Volto ao tema!!! Falta comprometimento – estudo – aos jornalistas/cronistas esportivos que atuam no Maranhão.
Embora lançado o Atlas do Esporte no Maranhão, e as duas versõies do Atlas do Esporte no Breasil, com vários capítulos sobre o Maranhão, nossos jornalistas esportivos continuam a cometer descalabros.
Cito materia publicada hoje, em um matutino local, em que dá como precursos do jiu-jitsu no Maranhão o james Adler. O que não é verdade!!! Pode-se ter até o Conde Koma como precursos no Maranhão, pois passou por aqui em duas ocasi~]oes, na década de 10 e 20, conforme noticias nos j0rnais da época.
Já publiquei aqui essas Histórias…
Vejamos:
JIU-JITSU NO MARANHÃO, por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Academia Ludovicense de Letras)
No Maranhão, o Jiu-Jitsu já é praticado desde o inicio do século passado! Antes mesmo do seu pretenso inicio em Belém do Pará, pelos Gracies…
ORIGENS
Quero acreditar que o Jiu-jitsu deve ter sido apresentado aos sócios do Fabril Athetic Club (fundado em 1907) pelo escritor Aluísio de Azevedo. Ao abandonar as carreiras de caricaturista e de escritor, abraça a carreira pública em busca de sobrevivência como funcionário concursado do Ministério de Relações Exteriores. Torna-se cônsul, servindo por quase três anos no Japão, entre setembro de 1897 a 1899, na cidade de Yokohama, onde deve ter aprendido essa arte marcial, assim como a jogar Tênis e Futebol, quando de sua estada na Inglaterra.
Informa MARTINS (1989) que Nhozinho Santos, em 1908, implanta mais duas modalidades esportivas no FAC: o Tiro, com inscrição na Confederação Brasileira de Tiro; e o “jiu-jitsu”, com um grande número de adeptos. (MARTINS, Djard Ramos. MERGULHO NO TEMPO. São Luís: Sioge, 1989; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A introdução do esporte (moderno) no Maranhão. CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE, LAZER E DANÇA, 8º, Ponta Grossa, UEPG… Coletâneas … disponível em CD-ROOM, novembro de 2002).
Lacé Lopes afirma que o primeiro confronto entre um capoeirista e um lutador oriental deu-se no Rio de Janeiro, em 1909, quando apareceu por lá um campeão japonês de jiu-jitsu, Miyaco, dando exibições. Um grupo de estudantes de medicina convidou-o a enfrentar um conhecido capoeirista, carregador do Café Saúde, chamado Ciríaco, que vivia pelas docas. No momento da luta, o japonês abaixou-se para cumprimentar Ciríaco e o capoeirista, pensando já ser um ataque, toca-lhe um violento rabo-de-arraia, liquidando-o mesmo antes de começar a briga. (Jornal do Capoeira:www.capoeira.jex.com.br: Andre Luiz Lacé Lopes, Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005; Capoeira:www.capoeira.jex.com.br: Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005.
Em “A Pacotilha”, São Luís, segunda feira, 14 de junho de 1909, há uma noticia que tem por titulo: “JIU-JITZÚ” – certamente transcrita de “A Folha do Dia” – do Rio de Janeiro (ou Niterói):
“Desde muito tempo vem preocupando as rodas esportivas o jogo do Jiu-Jitzú, jogo este japonês e que chegou mesmo a espicaçar tanto o espírito imitativo do povo brasileiro que o próprio ministro da marinha mandou vir do Japão dois peritos profissionais no jogo, para instruir os nossos marinheiros.
Na ocasião em que o ilustre almirante Alexandrino cogitava em tal medida, houve um oficial-general da armada que disse ser de muito melhor resultado o jogo da capoeira, muito nosso e que, como sabemos, é de difícil aprendizagem e de grandes vantagens. Essa observação do oficial-general foi ouvida com indiferença.
A curiosidade pelo jiu-jitzu chega a tal ponto que o empresário do “Pavilhão Nacional”, em Niterói, contratou, para se exibir no seu estabelecimento, um campeão do novo jogo, que veio diretamente do Japão. Ha alguns dias esse terrível jogador vem assombrando a plateia daquela casa de diversões com a sua agilidade indescritível, com os seus pulos maquiavélicos.
Todas as noites o campeão japonês desafia a plateia a medir forças com ele, sendo que, logo nos primeiros dias de sua exibição, se achava na plateia um conhecido “malandrão”. Feito o desafio, o “camarada” não teve duvidas em aceitar, subindo ao palco. Depois de tirar o paletó, colete, punhos, colarinho e as botinas, o freguês “escreveu” diante do campeão, “mingou” abaixo do “cabra”; este assentou-lhe a testa que o japonês andou amarrotando as costelas no tablado.
A coisa aqueceu, o japonês indignou-se, quis virar “bicho”, mas o brasileiro, que não tinha nada de “paca” foi queimando o grosso de tal maneira que a policia teve que intervir para evitar… o japonês.
‘A Folha do Dia’ narra o seguinte: ‘Diversos frequentadores do Pavilhão Nacional vieram ontem a esta redação apresentar o Sr. Cyriaco Francisco da Silva, dizendo-se o mesmo senhor vencido o jogador japonês que se exibe atualmente naquela cada de diversão. O Sr. Cyriaco é brasileiro, trabalhador no comercio de café e conseguiu vencer o seu antagonista aplicando-lhe um “rabo de arraia” formidável, que no primeiro assalto o prostrou. O brasileiro jogou descalço e o japonês pediu que não fosse continuada a luta. Ficam assim cientes os que se preocupam com o novo esporte que ele é deficiente. Basta estabelecer o seguinte paralelo: no jiu-jitzu a defesa é mais fácil que o ataque; na capoeiragem a grande ciência é a defesa, a grande arte é saber cair.
Em “A Pacotilha” – de 18 de abril de 1910, segunda feira consta noticia de que o “Fabril Athletic Club” – FAC – estava preparando uma jornada esportiva para recepcionar ao Barão de Rio Branco, em visita à São Luís. Em nota do final da noticia é informado que: “Tem funcionado neste clube aos domingos pela manhã, um curso de jiu-jitsu, dirigido pelo Sr. F. Almeida contando já com muitos adeptos. Esse curso passará a funcionar, regularmente d’agora em diante, aos domingos das 8 as 10 horas do dia.”
Nesse mesmo ano, 13 associados do Fabril Athetic Club – FAC – se desligam dessa agremiação pensando na formação de outra, mais popular, aberta, mais democrática. Fundam o ONZE MARANHENSE, que, além do futebol, desenvolveu outras atividades esportivas: tênis, crocket, basquetebol, bilhar, boliche, ping-pong (tênis de Mesa), xadrez, e a luta livre, introduzida por Álvaro Martins.
MARANHÃO NA FRENTE?
Pelo sitio a Confederação Brasileira da modalidade, o Jiu-jitsu foi introduzido no Brasil, oficialmente, por Mitsuyo Maeda, – “Conde Koma” -, em 1915.
O Conde Koma – em viagem de exibição pelo Brasil para divulgar sua arte -, a caminho de Belém (novembro daquele ano), passou por São Luís e fez algumas exibições:
A PACOTILHA, 7, 8, 9, 15 de dezembro de 1915
A PACOTILHA, 10 de dezembro de 1915
Em Belém do Pará, o professor Koma passou a lecionar o verdadeiro Jiu Jitsu a seu dileto aluno Carlos Gracie.
A PACOTILHA, 22 de junho de 1922
Os irmãos Carlos e Hélio Gracie foram os precursores do que hoje é chamado de Jiu Jitsu Brasileiro, de eficiência comprovada no mundo inteiro (fonte: www.pef.com.br/esportes/?e=jiu-jitsu).
Só em 1925 Geo Omori funda a primeira academia de Jiu Jitsu no Brasil – no Rio de Janeiro -, mas o esporte só se consolidou com a família Gracie.
ALGUMAS QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS:
Como explicar que o Jiu-jitsu foi introduzido – no Brasil – em 1915, pelo Conde Koma, e que a primeira academia date de 1925, criada por Geo Omori se desde 1909 já era praticada no Rio de Janeiro – e consta que “o próprio ministro da marinha mandou vir do Japão dois peritos profissionais no jogo, para instruir os nossos marinheiros”.
E que desde 1908 Nhozinho Santos implanta mais duas modalidades esportivas no FAC: o Tiro, com inscrição na Confederação Brasileira de Tiro; e o “jiu-jitsu”, com um grande número de adeptos?
Se que a 18 de abril de 1910, segunda feira, em “A Pacotilha” consta noticia de que no “Fabril Athletic Club” – FAC – estava em funcionamento um “um curso de jiu-jitsu, dirigido pelo Sr. F. Almeida contando já com muitos adeptos. Esse curso passará a funcionar, regularmente d’agora em diante, aos domingos das 8 as 10 horas do dia”?
E que também no “Onze Maranhense” – fundado nesse mesmo ano de 1910, de uma dissidência do FAC -, desenvolveu-se, dentre outras atividades esportivas, a luta livre, introduzida por Álvaro Martins?
Jiu-jitsu no Maranhão Desde 1909…
Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz em 24-08-2009, às 12h04.
Publiquei em meu Blog Sáb, 22/08/09 por leopoldovaz | http://colunas.imirante.com/leopoldovaz/2009/08/22/curiosidades-o-que-escrevem-e-o-que-e-real/#respond categoria Esporte Escolar, Informação, Literatura & Esporte, Raízes, Recordar é Viver
Para quem faz Jornalismo Esportivo é imprescindível conhecer o mínimo… como a própria história da modalidade e suas principais características. Falo de uma nota publicada já duas vezes num jornal online – sobre o Jiu-Jitsu… como curiosidade: fora introduzido no Brasil pelo Conde Koma, a partir de 1915, que o ensinou aos Gracies, do Pará… que a primeira academia fora fundada no Rio de Janeiro em 1925 por Omori… Certo! Até aí, nada de mais, pois essa é a versão oficial… O que não aceito, é que no Maranhão! Se divulgue essa versão…
Para saber mais:
A Pacotilha, São Luis, 18 de abril de 1910, segunda feira, no. 90.
ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL (org. Lamartine Pereira da Costa), em duas versões: em papel, editado pela Shape, em 2005; e a edição eletrônica, disponível em www.atlasesportebrasil.org.br
JIU-JITZU. A Pacotilha”, São Luís, segunda feira, 14 de junho de 1909.
MARTINS, Djard Ramos. MERGULHO NO TEMPO. São Luís: Sioge, 1989.
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A introdução do esporte (moderno) no Maranhão. In CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE, LAZER E DANÇA, 8º, Ponta Grossa, UEPG… Coletâneas … disponível em CD-ROOM, novembro de 2002.
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL; IHGM, 2013.
www.pef.com.br/esportes/?e=jiu-jitsu
No Blog do Leopoldo Vaz http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/
JIU-JITSU NO MARANHÃO JÁ TEM MAIS DE CEM ANOS – Por Leopoldo Vaz • domingo, 03 de abril de 2011 às 11:http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2011/04/03/jiu-jitsu-no-maranhao-ja-tem-mais-de-cem-anos/
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