http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/12/26/o-colegio-maximo-do-maranhao-por-leopoldo-gil-dulcio-vaz-do-ihgm-all/
O COLÉGIO MÁXIMO DO MARANHÃO, por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – do IHGM, ALL Tweet 2 0comentárioO COLÉGIO MÁXIMO DO MARANHÃO
Leopoldo Gil Dulcio Vaz
A presença de ordens religiosas na colônia prendia-se, teoricamente, aos interesses pela conversão e educação dos nativos, instrumento de dominação da política colonial européia [1].
Em 1618, os jesuítas instalam-se em Maranhão, na antiga Aldeia da Doutrina (hoje, Vila do Vinhais Velho)[2]. Além dessa primeira, duas outras missões situavam-se na Ilha: a aldeia de São Gonçalo ou Tuaiaçu Coarati – que se destacou pela produção de sal; e a de São José, onde os padres da Companhia mais exercitaram suas funções, e foi aldeia de serviço de El-Rei .
De acordo com o Pe. José Coelho de Souza, em “Os jesuítas no Maranhão” [3], os jesuítas fundaram diversas estabelecimentos de ensino em São Luís, Alcântara, Parnaíba, Guanaré e Aldeias Altas, Vigia e Belém: colégios, seminários, escolas. Em 1622, fundam o Colégio [4] e a Igreja Nossa Senhora da Luz (atual Igreja da Sé). Os primeiros estabelecimentos, fundados pelas ordens religiosas, que abriram escolas para meninos, foram denominados de colégio; os outros conservaram o nome de conventos. O “Colégio de Nossa Senhora da Luz” era a “cabeça” da missão jesuítica no Maranhão 1, [5]:
“Nesses estabelecimentos existiram escolas rudimentares de aprendizagem mecânica, o que hoje chamaríamos Escolas de Artes e Ofícios. Houve aí também as primeiras oficinas de pinturas e escultura, sendo essas oficinas postulado e conseqüência da construção dos colégios. No Colégio Nossa Senhora da Luz notava-se a Pinturia, vocábulo que não anda nos dicionários, mas é admiravelmente bem formado: era uma sala grande no corredor de cima, quase junto à portaria. Nela se ataviavam e pintavam as imagens que se esculpiam noutra oficina, a de escultor e entalhador, anexa à carpintaria. Era freqüente o pedido a Portugal de se mandarem irmãos peritos em diversas artes, entre as quais a de pintor, para serem mestres”. (SOUSA, 1977, p. 27).
O que é confirmado por Pelegrini (2000), que localizava naquele Colégio a Biblioteca, as escolas para os filhos dos colonos e as oficinas de carpintaria, serralharia, pintura e estatuaria,
“[…] onde eram formados os mestres-de-obras, carpinteiros, entalhadores, e douradores responsáveis pela edificação de igrejas, confecção de altares e das imagens utilizadas pelos jesuítas no trabalho de evangelização. […] Aqui, encontra-se a base da mentalidade da arte sacra barroca desenvolvida no Maranhão. Foram as oficinas da Companhia de Jesus que instauraram uma ‘escola maranhense’ de arte. Trabalhando lado a lado com entalhadores europeus, aprendizes locais desenvolveram-se como artistas[…]”. (p. 4)
São Luís foi a primeira cidade do Estado onde os jesuítas exerceram o ensino. O Colégio de Nossa Senhora da Luz, em curto espaço de tempo, tornou-se excepcional centro de estudos filosóficos e teológicos da ordem no Estado (universitate de artes liberais). Era o que melhores condições de estudos oferecia.
Já em 1709, o Colégio do Maranhão era Colégio Máximo, nomenclatura usada pelos discípulos de Loyola para seus estabelecimentos normais de estudos superiores. Nesse colégio funcionavam as faculdades próprias dos antigos colégios da Companhia: Humanidades, Filosofia e Teologia, e, mais tarde, com graus acadêmicos, no chamado curso de Artes. Os estudos filosóficos compreendiam: no 1º ano, Lógica; no 2º, Física; no 3º, Matemática.
O Colégio Máximo do Maranhão outorgava graus de Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutor, como se praticava em Portugal e na Sicília, segundo os privilégios de Pio IV e Gregório XIII. Dentre os estabelecimentos de ensino dos jesuítas, as Escolas Gerais ocuparam um lugar de destaque, pelo fato de terem tornado o ensino popular ao alcance de todos. (CAVALCANTI FILHO, 1990, p. 36).
Ao se estudar a origem das Corporações de Ofícios [6] – Guilda, Grêmio – verifica-se que antes do século XII, tem-se notícia de uma “scholae” de pescadores e açougueiros em Ravena. O uso do termo “scholae” (associação de ofício) indica, provavelmente, que já não havia somente a preocupação coletiva com a formação de seus continuadores, mas ostentavam também um patrimônio cultural e pedagógico dotado de técnicas particulares de transmissão.
Artesãos de vários gêneros formavam-se nas oficinas dos mosteiros que faziam às vezes de escolas de Arte no sentido lato, e cuidavam especialmente do treinamento de jovens, em laboratórios artesanais destinados a instruir a mão-de-obra necessária. Essas “oficinas” deram origem às “universitates”.
As universitates (associações) de artesãos são progressivamente institucionalizadas e conquistam proteção dos poderes públicos. Tal ascensão se iniciou no século XII e culminou no século XIV. É acompanhada da difusão das “universitates magistrorum” ou “universitates scholorum”, isto é, aquelas que hoje chamamos universidades, associações particulares dedicadas à produção de bens intelectuais típicos das Artes Liberais (trívio e quadrívio e depois também Teologia e Direito, e mais tarde ainda, Medicina), não ainda, porém, no vértice do prestígio cultural e social. Inicialmente, de fato, a distinção entre universitates de Artes “mecânicas” e universitates de Artes liberais eram pouco marcadas.
As Artes Mecânicas compreendiam todas as atividades artesanais, inclusive aquelas dos médicos, desvalorizados pelo próprio nome de “mecânica” – derivado de mecor, aris (mechor, aris, no latim clássico = rebaixar, adulterar, depreciar). As Artes Liberais correspondiam a todas as atividades aplicadas no Trívio (gramática, retórica, lógica) e no Quadrívio (matemática, geometria, astronomia, música). (RUGIU, 1998, p. 25-26; 30).
[1] CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís : SIOGE, 1990, p. 20.
[2] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; e VAZ, Delzuite Dantas Brito. Vila do Vinhais: terceira ou Segunda povoação do Maranhão ?. in jornal “O ESTADO DO MARANHÃO”, São Luís, 31 de julho de 1994, Domingo, Caderno Alternativo, p. 28.
[3] SOUSA, José Coelho de. OS JESUÍTAS NO MARANHÃO. São Luís : Fundação Cultural do Maranhão, 1977.
[4] ALMEIDA, José Ricardo Pires de. HISTÓRIA DA INSTRUÇÃO PÚBLICA NO BRASIL (1500 – 1889). São Paulo : EDUC; Brasília : INEP/MEC, 1989, p. 25 – nota de pé-de-página).
[5] PELLEGRINI, Paulo. A descoberta da Arte Sacra. IN O IMPARCIAL, São Luís, Domingo, 23 de julho de 2000, Caderno Impar, p. 4-5,
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; e VAZ, Delzuite Dantas Brito. Vila do Vinhais: terceira ou Segunda povoação do Maranhão ?. in jornal “O ESTADO DO MARANHÃO”, São Luís, 31 de julho de 1994, Domingo, Caderno Alternativo, p. 28.
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão: esboço histórico. In REVISTA “NOVA ATENAS DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA” v. 2, n. 1 – jul.-dez. 1998 – “, disponível em www.cefet-ma.br/revista
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “Educação Tecnológica em Maranhão: um esboço histórico para alunos e professores do CEFET-MA. In REVISTA “NOVA ATENAS DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA”, v. 3, n. 2, jul.-dez. 2000, disponível em www.cefet-ma.br/revista.
[6] RUGIU, Antonio Santoni. NOSTALGIA DO MESTRE ARTESÃO. Campinas: Autores Associados, 1998
Comentários
Nenhum comentário realizado até o momentoPara comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.