REPLICANDO  http://www.blogsoestado.com/danielmatos/2016/11/04/ex-lutadores-se-unem-para-ajudar-rei-zulu-nocauteado-por-avc-e-fratura-no-femur/

 

Ex-lutadores se unem para ajudar Rei Zulu, nocauteado por AVC e fratura no fêmur

Rei Zulu entre os ex-lutadores e amigos Diabo Louro e Sombra, que estão à frente de campanha para ajudar o ídolo

Rei Zulu entre os ex-lutadores e amigos Diabo Louro e Sombra, que estão à frente de campanha para ajudar o ídolo

Ex-lutadores maranhenses de vale-tudo estão fazendo uma corrente de apoio ao lendário Rei Zulu, conhecido mundialmente por desafiar e derrotar grandes adversários, que passa por graves problemas de saúde e dificuldades financeiras. Para ajudar o ídolo, os ex-pupilos lançaram uma campanha de arrecadação de donativos nas redes sociais e estão comercializando um DVD com todas as lutas do ídolo, ao preço de R$ 20,00.

Estão à frente da campanha em favor do Rei Zulu, cujo nome de batismo é Casimiro de Nascimento Martins, hoje com 72 anos, os ex-atletas do ringue Sombra e Diabo Louro, que acompanham o drama do mestre desde o primeiro dos dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) que ele sofreu.

Com os movimentos comprometidos em razão do derrame, Zulu levou uma queda na porta de casa, na Vila Luizão, fraturou o fêmur da perna direita e precisou fazer uma cirurgia. No momento, ele se recupera em casa e se locomove com o auxílio de uma cadeira de rodas.

O apoio dos dois amigos não se limita à arrecadação de doações e à venda dos DVDs. Sombra e Diabo Louro visitam Zulu quase diariamente e fazem questão de transportá-lo às consultas médicas, exames e até a agências bancárias.

Informações sobre como ajudar o Rei Zulu podem ser obtidas pelos telefones 98224-9798 (Sombra) e 98705-6522 (Raquel). Os dois celulares também funcionam como Whatsapp. O vídeo abaixo conta a história do Rei Zulu:

REI ZULU E SEU ESTILO DE MMA – O “TARRACÁ”

 

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

IHGM / ALL

 

 

O lutador de Vale-Tudo (MMA) maranhense Rei Zulu – Casimiro de Nascimento Martins, por não ‘pertencer’ a uma escola do então Vale Tudo, ‘inventa’ a tradição de luta aprendida dos índios, TARRACÁ – atarracar, ou atarracado – que vai se constituir em um estilo – maranhense – disseminado tanto por ele, Zulu, em suas investidas no mundo da luta livre pelo mundo afora, como por seu filho Zuluzinho, quando coloca que seu estilo fora criado por seu pai – quem o treinava –  e se chamaria ‘Tarracá’, de tradição indígena e negra, maranhense.

O Vale-Tudo é uma modalidade de combate sem armas, onde os lutadores utilizam apenas os seus corpos para ferir e possui com isso, poucas regras, o suficiente para preservar a integridade física dos lutadores, bastante amplo em termos técnico-táctico com um sistema muito próprio de preparação e desenvolvimento bastante complexo devido à exigência das lutas.

É uma luta com contacto pleno (full contact) em que os adversários nem sempre precisam seguir um único estilo de arte marcial. Essa modalidade foi muito difundida no Brasil, inicialmente pelos irmãos Gracie. O evento que mais difundiu a modalidade foi o Ultimate Fighting Championship – UFC -, que em seus primórdios havia menos regras e restrições, além de haver várias lutas na mesma noite, sem limite de tempo: O vale-tudo começou na terceira década do século XX, quando Carlos Gracie, um dos fundadores da luta marcial brasileira Gracie Jiu-Jitsu, convidou cada competidor de modalidades de luta diferentes. Isso era chamado de “Desafio do Gracie”. Mais tarde, Hélio Gracie e a família Gracie e principalmente, Rickson Gracie, mantiveram este desafio que passaram a se dar como duelos de Vale Tudo sem a presença da mídia. In http://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_tudo

Tendo como referência o Rei Zulú, tem-se a origem do “Tarracá” e, leva-nos ao moderno movimento das lutas corporais, hoje corporoficadas na sigla MMA – as artes marciais misturadas modernas com suas raizes em dois acontecimentos: o vale-tudo no Brasil, e o “shoot wrestling” japonês. Wrestling” (lit. luta) é uma arte marcial que utiliza técnicas de agarramento como a luta em “clinch”, arremessos e derrubadas, chaves, pinos e outros golpes do “grappling”. Uma luta de “wrestling” é uma competição física entre dois (às vezes mais) competidores ou parceiros de “sparring”, que tentam ganhar e manter uma posição superior. Há uma grande variedade de estilos, com diferentes regras tanto nos estilos tradicionais históricos, quanto nos estilos modernos (Wikipédia).

Dentre as correntes esportivas contemporâneas, encontramos, dentre outros, os Esportes Tradicionais, esportes consolidados pela prática durante muito tempo – os Esportes das Artes Marciais – provenientes da Ásia, inicialmente praticadas militarmente pelos guerreiros feudais, e hoje práticas esportivas: jiu-jitsu, judô. Karatê, taekwondo; os Esportes de Identidade Cultural, que são aqueles com vinculação cultural: no Brasil, a Capoeira principalmente; são identificadas outras modalidades esportivas de criação nacional, de prática localizada nos seus ”lócus”, inclusive as indígenas: Uka-uka, Corrida de Toras, etc., sem preocupações de práticas por manifestação. (TUBINO, 2010, p. 54-57).

SENHORAS E SENHORES PERMITAM-ME APRESENTAR-LHE…TARRACÁ.

[…] ladies and gentlemen, let me introduce you to…Tarracá. It was used by a Vale Tudo fighter who called himself “Rei Zulu” in the early 80´s here in Brazil; he kicked (better yet, throwed around) quite a few asses before getting tapped out by Rickson in 1984 IN www.bullshido.net

No Japão, década de 80, Antonio Inoki organizou uma série de lutas de artes marciais misturadas – o “shootwrestling”, com a formação de uma das primeiras organizações japonesas de artes marciais misturadas conhecida como “shooto”. A partir de 1993, Rorion Gracie e outros sócios criaram o primeiro torneio de UFC, quando as artes marciais misturadas obtiveram grande popularidade nos Estados Unidos. Os japoneses, em 1994, criam o “Free Style Japan Championship” ou “Open Free Style Japan” em 1994.

Rickson Gracie – um grande lutador de Vale Tudo do Brasil na década de 1970 e 1980, e que fazia lutas em MMA no Open Japan, vencendo as duas primeiras edições (1995 e 1995); luta também nas Primeiras edições do “PRIDE Fighting Championships”. O UFC passou a ficar em baixa, perdendo valor e sendo proibido em vários estados dos Estados Unidos. Em 2001, os empresários Dana White, Lorenzo e Frank Fertitta compraram o UFC, fundando uma empresa chamada Zuffa. Após várias mudanças nas regras conseguiram legalizar o esporte em praticamente todos os estados americanos. Em 2007 o UFC compra o Pride, levando vários atletas do Japão para os EUA e tranformando o UFC na maior organização de MMA do planeta.

WingChun Lawyer se posiciona, em sítio dedicado ao MMA: Eu tenho medo que não tenha dados concretos sobre Zulu. Ele lutou basicamente dependendo de sua força impressionante, e foi-me dito que ele conseguiu lançar Rickson fora do ringue  um par de vezes antes de serem apresentados. Principalmente o que eu encontrar on-line são posts no fórum com informações úteis ou não mas confiáveis, em inglês ou em português. Eu pensei que era um assunto interessante porque, bem, parece que o Tarracá foi criado do zero – As habilidades de boze de Rei Zulu são realmente estranhas, seus movimentos são estranhos, e olhar áspero – embora alguns dos seus lances faria muitos uma judoca invejosos. Só sei que afirma ter criado Tarracá do zero porque eu achei uma entrevista curta sobre um blogspot, aparentemente ainda luta e executa um ginásio onde ele ensina Tarracá.

Rei Zulú é a maior referencia do “Vale Tudo” no/do Maranhão. Nascido Casimiro de Nascimento Martins, em 09 de junho de 1947 é um lutador de Vale-Tudo. Ficou famoso por desafiar lutadores do Brasil e de outras partes do mundo. Após 17 anos de competição estava invicto após 150 lutas (década de 1980). Lançou um desafio à família Gracie para ver quem era o melhor lutador de Vale Tudo de toda a nação.  Em entrevista – antes da primeira luta contra Rickson Gracie (1980) -, disse que “seria mais um freguês de pancada e que não se preocupava com a alimentação antes da luta, pois “comia até ferro derretido”.

O Rei Zulu tornou-se famoso também pelas caretas que faz enquanto luta. Ele diz que as caretas são para mostrar que está feliz por estar ali. Nunca freqüentou academias de musculação, mas desenvolveu um estilo de luta próprio, e realiza seu treinamento físico diariamente com pedras pesadas, pneus, marreta e diz não gostar de freqüentar academia, por isso treina no quintal de casa: empurrar paredes, lançar pedras com mais de 5 Kg a grandes distâncias, correr entre arbustos, levantar carroças com pedras e andar com uma corda no pescoço puxando dois pneus eram instrumentos utilizados em seu arcaico treinamento. Possuía uma força naturalmente descomunal.

É pai do também lutador Zuluzinho. Em entrevista (Budo International, Blackbelt) Zuluzinho enumera seu jiu-jítsu (faixa-roxa) e Vale Tudo, afirma ter aprendido Tarracá com seu pai, responsável pelo método de treinamento utilizado pelo lutador em todos esses anos.

Rei Zulu nunca praticou artes marciais, desenvolveu seu estilo próprio que se aproxima de brigas de ruas: Eu só sei que ele afirma ter criado Tarracá a partir do zero, porque eu encontrei uma entrevista muito curto em um blogspot, aparentemente, ele ainda luta e corre uma academia onde ensina Tarracá. (WingChun Lawyer)

Mauricio Kubrusly, em “Me leva Brasil” entrevistou Rei Zulu em São Luis do Maranhão, onde reside: Quem primeiro me treinou foi meu pai. E tem a prática com zorras, os pneus… é que no interior chama zorras. E ele conhecia também o tarracá, a luta dos índios. 

Marc Magapi, em outra reportagem, descreve o ritual do Rei Zulú em suas lutas, como também informa ser seu pai o criador do estilo que “desenvolveu”: Rei Zulú (Eu como até ferro derretido) – Nascido em São Luiz, Maranhão, este folclórico lutador, é protagonista de inúmeras histórias por conta das décadas em que praticou o vale tudo (um cartel com mais de 250 lutas). Zulú entrava no ginásio, seguindo um ritual, que tinha início com uma volta olímpica, na qual saudava o público presente, sempre com o braço esquerdo estendido. Ao subir no ringue, o maranhense jogava-se no chão, rolava para o lado, dava cambalhotas, movimentava os ombros para frente e para trás e fazia inúmeras caretas. Zulú tinha a característica de zombar de seus adversários, acreditando sempre em sua força descomunal para vencê-los no momento que bem quisesse. Um autodidata do mundo das lutas, que sempre se disse representante do “Tarracá”; estilo criado por seu pai, que consistia basicamente em se “atracar” com o adversário, nunca teve aulas de jiu-jitsu, capoeira ou luta livre em uma academia.

Esse mesmo autor informa ter havido em São Luís do Maranhão uma “arena de lutas”, denominada de “Terreiro Tarracá”, no Bairro do João Paulo, onde era disputado um campeonato semanal de Vale Tudo, conforme se vê em “O encontro de Magapi com Rei Zulú”: 1997 São Luis – MA – tem uma faixa lá no João Paulo (bairro) chamando as pessoas para assistir o (pásmem!!!) semanal campeonato de vale tudo do Tarracá e dizendo que o Rei Zulú vai lutar movimentadas com uma média de 3 minutos para cada uma […] nesse local tinha luta todo final de semana mesmo […] Era um sábado, o local era escuro, a entrada era R$5,00 e no programa estavam confirmadas 6 lutas. O nome do local é Arena do Tarracá ou Baixada do Tarracá.

Mestre Baé – da Federação de Capoeira – responde e informa sobre o “ATARRACAR” em correspondência eletrônica, Com relação ao tema ATARRACAR; posso lhe adiantar o seguinte: desde criança tenho ouvido falar,assim como quase todos que também como eu sou da Baixada maranhense, grande parte da minha família é de Viana, Penalva, e Municípios vizinhos. Minha família sempre foi voltada para criação de gado e pescaria no interior, quando éramos crianças sempre a gente se atarracava um com o outro na beira do curral ou do rio e até no campo para ver quem era melhor de queda e isso porque a gente via os mais velhos fazerem também ,meus avós e tiso/avós falavam que isso sempre existiu o nome ATARRACAR e conhecido em vários interiores do Maranhão mas nunca ouvir dizer que era uma LUTA ou eu tenho lido algo afirmando ser luta, sempre foi o nome dado a forma de nos pegarmos para dar uma queda no outro em um corpo a corpo mais nunca foi denominado como luta até porque era baseada mais na força física e jeito de cada um pegar e arremessar o outro no chão através de uma queda.Luta pelo que eu tenho conhecimento possui técnica, bases, nomenclatura de movimentos, regras e etc..

Então, é uma tradição na Baixada, uma forma de movimento agonístico, em forma de luta, conforme Baé guarda em suas memórias. Este Mestre Capoeira não considera aquela brincadeira como luta, dado seu conhecimento da Capoeira, e sua sistematização.

Em outra correspondência, recebida de Mestre Marco Aurélio, em que indaguei sobre a busca da origem do “TARRACÁ”, estilo de luta livre (hoje seria MMA) adotado pelo lutador maranhense Zuluzinho, que aprendera com seu pai, o Rei Zulú; Zulu, criado em Pontal, no interior do Maranhão, onde aprendera uma luta cabocla praticada e ensinada por índios e negros da região: o Tarracá: Quanto ao Atarracado, desconheço sua presença no centro-sul do Maranhão, apesar de poder haver, mas é uma prática muito comum no centro-norte, pelo menos na região do Pindaré e na Baixada, nesta última, pelo que já ouvi de alguns capoeiras originários daquela região das águas falarem-me a respeito.  No que diz respeito à sua presença na região do Pindaré é fato, pois eu mesmo a praticava bastante, tendo sido ao longo do tempo, na qualidade de menino, e aí vai até meus doze (12) anos, a base de tudo o que sabia nas minhas ”brigas de rua”.  Apesar de ter nascido em São Luís, me criei, desde bebê, até os sete (07) anos de idade, na cidade de Pindaré-Mirim, outrora, Engenho Central, e em sua origem, Vila São Pedro. Como toda criança ribeirinha, as brincadeiras eram em torno do rio, dos lagos e igarapés, ou então nas várzeas, e aí, não faltavam os embates. Lembro-me que a minha afinidade com a prática era bastante estreita, talvez, por desde pequenino ter sido corpulento, de maneira que não era muito afeito à briga “corpo fora”, como se dizia, mas, mais no “atarracado“, ou “corpo dentro”, o que se dava a partir de uma cabeçada. A ponto de quando ousava me aventurar pelo “corpo fora”, na maioria das vezes saía perdendo… Foi na Capoeira, que fui aprender o embate, digamos, “corpo fora”, a partir da ginga, de peneirar… – por favor, deixo claro que “corpo fora” e “corpo dentro”, não é nem um tipo de modaliade de luta, mas somente para fins, talvez, de didática, consoante dizíamos no interior.

Quanto à origem do Atarracado – Tarracá -, Mestre Marco Aurélio diz: […] não sei afirmar, se indígena ou africano, quiçá, até mesmo européia, nesta senda, somente pesquisando-se para buscar referências.  Posso afirmar, no entanto, o que não quer dizer que a priori seja africana, é que tive oportunidade de ver, em um evento internacional de lutas de origem africana, em Salvador/BA, em 2005, quando levamos daqui, a “Punga dos Homens” uma prática que existe rasteiras e desequilibrantes, no tambor de crioula, um pessoal de Angola/África, apresentar a Bassúla, uma luta, a despeito de alguns golpes diferentes, muito semelhante ao Atarracado, pois imediatamente, quando vi os angolanos praticando-a, eu achei bastante parecida com o Atarracado, impressão esta, também denunciada pelo Mestre Alberto Eusamor, que lá estava comigo, assim como tantos outros, representando o Maranhão. No que diz respeito a uma influência indígena direta, e que é uma brincadeira da região do Pindaré e, acho, da região Norte como um todo, é o “Cangapé”, uma espécie de rabo de arraia e outros molejos que se pratica lançando-se para cima do contrário, na água.

Em outra mensagem eletrônica, Mestre Marco Aurélio acrescenta: Falei de como o atarracado tem semelhança com a Bassúla, luta de um país africano (Angola) e, no entanto, não me lembrei, na oportunidade, de falar de uma luta de origem indígena, o que se faz necessário, para ponderarmos, trata-se do Uka-Uka, um embate indígena, que consiste em fazer com que o contrário ponha um dos ombros no chão, hoje, ocorrente durante o “Quarup” um grande evento-cerimonial existente entre os povos do Alto-Xingú.  Mas poderiam perguntar o que uma prática existente entre povos indígenas do Alto-Xingú tem a ver com uma prática ocorrente no Maranhão? Segundo Roberto da Mata, desculpem-me não dispor da referência bibliográfica, os povos Krahô e Xavante saíram em uma corrente migratória, a partir do Maranhão, para onde se encontram hoje, respectivamente, Tocantins e Alto-Xingú. Daí há de notar-se que o Maranhão em razão de ser banhado por inúmeras e grandes bacias hidrográficas era e é um celeiro de alimentos, o que deve ter sido berço de inúmeros povos indígenas, entre atuais, extintos e migrantes. Talvez, esse berçário, para os que possuem uma visão míope, e consideram que o maranhense tenha uma cultura ”preguiçosa” é por desconhecerem exatamente esse manancial de alimentos que é e, que outrora, tenha sido ainda mais.  

Encontrei, ainda, descrição de luta-jogo semelhante, trazida por vaqueiros portugueses, durante o período colonial, a Galhofa – o “wrestling tradicional transmontano” – que se define como um desporto de combate. É tida como a única luta corpo a corpo com origens portuguesas. Tradicionalmente, este tipo de luta era parte de um ritual que marcava a passagem dos rapazes a adultos, tinha lugar durante as festas dos rapazes e as lutas tinham lugar à noite num curral coberto com palha.

Em depoimento de Álvaro (Vavá) Melo, de Osvaldo Pereira Rocha, e de Edomir Martins, jovens nos seus mais de 80 anos, que quando crianças e adolescentes, costumavam praticar o ‘atarracado’ e o ‘atarracar’, na região da Baixada, onde moravam. Osvaldo Rocha, ilustre pesquisador e historiador, disse-me que, embora franzino, costumava ganhar algumas das ‘brincadeiras’, pois o segredo era a agilidade em agarrar a perna do adversário e levá-lo ao chão; tão logo autorizado o combate, a rapidez com que se lançava ao adversário era fundamental.

Já Álvaro Mello, Vavá, presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão, cronista do Arari e de São Bento, deu seu depoimento, ressaltando que os embates se davam na beira do rio, e os combatentes saiam cobertos de lama; O mesmo disse Aymoré Alvim – ilustre pesquisador hoje aposentado, da nossa UFMA/Medicina.

De Barreirinhas, em conversa com alguns professores de educação física de algumas comunidades do interior daquele município, falaram-me haver por ali, ainda, um jogo/luta semelhante ao descrito, mas que ali, denominavam de ‘queda’.

 

MALUTA OU QUEDA

Características. É uma forma de luta tradicional, conhecida em quase todo o distrito [Guarda] e praticada ainda em várias  aldeias. É semelhante à luta grco-romana, embora tecnicamente mais rudimentar. Espaço. É no feno e na palha, no Outuno e no Inverno, que os homens que os homens das zonas rurais medem as suas forças testando derrubar o opositor. Também no Verão, na época das malhas, surgem os desafios nas eiras. Desenvolvimento. Na Maluta ou Queda, os dois lutadores agarram-se, passando um dos braços por cima do ombro do adversário e o outro por baixo, entrelaçando os dedos das mãos, assentes sobre as costas do adversário. O único objetivo do jogo é fazer cair o opositor, por forma a que toquem com as costas no solo. Conforme o combinado, poderá fazer-se ou não uso da ‘travinca’ (meter a perna para desequilibrar o outro lutador). Trata-se, pois, de lutas saudáveis, em que os participantes continuam amigos depois de medirem forças, independentemente dos resultados e das pequenas mazelas que possam ser originados pela entrega mútua ao jogo.

Rei Zulú, que praticava o que denominou de “tarracá” em sua infância, como atividade corriqueira, jogo/luta de sua infância, e dada suas características físicas, em um dado momento, ainda no quartel, vale-se de ambas – a forma de ‘luta’ e a força – para conquistar um espaço, que vem a se tornar uma profissão.

Para justificar seu estilo peculiar – força bruta – e por não ‘pertencer’ a uma escola do então Vale Tudo, ‘inventa’ a tradição de luta aprendida dos índios, TARRACÁ – atarracar, segundo Baé, ou atarracado, segundo Marco Aurélio – que vai se constituir em um estilo – maranhense – disseminado tanto por Zulu, em suas investidas no mundo da luta livre pelo mundo afora, como por seu filho Zuluzinho, quando coloca que seu estilo fora criado por seu pai – quem o treinava –  e se chamaria ‘Tarracá’, de tradição indígena e negra, maranhense…

Foi encontrado que em diversas regiões do Maranhão, ainda hoje, se pratica uma luta, que recebe diversas denominações – tarracá, atarracado, atarracar, queda – de origem possível portuguesa, tradicional hoje nas brincadeiras de crianças.

 

PARA ILUSTRAÇÃO:

 

   

 

http://forum.portaldovt.com.br/forum/index.php?showtopic=126140

  Rei Zulu e seu filho Zuluzinho
  – Quem primeiro me treinou foi meu pai. E tem a prática com zorras, os pneus… é que no interior chama zorras. E ele conhecia também o tarracá, a luta dos índios.

 http://fantastico.globo.com/platb/melevabrasil/2008/04/08/zuluzinho-x-zuluzao/

 

 

Algumas lutas de Zuluzinho:

http://www.youtube.com/watch?v=2RZtRfylWqA; http://www.youtube.com/watch?v=twbmb_i5YNk

[1] http://www.bullshido.net/forums/showthread.php?t=51830&page=3

 

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