Martinho Nobre – faltou o ‘dos Santos”. Árbitro de Atletismo, atualmente Diretor Técnico da CBAt. Paranaense, pertence a uma familia de esportistas: Antonio, Eduardo, Magro, e Martinho… conheci-o lá pelos anos 1960, no final, quando retornamos à Curitiba, e passamos a freqwuentar a Sociedade de Cultura Física Duque de Caxias – hoje Clube Duque de Caxias, em Curitiba, claro…
Após muitos anos morando pelo interior do Paraná, minha familia retorna à Curitiba. Morávamos no Boa Vista, bairro próximo à sede campestre do Duque de Caxias. Tornamo-nos sócios e passamos a frequentar o clube. Tinha uma pista de atletismo, uma piscina e umas quadras de tenis e poliesportiva, uma quadra de volei de grama, e vários campos da faustebol… depois foi adquirida uma área contígua, e ampliado.
Numa de nossas primeiras visitas ao clube, meu pai encontrou um velho conhecido dos tempos de juventude: Ney Pacheco… atleta, barreirista, ainda pertencente ao Coritiba Foot-Ball Clube; fora rival de meu pai, quando ambos serviram às Forças Armadas… meu pai, Aeronáutica; Ney, Exército… corrida de rua… depois, meu pai se dedicou ao futebol, chegando a jogar profissionalmente no Coritiba; ney, se dedicando às corridas…
Naquele final dos anos 60, fui apresentado ao Ney e ao Atletismo… já praticara Judô, no Colégio Bom Jesus. Por essa época, o atletismo do Paraná estava ‘parado’… a federação, eclética, não funcionava, a não ser uma ou outra competição, das modalidades que abrigava, menos atletismo. havia acabado o atletismo federado… apenas algum sucesso no esporte escolar, no atletismo praticado principalmente no Colégio Estadual do Paraná e no Colégio Militar de Curitiba… e em alguns colégios e clubes pelo interior, em especial Maringá e Londrina… depois é que Cambé veio a se destacar… e Paranavaí…
Atletismo, mesmo, competições, só durante os Jogos Abertos do paraná, mas a sua maioria de atletas já veteranos e ods escolares, que pipocavam aqui e ali…
Na Duque, uma familia de atletas se destacava, praticando o Atletismo nos finais de semana, treinando as provas de arremessos e lançamentos: os Santos: Antonio, o mais velho, martelista; Eduardo, também martelista e fazia o disco; João, peso; e um outro irmão, que só lembro o apelido de que o chamavam, Magro, dardo; e o mais novo: Martinho – que por falta de opção, fazia as tres provas: martelo, peso e disco, e de vez em quando se arriscava no dardo.
Nas competições – das poucas que se realizavam – os irmão se dividiam: Antonio e Eduardo, no martelo; Eduardo e João, no disco; e João e Antonio, no peso; quando Magro não estava, dois faziam o dardo… e o mais novo, sempre sobrava… Martinho!
Fomos apresentados, então, pelo Ney aos Santos. Logo fiz uma grande amizade com João – João Moreira neto dos Santos – a quem chamávamos de Joãozinho – e eu o apelidei de Miudinho… medido em metros cúbicos… altos, como todos da família, e fortes, pela modalidade que praticavam… Martinho, de minha idade, também se tornou um irmão…
Passei a correr, com Ney e a praticar o arremesso, com os Santos… gordinho desde sempre, consegui um bom preparo físico, mas nunca fui atleta… apenas me dedicava, por isso, passei a estudar e a intervir nos treinamentos – passei a ‘técnico’, especialmente na parte de preparação física, tanto de João, como de outros atletas do clube que vieram se juntar a nós… lia e aprendia… e depois estabelecia os treinamentos, que fazia junto, em especial com João, pois este estava sempre no clube, ainda estudante de Engenharia…
Passamos a conversar sobre como reorganizar o Atletismo… passei a estudar as regras e a acompanhar Ney e os irmãos Santos às competições… virei árbitro… das conversas, resolvemos (re)ativar a Federação… tínhamos a Duque, o Icaro (clube dos oficiais da Aeronáutica, que frequentavam a Duque…), o Coritiba, e depois vieram se juntar o Lester Pinheiro e o Edgar Fachin Viana, que montaram a equipe do santa Mônica Clube de Campo… e o Olimpico, de Maringá (Joaquim…) e o Canadá, de Londrina (Maria da Conceição…); O Saporski Dallin era o presidente da FDP, e o major Lúcio estava no Departamento de Esportes e no CRD…
Ney foi conversar com Saporki, que não opôs obstáculos… e fizemos uma ‘eleição’ na FDP, que Lúcio homologou imediatamente e Ney assumiu a presidência… Antonio como vice-presidente, Martinho como Secretário, eu como Diretor de Patrimônio, Eduardo como diretor técnico… O Departamento de Atletismo ficou com Antonio, Eduardo e João; de Punhobol, com Lothar Jeanert (da Duque…), o Jurídico, com meu pai, Loir Vaz, Ciclismo com o Ernani, Vela e Motor, não lembro… Tiro ao Alvo (depois se desfiliou, fundando a especializada…) Leonel Amaral… e havia o departamento do interior, com Joaquim (Maringá) e Maria (Londrina)…
As competições eram realizadas na Duque, ou no Colégio Estadual… falemos do atletismo…
Nosso interesse, era reativar o Atletismo… Lester e Fachin organizaram a equipe do Santa Mônica – que se filiou logo após a eleição do Ney – e filiou todos os alunos-atletas do Colégio Estadual – dentre eles, os rivais dos Santos, os da Silva: Ivo e Gilberto e aquela geração de arremessadores/lançadores que formaram… alunos do Santa Maria – parece que Fachin era professor lá, também se filiaram ao Santa Monica… e eu e Martinho ficamos de formar a equipe da Duque, ajudado pelo Ney e convidamos alguns ex-atletas a retornarem à ativa, e mesmo alguns outros, que ainda teimavam em competir: Clodoaldo josé Rosa, Wilson Alves Alcântara – ambos professores da Escola de Educação Física; e, claro, os Santos, filiados à Duque… Ney convidou João Egdoberto Siqueira, na época aluno do Colégio Militar de Curitiba, que trouxe alguns colegas – dentre eles Irajá Chedid Cecy (interno…); e Siqueira indicou Haroldo Kurudz para se juntar a nós, pois era professor da então Escola Técnica Federal do Paraná, e técnico de Atletismo… trouxe seus atletas para a Duque, dentre eles, Altevir Silva de Araujo Filho, Edinaldo Paese…
Eu e Martinho assumimos toda a parte burocrática da Federação; Martinho dedicava-se mais ao Atletismo e eu às demais modalidades; como atletas, éramos os últimos da fila… eu o ultimo… assim começamos a nos dedicar, também, à arbitragem… à organização das competições, regulamentos… e quando havia as competições dos ‘novos’, entravamos, pois os ‘velhos’, recordistas e campeões, não participavam… nunca sai dessa categoria…
Na realidade, assumimos a direção da Federação, dois garotos, ainda menores de idade… legalmente, não poderíamos, mas foi uma grande aprendizagem…
Um dia, após os treinamentos – era domingo – o Wilson e o Clodoaldo mais o Haroldinho estavam beliscando o churrasco que meu pai fazia toda semana, lá na Duque, quando informaram que estava aberta a inscrição para Educação Física – por que eu não fazia? estava chato para eles, professores de educação física – os dois primeiros da Escola de Educação Física – terem um ‘leigo’ como ‘técnico’… faça o vestibular, então… Meu pai pulou longe: pode até não fazer Direito, mas Educação Física, nunca… eles mesmos providenciaram minha inscrição… hoje, vivo da Educação Física… o mundo perdeu um grande jurista…
Esclarecendo: logo no inicio dos anos 70, quando reorganizamos a FDP, e reativamos o departamento de Esportes da Duque, na administração do Danilo Linderman, meu pai passou a ser Diretor de Esportes da Duque – Ney, ativou o de Esportes Amadores do Coritiba, por isso não aceitou ser da Duque… – e eu passei a ter ‘oficialmente’ o técnico de atletismo da Duque, perante a Federação… quando Haroldo veio para a Duque, inicialmente como sócio-atleta, depois como técnico de atletismo, passamos a dividir as responsabilidades… mas então eu já era acadêmico de educação física… Haroldo, com o masculino; eu, com o feminino… mesmo na época em que Jorge Okimoto foi ‘dispensado’ do Santa Mônica, e as meninas treinadas por ele ficaram sem equipe para disputar, abri caminho para que viesse para a Duque… época de muita aprendizagem…
Na Duque, formávamos uma ‘comissão técnica’… Haroldo, eu, e Siqueira, depois, Jorge… e Antonio, com os arremessos/lançamentos… Eu era contratado pela Duque, e ficava as manhãs com todos os atletas, Haroldo, na ETFPr e na Prefeitura, só vinha aos sábados e domingos, Siqueira, já academico de educação física também, só os finais de semana também… eu, à tarde ia para a escola de educação física e à noite para a faculdade de direito… e reuniamos aos sabados e domingos, quando não havia competição, para treinamento dos atletas – a parte de ‘refinamento’, detalhes técnicos…
Durante a semana, ficava com os atletas, mais com a parte de condicionamento e trabalho de força, pliometria, e aos finais de semana, viamos a parte tecnica… Joaãozinho vinha sempre pelas manhãs, em especial 3a. e 5a., para treinamentos… Martinho raramente aparecia, só aos sábados e domingos…
Em 1976, já formado, vim embora para o Maranhão, e estou aqui até hoje…
Aqui, fundei várias federações, inclusive a de Atletismo… Tinhamos o trofeu Norte e Nordeste, e um dia, resolvemos que a CBAt tinha que mudar de mão… e lançamos Gesta para presidente… Presidente da FAMA, fui a Curitiba e lá conversei com Martinho sobre as necessidades de mudanças. Concordou comigo… Norte/Nordeste são 15 federações… não tinhamos como perder essa… e juntaram-se a nós o Paraná… Martinho ligou para ivo, em Santa catarina, que ficou de vir a Curitiba conversar, mas apoiava a ideia… mais um voto… e também para o Offmaister, no Rio Grande do Sul… mais um apoio…
Ao retornar a São Luis, tinha uma carta do Martinho hipotecando o apoio… e Ivo e Rubens ficaram de escrever direto para o Gesta… dai em diante, é História…
Apresentei Martinho ao Gesta, ficaram proximos, e, eleito, Martinho foi para a CBAt… o resto, é História…
O sonho daqueles dois meninos, embalados pelas ações daquele careca, o Ney, ontem… foi emocionante…
Um dia, iriamos às Olimpíadas… Ney já se foi… Joãozinho, eu… Martinho estava lá, e não foi a primeira dele… nos representou… senti como se estivesse ao lado dele…
Cara, voce envelheceu….
Ah, um dia, em Fortaleza, no Marina Park Hotel fui ao encontro de Martinho… estava havendo um campeonato e toda a equipe da CBAt – ele diretor de arbitragem – estava lá… eu, de férias na cidade… fui até lá e conversamos brevemente – era a hora do almoço… e Martinho me levou até o refeitório, onde a equipe estava reunida, e chamou a atenção de todos: este é o Leopoldo!!! foi meu técnico de atletismo!!! Diga a eles, Leopoldo, que um dia eu já fui atleta, martelo, peso, disco… eles não acreditam!!!! confirmei… foi uma gargalhada geral…
Comentários
Por
Laercio Elias Pereira
em 6 de Agosto de 2016 às 17:12.
Nosso, Adm Leopoldo,
PARABÉÉÉNSSSS!
Laércio
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