Analisar a obesidade, principalmente a abdominal, como um fator apenas estético é de uma superficialidade muito grande, pois a obesidade está associada ao aumento do risco do desenvolvimento de aterosclerose, rigidez arterial, redução da função vascular e aumento da pressão arterial central (pressão na artéria aorta), levando ao risco de doenças cardiovasculares.
A função vascular é a capacidade das células endoteliais e do músculo liso liberar e responder às moléculas responsáveis pela vasodilatação e vasoconstrição. Contudo, na obesidade a resposta de vasodilatação endotelial pode estar comprometida e diminuída.
Sendo assim, se o treinamento resistido, independente da perda de peso, reduzir a pressão arterial sistólica, diastólica e central (na aorta), estaremos diante de uma intervenção eficiente para o tratamento da obesidade.
Croymans et al (2014) randomizaram (dividiram aleatoriamente) 36 indivíduos com sobrepeso/obesidade ao grupo do treinamento resistido (3x por semana durante 12 semanas) ou grupo controle (sem treinamento).
Durante a fase 1 (semanas 1-2) os indivíduos realizaram 12-15RM, na fase 2 (semanas 3-7) realizaram 8-12RM e na fase 3 (semanas 8-12) fizeram 6-8RM.
Os resultados mostraram que o treinamento resistido de alta intensidade reduziu a pressão arterial central (artéria aorta) e pressão arterial sistólica e diastólica braquial, mesmo sem promover perda de peso. Também houve aumento do fator de crescimento do endotélio vascular, que está ligado à angiogenese.
A angiogense é uma importante adaptação fisiológica que leva a diminuição da resistência vascular periférica e consequentemente diminuição da pressão arterial e tratamento da hipertensão arterial.
Os resultados do estudo ainda verificou aumento da força, massa muscular, redução do percentual de gordura e da frequência cardíaca de repouso.
Todas essas adaptações fisiológicas advindas do treinamento resistido de alta intensidade foram conquistadas de forma segura e eficiente, além de estarem associadas à redução do risco de doenças cardiovasculares e metabólicas.
Referência:
Croymans DM et al. Effects of resistance training on central blood pressure in obese young men. J Hum Hypertens. 2014 Mar;28(3):157-64.
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