Formação do bom profissional

Durante a docência universitária entendi sempre a formação dos estudantes como um processo de aprimoramento de pessoas, destinadas a exercer funções em atividades afins ao desporto e à educação física. Assim considerei e assim procurei agir. Incentivando-os a que se formassem como sujeitos com espírito e identidade, com densidade de ethos e pathos, avessos ao primarismo e vulgaridade boçal, abertos à complexidade concetual e à consideração das circunstâncias, conscientes das consequências das suas atitudes e ações, com fé naquilo que nos transcende, ilumina e dá a capacidade de distinguir o bem do mal, e de optar.
‘Pessoa’ provém do vocábulo latino ‘Persona’. E este termo quer dizer ‘máscara’. Ou seja, tornamo-nos ‘Pessoa’ à medida que, por cima das falhas, da ignorância e da animalidade dos impulsos e instintos, colocamos uma máscara ou camada, cada vez mais espessa, de noções, saberes, qualidades e padrões de conduta definidores do Ser Humano.
As competências e ferramentas operativas de uma profissão alteram-se com o tempo. Todavia, os traços definidores de um quadro genuinamente ‘superior’ (no plano cognitivo, crítico, espiritual, intelectual, racional, cultural, ético e cívico), esses não mudam; são supratemporais.
Creio convictamente que somente uma ‘boa’ pessoa pode ser um ‘bom’ profissional. Logo, formar profissionais para qualquer ofício é, antes de mais, formar ‘Pessoas qualitativas’ como príncipes inter pares, propensas a ‘professar’ a crença nos princípios exaltantes da existência. De resto, não conheci, ao longo da vida, nenhum profissional irradiador de influência positiva que não fosse uma personalidade exemplar. Os bons professores, que tive no ensino secundário e superior, eram excelentes pessoas. É por isso que os guardo no arquivo da memória, da admiração e da saudade.

 

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