No recreio, as crianças começam a correr pra todo lado no pátio da escola e eu pergunto a uma delas o porquê. Ela aponta o "pegador" e me conta: ele está com a gripe suína! E sai correndo e gargalhando.
Pois é, já inventaram um novo pique. ;)
Mas algumas das medidas que fomos orientados a adotar me partem o coração.
Recomendar às crianças que evitem o contato físico com seus colegas, especialmente beijos e abraços, é uma delas.
Nossas crianças são espontaneamente carinhosas, chegam à escola abertas em sorrisos e repletas de beijos e abraços. Dizer para não fazerem isto é doloroso, mesmo acompanhado da exposição de motivos.
Em uma apresentação ppt trazida à escola por nossa coordenadora, havia um quadro comparativo de vítimas de pandemias de gripe, começando pela espanhola, informando que matou 50 milhões de pessoas. Confesso que já havia esquecido dessa parte da história.
A data era 1918, exatamente o ano de nascimento de meu pai. E imediatamente eu lembrei o quanto ele era austero em relação a compartilhar objetos pessoais, mesmo no nosso grupo familiar imediato. Também não fomos acostumados a manifestações de carinho através de beijos e abraços.
Pensei na teoria ecológica de Bronfenbrenner e me indaguei se isso foi reflexo da gripe na época, ou era mesmo a cultura de então. Se o primeiro caso for verdade, fiquei imaginando o impacto do momento atual na afetividade desta meninada.
O que pensam a respeito?
Comentários
Por
Rafael Silva Galdino Mathias
em 22 de Agosto de 2009 às 17:07.
Olá Profa. Cláudia. Bem, penso que os procedimentos tomados pelas escolas são recomendativos. Penso que as crianças não deixarão de manifestar carinho pelas outras com a ausência do toque. Não descarto de maneira alguma a importância disto, mas por ser um procedimento passageiro, não creio que será um impacto significativo na afetividades delas, afinal a família tem a maior parte neste processo. Abraços.
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