Nossa gente 11 – todos no mesmo pódio
Rosclin
Morávamos ainda em Fortaleza quando vimos o Ferroviário e o América daquele estado virem ao Maranhão para contratar, quase ao mesmo tempo, mais de um time de futebol. O futebol cearense estava, por assim dizer, na entressafra, e precisava recompor suas equipes para as disputas do campeonato estadual – Ceará e Fortaleza sempre mantiveram a hegemonia.
Mas, o Ferroviário, considerado o terceiro time na preferência local tivera aprovado o milagre da consignação (do desconto em folha da mensalidade dos associados) e praticamente conquistou a preferência da maioria dos funcionários da então RVC (Rede Viação Cearense), empresa que operava a linha férrea. Foi uma espécie de auge financeiro, e isso deu direito aos dirigentes de investirem na formação de um bom elenco.
Vieram a São Luís e daqui levaram Omena, Vadinho, Roberto (pernambucano irmão do também pernambucano Rinaldo que chegaria ao Palmeiras e ao selecionado brasileiro), Peu e outros, que falhas da memória não permitem lembrar, enquanto o Fortaleza, em anos anteriores levara Croinha, Alencar, Coelho, Dario.
E, aí, também num bom estágio financeiro reforçado pelos empresários Wolney Braune, José Lino da Silveira Filho, Lívio Correa Amaro e Hagamenon da Frota Leitão, o América “carregou” Ribeiro, Fernando Carlos e Wilson. A disputa do campeonato cearense tomou outro rumo e atingiu alta qualidade técnica.
Pois, foi isso que suscitou e tangeu apressadamente uma renovação do futebol maranhense, projetando e levando ao alto, jogadores como Djalma Campos, Carlos Alberto, João Bala, Fifi, Wandermilson, Joãozinho Néri e, mais tarde, Joaquim e tantos outros. E, entre esses, mais tarde, Rosclin e Ivanildo.
E é essa lenda, esse mito de líder e de homem, ROSCLIN JOSÉ RIBEIRO SERRA, que dignifica e enriquece essa nossa série especial “Nossa gente – todos no mesmo pódio” neste sábado, 4 de junho de 2016.
Rosclin foi zagueiro no futebol e como tal atingiu a consagração. Falar somente no zagueiro certamente não significaria muito para outras tantas pessoas. Mas, se somarmos ao zagueiro viril (mas extremamente honesto e ético com os companheiros de profissão), o homem reto e dedicado que se fez líder de dentro para fora do campo atingindo o prestígio e o respeito até dos adversários momentâneos, estaremos apenas praticando uma elevação e uma opinião justas.
Rosclin (ou “Enciclopédia Maranhense” – como fazia questão que este escriba o identificasse) nasceu em São Luís no dia 1 de março de 1954. Deu os primeiros chutes na bola, como muitos, ali nas cercanias do antigo campo do Luso ou no asfalto e paralelepípedos do Caminho da Boiada e depois vestiu a camisa do Água Negra, time do futebol amador de Zé Aroso. Teve início marcante no Vitória do Mar, em seguida no Maranhão Atlético Clube e depois no seu (dele) Sampaio Corrêa, atuando como primeiro volante. Foram a raça e luta em campo em busca da vitória que o levaram a ser contratado pelo futebol sergipano, onde atuou algumas temporadas.
Voltou ao habitat natural, Sampaio Corrêa, e já assumiu a posição de zagueiro, líder e capitão do time dentro (e fora) do campo. Resolveu encerrar a carreira de profissional em 1990.
“A garra e a dedicação de Rosclin fizeram dele um líder nato e, por anos seguidos, o capitão do Sampaio Corrêa. No início da década de 90, Rosclin encerrou a carreira de jogador e, muito querido pelos dirigentes e torcedores do Tricolor, aceitou assumir o comando do time como Treinador em pelo menos duas oportunidades. Realizou pelo Sampaio Corrêa 48 jogos interestaduais. Desses, 47 foram por campeonatos brasileiros, com 8 vitórias, 16 empates e 23 derrotas. Jogou em apenas uma oportunidade na Copa do Brasil, com 1 vitória. O último jogo do Campeonato Brasileiro que Rosclin realizou vestindo a camisa tricolor, foi no dia 19 de julho de 1989, quando o Sampaio Corrêa derrotou o Corinthians Paulista por 3 a 2 em jogo realizado no Castelão.
Depois de pendurar as chuteiras, o ex-zagueiro, que no Vitória do Mar começou como volante, decidiu dedicar-se à função de treinador. Em 1994, comandou o Maranhão na gestão do Presidente França Dias, mas esteve também no Sampaio, Imperatriz e ultimamente no Moto, onde, além de desempenhar em algumas oportunidades o cargo de técnico, fora antes auxiliar de Ruy Scarpino.
Vítima de um infarto, morreu em 1999, aos 45 anos. Conhecido pela atuação como atleta profissional, o ex-capitão do Sampaio estava apitando um treino do Moto, no campo do Moropóia, em São José de Ribamar, quando sentiu-se mal, falecendo em seguida no local.”
O respeito e admiração que Rosclin José Ribeiro Serra construiu e fez por merecer, principalmente como homem, abriu portas para o profissional nos três principais clubes do futebol maranhense, inclusive no arquirrival do Sampaio Corrêa, Moto Club, onde a morte o encontrou em plena atividade.
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