CADERNOS VIVA ÁGUA 5

METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

por

Pedro Herrera (Convênio Brasil-Cuba de Natação)

tradução de Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Oswaldo Telles de Sousa Neto e Denise Martins de Araújo

São Luís - Maranhão - Janeiro de 1997


 

METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

 

PEDRO HERRERA *

 

 

1. Ordem de ensino das técnicas de nado

 

São muitos os critérios quanto à ordem lógica de ensino das quatro técnicas de nado. Alguns países europeus apresentam como primeira técnica o nado de Costas, depois o Crawl, Peito e Borboleta. O fundamento principal nesse ordenamento se baseia em que o estilo Costas permite uma rápida compreensão por parte do aluno, já que seu rosto se mantém fora da água e possibilita uma melhor respiração. Além de não apresentar moléstias em seus olhos. Ademais, há a possibilidade de o aluno observar seus próprios movimentos, sobretudo as pernas.

 

O começo com estilo Costas não é um dogma. O professor pode determinar o estilo atendendo aos graus de assimilação da criança e selecionar entre Costas e Crawl. Muitos autores têm defendido que a ordem lógica do ensino das técnicas de nado sejam organizadas atendendo ao desenvolvimento do homem em terra, já que o permite transferir essas experiências motoras ao meio aquático. Nos referimos ao engatinhar, ao caminhar, que são movimentos alternados. Posterior aos estilos Crawl e Costas, ensinados alternada e simultaneamente, recomenda-se a seguir o estilo Peito que, em comparação com o estilo Borboleta, tem menos exigências quanto ao esforço e à coordenação.

 

O estilo Borboleta, sobretudo em crianças que se iniciam na natação em idades entre 6 e 7 anos, é muito exigente em seus movimentos, particularmente com a coluna vertebral, por isso se busca fortalecer sua musculatura iniciando pelos outros estilos, possibilitando ao aluno uma aprendizagem mais eficaz e sem danos nos ossos.

 

Como se observa, o processo de ensino e aprendizagem requer uma direção pedagógica consciente por parte do educador e de seus educandos. Isso é demonstrado na relação entre consciência e atividade.

 

Tomando como exemplo a orientação do professor aos seus alunos na execução de um exercício físico, ao explicar o como e o porque do mesmo, proporcionando-lhes uma orientação mais complexa,  as crianças são capazes de realizar as atividades o melhor possível. O que significa que no processo de planejamento e em sua sistematização, para que se tornem efetivos, é necessário que existam verdadeiramente na consciência do homem.

 

A metodologia do ensino representa um papel importante e fundamental nas orientações, perspectivas e imediatas dentro do planejamento e sistematização do processo pedagógico.

 

O professor deve estar atento à execução de um novo elemento técnico, em como seus alunos assimilam essa informação,  quando está ensinando um hábito motor desportivo.

 

 

 

 

2. Imagem correta dos estilos

 

É muito importante que o professor de natação tenha em sua mente uma representação exata dos estilos de nado a ensinar. Isto permite-lhe ser mais preciso nas correções dos erros dos movimentos, assim como em garantir uma formação e estabilização refinada da coordenação motora. A imagem ideal não deve estar separada de uma boa experiência do movimento no professor. Isso garantirá uma boa organização do hábito motor.

 

Muitas vezes os defeitos técnicos nas crianças são produtos dos conhecimentos mediadores do professor quanto à atitude de cada ação motora dos elementos técnicos e isso traz consigo insuficiente efetividade e economia  do movimento.

 

 

3. Fatores que influem na aprendizagem

 

Para se levar a cabo o ensino da natação deve-se ter presente os seguintes fatores:

 

  1. temperatura da água
  2. condições higiênicas da água
  3. quantidade de crianças na piscina
  4. respiração
  5. meios de ensino.

 

1. Temperatura da água - é evidente que uma boa temperatura ambiental favorece muito a permanência das crianças na água. Por regra geral, a temperatura da água deve oscilar entre 24o./28o.C para garantir o ensino das mesmas:

 

  • temperatura inferior aos 24o.C aumenta o grau de concentração muscular, o esfriamento do corpo e diminui gradualmente a concentração, assim como a mobilidade das articulações;
  • temperatura superior aos 26o.C incrementa o esgotamento do organismo que repercute no cansaço muscular;
  • quando a temperatura do ar é maior do que a temperatura da água contribui positivamente na permanência  das crianças na água.

 

2. As condições higiênicas da água - a água deve estar limpa de todo tipo de sujeira, para evitar enfermidades, assim como as interrupções  no deslocamento do corpo na água. O excesso de cloro prejudica grandemente a vista e irrita os olhos. Tudo isso traz como conseqüência uma moléstia visual que não permite continuar na aula com o máximo de aproveitamento:

 

  • a água transparente,  com todo os produtos químicos que leva, permite uma permanência mais prazeirosa facilitando aos alunos melhor orientação e deslocamento na água.
  • o professor deve ensinar os alunos a evitar todo tipo de necessidades fisiológicos, indicando-lhes os meios higiênicos da piscina.
  • é necessário usar os chuveiros antes de entrar na piscina pois elimina as graxas do corpo, assim como sujeiras da pele, o que contribui para a manutenção da limpeza da água.
  • é importante que o professor não deixe entrar na água a criança que tenha infeções na pele, já que as mesmas prejudicam a pureza da água.

 

3. Quantidade de alunos na piscina - em muitas ocasiões, coincide em um mesmo horário vários alunos na piscina, assim como muitos alunos para um só  professor. Tudo isso traz como conseqüência pouco controle do grupo:

 

  • impossibilita a correta comunicação entre o professor e os alunos
  • diminui gradualmente sua efetividade de orientação aos exercícios
  • dificulta suas possibilidades de observar corretamente as demonstrações
  • perdem em qualidade as explicações e se dificultam as correções de erros

 

4. Respiração - a respiração deve ser a qualidade básica  que se deve trabalhar com maior atenção já que ela está presente em todos os movimentos das técnicas de nado. Muitas vezes o processo de ensino resulta ser um elemento técnico de impedimento para o desenvolvimento com êxito da técnica.

 

Devemos esclarecer  que o bom ritmo respiratório na água constitui indubitavelmente ao bom desenvolvimento técnico do movimento.

 

5. Meios de ensino: estes são de grande importância para a aprendizagem. Sem dúvida que a falta de meios nos processos de ensino, sua aplicação na prática, não significa que sem eles não se possa cumprir os objetivos propostos.

 

Quando o professor utiliza de meios visuais - exemplo: seqüências, fotos, cinema, etc..., ajuda aos alunos a compreenderem melhor o que explica, face mais amena e razoável na aula e em último lugar os alunos falam dele como um bom professor. 

 

Quando na piscina faltam todos os meios de trabalho, se desenvolve uma aula rotineira e monótona. A aprendizagem se faz mais devagar e se perde o ambiente pedagógico necessário que deve ter todo tipo de atividade educativa.

 

 

4. Os métodos de ensino na natação

 

Na natação, por ter características diferentes, ao que se refere ao meio onde aprendem os alunos, exige indubitavelmente de uma dedicação esmerada nos passos metodológicos do ensino por parte do professor e dos alunos.

 

Os métodos que o professor aplique devem de ter o máximo de efetividade para que permita aos alunos um desenvolvimento constante e racional.

 

Métodos de ensino:

1 - Demonstração

2 - Explicação

3 - Correção de erros

4 - Simulador (sensações cinestésicas)

5 - Auto observação

6 - Controles e avaliação

7 - Comparação

8 - Auto avaliação

9 - Descrição das Técnicas.

Cada um destes métodos tem diversas formas de aplicação e variante, o que depende muito das habilidades do professor em sua utilização.

 

Na prática se tem comprovado que a aplicação de um só método na execução de  um exercício determinado não contribui o suficiente para atingir os objetivos.

 

1.Demonstração: Por muitos é reconhecido que as demonstrações têm um alto significado na aprendizagem de um movimento determinado. A demonstração permite conhecer verdadeiramente as  generalidades e particularidades dos movimentos, contribuindo indissoluvelmente a familiarizar rapidamente os alunos com o trabalho. Apenas se demonstram os movimentos e eles intentam realizá-lo sem prévia orientação do professor.

 

  • As demonstrações devem ser claras em sua execução (sem erros) e lentas em seus movimentos para que os alunos possam captar corretamente.
  • Se demonstram tantas vezes quantas sejam necessárias no desenvolvimento da atividade.
  • O angulo visual permite observar melhor os exercícios e permite aos alunos uma maior informação.
  • Deve-se ter em conta a colocação dos alunos quando são agrupados, para não se perder o controle visual em sua demonstração. Isto traz indisciplina por falta de controle do professor.
  • As demonstrações devem ser em ordem com o grau de informação aos alunos: demonstrar primeiro o geral e depois o parcial,  por seus passos metodológicos.
  • Os alunos devem receber a demonstração de um só exercício e depois executá-lo. Quando se vence os objetivos, se demonstra outro.
  • O professor deve exigir antes de demonstrar que todos os alunos prestem atenção à sua demonstração.

 

2. Explicação:  Tradicionalmente, se tem apresentado por muitos autores que a explicação dos exercícios e das técnicas em geral devem ser claras, corretas e curtas. Tudo isso é correto e se  mantém na atualidade.

 

Fatores a se levar em conta:

A - A idade dos alunos

B - A experiência desportiva

C - Horários das aulas

D - Condições das áreas de trabalho

 

A) Idade dos alunos: Existem diferenças entre as idades para poder captar e assimilar corretamente as explicações. Isto está estreitamente relacionado com o nível educacional e saúde das pessoas. As crianças precisam de um linguajar amplo, pois seu vocabulário é limitado. Ao contrário do que acontece com os adultos.

 

  • Na etapa de principiantes  - 7 a 10 anos -, precisam de uma linguagem clara, correta e curta, com palavras que sejam de seu vocabulário, de maneira que facilitem uma rápida compreensão e sobre todas as coisas as coisas a comunicação com seu professor.
  • Na etapa de aperfeiçoamento - de 11 a 14 anos -, compreendem melhor ao professor, já que têm maior vocabulário e mais conhecimentos de linguagem desportiva; isto permite em parte ao professor ser mais explícito nos diferentes momentos das técnicas.
  • Na etapa de alto rendimento - jovens maiores de 15 anos -, têm um nível maior de conhecimento pelo que permite aos professores elevar o nível da explicação fundamentando-os  sobre bases científicas.

 

B) Experiência desportiva: Na mediada que os alunos tenham realizado anteriormente atividades desportivas sistemáticas, estarão melhor preparados para compreender as explicações dos professores.

 

  • Falar com pessoas de conteúdos que nunca tenham visto, ouvido e realizado, é mais difícil a compreensão que quando falamos com pessoas que já tenham esse conhecimento. Com as crianças pequenas, essa situação é diferente, já que não tiveram nenhuma relação com o desporte em questão.
  • Quando existe experiência motora de movimento novo que se aprende, se compreende melhor ao professor quando explica  e facilita o processo de ensino-aprendizagem.
  • Em caso de ter turmas com conhecimentos heterogêneo - e o professor não tem possibilidade de reajuste organizativo -, deverá dirigir as explicações aos de nenhuma experiência até que o nível de assimilação do grupo seja igual.

 

C) Horário das aulas: quando o tempo disponível para dar aulas é curto, se reduz as possibilidades das explicações para se dar uma maior participação aos exercícios.

 

No geral, o trabalho com as crianças menores é curto, e se necessita aproveitar o mais possível o tempo das aulas. A diferença de outras escolas e idades que tem maior duração, o tempo das aulas práticas não é suficiente para ser o mais explícito possível durante as aulas.

 

D) Condições das áreas de trabalho:  Na medida que  não exista barulhos externos; a quantidade de alunos em um grupo é adequada;  poucos grupos na piscina; a higiene é a melhor; não existam pessoas que interrompam; a temperatura da água é apropriada, ... então poderá existir uma comunicação correta entre o professor e os alunos. É por isso que somente fazemos referência  na medida que existam melhores condições na comunicação, a aula será melhor.

 

3. Correções de erros: No processo de ensino e aperfeiçoamento, a constante correções dos erros tem um papel fundamental, já que obriga a manutenção da técnica para não apresentar dificuldades no alto rendimento.

 

Para o estudo desta problemática devemos ter em conta os seguintes aspectos:

 

1 - Fundamentos para as correções de erros

2 - Grupos de erros

3 - Causas dos erros

4 - Métodos de correção de erros

5 - Fundamentos didáticos para correção de erros

 

  1. Fundamentos para as correções de erros: é necessário que o professor tenha uma representação das técnicas dos movimentos claras e correta. Deve ter um modelo mental das técnicas dos movimentos:
  • deve conhecer quando um movimento é correto ou falso e quais são suas causas
  • deve reconhecer os erros fundamentais e secundários em um movimento
  • o professor deve corrigir só um erro para que os alunos possam assimilar e melhorar o erro técnico
  • as correções dos erros se fazem no momento das pausas e se os erros são muito graves, se deve parar o aluno antes que continue errado. Ademais se insistiram nos erros fundamentais.

 

2. Grupos de erros: para analisar os diferentes erros devemos agrupá-los nos seguintes grupos:

A) Erros fundamentais

B) Erros secundários

 

 

 

 

3 - Causas dos erros:

a) Falsas sensações musculares

b) Falsa representação do movimento

c) Utilização dos passos metodológicos errados

d) Deficiências das capacidades físicas

e) Pouca capacidade coordenativa

f) Medo e insegurança

 

4 - Métodos de correção de erros:

a) Demonstração do erro e movimento correto

b) Prática do movimento por parte

c) Erro contrário

d) Sinais

e) Voltar atras na metodologia

f) Provas e controles

g) Observação própria

h) Aplicação dos meios auxiliares

i) Imediata e rápida informação - no movimento quando comete erro

                                                  - quando termina de nadar

 

5 - Fundamentos didáticos para correção de erros: do ponto de vista específico do movimento sempre se deverá ter em conta os seguintes aspectos didáticos:

a) corrigir primeiro o erro fundamental e depois o secundário

b) conhecer as causas dos erros antes de corrigi-los

c) corrigir somente um erro

 

 

4. Simulador (sensações cinestésicas em terra)

 

Na  analise cinestésica,  deve-se aproveitar de exercícios especiais em terra durante a aprendizagem das técnicas de nado. O professor deverá, desde o começo do ensino, utilizar diferentes exercícios que permita aos nadadores aumentar as sensações musculares e diferenciar seus movimentos, de maneira que isto contribua, junto com os demais métodos de ensino, para melhorar a orientação das ações motoras em terra e água.

 

Counsilman apresentou o seguinte:

 

“ ...  desejaria expor que eu acredito que um treinador não deve esperar que o controle total do movimento surja do cuidadoso e atento controle dos movimentos pela certeza, senão das sensações que vêem dos músculos e de outras fontes que podem ajudar a determinar o movimento adequado ...” (1974, p. 208).

 

 

Exercícios que se recomendam:

 

 

Técnica de Livre

Exercícios

Indicações metodológicas

  • ajudado pelo companheiro, realizar movimentos de braço com pressão da mão
  • ajudado pelo companheiro, realizar movimento de pernas com pressão,  deitado sobre o bloco de saída
  • O companheiro se coloca lateral onde se realiza o movimento
  • Companheiro segura pelo dorso do pé

 

 

Técnica de Costas

Exercícios

Indicações metodológicas

  • ajudado pelo companheiro, realizar movimentos de braço com pressão da mão
  • ajudado pelo companheiro, realizar movimentos de pernas com pressão, sentado sobre o bloco de saída
  • O companheiro se coloca lateral onde se realiza o movimento
  • Companheiro segura pelo dorso do pé

 

 

 

Técnica de Borboleta

Exercícios

Indicações metodológicas

  • ajudado pelo companheiro, realizar movimentos de braço com pressão da mão
  • ajudado pelo companheiro, realizar movimento das pernas com pressão, deitado no bloco
  • De frente ao companheiro, observando a trajetória do movimento
  • Companheiro segura pelo dorso do pé

 

Técnica de Peito

Exercícios

Indicações metodológicas

  • ajudado pelo companheiro, realizar movimentos de braço com pressão da mão, deitado e parado
  • ajudado pelo companheiro, realizar movimento dos braços, com pressão da mão, sentado 
  • movimento das pernas (empurre) com pressão, deitado sobre o bloco
  • De frente ao companheiro, observando a trajetória do movimento
  • observando a trajetória do movimento

 

  • De frente ao companheiro, observando a trajetória do movimento

 

este método tem grande utilidade na transmissão dos exercícios em terra e água. A amplitude dos mesmos (junto com os demais métodos de ensino) terá sua importância na medida em que os nadadores consigam atingir o aperfeiçoamento das técnicas do movimento na água.

 

5 - Auto observação

 

Este método permite a observação própria do movimento. O nadador pode olhar os elementos técnicos dos movimentos que ele realiza, sem ser alterados. Exemplo: movimento de braço em livre, pernas de costas, braços de peito, borboleta e costas nos exercícios especiais em terra.

 

Quando o nadador realizam uma observação própria pode executar os movimentos com maior exatidão assim como precisar seus erros e determinar se o que faz está de acordo com o que se exige e diferenciar cada ação motora.

 

Utilizar espelho para observar o que faz pode contribuir para melhorar as técnicas do movimentos.

 

 

6 - Controles e avaliação

 

  • Controlar permite conhecer que e como se realizam as técnicas dos movimentos que nossos alunos aprendem.
  • Avaliar nos dá o nível de assimilação atingido nas técnicas dos movimentos que se aprendem.

 

Quando o professor controla e avalia se informa rapidamente dos saltos qualitativos nos processos de aprendizagem de seus alunos e brinda a eles um estímulo que os motive a esforçar-se mais. Exemplo: alguns professores de experiências formam três grupos com suas turmas (A, B, C, ou outros nomes de animais ou cores) na medida em que avalia seus alunos os passa de grupo; isto os motiva grandemente e por outro lado possibilita ao professor conhecer se o grupo dos melhores aumenta em qualidade e quantidade.

 

7 - Comparação

 

Quando temos em nossa frente uma pessoa (professor ou monitor) que realiza as técnicas corretas, nos dá a possibilidade de guiar-nos em suas ações para imitá-los o melhor possível; isso pode ser nos exercícios especiais em terra onde se realizam os movimentos e podem ser percebidos com toda clareza.

 

Os alunos se guiam por seu professor e notará onde estão os erros. O professor deve repetir os movimentos até que seus alunos melhorem suas ações motoras.

 

8 - Auto avaliação

 

É necessário que no processo de aprendizagem os alunos avaliem seus resultados e determinem suas próprias qualificações; desse jeito aprendem a tomar mais consciência, a ser mais honestos em seus próprios esforços.

 

O professor pode pedir a seus alunos que avaliem o que eles fazem, explicando os erros cometidos e o que realiza corretamente, com uma qualificação ao final. Isso deve ser repetido periodicamente na medida em se vão aperfeiçoando as técnicas do movimento.

 

9 - Descrição das Técnicas.

 

S o professor que conhecer se seus alunos têm assimilado as técnicas dos movimentos que aprendem, deve dar-lhes as possibilidades que descrevem os movimentos em todas as suas fases técnicas.

 

Se o aluno é capaz de descrevê-lo, então podemos falar que tenham introjetado os movimentos, portanto o nível de compreensão por parte dele é maior.

 

Deve-se levar em conta que na medida que os alunos venham tendo mais práticas se deve exigir uma descrição mais refinada das técnicas.

 

 

5. Passos metódicos na formação técnica

 

- Aprender: ubiquação dos objetivos, análise, planificação dos processos de ensino-aprendizagem

  • conhecimento dos objetivos; criação das motivações da aprendizagem

     - demonstração

     - explicação

  • criação de condições { capacidades condicionais

                                      { capacidades coordenativas

 

- Aperfeiçoar: precisão das representações dos movimentos

     - demonstração

     - observação

     - conversação

 

Contínuas medidas pela precisão das representações dos movimentos

 

Exercitar (passos metodológicos)

    - exercícios em condições fáceis

    - executar exercícios em condições normais

 

Contínuo melhoramento das capacidades condicionais e coordenativas.

 

- Estabilizar: contínuas medidas na precisão das representações dos movimentos.

   - exercitar exercícios em condições difíceis e variáveis

   - exercitar e aplicar sob condições de competição

   - contínuo melhoramento das capacidades condicionais e coordenativas

   - contínuo melhoramento, particularmente das capacidades condicionais

 

 

6. Reaprendizagem

 

As necessidades aparecem quando:

 

  • se conhece uma nova e efetiva variante técnica
  • não é possível o desenvolvimento dos rendimentos com as técnicas aprendidas
  • existem vários erros nos hábitos motores

 

Reaprendizagem exige uma alta transformação dos exercícios, uma direção individual através do professor, assim como um trabalho consciente dos alunos e às vezes tudo isto não conduz aos êxitos desejados.

 

É melhor evitar esta situação e isto é possível quando se formam as técnicas corretas no desenvolvimento básico.

 

 

Fases metodológicas de reaprendizagem

 

Primeira fase: domina ainda a técnica velha

  • a técnica nova é imperfeita
  • se pode realizar o movimento somente sob fortes concentrações e poucas repetições em tempo curto

 

Segunda fase: a nova técnica é ainda fortemente estorvada e foi desenvolvida pouco

  • se produzem repentinos fenômenos  de interferência (transferencia negativa)

 

Terceira fase: se eleva a precisão da nova variante técnica

  • é ainda instável nas cargas, em condições difíceis
  • se produz interferências em competições

 

Quarta fase: se estabiliza a nova variante técnica

 

  • transcurso das fases de reaprendizagem é um processo longo e deve ajustar-se ao macrociclo de treinamento.
  •  não se deve participar de competições até atingir a nova variante técnica, não está estabilizado.

 

 

7. Passos metodológicos das diferentes técnicas de nado, saídas e viradas

 

Os seguintes exercícios que se apresentam a seguir é o resultado de uma concepção teórica da metodologia e das experiências práticas dos professores. Isto não significa  em nenhum momento um dogma de trabalho para professores de natação.

 

A aplicação dos exercícios. Na metodologia do ensino  depende muito das condições objetivas do grupo e das instalações e podem constituir uma melhor orientação de trabalho aos professores.


 

7.1. Metodologia do ensino da técnica de costas, saída e virada

 

Terra:

Movimento de pernas

1. movimento de pernas sentado no chão com apoio dos antebraços

2. movimento de pernas sentado em um banco ou bloco de saída com apoio das mãos

3. movimento de pernas deitado no banco com o corpo estendido e braço estendido

 

Movimento de braços

1. parado, num mesmo lugar, fazer o movimento de um braço com o outro esticado em cima (trocando braços)

2. parado, num mesmo lugar, fazer o movimento com dois braços, alternando o movimento

3. deitado em um banco, realizar o movimento com um braço e depois o outro

Água:

Movimento de pernas

1. sentado na borda da piscina, com o apoio das mãos, fazer movimento das pernas

2. segurando com as mãos na borda , fazer movimento de pernas com flexão dos braços

3. idem ao anterior, com braços esticados

4. segurando com as maõs na borda, fazer movimentos de pernas de costas no mesmo e com deslocamento

5. em duplas, no mesmo lugar, fazer movimento de pernas

6. idem ao anterior, com deslocamentos

7. com pranchas sob a cabeça, fazer movimento de pernas de costas

8. com pranchas e braços esticados, fazer movimento de pernas de costas

com os braços esticados detrás da cabeça, fazer movimento de pernas de costas

 

Movimento de braços

1. segurando com uma das mãos na borda, parado,  fazer o movimento de braços de costas, com um flutuador nas pernas (trocando os braços)

2. em dupla, fazer o movimento de braços de costas (no mesmo lugar)

3. idem, com deslocamento

4. movimento de braços, com um flutuador nas pernas

5. movimento de braços, com as pernas esticadas

 

Coordenação

1. sair em flecha, movimento de pernas de costas com braços esticados atras da cabeça. Fazer movimento de um braço primeiro, depois com o outro

2. sair em flecha, movimentos de pernas de costas com braços esticados, fazer movimento  de braço de costas

 

Saída de costas

1. saída de costas com ajuda de um companheiro que segure pelas costas e o eleve

2. fazer saltos por cima das raias com hiperextensão do tronco

3. fazer saídas e manter o deslizamento do corpo na água completamente esticado (6 metros)

4. fazer saída, deslizar e depois incorporar os movimentos de pernas e braços (12 metros)

 

Virada simples de costas

1. parados de costas para a parede, tocar com uma mão e fazer o giro, deitar na água com os braços esticados detrás da cabeça, fazer flecha

2. andando de costas, com movimentos de braços, aproximar-se da parede, tocar com uma mão, fazer o giro e sair em flecha

3. deslocar-se de costas na parede desde um metro. Tocar com uma mão, fazer o giro e sair em flecha

4. deslocar-se nadando técnica de costas em ma distância de cinco metros da parede, tocar com uma mão, fazer o giro e sair em flecha e incorporar movimento de pernas e braços 10 metros

 


 

7.2. Metodologia do ensino da técnica de livre, saída e viradas

 

Terra:

Movimento de pernas

1. deitado de frente para o chão, fazer movimentos das pernas com braços esticados

2. idem ao anterior, deitado em um banco

3. idem ao anterior, deitado em um bloco

 

Movimento de braços

1. parado no mesmo lugar, fazer movimentos de um braço e  outro com os joelhos (trocando braços)

2. parado no mesmo lugar, flexão do tronco e braço esticado para frente, fazer movimento de um braço primeiro e depois do outro

3. parados no mesmo lugar, fazer movimentos de braços de livre

Água:

Movimento de pernas

1. segurando com uma das mãos na borda e a outra dentro da água, fazer movimento de pernas, depois com os braços paralelos e esticados

2. com ajuda do companheiro, fazer movimentos de pernas no mesmo lugar

3. idem ao anterior, com deslocamento

4. fazer movimento de pernas de livre com prancha

5. idem ao anterior, com braços esticados para a frente

 

Movimento de braços

1. deitado na borda da piscina com um braço esticado na frente e o outro fazendo o movimento (trocando de braço)

2. de frente para a borda, fazer movimento de um braço e depois o outro (mantendo um braço esticado na frente em espera do outro)

3. idem ao anterior, andando

4. andando, fazer movimento de braços de livre

5. em dupla, no mesmo lugar, fazer o movimento de braço de livre

6. idem ao anterior, andando

7. fazer movimento de braço de livre com flutuador entre as pernas

8. idem ao anterior, com pernas esticadas

 

Coordenação

1. fazer flecha desde a borda, incorporar movimentos de pernas e depois movimento de braços (mantendo um braço na frente em  espera do outro

2. idem ao anterior, nadando técnica de livre

 

Saída de livre

1. sentado em um banco, pé na borda, braços esticados na frente, cabeça entre os braços, fazer a saída

2. posição de pernas flexionadas, pé na borda, braços esticados na frente, cabeça entre os braços, fazer a saída

3. idem ao anterior, com pouca flexão das pernas

4. em posição de saída, fazer o movimento completo

5. idem ao anterior, (desde o bloco)

6. fazer a saída desde o bloco e incorporar movimentos de pernas e braços - 12 metros

 

Virada simples de livre

1.parado de frente à parede, tocar com uma mão e fazer meio giro, levar os braços na frente, deitar na água e empurrar na parede com os pés

2. caminhando de frente com movimento de braços, aproximar-se da parede, tocar com uma das mãos, fazer o giro e sair em flecha

3. em duplas (nadar 5 metros, giro e deslocar-se 10 metros

4. idem ao anterior, sem ajuda

5. fazer viradas pelos dois  laterais (direito e esquerdo)

 

 

 

 

 

7.3. Metodologia do ensino da técnica peito, saída e viradas

 

Terra:

Movimento de pernas

1. deitado sobre um banco, fazer movimento de pernas de peito, em 3 momentos com ajuda de um companheiro fazendo pressão em suas pernas no momento de chutar

2. idem ao anterior, sem ajuda do companheiro

 

Movimento de braços

1. parado, fazer movimento de braço de peito

2. deitado sobre um banco, fazer movimento de braço de peito

3. deitado na borda da piscina, fazer movimento de braço de peito (atingir que os cotovelos não passem dos ombros para traz

 

Coordenação

1. deitado sobre um banco pequeno ou sobre o bloco de saída, fazer a coordenação da técnica de peito (atingir ao mesmo tempo que estique braços e pernas

Água:

Movimento de pernas

1. parado, de frente para a parede, segurando a borda com a mão, fazer movimento de pernas  de peito

2. deitado,  flutuando com uma mão na borda, fazer movimento de pernas de peito

3. em duplas, um faz movimento de pernas de peito, segurando na mão do outro (sem deslocamento)

4. idem ao anterior, com deslocamento

5. movimento de pernas de peito com prancha

6. movimento de perna de peito com braços esticados para frente

 

Movimento de braços

1. parado no mesmo lugar, fazer movimento de braço de peito

2. idem ao anterior, andando

3. em duplas, um segurando as pernas e o outro faz o movimento de braço de peito (no mesmo lugar)

4. idem ao anterior, com deslocamento

5. colocar flutuadores nas pernas, um macarrão embaixo do peito e axilas e fazer movimento de braço de peito

6. fazer movimento de braço de peito com pernas esticadas

 

Coordenação

1. em duplas, com um apoio no abdome, fazer movimento de peito no mesmo lugar

2. idem ao anterior, com deslocamento

3. sair de flecha e fazer a coordenação de peito

 

Saída de peito

1. idem em metodologia de livre, com a diferença que se introduz um pouco mais fundo e se faz uma braçada ampla, esticando o braço no final, depois um movimento de perna para levar os braços para a frente e sair a superfície (Filipina)

 

Virada

1. parado de frente para a parede, bater duas mãos na parede ao mesmo tempo e depois fazer um giro de 180o. sobre o eixo vertical, braços a frente esticados, submergir e empurrar a parede com os pés

2. idem ao anterior, andando para chegar à parede

3. ide ao anterior, com deslocamento antes da chegada à parede

4. deslocar-se 5 metros, fazer a virada e depois sair com movimento de Filipina, incorporando técnica de peito

 

 

 

 

 

 

 

7.4. Metodologia do ensino da técnica de borboleta, saída e viradas

 

Terra:

Movimento de pernas

1. deitado em um banco pequeno, fazer movimento  simultâneo das pernas

2. deitado lateral no chão, fazer pernas de golfinho

 

Movimento de braços

1. parado no mesmo lugar, fazer os movimentos de braços de borboleta

 

Coordenação

1. parado, fazer movimento de braço de borboleta e movimento de uma perna e depois da outra

2. deitado sobre um bloco, fazer movimento de braço e perna de borboleta

 

Água:

Movimento de pernas

1. fazer movimento ondulatório de cabeça, quadril e pernas segurando com as mãos na borda

2. em duplas, fazer movimento ondulatório (golfinho) no mesmo lugar

3. idem ao anterior, com deslocamento

4. fazer movimento ondulatório (golfinho) com prancha

5. idem ao anterior, sem prancha com braços esticados para frente

 

Movimento de braços

1. parado no mesmo lugar, fazer movimento de braços

2. idem ao anterior, andando

3. em duplas, um faz movimento de braço e o outro segura pelas pernas (no mesmo lugar)

4. idem ao anterior, com deslocamento

5. fazer movimento de braço de borboleta com um flutuador entre as pernas (ondulando o quadril)

6. fazer movimento de braço de borboleta com pernas esticadas

 

Coordenação

1. em duplas, com um apoio no abdome, fazer movimento de borboleta no mesmo lugar

2. idem ao anterior, com deslocamento

3. sair em flecha, perna de golfinho e depois coordenar braço e respiração

 

Saída

se utiliza a mesma metodologia de livre e peito com a diferença que a entrada na água é mais funda que livre e se faz movimento simultâneo de perna

 

Virada

se utiliza a mesma metodologia da técnica de peito, saída da parede em movimento de golfinho

 

NOTA:

todo professor tem que prestar atenção quando os alunos fazem o movimento de golfinho, que ondulem cabeça, quadril e pernas, como na técnica de borboleta depois de respirar tem que mergulhar a cabeça para que o quadril ondule raso na água e deste jeito diminuir a resistência da água.

 


 

8. Educativos das técnicas de nado

 

Técnica de costas

1. Costas especial

1. braços esticados atras da cabeça, fazer seis movimentos de pernas e um de braço

2. idem ao anterior, com dois movimentos de braço

2. Costas com tempo

um braço atras da cabeça e o outro lateral, fazer seis movimentos de pernas e um com os dois braços

3. Simultâneo de costas

braços esticados atras da cabeça, fazer seis movimentos de pernas e um simultâneo de braços

4. Costas com giro

a cada quatro ciclos de braço fazer um giro de costas; as pernas trabalham em movimentos constantes

5. Costas combinado

1. dois movimentos alternados e dois simultâneos de braço com seis movimentos de pernas para cada ciclo de braço

2. braço direito atras da cabeça e o outro lateral ao corpo; a cada seis movimentos de perna o braço direito faz um ciclo completo e  o outro se tira da água e se leva para a frente, rosto voltado para o céu  (mudando de braço a cada dois movimentos)

3. braços esticados para a frente, rosto voltado para o céu, fazer seis movimentos de pernas e um movimento de braço (manter ombro e rosto fora da água

4. idem ao anterior, com dois movimentos de um braço e depois do outro

5. simultâneo de braço de costas e pernas de golfinho

 

 

___________________________

tradução:

Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Professor de Educação Física do CEFET-MA);

Oswaldo Telles de Sousa Neto (Professor de Educação Física do CEFET-MA; Diretor Técnica da Escola de Natação Viva Água)

Denise Martins de Araújo (Diretora Pedagógica da Escola de Natação Viva Água)

 

 

Comentários

Nenhum comentário realizado até o momento

Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.