JOGO DE BOTÕES E A HEPATITE DE FRANKLINHO, por Hamilton Raposo Miranda Filho‎ (São Luís de nossas lembranças)  

Reproduzo, aqui, um belo texto sobre nossas memórias futebolísticas… publicada pelo autor me sua página no Facebook:

Hamilton Raposo Miranda Filho‎ para São Luís de nossas lembranças  

JOGO DE BOTÕES E A HEPATITE DE FRANKLINHO.


Houve um tempo em São Luís que todo menino jogava botão ou futebol de mesa, como diziam os sulistas ou celotex os mais técnicos no assunto. Se acaso não jogasse, tinha pelo menos um time de botões guardado com todos os cuidados de um jogador. Os botões deveriam estar guardados em um caixa forrada internamente por uma flanela ou algodão para não machucar ou arranha-los. Não havia uma rua ou um bairro que não houvesse um torneio ou campeonato e havia verdadeiros craques na arte de jogar botões e verdadeiros botões craques. Confesso que nunca joguei bem, mais tinha o meu time, o Botafogo Futebol e Regatas, devidamente guardados em uma saboneteira de alumínio, forrada com uma flanela amarela.


Os botões geralmente eram comprados na Casa Waquim ou confeccionados artesanalmente por mãos milagrosas na arte de construir fantasia. Alguns destes botões, assim como nossos craques do futebol, eram caríssimos!


Tinha botão para todo o gosto, o mais famoso era o coco paulista, porém, para cada função existia um tipo de botão, tal e qual no futebol. Tinha o zagueiro, geralmente maiores; o que controlava a bola e a conduzia até os centroavantes, mais finos e mais leves; o centroavante era mais grosso e menor e tinha uma única função, a de “chutar” a bola em direção ao gol do adversário. O item bola sempre foi um capítulo a parte no futebol de botões, era confeccionada com algodão e costurada manualmente e quase sempre ficava oval, mais nada tirava o prazer de jogar botão.


Do jogo de botão, lembro-me que jogava todos os dias com meu primo Franklinho em sua casa na Rua Grande quando este foi acometido de hepatite, por coincidência o time de botão dele também era o Botafogo Futebol e Regatas. Tenho também lembrança da palavra “firiquite”, o famoso off-side ou impedimento do futebol convencional.


O termo “firiquite” não sei se ainda é usado, jogo de botão tenho quase certeza que ainda é jogado. O meu amigo Geraldo Melônio, grande psiquiatra, tem um time, o Manchester United, e costuma jogar sempre vestido com a camisa vermelha do time e com uma calça branca, semelhante à equipagem do famoso time inglês. Certa vez após uma derrota, o psiquiatra quebrou o time todo achando que os seus botões não tinham jogado bem. A paixão é semelhante a do futebol.


Caso não se fale mais “firiquite”, algumas palavras exclusivamente maranhenses parecem ter caído em desuso ou no esquecimento, é caso de palavras usadas do jogo de bolinhas, bolinhas de gude, como: “casa ou bola porco ou leitão”, “borroca”, “dá pra palmo”, “foi pra china” ou “morreu”. Todas tinham um significado mágico, lúdico e que fez parte da infância de muita gente.

Alguns comentários:

Mario Julio Carvalho Ribeiro No Filipinho, também, tínhamos nossos times de botões e éramos fregueses da Casa Waquim. Vez por outra, algum de nós descobria uma roupa de parentes antiga e cheia de craques. Fabricávamos botões de coco, e transformávamos botões comuns em “zezés” (aqueles chatos que geralmente jogavam como zagueiros). Parabéns, pelo texto, grande mestre; remocei alguns anos relebrando minha infância feliz. Obrigado!

Carlos Parada Junior Belo texto. Modéstia a parte,eu fui um grande jogador de botões e disputava partidas com outros craques,em uma casa,situada na esquina da Rua do Norte,bem.em frente da Maternidade Benedito Leite.Muito fui à casa Waquim,e lá comprava botões, como Zezé, Gradim,esses normalmente armadores. A defesa era. quase sempre formada por botões de baquelite.Como sou flamenguista, meu time levava os nomes dos jogadores da época: Dida,Índio,Evaristo, Dequi nha,Jordan, Joel, dentre outros. Bons tempos

 

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