Os Jogos e a utopia, por Jorge Bento  

Jorge Bento… um dos maiores pensadores da Educação Física do mundo, português… Professor de Educação Física e Filósofo… um bom amigo, meu, do Laércio, do Lino e do Maranhão… espero, em breve, recebe-lo aqui… promessa é dívida… aguardamos a visita, pois!

 

Os Jogos Olímpicos são a confabulação e configuração mais percetível e visível da utopia e da possibilidade de a concretizar. ‘Utopia’ é, como a palavra o diz, o lugar e a realidade ainda inexistentes, porém passíveis de criar. ‘Olímpicos’ são os atletas; por isso mesmo, considerados Titãs, afins aos deuses e indicadores de modos de andar os caminhos transfiguradores dos humanos em divinos.

 
Utópica foi a cerimónia (forma de culto religioso) de abertura dos Jogos do Rio. Dela saiu purificada e cintilante a alma brasileira. Sim, o Brasil sabe brilhar; e pode derrotar as dores da opressão e a escuridão da corrupção. Os seus autores e fingidores não se foram embora, mas passaram quatro horas, como se fossem foragidos da lei e dos bons costumes, escondidos e sujeitos à vergonha do acuamento e alheamento. Pela primeira vez, na história dos Jogos, não foi nomeado no início da cerimónia o Presidente do país anfitrião; e, quando o foi, no final, ouviu uma vaia monumental.

 


O coração brasileiro não se entrega ao desânimo; continua a pulsar de energias e forças luminosas, agora reavivadas e multiplicadas pela ousadia, confiança e poesia impressas na coreografia cantada e dançada. Amanhã vai ser outro dia!

 


Benditos sejam, pois, os Jogos do Rio de Janeiro, pela sua incomensurável utopia, bem expressa na homenagem do COI ao mítico Kipchoge Keino, corredor das distâncias que começam na secura do chão e terminam no oásis da consagração!

 


Bendita a esperança patente no rosto de serenidade e suavidade do Cristo Redentor do Corcovado, que abençoa a bondade e verbera a perversidade!
Bendito seja o Brasil pela beleza, que pairou, independente e soberana, acima da farsa e vileza; e irradiou para todo o mundo, como mensagem de renovação da civilização e de reconciliação da humanidade na prática da dignidade, da fraternidade e solidariedade!

 

Comentários

Nenhum comentário realizado até o momento

Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.