tempo, exigindo dos governos todo tipo de ajuda possível, até mesmo uma mesada para todos.
Após mais de 20 anos vivendo dessa fantasia começaram a surgir, com mais intensidade, pesquisadores realmente isentos, admiradores da capoeira, mas não ao ponto de negar registros históricos reveladores. Além disso, tais pesquisadores trataram de mergulhar mais nas origens da capoeira.
Desses bons pesquisadores, sintomaticamente, a maioria ou é estrangeira ou são brasileiros oriundos de outras áreas (Artes Marciais em geral, jornalistas, professores de educação física etc.).
Bom exemplo de “estrangeirismo é o jovem holandês Jeruen Verheul, psicólogo, mais conhecido no mundo da capoeiragem como Professor Rouxinol.
Bom exemplo de pesquisador não-capoeira (embora tenha noção prática) é o Professor Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Ou melhor, da família-equipe Leopoldo Vaz, uma vez que a sua esposa, Professora Delzuite Dantas Brito Vaz vem publicando excelentes estudos como o ensaio “Introdução ao Esporte Moderno”; da mesma forma, sua filha Loreta Brito Vaz, economista, cuja monografia final do seu curso superior girou sobre o tema “O Esporte e as Atividades Físicas como geradores de Renda: A Capoeira em São Luís do Maranhão, estudo de caso” (Universidade Federal do Maranhão).
Leopoldo Vaz há longas décadas vem sacudindo a mesmice marqueteira imposta por algumas vestais da capoeira. Respeitosamente sem críticas contundentes, apenas demonstrando que a verdadeira História da capoeira é imensamente mais rica e poderosa do que as versões “prêt-à-porter” que empacotaram para fins de exportação comercial.
Daí a excelência de suas pesquisas, artigos e “papers” em geral sobre a Punga, o Moringue, o Chausson, sobre o grande mestre Artur Emídio de Oliveira (que não era nem Angola nem Regional foi apenas e simplesmente um exímio capoeira…).
Resumindo e terminando, para não abusar do honroso e prazeroso convite que me foi dado para escrever esta Apresentação, afirmo que seria formidável se todos os mestres, contramestres e pesquisadores assistissem ao Curso que brevemente será realizado com o Professor Leopoldo Vaz à frente. Mas, na impossibilidade de participar do curso, a leitura do livro feito para o Curso e aprimorado ao longo dele, será missão obrigatória para todo aquele que realmente admira e respeita a extraordinária arte afro-brasileira da Capoeiragem.
André Luiz Lacé Lopes[1]
Quilombo do Leblon, 2014
[1] André Luiz Lacé Lopes – Jornalista e Administrador, com Mestrado em Administração Pública (1970) pela Universidade de Syracuse, New York, USA. Sete livros publicados até agora, sendo quatro sobre Capoeiragem, sobre a qual já escreveu mais de quatrocentas crônicas e artigos publicados no Brasil e no exterior. Entre vários cargos e funções exercidos foi assessor e professor do Instituto Brasileiro de Administração Municipal, Superintendente Administrativo do Clube de Regatas do Flamengo, Diretor da Oficina de Assuntos da Juventude, da Organização dos Estados Americanos (OEA, Washington, D.C.), diretor-presidente da Adplan Juvesporte, consultor da Fundação Roberto Marinho (Área Esportiva) e Chefe de Gabinete da Secretaria Estadual de Esporte do Rio de Janeiro. Alguns prêmios na área da literatura.
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