Será hoje, lá pelas 19:30 horas, o lançamento do livro do Sálvio Dino sobre a passagem da Coluna prestes pelo Maranhão (sul do Maranhão…).

Quando foi feito o anuncio de que estava se dedicando à uma nova pesquisa – essa! – falei ao autor do prefácio, Prof. João batista Ericeira, que tinha um depoimento sobre a passagem DOS REVOLTOSOS pelo então Brejo dos Faustinos, próximo à Pastos Bons. Fato ocorrido com uma parente de minha mulher, relatado em sua monografia de graduação em História, ainda em 1992.

Depois, publicamos um artigo sobre esse mesmo assunto, após oferecer o trecho da entrevista com a Dra. Eliza Brito neves dos Santos, que relata o fato. Não houve resposta do ilustre homem de letras lá das barrancas do Tocantins… dai publicarmos um artigo, no meu Blog…

Quando Salvio publicou artigo sobre o assunto na imprensa local, vimos que não fazia referencia à passagem da Coluna por Paraibano, ou mesmo pela Serra Negra; publicamos o artigo abaixo…

Hoje, naturalmente que iremos no lançamento. Curiosidade para saber se alguma coisa foi aproveitada daquilo que já colacáramos à disposição, ou se omite a passagem pelo Brejo dos paraibanos, hoje Paraibano…

 

PASSAGEM DA COLUNA PRESTES POR PARAIBANO-MA

 

Leopoldo Gil Dulcio Vaz

Academia Ludovicense de Letras/Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

 

Delzuite Dantas Brito Vaz

Professora de História – CEM ‘LICEU MARANHENSE’

 

Recentemente, Sálvio Dino – lá das barrancas do Tocantins – escreveu artigo relatando a passagem da Coluna Prestes pelo Maranhão, e publicada aqui, nestas páginas. Já sabia da nova pesquisa que estava empreendendo, informado que fui pelo amigo comum João Batista Ericeira – o Joãozinho -; naquela ocasião disse a Joãozinho que tinha notícias sobre a passagem da Columa por Paraibano, lugar de nascimento de minha mulher; e das desventuras que seus irmãos passaram, tentando fugir dos Revoltosos. Sabíamos, também, da passagem dessa coluna pelas terras do ex-deputado Gonçalo Moreira Lima. Pela sua fazenda da Serra Negra…

A ‘Coluna Prestes” foi um movimento ocorrido entre os anos de 1925 e 1927, encabeçado por líderes tenentistas que empreenderam grandes jornadas para o interior do país, procurando fazer insurgir o povo contra o regime oligárquico vigente durante a presidência de Artur Bernardes, ainda no período da República Velha.

Pregava ao povo a necessidade da destituição do presidente e a imediata reformulação econômica e social do país, pregando a nacionalização das empresas estrangeiras fixadas no Brasil e o aumento de salários de trabalhadores em todos os setores rurais e industriais.

Em suas jornadas, que se estenderam em uma distância de por volta de 25.000 quilômetros, a Coluna Prestes foi perseguida pelas forças orientadas pelo governo, formada tanto por militares e policiais estaduais quanto por jagunços contratados, estes últimos incentivados pelas promessas de anistia aos seus crimes cometidos. Não tendo sofrido sequer uma derrota significativa nas guerrilhas contra o governo ao longo de suas incursões pelo interior do país, que se estenderam por cerca de 29 meses, a Coluna é contada pelos estrategistas militares do próprio Pentágono como uma das mais prodigiosas façanhas militares da história das batalhas de guerrilha.

A Coluna Prestes foi formada por militares envolvidos em dois movimentos rebeldes anteriormente ocorridos no país: no Rio Grande do Sul, os rebeldes provenientes de uma insurreição foram derrotados inicialmente pelo governo, mas conseguiram escapar; em São Paulo, os rebeldes que haviam ocupado a cidade por 22 dias não tiveram outra escolha senão organizar uma retirada, tendo em vista os bombardeios aéreos desferidos sobre a capital paulista.

Ambos os grupos rebeldes encontraram-se em suas rotas de retirada, no Estado do Paraná: os paulistas eram então liderados pelo General Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa, além dos tenentes Eduardo Gomes, Juarez Távora e Joaquim Távora: os gaúchos eram então liderados Siqueira Campos, João Alberto e Luís Carlos Prestes. Todos passaram a fazer parte das lideranças da Coluna, com exceção do General Isidoro Dias Lopes que, já idoso, acabou por pedir asilo político à Argentina.

O comando dos 1.500 homens reunidos deveria ser unificado: o comando militar é exercido por Miguel Costa, sendo Luís Carlos Prestes o chefe do Estado-maior. A Coluna, além de seu caráter militarista, passa a configurar um programa de reformas, que é divulgado aos povoados com os quais o movimento entrou em contato em suas jornadas.

Sabe-se que a “Coluna Prestes” passou pelo Maranhão.

Mas que parte dessa coluna passou pelo Brejo, não se tinha conhecimento até a defesa da Monografia de Graduação em História da hoje professora do Liceu Maranhense Delzuite Dantas Brito Vaz.

O Brejo a que nos referimos, à época conhecido como “Brejo dos Faustinos”, pertencia ao Município de Pastos Bons; com a chegada de Antonio de Brito Lira – Toninho Paraibano – e seus filhos (mais tarde vieram os irmãos, sobrinhos, outros parentes, e aderentes), e com o trabalho ali desenvolvido por essa família de pioneiros, passou a ser conhecido como “Brejo dos Paraibanos”, hoje cidade de Paraibano-Ma.

Em depoimento prestado por Elisa Brito Neves dos Santos, conta o seguinte:

[…] que sua mãe fala dos “Revoltosos”, a quem estavam sujeito a receber. Seus tios estavam preparados a receber esses andarilhos dessa maneira: escondiam os cavalos, pois quando passavam trocavam os animais, pegando outros descansados. Os moradores escondiam suas montarias…

Um dia, vindos do lado do Riacho do Meio, uma turma de homens a cavalo – fortes, altos, bonitos, na descrição de sua mãe… – chega e são recebidos pelos “Paraibanos”. A avó da depoente, Joaquina Maria das Dores, teria feito comida para eles, pilando o arroz que seria servido.

Chamaram a sua presença a José de Brito Sobrinho (José Paraibano) e mandam apanhar os animais, que seriam trocados pelos deles. José Paraibano cheio de astúcia, de artimanha, saiu com uma parte desses homens pelas matas, a procura dos animais, que ele havia escondido.

Dizia Zé Paraibano que ouviam o barulho dos animais, perto de onde passavam, fazia de conta que não estava ouvindo: “mas eu não sei onde estes animais estão…” e levava aqueles homens pelas brenhas, pelos espinhos. Aquele matagal, sem estrada, sem nada; levava pelos piores caminhos. E os Revoltosos, já cansados e todos cheios de espinhos, disseram: “Não, vamos para casa, a gente não encontra esses animais, vamos para casa…”. E voltaram e assim conseguiram se livrar dos Revoltosos sem dar seus animais.

Para Elisa, era a parte chefiada pelo Juarez Távora, que passou por Brejo do Paraibano, em direção a Colinas, pela época dos festejos de Nossa Senhora da Consolação, a oito de dezembro. O que é confirmado por Raimundo Nonato Pinheiro, (2005, A COLUNA PRESTES NO MARANHÃO. São Luis: UEMA/CECEM, 2005. Monografia de Especialização em Historia do Maranhão), quando relata a passagem da Coluna entre Pastos Bons e Colinas, porém não faz referencia ao Brejo. Aí, a Coluna se instalou, passou vários dias; depois Juarez foi preso, já em Teresina-PI.

 

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