“RES PRO PERSONA”  [1],[2]

 

o segredo é o seguinte: não existem factos, só existem histórias” [3].

João Ubaldo Ribeiro

 

Vamos começar:

A Capoeira é essencialmente dialética e dinâmica; e por ser uma manifestação que se espalhou pelo mundo muito recentemente, recebe milhares de análises em seus diversos aspectos – teórico, técnico, didático, tático, filosófico etc. – e cada uma delas baseada na realidade de cada norteador de um trabalho (entenda-se: Mestre, Professor, Instrutor etc.).

Até aqui, vemos a fortaleza da Capoeira: a junção dos diversos pontos de vista que fazem com que ela não seja monopolizada em única verdade; e, sim, descentralizada em diversas faces de uma mesma manifestação. O que não é salutar é a imposição de uma verdade em detrimento de outra, gerando a perda de criatividade e a estabilização dos conhecimentos. Desta forma, é difícil dizer que algo é errado na Capoeira. (Mestre Tuti in Chamada na ‘Benguela’ -17/11/2011) [4]

 

Quando do reconhecimento da Capoeira como Patrimônio Imaterial do Povo Brasileiro foi considerada: Arte que se confunde com esporte, mas que já foi considerada luta:

Expressão brasileira surgida nos guetos negros há mais de um século como forma de protesto às injustiças sociais, arte que se confunde com esporte, mas que já foi considerada luta, a capoeira foi reconhecida como patrimônio imaterial da cultura brasileira. A decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi concretizada terça-feira (15) [de julho de 2008] no Palácio Rio Branco, em Salvador (BA).[5].

 

Sendo definida como uma arte multidimensional, um fenômeno multifacetado – ao mesmo tempo dança, luta, jogo e música – que tem na roda o ritual criado pelos capoeiristas para desenvolver esses vários aspectos.

Parto do entendimento de que a Capoeira é uma prática cultural[6] no sentido mais dinâmico possível do termo.

Mas, o que é a Capoeira? Como podemos defini-la? Tenho encontrado as mais variadas respostas: capoeira é luta; capoeira é um esporte; capoeira é folclore; outros dizem que é um lazer; é uma festa; é vadiação; é brincadeira; é uma atividade educativa de caráter informal[7].

Não me conformo com essas classificações simplistas e reducionistas; compreendi que a Capoeira é tudo isso… Compreender a Capoeira como sendo uma prática cultural[8] representa um salto qualitativo para além das visões essencialistas, que, por vezes, apelam para um mito de origem reivindicando a pureza ou a tradição de certo antigamente da Capoeira.

Quero chamar a atenção para o entendimento de que as práticas culturais, como a Capoeira, não estão paradas no tempo e, por isso mesmo, a transformação constante é inevitável. As necessidades e os problemas dos (as) Capoeiras de outrora não são os mesmos de hoje. A cada dia se joga uma Capoeira diferente. A Capoeira de hoje é diferente da Capoeira de ontem e da de amanhã – esse exemplo de constante transformação demonstra suficientemente bem que a cultura está em permanente mudança.

Assim, práticas culturais são aquelas atividades que movem um grupo ou comunidade numa determinada direção, previamente definida sob um ponto de vista estético, ideológico, etc. [9].

A arte apresenta registros documentais e iconográficos desde o século XVIII.[10]. Passamos a nos servir de Araujo e Jaqueira (2008) [11], em sua análise das pranchas de Rugendas[12], conforme proposto por Rubiera[13]:

 

 

Prancha 18 – JOGO DA CAPOEIRA – 1820/1835 – publicada em 1835-

Comentário do autor da obra:

“os negros tem ainda outro folguedo guerreiro mais violento, a ‘capoeira’: dois campeões se precipitam contra o outro, procurando dar com a cabeça no peito do adversário que desejam derrubar. Evita-se o ataque com saltos de lado e paradas igualmente hábeis; mas lançando-se um contra o outro mais ou menos como bodes, acontece-lhes chocarem-se fortemente cabeça com cabeça, o que faz com que a brincadeira não raro degenere em briga e que as facas entrem em jogo, ensangüentando”. (p. 75)[…]

 

Araújo e Jaqueira (2008) tecem o seguinte comentário:

“Dentro do contexto da luta brasileira, este é a imagem mais referenciada em documentos de origens diversas, talvez por ser a primeira iconografia publicada, mas não a única, que mais explicitamente identificou a presença do jogo denominado Capoeira num dos períodos históricos brasileiros e, igualmente descrita pelo autor com uma série de adjetivações, que vão desde um folguedo guerreiro de cariz violento ou mesmo uma brincadeira e por fim um jogo, o que nos faz refletir sobre as suas possíveis características de expressividade no período colonial do Brasil – luta, jogo, dança”. (p. 75-76)

 

Prancha 27 – SÃO SALVADOR – 1820/1835 – publicada em 1835:

 

“A iconografia denominada São Salvador, apresenta-se como um dado histórico que nos possibilita interpretações de alguns factos dos costumes dos grupamentos marginais da sociedade imperial brasileira, mais concretamente da Capoeira […] a imagem de Rugendas, busca fundamentalmente retratar uma panorâmica da cidade do Salvador, apresentando-nos em primeiro plano, uma cena característica de um dos costumes baianos, o jogo da Capoeira, tornando esta iconografia de capital importância para a reescrita e/ou reinterpretação da história desta expressão corporal, visto ser este tipo de documento dentre tantos outros, até ao momento, o primeiro, mas não o único que confirma ter existido tal expressão corporal na sociedade soteropolitana, isto para os contextos históricos colonial, imperial e da 1ª república. […]” (ARAUJO e JAQUEIRA, 2008, p. 69)

 

Continuam esses autores:

“Apesar de Rugendas não referir-se explicitamente nesta obra sobre a exercitação da capoeira pelos indivíduos enfocados, não podemos deixar de concluir pela presença de elementos de cariz corporal que bem podem evidenciar na imagem, isto pelos conhecimentos por nós adquiridos sobre esta expressão, trata-se estes, de gestuais específicos da luta, onde a cabeçada ginga e esquivas se podem visualizar, não nos permitindo inferir acerca da sua forma de emanação – jogo; luta aprendizagem. Destarte não haver indicações do autor sobre este enfoque, e considerando a sua descrição sobre a iconografia ‘Jogo da Capoeira’, nos conduz na admissão de estarmos na presença de jogo ou de aprendizagem, quando associamos as condutas miméticas de alguns, brejeiro e de admiração de outros personagens presentes na cena. […] O que mais podemos extrair desta imagem, é a presença de uma movimentação rítmica configurada pelo movimento alternado das pernas e conhecida contemporaneamente por ginga, isto, sem qualquer auxílio de instrumentos musicais para a sua exercitação, indiciando, portanto, a não obrigatoriedade destes no seu contexto de expressividade, e muito menos a subordinação ao berimbau”. (ARAUJO e JAQUEIRA, 2008m, p. 72-73) [14].

 

Em nota de pé-de-página, Araujo e Jaqueira (2008) referem-se a outras obras, desse mesmo período, que retratam o movimento identificado como Capoeira no Brasil:

“No período de 1820/25 foram igualmente elaboradas mais duas imagens que retratam a prática de uma manifestação de luta dos negros e, posteriormente, identificada como Capoeira em face das movimentações corporal presentes, e sustentadas pelas descrições de Rugendas. Este mesmo artista foi o autor de outra obra em que se pode visualizar (sic) na Bahia, uma forma de expressão corporal, que não se identificando nominalmente com manifestação da luta brasileira, não nos podemos furtar de assim reconhecê-la. A outra imagem é a denominada “Negros brigando nos Brasis’ de autoria de Augustus Earle”. (ARAUJO e JAQUEIRA, 2008, nota de pé-de-página, fls. 75-76, obra citada).

 

PRENCHA 7 – NEGROS BRIGANDO NOS BRASIS (NEGROES FIGHTING, BRAZILS) 1822

Comentário do apresentador da obra[15]:

 “Dois negros moços entregues ao ‘jogo da capoeira’, enquanto outros contemplam de uma casa própria e um policial colonial prepara-se para saltar uma cerca, a fim de sustar a luta

Negroes fighting, Brazil” c. 1824. Autor Augustus Earle (1793-1838) – Painting by Augustus Earle depicting an illegal capoeira-like game in Rio de Janeiro (1824)

 

Comentários sobre a obra:

“[…] as figuras apresentadas por Rugendas foram e ainda são as mais representativas para o contexto da capoeira, principalmente aquela que foi acompanhada pela descrição […] A imagem de Augustus Earle […] apesar de ter sido elaborada no mesmo período das iconografias de Rugendas, foi durante muito tempo relegada ao esquecimento […] Earle retratou uma cena típica dos costumes urbanos da cidade do Rio de Janeiro […] ao tipo de exercitação visualizada pela imagem […] entendemos ser esta, manifestadamente, a expressão corporal denominada Capoeira […] onde depreendemos estarmos diante de dois movimentos conhecidos no contexto atual da luta brasileira, como ginga e benção/escorão/chapa[…]”. (ARAÚJO e JAQUEIRA, 2008, p. 80-87)12

 

Araújo e Jaqueira (2008) analisaram também a obra de Frederico Guilherme Briggs – Negros que vão levar “açoutes”, estampa avulsa: tipos de rua e caricaturas. Os autores se valem da obra de Turazzi (2002) [16], que comenta:

“Se as imagens podem ser tomadas como uma ‘narrativa’, as estampas de tipos de Rua da Litografia Briggs nos permitem várias leituras […] Para tanto, eles adotaram como estratégia uma figura de linguagem empregada com freqüência na fala dos cariocas. Mas a substituição de nome próprio por perífrase (isto é, a designação de alguém ou de algo que dê relevo a uma de suas qualidades, e não por seu nome) tem sido historicamente, um dos traços mais marcantes da linguagem popular do Rio de Janeiro. Pois é exatamente esse estilo de linguagem, saído das ruas, o recurso adotado pelos litógrafos da oficina Briggs para representar e legendar as figuras de suas estampas”. (TURAZZI, 2002, citada por ARAÚJO e JAQUEIRA, 2008, p. 94-95).

 

FIGURA 20, OBRA DO ANO DE 1832/1836, PUBLICADA EM 1984:

Negros que vão levar açoutes  Briggs del.   Litho. R.B.   Rua do Ouvidor nº 118. Source: Biblioteca Nacional, acervo de gravuras sobre escravatura Negros que vão levar açoutes, 1832/1836, publicada em 1984.

O que é ‘capoeira’? [17] 

Verniculização do tupi-guarani caá-puêra: caá = mato, puêra = que já foi[18]; no Dialeto Caipira de Amadeu de Amaral: Capuêra, s.f. – mato que nasceu em lugar de outro derrubado ou queimado.

Data de 1577 primeiro registro do vocábulo “capoeira” na língua portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra “Do clima e da terra do Brasil”. Conotação: vegetação secundária, roça abandonada (Vieira, 2005) [19].

DEBRET – 1816/1831

Capoeira – espécie de cesto feito de varas, onde se guardam capões, galinhas e outras aves (Rego, 1968):

[…] os escravos que traziam capoeiras de galinhas para vender no mercado, enquanto ele não se abria, divertiam-se jogando capoeira. (Antenor Nascimento, citado por REGO, 1968, citados por MANO LIMA – Dicionário de Capoeira. Brasília: Conhecimento, 2007, p. 79).

 

Por Capoeira deve-se entender “individuo(s) ou grupo de indivíduos que promovião acções criminosas que atentavam contra a integridade física e patrimonial dos cidadãos, nos espaços circunscritos dos centros urbanos ou área de entorno“?

Conforme a conceitua Araújo (1997) [20] ao se perguntar “mas quem são os capoeiras? e por capoeiragem como:

“a acção isolada de indivíduos, ou grupos de indivíduos turbulentos e desordeiros, que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal, com fins maléficos ou mesmo por divertimento oportunamente realizado”? (p. 69); e capoeirista, como sendo: “os indivíduos que praticam ou exercem, publicamente ou não, exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidas como Capoeira, nas vertentes lúdica, de defesa pessoal e desportiva”? (p. 70).

 

Para esse autor, capoeiras era a denominação dada aos negros que viviam no mato e atacavam passageiros (p. 79), em nota registrando a Decisão (205) de 27 de julho de 1831, documentada na Coleção de Leis do Brasil no ano de 1876, p. 152-153; “manda que a Junta Policial proponha medidas para a captura e punição dos capoeiras e malfeitores).

Ou devemos entendê-la como:

“… Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada” (Regulamento Internacional da Capoeira);

 

assim como Capoeira, em termos esportivos, refere-se a

“… um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 39-40).

 

Considera-se como prática do desporto formal da Capoeira sua manifestação cultural sistematizada na relação ensino-aprendizagem, havendo um ou mais docentes e um corpo discente, onde se estabelece um sistema de graduação de alunos e daqueles que ministram o ensino, havendo uma identificação indumentária por uniformes e símbolos visuais, independentemente do recinto onde se encontrarem.

Considera-se como pratica desportiva não formal da Capoeira sua manifestação cultural, sem qualquer uma das configurações estabelecidas pelo Artigo anterior, e que seja praticada em recinto aberto, eminentemente por lazer, o que caracterizará a liberdade lúdica de seus praticantes.

Capoeira

“jogo atlético de origem negra, ou introduzida no Brasil por escravos bantos de Angola, defensivo e ofensivo, espalhado pelo território e tradicional no Recife, cidade de Salvador e Rio de Janeiro, onde são reconhecidos os mestres, famosos pela agilidade e sucessos. Informa o grande folclorista  que, na Bahia, a capoeira luta com adversários, mas possui um aspecto particular e curioso, executando-se amigavelmente, ao som de cantigas e instrumentos de percussão, berimbaus, ganzá, pandeiro, marcando o aceleramento do jogo o ritmo dessa colaboração musical. No Rio de Janeiro e Recife não há, como não há notícia noutros Estados, a capoeira sincronizada, capoeira de Angola e também o batuque-boi. Refere-se, ainda, à rivalidade dos guaiamus e nagôs, seu uso por partidos políticos e o combate a eles pelo chefe de Polícia, Sampaio Ferraz, no Rio de Janeiro, pelos idos de 1890. O vocábulo já era conhecido, e popular, em 1824, no Rio de Janeiro, e aplicado aos desordeiros que empregavam esse jogo de agilidade.” (Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore) [21].

 

Capoeiragem”, de acordo com o Mestre André Lace: ”uma luta dramática” (in Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 386-388).

Carioca” – uma briga de rua, portanto capoeiragem (no sentido apresentado por Lacé Lopes) – outra denominação que se deu à capoeira, enquanto luta praticada no Maranhão, no século XIX e ainda conhecida por esse nome por alguns praticantes no início do século XX.[22].

Para a capoeira, apresentam-se três momentos importantes: finais do século XIX, quando a prática da capoeira é criminalizada; décadas de 30/40, quando ocorre sua liberação; década de 70, quando se torna oficialmente um esporte.

CAPOEIRA ANGOLA – a proposta explícita da capoeira Angola é tradicionalista, no sentido de manter, o quanto possível, os “fundamentos” ensinados pelos antigos mestres. Está intimamente ligada a figura de Mestre Pastinha – Vicente Ferreira Pastinha -; aprendeu a capoeira antes da virada do século XIX (nasceu em 1889) com um velho africano.

CAPOEIRA REGIONAL – é a partir do final da década de 1920 que Mestre Bimba – Manoel dos Reis Machado – desenvolveu na Bahia a sua famosa capoeira Regional, que, apesar do nome, foi a primeira modalidade de capoeira a ser praticada em todo o Brasil e no exterior. Bimba partiu de uma crítica da capoeira baiana, cujo nível técnico considerava insuficiente, sobretudo se confrontado com outras lutas e artes marciais, que começavam a ser difundidas então no Brasil.

CAPOEIRA CONTEMPORÂNEA – o panorama da capoeira no Brasil e no exterior se tornou de tal maneira complexa que é impossível, atualmente, distinguir apenas a capoeira Angola e a Regional, pois surgiram estilos que se pretendem intermediários e que têm sido denominados de “Contemporânea” ou mesmo “Angonal”:

  • – CONTEMPORÂNEA – é a denominação dada por Mestre Camisa a capoeira praticada no Grupo Abadá, com sede no Rio de Janeiro;
  • – ANGONAL – neologismo que representa uma tendência na capoeira atual que funde elementos da Capoeira Angola com a Capoeira regional, criando um estilo intermediário entre essas duas modalidades; é, também, o nome de um grupo, do Rio de Janeiro – Mestre Boca e outros;
  • – ATUAL – denominação que seria usada por Mestre Nô de Salvador, para designar esta terceira via (Vieira e Assunção, 1998).

 

Do Atlas do Esporte no Brasil[23]:

Origens e Definições A capoeira é hoje um dos esportes nacionais do Brasil, embora sua origem seja controvertida. Há uma tendência dominante entre historiadores e antropólogos de afirmar que a Capoeira surgiu no Brasil, fruto de um processo de aculturação ocorrido entre africanos, indígenas e portugueses. Entretanto, não houve registro de sua presença na África bem como em nenhum outro país onde houve a escravidão africana. Em seu processo histórico surgiram três eixos fundamentais, atualmente denominados de Capoeira Desportiva, Capoeira Regional e Capoeira Angola, os quais se associaram ou se dissociaram ao longo dos tempos, estando hoje amalgamados na prática. Desde o século XVIII sujeita à proibição pública, ao longo do século XIX e até meados do século XX, ela encontrou abrigo em pequenos grupos de praticantes em estados do sudeste e nordeste. Houve distintas manifestações da dança-luta na Bahia, Maranhão, Pará e no Rio de Janeiro, esta última mais utilitária no século XX. Na década de 1970 sua expansão se iniciou em escala nacional e na de 1980, internacional.

Embora sejam encontrados diversos significados para o vocábulo “capoeira”, cada qual se referindo a objetos, animais, pessoas ou situações, em termos esportivos, trata-se de um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, pandeiro, agogô e reco-reco). “Enfocada em suas origens como uma dança-luta, acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginástica, dança esporte, arte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica.” (Sergio Luiz De Souza Vieira In DaCosta, Lamartine (Org.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio De Janeiro: CONFEF, 2006, p. 1.44-1.45)

 

Na pesquisa realizada pelo IPHAN, ela é definida como:

“[…] um fenômeno urbano surgido provavelmente nas grandes cidades escravistas litorâneas, que foi desenvolvido entre africanos escravizados ligados às atividades “de ganho” da zona portuária ou comercial. A maioria dos capoeiras dessa época trabalhava como carregador e estivador, atividades muito ligadas à região dos portos, e muitos realizavam trabalho braçal. [24]

 

Seguindo a justificativa do IPHAN, a partir de 1890, quando a capoeira foi criminalizada, através do artigo 402 do Código Penal, como atividade proibida (com pena que poderia levar de dois a seis meses de reclusão), a repressão policial abateu-se duramente sobre seus praticantes. Os capoeiristas eram considerados por muitos como “mendigos ou vagabundos”. Outras práticas afro-brasileiras, como o samba e os candomblés, foram igualmente perseguidas. 37.

Mais adiante, durante a República Velha, a capoeiragem era uma manifestação de rua, afrodescendente, e muitos dos seus praticantes tinham ligações com o candomblé, o samba e os batuques. A iniciação dos capoeiras nessas atividades acontecia provavelmente na própria família, no ambiente de trabalho e também nas festas populares.  Ainda sobre o universo das ruas, estudiosos revelam que o cancioneiro da capoeira se enriqueceu dos cantos de trabalho, e que o trabalhador de rua, em momentos lúdicos ou de conflitos, também se utilizava dos golpes e movimentos da capoeira. 37

Consideram que já na década de 1920, com o apoio fundamental de intelectuais modernistas que procuraram reconstituir as bases ideológicas da nacionalidade, as práticas afro-brasileiras começaram a ser discutidas, e passaram a constituir um referencial cultural do país.  Ao final dos anos 30  a capoeira foi descriminalizada e passou de um extremo a outro, a ponto de ser defendida por historiadores e estudiosos como esporte nacional, considerada a verdadeira ginástica brasileira.  A manifestação já foi apontada como esporte, luta e folguedo, e era praticada por diferentes grupos sociais, principalmente a partir do século XX. 37.

Assim, em 1937

“[…] a capoeira começou ser treinada como uma prática esportiva, e não apenas como uma “vadiação” de rua.

Neste mesmo ano Mestre Bimba criou o Centro de Cultura Física e Capoeira Regional da Bahia.

“A capoeira regional nasceu como forma de transformar a imagem do capoeira vadio e desordeiro em um desportista saudável e disciplinado. Ele criou estatutos e manuais de técnicas de aprendizagem, descreveu os golpes, toques, cantos, indumentárias especiais, batizados e formaturas.

 “Em seguida, Mestre Pastinha fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola , em 1941, e assim este estilo passou a ser ensinado através de métodos próprios.

“A ideia da capoeira como arte marcial brasileira criou polêmica, pois era defendida por uns e criticada por outros, principalmente pelos angolanos, que afirmavam a ancestralidade africana do jogo.” [25].

 

Na linha do tempo estabelecida pelos estudos do IPHAN, uma grande leva de capoeiristas chegou ao Rio por volta de 1950 oriundos da Bahia [a diáspora da capoeira baiana, no entender de Lacé Lopes]. O mais importante deles foi Mestre Arthur Emídio, que trouxe um estilo de capoeira diferente, de movimentação veloz e marcialmente eficaz, mas que mantinha orquestração musical. Ainda na década de 50 a capoeira passou a ser retratada e divulgada por artistas como Jorge Amado[26], Carybé[27] e Pierre Verger[28], entre outros. Nos anos seguintes, entre 60 e 70, ganhou espaço também nas produções artísticas do Cinema Novo, Tropicália e Bossa Nova. 37

Para os estudos do IPHAN, foi a partir de 1970 a capoeira se expandiu em larga escala pelo Brasil. A angola deve sua recuperação, em grande parte, à atuação de Mestre Moraes, aluno de Pastinha, a partir de 1980, com a fundação do Grupo Capoeira Angola Pelourinho, que fortaleceu sua prática na Bahia e a disseminou pelo centro-sul do país e no exterior. 37

Em 1975 o esporte chegou à Nova York, e em 1990, Mestre João Grande inaugurou  a primeira escola de capoeira angola dos EUA: Capoeira Angola Center. 37

“Apesar do fluxo de capoeiristas para a Europa e EUA ter-se iniciado a partir de 1970,  a princípio para a realização de shows, e em seguida para a formação de novos grupos nesses locais, foi a partir dos anos 1990 que o movimento da capoeira se intensificou, alcançando hoje o status de prática cultural realmente globalizada […]” 37.

Atualmente a capoeira está presente em mais de 170 países, atraindo praticantes e estudiosos dos cinco continentes do planeta. Sua globalização, feita sem incentivo governamental, ocorreu devido às viagens dos capoeiristas, considerados por muitas autoridades e adeptos como “embaixadores informais” da cultura brasileira37.

Concordamos com o grupo que elaborou o projeto para o IPHAN, quando afirma que esta expansão significa a possibilidade de congregar povos e propiciar o diálogo intercultural. 37

Outra questão é: quando surgiu? No entender de muitos capoeiristas, quando o primeiro escravo angolano pisou a Terra de Santa Cruz (hoje, Brasil), já o teria feito no passo da ginga e no ritmo de São Bento Grande:

“numa noite escura qualquer, o primeiro negro escapou da senzala, fugiu do engenho, livrou-se da servidão, ganhou a liberdade… escapou o segundo e o terceiro, na tentativa de segui-lo, fracassou. Recapturado, recebeu o castigo dos negros (…) as perseguições não tardaram e o sertão se encheu de capitães-do-mato em busca dos escravos foragidos. Sem armas e sem munições, os negros voltaram a serem guerreiros utilizando aquele esporte nascido nas noites sujas das senzalas, e o esporte que era disfarçado em dança se transformou em luta, a luta dos homens da capoeira. ’A capoeira assim foi criada’. (Jornal da Capoeira, n. 1, 1996)”. (Vieira e Assunção, 1998, p. 83) [29].

 

Durante as invasões holandesas – SÉCULO XVII, 1640 – surgem as expressões: ‘negros das capoeiras’, ‘negros capoeiras’, e ‘capoeiras’. (MARINHO, 1982; VIEIRA, 2004, 2005) [30].

Com o advento das invasões holandesas, na Bahia e em Pernambuco, principalmente a partir de 1640, houve uma desorganização generalizada no litoral brasileiro, permitindo que muitos escravos fugissem para o interior do país, estabelecendo-se em centenas de quilombos, tendo como conseqüência o contato ora amistoso, ora hostil, entre africanos e indígenas. Cabe ressaltar, que nunca houve nenhum registro da Capoeira em qualquer quilombo. (Vieira, 2005) [31]. Tende-se a acreditar que o vocábulo, de origem indígena Tupi, tenha servido para designar negros quilombolas como “negros das capoeiras”, posteriormente, como “negros capoeiras” e finalmente apenas como “capoeiras”. Sendo assim, aquilo que antes etimologicamente designava “mato” passou a designar “pessoas” e as atividades destas pessoas, “capoeiragem”. (Vieira, 2005) [32].

Segundo Coelho (1997, p. 5) [33] o termo capoeira é registrado pela primeira vez com a significação de origem lingüística portuguesa (1712), não se visualizando qualquer relação com o léxico tupi-guarani. Em 1757 é encontrada primeira associação da palavra capoeira enquanto gaiola grande, significando prisão para guardar malfeitores. (OLIVEIRA, 1971, citado por ARAÚJO, 1997, p. 5)[34].

Encontrei em Marcos Carneiro de Mendonça[35], em seu festejado “A Amazônia na era Pombalina”, carta de Mendonça Furtado[36] a seu irmão, o Marques de Pombal – datada de 13 de junho de 1757 -, dando conta da desordem acontecida no Arraial do Rio Negro, com as tropas mandadas àquelas paragens, quando da demarcação das fronteiras entre as coroas portuguesa e espanhola.

Afirma que os dois regimentos que foi servido mandar para guarnição eram compostos daquela vilíssima canalha que se costuma mandar para a Índia e para as outras conquistas, por castigo. A maior parte das gentes que para cá era mandada eram ladrões de profissão, assassinos e outros malfeitores semelhantes, que principiavam logo por a terra em perturbação grande:

“[…] que estava uma capoeira cheia desta gente para mandarem para cá […] sem embargo de tudo, se introduziram na Trafalha, soltando-se só do regimento de Setúbal, nos. 72 ou 73 soldados, conforme nos diz o Tenente-Coronel Luis José Soares Serrão, suprindo-se aquelas peças com estes malfeitores […] rogo a V. Exa. queira representar a Sua Majestade que, se for servido mandar algumas reclutas (sic), sejam daqueles mesmos homens que Sua majestade, ordenou já que viesse nestes regimentos, e que as tais capoeiras de malfeitores se distribuam por outras partes e não por este Estado que se está criando  [Capitania do Rio Negro] […]” (p. 300). (grifos do texto).

 

Para Vieira (2004)[37]:

“[…] data a Capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’.”

 

 

 

 

 

 

 

Mestre Índio Maranhão Graduado por mestre Diniz em 07 de setembro de 1996 na presença do irmão de capoeira o Mestre Patinho – ambos treinaram juntos na adolescência.

http://saojorgerj.blogspot.com.br/2008/07/mestre-indio-maranho-vai-espanha.html

[1] Por metonímia res pro persona, o nome da coisa passou para a pessoa com ela relacionado.

[2] http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/11/18/8331/

[3] Jorge Bento, citando João Ubaldo Ribeiro, in ARAÚJO, Paulo Coelho de. ABORDAGENS SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DA LUTA/JOGO DA CAPOEIRA. (Porto): Instituto Superior Maia, 1997, p. 7

[4] To: capoeiranaescola@googlegroups.com Cc: fabiano caviquio ; Marcelo ; jeferson batista ramos ; capoeiramestrepop@gmail.com  Sent: Saturday, September 17, 2011 1:04 AM Subject: Chamada na ‘Benguela’

[5] Capoeira é registrada como patrimônio imaterial brasileiro – África 21 – Da Redação – 16/07/2008 – http://www.cultura.gov.br/site/2008/07/16/capoeira-e-registrada-como-patrimonio-imaterial-brasileiro/

[6] CORTE REAL, Márcio Penna. A Capoeira na perspectiva intercultural: questões para a atuação e formação de educadores(as). 2004

[7] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira no Maranhão – afinal, o que é Capoeiragem? In

www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=379

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O que é a Capoeira ? In

www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=13170&id_noticias=675

[8] CORTE REAL, Márcio Penna. A Capoeira na perspectiva intercultural: questões para a atuação e formação de educadores(as). 2004

[9] COELHO, T. Dicionário crítico de política cultural. São Paulo: Iluminuras, 1999

[10] IPHAN, Assessoria de Imprensa do Iphan. A capoeira na história. in REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, Ed. de Julho de 2008, disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1871

[11] ARAUJO, Paulo Coelho de; JAQUEIRA, Ana Rosa Fachardo. DO JOGO DAS IMAGENS AS IMAGENS DO JOGO – nuances de interpretação iconográfica sobre a Capoeira. Coimbra – Portugal: Centro de Estudos Biocinéticos, 2008.

[12] Johann Moritz Rugendas (Augsburgo, 29 de março de 1802 — Weilheim, 29 de maio de 1858) pintor alemão que viajou por todo Brasil durante 1822–1825 e pintou povos e costumes. Rugendas era o nome que usava para assinar suas obras. Cursou a Academia de Belas-Artes de Munique, especializando-se na arte do desenho. Pintor de cenas brasileiras, nasceu em Augsburg, em 29 de março de 1802 e faleceu em Weilheim, em 29 de maio de 1858. De família de artistas, integrou a missão do barão de Georg Heinrich von Langsdorff e permaneceu no Brasil três anos. IN http://pt.wikipedia.org/wiki/Rugendas

[13] Mensagem eletrônica De: Javier Rubiera [capoeira.espanha@gmail.com] Enviado em: domingo, 24 de maio de 2009 12:32 Para: leopoldovaz@elo.com.br Assunto: [SPAM] [Sala de Pesquisa – Internacional FICA] 1834-Capoeira de Rugendas

[14] ARAUJO, JAQUEIRA, 2008, obra citada.

[15] Não foram encontradas descrições de Augustus Earle sobre a obra, mas somente, a denominação atribuída à imagem como sendo; “Negros brigando nos Brasil” – (Negros fighting, Brazils). ARAUJO e JAQUEIRA, 2009, p. 80-81

[16] TURAZZI, Maria Inez (org.). Tipos e cenas do Brasil imperial: a Litografia Briggs na Coleção Geyer. Petrópolis: Museu Imperial, 2002.

[17]VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Jornal do Capoeira http://www.capoeira.jex.com.br/, Edição 47: 30 de Outubro à 05 de Novembro  de 2005

LACÉ LOPES, 2007, obra citada.

LACÉ LOPES, 2006, obra citada.

REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado “Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição” (Reis, 1993).

VIEIRA, 2005, obra citada. p. 39-40.

LIMA, Mano. DICIONÁRIO DE CAPOEIRA. 3ª. Ed. Ver. E amp. Brasília: Conhecimento, 2007

ARAUJO; JAQUEIRA, 2008, obra citada.

[18] MARINHO, Inezil Penna. A GINÁSTICA BRASILEIRA. 2 ed. Brasília, Ed. Do Autor, 1982

[19] VIEIRA, 2005, obra citada  p. 39-40.

[20] ARAÚJO, 1997 , obra citada..

[21] CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972.

[22] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A CARIOCA. in BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica em CD-R (pré-print).

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A Guarda Negra. Palestra proferida no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em agosto de 2009, publicado no BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica em CD-R (pré-print).

[23] DaCOSTA, 2006, , obra citada. p. 1.44-1.45. Disponível em www.atlasesportebrasil.org.br

[24] IPHAN, Assessoria de Imprensa do Iphan. A capoeira na história. in REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, Ed. de Julho de 2008, disponível em

 http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1871

[25] VAZ, 2009, , obra citada..

VAZ, 2009, , obra citada.

[26] Jorge Leal Amado de Faria (Itabuna, 10 de agosto de 1912 — Salvador, 6 de agosto de 2001) foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Ele é o autor mais adaptado da televisão brasileira, verdadeiros sucessos como Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela e Teresa Batista Cansada de Guerra são criações suas, além de Dona Flor e Seus Dois Maridos e Tenda dos Milagres.2 A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas,3 existindo também exemplares em braille e em fitas gravadas para cegos.  Amado foi superado, em número de vendas, apenas por Paulo Coelho mas, em seu estilo – o romance ficcional -, não há paralelo no Brasil. Em 1994 viu sua obra ser reconhecida com o Prêmio Camões. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Amado

[27] Carybé, nome artístico de Hector Julio Páride Bernabó (Lanús, 7 de fevereiro de 1911 — Salvador, 2 de outubro de 1997), foi um pintor, gravador, desenhista, ilustrador, ceramista, escultor, muralista, pesquisador, historiador e jornalista argentino, brasileiro naturalizado e residente no Brasil desde 1949 até sua morte. http://pt.wikipedia.org/wiki/Caryb%C3%A9

[28] Pierre Edouard Leopold Verger (Paris, 4 de novembro de 1902 — Salvador, 11 de fevereiro de 1996) foi um fotógrafo e etnólogo autodidata franco–brasileiro. Assumiu o nome religioso Fatumbi. Era também babalawo (sacerdote Yoruba) que dedicou a maior parte de sua vida ao estudo da diáspora africana – o comércio de escravo, as religiões afro-derivadas do novo mundo, e os fluxos culturais e econômicos resultando de e para a África. Após a idade de 30 anos, depois de perder a família, Pierre Verger exerceu a carreira de fotógrafo jornalístico. A fotografia em preto e branco era sua especialidade. Usava uma máquina Rolleiflex que hoje se encontra na Fundação Pierre Verger. Durante os quinze anos seguintes, ele viajou os quatro continentes e documentou muitas civilizações que logo seriam apagadas através do progresso. Na cidade de Salvador, apaixonou-se pelo lugar e pelas pessoas, e decidiu por bem ficar. Tendo se interessado pela história e cultura local, ele virou de fotógrafo errante a investigador da diáspora africana nas Américas. Em 1949, em Ouidah, teve acesso a um importante testemunho sobre o tráfico clandestino de escravos para a Bahia: as cartas comerciais de José Francisco do Santos, escritas no século XIX. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Verger.

[29] VIEIRA, Luiz Renato; ASSUNÇÃO, Mathias Röhring. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira. In ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS, 34, dezembro de 1998, p. 82-118

[30] MARINHO, 1982, obra citada

VIEIRA, Sérgio Luis de Sousa. Capoeira – origem e história. Da Capoeira: Como Patrimônio Cultural. PUC/SP – Tese de Doutorado – 2004. disponível em http://www.capoeira-fica.org/.

VIEIRA, 2005, obra citad  p. 39-40.

[31] VIEIRA, 2005, obra citada p. 39-40.

[32] VIEIRA, 2005, obra citada p. 39-40.

[33] ARAÚJO, 1997, obra citada.

[34] ARAÚJO, 1997, obra citada

[35] MENDONÇA, Marcos Carneiro de. A Amazonia na era pombalina. Tomo III. Brasilia: Senado Federal, 2005, volume 49-C.

[36] Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1700 — 1769) foi um administrador colonial português. Irmão do Marquês de Pombal e de Paulo António de Carvalho e Mendonça. Foi governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão de 1751 a 1759 e secretário de Estado da Marinha e do Ultramar entre 1760 e 1769. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier_de_Mendon%C3%A7a_Furtado

[37] VIEIRA, 2004, obra citada. Disponível em http://www.capoeira-fica.org/ .

 

 

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