Wlamir Marques
O BASQUETE E AS SUAS DIFICULDADES
Jogar basquete é como tocar um instrumento musical de difícil execução.
Qualquer pessoa pode entrar em uma quadra e tentar jogar basquete. Logo percebe que não saber jogar é um tormento. No basquete não há lugar para o penetra. Quem sabe jogar joga, quem não sabe sofre, ninguém engana. Mas vale a tentativa, é um aprendizado de vida.
Brinco dizendo que o basquete é uma modalidade esportiva cujo objetivo principal é marcar pontos, onde os arremessos são feitos com uma bola grande na direção de um espaço pequeno. O pior é que do outro lado tem 5 indivíduos mal encarados, não querendo que isso aconteça.
Já repararam que nas modalidades objetivando gols, a bola é sempre muito menor em relação ao alvo ? Falo do futsal, futebol e handebol. Todos estes possuem alvos muito maiores que a bola, no basquete não.
Afirmar que as dificuldades são maiores por causa do tamanho da bola não é verdade. Ainda mais tratando-se do futebol, quando um chute a gol não possui a mesma precisão de um arremesso à cesta.
Conhecemos as dificuldades do esporte. Não é tão fácil criar conceitos para mais ou para menos se transferirmos essas dificuldades para o alto nível. Não é por aí o meu raciocínio. Mas posso afirmar que o domínio completo dos fundamentos do basquete levam anos e anos para serem apreendidos. Notamos que para uma grande maioria de jogadores, esses fundamentos não se completaram.
O basquete possui 3 fundamentos básicos que mais se destacam : o drible, o passe e o arremesso. Sem o domínio completo desses fundamentos, não há como jogar corretamente. Lembro filosoficamente que o basquete não é uma modalidade esportiva cujo vencedor é o que acerta mais, mas o que erra menos.
Observem atentamente que alguns jogadores erram muito. Erram o que ? Nas devidas proporções, os dribles ficam em uma escala secundária de erros. É o fundamento de mais fácil execução e assimilação. Os passes estão cada vez mais carregados de erros ao enfrentarem defesas fortes e truculentas. Esses erros já foram menores.
O arremesso é o fundamento mais complexo do jogo. Arremessar bem é o calcanhar de Aquiles do jogador de basquete. É o fundamento com maior numero de erros. Muitas vezes com erros previstos e outros mal calculados.
O arremesso é uma busca pessoal. Na pedagogia podemos mostrar aos jovens um modelo único de arremesso. Ao final cada um tem o seu. São características natas do ser humano.
Digo que o arremesso é um complicado caso de amor. Cheio de dengos e desejos, mas sempre traindo. Quantas vezes ele engana, quantas vezes ele abençoa. O arremesso é um eterno namoro do homem com a bola. Como na vida, sempre muito difícil.
Abraços. Prof. Wlamir Marques
Comentários
Por
Roberto Affonso Pimentel
em 20 de Março de 2017 às 15:46.
Olá Leopoldo,
É bem oportuna a postagem acima. Levanto o assunto para que os novos professores tomem conhecimento de modelos já usados no ensino não só esportivo, como para docentes de outras disciplinas e mesmo para adultos em seus cursos universitários e até MBA. Tem como base os avanços da NEUROCIÊNCIA a partir do final do século passado, e pasmem, permanecem desconhecidos para a grande maioria de professores e pesquisadores.
O artigo acima sucitou-me retornar ao assunto, tratado em 2015 aqui mesmo neste CEV.
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Toda e qualquer análise que envolva aspectos de Formação esportiva deve estar alicerçado e ter alguma base teórica. Não basta a prática, ou um pretenso “saber”.
Creio que é o caso do presente artigo assinado pelo professor Wlamir, um dos melhores jogadores brasileiros de sua época (final dos anos 1950 e início dos 60’s). Atrevo-me a fazer alguns reparos, pois à época, os professores e treinadores ainda não conheciam a novel neurociência e suas descobertas.
O Segredo de John Wooden - (com base no livro O código do talento, do jormalista americano Daniel Coyle)
Estamos nos anos 1970, na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA).
John Wooden era o treinador principal do time de basquete, também conhecido como o “mago de Westwood” e reconhecido como o maior técnico esportivo de todos os tempos. Em sua autobiografia escreveu:
“Não se deve esperar dos jogadores que melhorem muito em pouco tempo, mas sim que tentem melhorar um pouco a cada dia.. É só assim que a melhora acontece e, quando acontece, é duradoura”.
Ensinava jogadas específicas em blocos – “método do todo e da parte” – ensinava uma jogada inteira, depois a decompunha para examinar suas ações básicas.
Formulou leis da aprendizagem (que poderiam ser rebatizadas leis da mielina): explicação, demonstração, imitação, correção e repetição.
Seu êxito se devia à fórmula de treinos bem planejados, concentrados nos erros e repletos de informação que sua índole o levou a criar. Seu segredo foi revelado: “quanto mais profundamente alguém treina, melhor fica”.
R. Pimentel: o termo profundamente tem como significado repetir os exercícios CORRETAMENTE, ou o mais próximo disso.
Seus seguidores começaram a aplicar o que tinham aprendido, enfatizando o planejamento das aulas e a informação nelas transmitidas, que pode ser explicitadas na fórmula: sequências de demonstração CERTO-ERRADO-CERTO.
E mais impressionante, seus estudiosos adotaram enfoques baseados em características culturais. Reformularam seu trabalho educacional na escola, deram-lhe nova orientação. As notas dos alunos nos testes de leitura aumentaram, a capacidade de compreensão melhorou, e a escola ultrapassou médias nacionais nas notas tiradas em testes padronizados.
Embora fosse brilhante, Wooden não estava trabalhando em circunstâncias comuns. Os jogadores que treinou já chegavam à UCLA exibindo um alto grau de habilidade e de motivação, Além disso, ele dispunha de vastos recursos e contava com total apoio.
-- E no caso de treinadores que vivem uma realidade distante da ideal?
-- Que tipo de trabalho funciona melhor em situações nas quais os alunos estão começando do zero, nas quais não foram selecionados por nenhuma aptidão particular, nas quais os circuitos neurais específicos ainda não existem?
-- Ou para formular a pergunta em termos que nos tocam mais de perto, o que produz um bom professor de piano?
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Sobre esse assunto já estivemos nos pronunciando. Relembro as postagens referentes ao assunto publicadas neste CEV em 2015:
“Categorias de Base... o Futuro Começa Aqui.. Será? Tácito Pinto Filho”
Por Laercio Elias Pereira - em 18-11-2015, às 10h48.
1 comentário
Cevnautas do Basquete,
Segue mais uma nota do Blog Viva o Basquetebol, do primeiro administrador da cevbasq Dante de Rose Jr http://cev.org.br/qq/dante/. Desta feita um artigo do Prof. Tácito Pinto Filho. Precisamos estabelecer uma sintonia fina entre a Comunidade Basquete e os blogs que trabalham com estudos e pesquisas na modalidade. Lembrando que a biblioteca aqui da comunidade "puxa" os artigos, teses e livros de basquete do acervo de 47.505 obras cadastradas (em 18/11/2015).
Alguém tem mais sugestões pra biblioteca de Basquete? Laércio
CATEGORIAS DE BASE…O FUTURO COMEÇA AQUI…SERÁ?
Amigos do Basquetebol Neste post trago a colaboração do Prof. Tácito Pinto Filho, um dos mais conceituados técnicos de basquetebol do Brasil, com 37 anos de experiência, muitos dos quais destinados ao trabalho de formação. “Companheiros/as do Basquetebol (Treinadores/as, Pais, Dirigentes) minha intenção é colocar minhas opiniões sem pretender ser o dono da verdade. Final de mais uma temporada e acompanhei muitos jogos das categorias sub 12, sub 13 e sub 14 e cheguei a triste conclusão que o maior problema em nosso trabalho de formação tão importante somos nós Treinadores, que na maioria das vezes temos um discurso e uma outra atitude... Continue lendo: https://vivaobasquetebol.wordpress.com/2015/11/18/categorias-de-base-o-futuro-comeca-aqui-sera/
Comentários
Por Roberto Affonso Pimentel
em 18-11-2015, às 13h02.
Laércio, Tentei entrar no "vivaobasquetebol" e não consegui.
Tenho sugestões bem modernas para todos que se ocupam (ou vão se ocupar - do trabalho de Formação, a partir de crianças. E, mais precisamente, nas Escolas.
Linhas acima lemos uma "manifesto e confissão corajosa de um experiente professor e técnico: "[...] Cheguei à conclusão que o maior problema em nosso trabalho de formação tão importante SOMOS NÓS TREINADORES, que na maioria das vezes temos um discurso e uma outra atitude...[...]
Ora, isto não é de agora, e os mais velhos sabem disso. Muitos técnicos, inclusive de basquetebol , quando servindo à seleção do país, reclamavam: Como é possível, no nível de uma seleção, atletas não têm uma formação mínima em vários fundamentos? Não temos tempo para ensinar! Todavia, temos certeza que a coisa continua, e em muitos esportes, pois a filosofia da Formação jamais foi estudada no Brasil. O que se fazia, e ainda fazem, é simplesmente entregar jovens e crianças sob a tutela de pessoas sem a mais mínima competência e estudos em Metodologia, Pedagogia, Didática e, agora, em outras ciências fundamentais quando se trata de "Aprender a Ensinar". “[...]
(SEGUEM-SE VÁRIAS ANÁLISES)
[...] Em resumo - Instituições ou empresas que desejam se manter inovando não devem focar em perseguir o esfumaçado termo inovação, mas sim buscar relevância pela criação de uma cultura de empatia, cocriação e constante experimentação. Aqui o design é a resposta. Vejam o que nos ilustra e instrui Tim Brown, CEO da IDEO, a maior e mais respeitada consultoria de design e inovação do mundo.
Ofereço meus préstimos a quem queira compartilhar e dialogar. Aguardo-os fraternalmente!
Roberto A. Pimentel - www.procrie.com.br/
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