qui, 19/07/12 por leopoldovaz | categoria Ciência & Informação, Educação Física
Apresentação do Livro
“PROCESSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA EM IMPERATRIZ-MA – seus personagens e sua trajetória de 1973 a 2010”,
de MOISES CHARLES FERREIRA DOS SANTOS,
Editora Ética, 2012.
Quando ouço ou leio notícias sobre Imperatriz, reajo como se por aí ainda estivesse… Quando ouço ou leio amigos falando ou escrevendo sobre Imperatriz, reajo como se dela continuasse a fazer parte… Não poderia ser diferente, pois jamais deixei Imperatriz e nunca abandonei o sentimento de pertencimento construído ao longo dos anos em que nela vivi…
Assim que recebo o livro do Charles. E o sentimento de pertencimento fica mais patente quando me vejo retratado; deixando de ‘fazer’ história, Charles me coloca como parte da História da Educação Física, dos Esportes e do Lazer de Imperatriz. Necessário alertar que Charles exagera minha participação…
Tenho me dedicado ao estudo da História dos Esportes, da Educação Física e do Lazer no Maranhão ao longo dos últimos 25 anos; tenho acompanhado o surgimento de alguns Historiadores que têm essa área como tema de suas pesquisas. E Charles, licenciadoem História pela UEMAem 2002 – quando abordou os Jogos Escolares de Imperatriz – e dentro desse mesmo tema retorna agora, em sua monografia de graduaçãoem Educação Física. Masnão deixou de ser Historiador…
Ao assumir função de Gestor da Educação Física, ao planejar o futuro da Disciplina na rede pública municipal, buscou entender o passado para projetar o futuro. Como essa Educação Física e Esportiva começou? Quais eram as teorias, as abordagens, o pensamento de seus introdutores? Teve de retornar aos anos 70, quando o Campus Avançado da Universidade Federal do Paraná, através da Fundação projeto Rondon, se instalou na cidade.
Os primeiros eventos ligados à recreação pública, as primeiras Colônias de Férias, o entendimento que havia necessidade de incluir a Educação Física e a prática do Esporte Escolar nas escolas da cidade. As propostas do Professor Alberto Milléo Filho, a “invenção” das Olimpíadas Escolares de Imperatriz – OCOI – só poderiam ocorrer na junção de vários elementos favoráveis – os Jogos Escolares Brasileiros – JEBs – que se iniciavam; os Festivais de Esporte da Juventude – FEJs – na Capital, São Luís, logo transformadosem Jogos Escolares Maranhenses– JEMs -; um Professor de Educação Física na direção do Campus Avançado e o Interventor na Prefeitura ser um dos maiores esportistas que este Estado já teve: o Coronel PM Bebeto – Carlos Alberto Barateiro da Costa. Estavam reunidos num cadinho que só poderiam resultar na criação da Divisão de Educação Física, Esportes e Recreação – DEFER. Era aquele o momento… E é essa História que Charles resgata em sua monografia.
Mas não se limita ao resgate da história; vai além, preocupado com os rumos que a Educação Física e o Esporte Escolar seguem após aqueles anos iniciais –1976 a1978, época em que trabalhei em Imperatriz, junto com a Marilene Mazzaro. Vai além e procura respostas… O que aconteceu, quais as mudanças havidas nos anos seguintes? O período da direção das atividades da Profa. Mary de Pinho, a transformação da OCOI em JEI; a criação da Secretaria Municipal de Desportos e Lazer; as incúrias administrativas que causaram sua extinção; o seu reaparecimento; os dias atuais, até que passa a ser, ele Charles, o Gestor, na administração do Prefeito Madeira.
Na realidade, Charles procura entender o passado, os passos acertados e os erros cometidos, para justificar uma retomada dos ideais daqueles anos 1976/78, quando o Esporte na/da Escola procurava a inclusão de todosem seu desenvolvimento. Comoter um esporte, na escola, inclusivo? Foi buscar nas suas lembranças de menino como era a Educação Física de seu tempo de estudante para oferecer aos seus colegas de profissão uma alternativa; que é possível ter uma educação física para todos; um esporte na escola para todos. Esse, o trabalho que Charles nos apresenta…
Aqui, concordo comLino Castellani Filho, quando afirma gostar de se referir à História se valendo de uma metáfora com o ato de dirigir. Quando se está ao volante, tem-se o que nos circunda como referencia de realidade presente. Tudo o que fazemos ou deixamos de fazer está diretamente ligado ao que acontece conosco e ao nosso redor…
Pois é a partir desse lugar que buscamos alcançar o nosso destino, ou seja, nosso lugar futuro, o que nos faz olhar para frente. Mas ao olharmos adiante, não nos descuramos de olharmos – nos valendo dos retrovisores laterais – para os lados, cientes de que o que nos cerca pode determinar o que veremos a frente. Ao mesmo tempo em que o fazemos, não deixamos de prestar atenção ao que vai ficando para trás, com se fosse nosso passado, para isso lançando mão do retrovisor dianteiro…
Não sei se me fiz explicar. É o presente que nos anima a perscrutar o que ficou para trás… São as crises que nele se instalam ou novos efeitos de fatos passados que nele se inscrevem que nos motiva a dar conta de estabelecer visitas a tempos passados. Ao assim fazer, contando com o que o presente fornece mais elementos podemos recolher para, melhor entendendo-o, perspectivar o futuro…
Esse, o livro que Charles nos trás; não só um livro de História da Educação Física, dos Esportes e do Lazer em Imperatriz-MA. Um livro que resgata a história de vida de diversas pessoas que a tiveram – suas vidas – modificadas pelas vivencias que a OCOI proporcionou, pelas vivencias nos locais de prática esportiva, pelas lições que levaram para a vida. Como resgatar isso, na Educação Física e no Esporte Escolar de hoje. É o que busca e nos faz refletir sobre nossa profissão…
Boa leitura, a todos…
E, Charles, obrigado pela sua generosidade, e falo tambémem nome da Turma49 do Projeto Rondon – Imperatriz, 1976…
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Professor de Educação Física do IF-MA aposentado
Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
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