O DONO DA CAPOEIRA

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Aqui, no Maranhão, se tem dono de tudo, até da Capoeira…

Nesse documentário, tem um trecho de cerca de 1:45 min feito em super8mm pelo Laércio Elias Pereira, lá no Olho d´Água. registro do jogo de Mestre Sapo.

Não se lhe dá os devidos créditos, no documentário, o que nos deixa, nós pesquisadores, frustrados, com a apropriação de trabalhos e registros, como se antes não houvera nada…

Sapo já encontrou muitos capoeiristas ativos, na Ilha… inclusive Roberval Serejo…

Sua vinda, aos 17 anos de idade, discipulo de Canjiquinha, tornado Mestre depois, e com o apoio de Cláudio Vaz, o Alemão, veio somar… Já discuti com Patinho que a Capoeira que Sapo trouxe era uma capoeira de demonstração, utilizando as duas vertentes baianas – Angola e a Desportiva (Regional).

Canjiquinha, para demonstração de sua troupe, apresentava as duas, sem fazer distinção. Aqui, já havia o batuque – capoeira -, a punga – capoeira – e a carioca – capoeira  também… aqui se praticava a capoeiragem – capoeira de rua, comum seu jogo entre os estivadores…

Aqui, recebemos a influencia do Chanson e do Savate, praticado por marinheiros franceses, em especial do porto de Marselha, cujos navios aportavam com frequência no porto de São Luis, desde o período colonial… e lógico, sempre houveram os conflitos entre os marinheiros e o pessoal do porto, com troca de golpes… uns aprendiam com os outros…

Há uma luta portuguesa reconhecida – wresting – tramantona, conhecida como Maluta, e que também aparece nos Açores, veio transportada para o Maranhão, quando das migrações dos Ilhéus – acontece desde 1619… vaqueiros que se estabeleceram na Baixada, em especial, seja oriental ou ocidental, praticavam uma luta, com alguma semelhança com a punga, pois consistia em derrubar o adversário… dai o atarracar, ou atarracado – depois, conhecido no mundo moderno do MMA ou UFC como ‘tarracá, o estilo de luta de Rei Zulu… vemos a influencia indígena, aí, com o aku-aku… no Marajó, conhecido como agarre marajoara – mistura da luta indígena com a maluta dos açorianos… que um mestre paraense – com forte influencia na região fronteiriça, Carutapera, Maracassumé… – “traduziu” como estilo de capoeira difundido com o nome de ‘onça pintada’ – a capoeira baiana, o agarre marajoara e o aku-aku… tudo numa simbiose…

Tal qual Sapo fez, desde os anos 60, século passado, com a ‘sua capoeira’, mistura da Angola com a Regional, de Canjiquinha, Brasília e Vitor Careca… juntou com a Punga, com a Carioca, com a Umbigada, com o Tambor de Crioulo/a, e temos aí a ‘capoeira maranhenses’, singular, única, a capoeira maranhense de Mestre Sapo… a capoeira de rua, portanto, capoeiragem…

Pela conversa que tive com Patinho, sexta-feira passada, ali na Praia Grande, seu novo DVD deve resgatar essa memória… falamos das grifes de capoeira, dos mestres e contra-mestres maranhenses que começam a se espalhar pelo mundo – se espelhando nos mestres baianos, da capoeira de Salvador… sim, de Salvador, pois a do Recôncavo é outra capoeira… as capoeiras que hoje são mais disseminadas pelo mundo, Angola, a Regional (Desportiva), Contemporânea, e agora, a Maranhense… frutos da diáspora dos mestres soteropolitanos dos anos 60…

Quem é o dono da capoeira????

 

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