Bom dia a todos!

Replico essa mensagem q recebi de um blog a respeito da ameaça que uma das nossas maiores representantes nos estudos afetos à psicologia do esporte, a professora Katia Rubio, vem sofrendo do Comite olimpico Brasileiro! Não podemos aceitar uma atitude dessa! Assim, manifesto minha defesa à professora Katia Rubio e rupudio veemente a postura do COB. Espero ouvi-los para quem sabe podermos construir uma opiniao de toda nossa comunidade em apoio à professora. 

Date: Friday, January 29, 2010, 12:43 PM
> http://albertomurray.wordpress.com/
> Comitê Olímpico Brasileiro Processa A
> Professora E Educadora Katia Rubio
> janeiro 28, 2010

Katia Rubio é uma das mais festejadas e respeitadas educadoras  olímpica do País, ao lado de Laurete Aparecida de Godoy e tantas outras celebridades do mundo acadêmico. Professora da Faculdade de Educação Física da Universidade de São Paulo, Kátia também atua como psicóloga do esporte, possui uma série de Livros publicados e uma folha exemplar de serviços prestados para o desenvolvimento do Brasil nessa área.

Katia é conferencista sobre o tema Olímpico no Brasil e no exterior. Seu mais recente Livro chama-se “Esporte, Educação e Valores Olímpicos”. Uma Obra necessária para quem ensina e dedica-se ao tema.

Pois bem, o Comitê Olímpico Brasileiro está processando a Professora Kátia Rúbio em razão dessa magnífica Obra. Sei lá o que leva os Pajés Olímpicos a processar
> Kátia Rubio pela publicação de um Livro absolutamente de conteúdo acadêmico. Seja lá quais forem as razões dessa gente, essa ação é extremamente  preocupante. Assemelha-se às mais sangrentas das ditaduras, em que todos aqueles que não rezam pela cartilha do chefe estão  fadados à perseguição. A atitude do COB é deplorável e merece preocupação, pois atenta contra a liberdade de expressão. É uma tentativa de intimidação  e controle da produção acadêmica.

O COB tem um setor cultural, que não faz nada de interessante.  Publica um monte de bobagens, livros de gente ligada a  eles, mal escritos e que acabam encalhando nas prateleiras. Eu os leio por puro dever de ofício. Tem uma parceria com a editora Casa da Palavra (cujo contrato nunca foi revelado), que se presta a, unicamente, na área dos esportes, editar escritos chapa branca, ou que não firam a  “filosofia de trabalho” do grupelho que toma conta do nosso olimpismo.

Os acadêmicos, a Universidade de São Paulo, a imprensa, os desportistas devem unir-se para, veementemente, repudiar  esse ato autoritário do COB. Se não houver forte reação, aonde vamos parar?


Censura é coisa séria, mas muito séria mesmo.

Comentários

Por Katia Rubio
em 7 de Fevereiro de 2010 às 23:34.

Obrigada Rafael pela ajuda na divulgação desse episódio lamentável e que poderia ter sido evitado. Fica a lição para estarmos sempre alertas e mobilizados. Talvez o desfecho dessa história tivesse sido outro se eu tivesse ficado calada no meu canto temendo aqueles que parecem maiores e mais fortes.

Por Rafael Moreno Castellani
em 5 de Fevereiro de 2010 às 18:03.

Boa Tarde Kátia e demais colegas!

Acabo de ler noticia do Juca Kfouri nos contando que o COB não só permitiu a publicacao e circulacao do livro da Katia, como se desculpou pelo episódio!

Pois bem... Era o mínimo que poderiam fazer!

Gostaria de manifestar minha felicidade em ver o envolvimento e manifestações de apoio dado à Katia por tanta gente aqui no CEV (nao só na nossa comunidade de psicologia do esporte) e também na mídia televisiva e escrita. Certamente, de alguma forma, contribuiram para que o COB mudasse de opiniao!

Parabens Katia por mais essa vitória! Espero ver ainda muitos outros livros sobre os Jogos Olimpicos e o que mais for de nosso interesse pela bem da Ciência e da sociedade!

Abraço a todos!

Por Flávia Silva Neves
em 30 de Janeiro de 2010 às 16:08.

Eu estou chocada, isso eh no minimo um absurdo! Rafael, vc saberia me dizer o que tem de tão incomodo nesse livro dela ao ponto do COB se debater assim?

Por Keila Sgobi de Barros
em 31 de Janeiro de 2010 às 17:17.

Pessoal, encontrei um site que descreve o motivo da ação:

COB ENSAIA AÇÃO LEGAL POR PALAVRA "OLÍMPICOS"

Aros e "Olimpíada" também ferem Carta, afirma comitê

Reprodução

Capa do livro Esporte, Educação e Valores Olímpicos, de autoria de Katia Rubio

SÃO PAULO, 30/01/2010 21:42
Swim It Up! Clipping, Folha de S.Paulo
Esta notícia foi reproduzida para fins didáticos. Caso disponível, veja link no final desta página para ver o texto original.

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EDUARDO OHATA

O Comitê Olímpico Brasileiro encaminhou ofício à professora Katia Rubio, da Universidade de São Paulo, no qual a ameaça de processo pelo uso da palavra ""olímpicos" e dos aros olímpicos, de maneira estilizada, em seu livro ""Esporte, Educação e Valores Olímpicos".

O COB explica que os termos ""olímpico" e ""Olimpíada", bem como o símbolo olímpico, são propriedade do Comitê Olímpico Internacional, de acordo com a Carta Olímpica (o estatuto do Movimento Olímpico).

A entidade requisitara que Katia retirasse de circulação todos os exemplares colocados à venda e dera prazo de dez dias, a contar de 15 de janeiro, para que ela garantisse por escrito que atenderia às suas exigências. E acenou com a possibilidade de ações na Justiça em caso de uma recusa.

A Folha apurou que, no comitê, acerto extrajudicial não foi inteiramente descartado.

""Se o comitê é o dono da palavra "Olimpíada", o que devemos escrever em seu lugar? "Evento que ocorre de quatro em quatro anos´?", questiona a educadora Katia Rubio.

""Escrevi 15 livros, sou uma autora séria. É um livro sobre educação olímpica. Pegaram no meu pé porque eles [no COB] é que queriam escrever isso", conta Katia, cujo advogado é Alberto Murray Neto, notório crítico do presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, e ex-membro do comitê.

Em um ofício enviado a Katia, o COB informa que a autora incorreu em crime contra registro de marca e acrescenta que a pena é ""detenção de três meses a um ano, ou multa".

De forma extraoficial, o comitê explica haver diferença entre o uso da palavra ""Olimpíada" pelos meios de comunicação e na capa de um livro -nesse caso, o objetivo é a obtenção de lucro, e não a promoção do Movimento Olímpico.

Segundo a autora, ela tomara cuidados para não ferir a lei e consultara o COB sobre a questão dos aros. ""Aleguei que se tratava de obra didática, pedi autorização, verbalmente, para usar os aros. Não deram. O ilustrador teve de tirar os aros de várias ilustrações", afirma Katia Rubio, que os substituiu então por aros estilizados.

O COB alega que ""a autora foi notificada extrajudicialmente por ter utilizado os aros olímpicos de maneira indevida na capa do livro... A autora não respondeu a notificação."

FONTE: http://www.satirosodre.com.br/noticias.php?id=47911

Por Katia Rubio
em 31 de Janeiro de 2010 às 19:36.

Colegas

Ontem e hoje recebi v árias mensagens me perguntando se essa notícia era um trote diante do absurdo que ela representa. Digo-lhes que é verdade. Uma verdade preocupantes porque coloca em risco nosso futuro como pesquisadores dos estudos olímpicos, da psicologia do esporte ou qualquer outro tema que envolva o substantivo ou adjetivo olímpico. Estou escrevendo um documento para ser postado até amanhã. Obrigada pelo apoio.

Por Katia Rubio
em 1 de Fevereiro de 2010 às 09:49.

PELO DIREITO OLÍMPICO DE SE ESTUDAR E PESQUISAR ESTUDOS OLÍMPICOS NO BRASIL

 

Profa. Dra. Katia Rubio

Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo

 

 

Desde que ingressei na Universidade de São Paulo como docente fui posta à prova em um processo seletivo, três concursos, além das bancas de mestrado, doutorado e livre docência. Essa é a razão de ser da vida acadêmica. Sem contar na participação dos inúmeros editais que concederam auxílios ou bolsas aos projetos de pesquisa que desenvolvo. Com isso quero dizer que estou acostumada a ser avaliada e julgada de forma quase que ininterrupta há muitos anos.

 

Penso que aceitei o desafio da vida acadêmica porque fui criada e educada dentro do esporte. Aprendi ao longo da minha vida esportiva que o sucesso é o resultado de um processo que envolve dedicação, disciplina, determinação e que perder e ganhar faz parte do jogo. Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar, já cantava Elis. Tive a felicidade de contar com excelentes professores e técnicos que apontavam a todo instante a fundamentação ética dessa atividade, sem necessariamente evocar essas palavras.

 

Talvez venha daí o meu compromisso como pesquisadora e educadora: tive grandes mestres que adotaram uma pedagogia mimética e me inspiraram a fazer o mesmo.

 

Quando me dediquei ao estudo, ensino e pesquisa da Psicologia do Esporte e dos Estudos Olímpicos os fiz porque tinha a convicção da importância que esse fenômeno representa para a sociedade. Isso não é nenhuma novidade, uma vez que Thomas Arnold, no século XIX já havia observado essa possibilidade na sociedade inglesa da época e pautando-se nessa convicção fundou a Rugby School. Dessa experiência pedagógica resultou a obra Tom Brown’s Schooldays. Hughes foi aluno de Thomas Arnold na escola de Rugby, marco da institucionalização do esporte nas escolas inglesas, e na obra Tom Brown’s relatou de forma romanesca e apaixonada o cotidiano e as preocupações de uma pedagogia pelo esporte. Essa foi uma das obras que inspirou o Barão Pierre de Coubertin a edificar seu ideário olímpico, tema central dessa manifestação.

 

O estudo do fenômeno olímpico me inspira de diferentes formas, seja por seus aspectos macro que envolve a história, bem como as questões sociais e filosóficas, até seu âmbito mais específico relacionado basicamente à psicodinâmica do atleta e das equipes esportivas. Entendo que reside na compreensão desse continun – sujeito-sociedade – o sucesso de uma intervenção que não é apenas clínica, mas essencialmente social.

 

Vejo "milagres" sociais serem operados por meio do esporte, e não apenas o olímpico, mas afirmo que é o esporte olímpico que fornece muitos grandes exemplos para que milhões de crianças desenvolvam o desejo do vir a ser. E é nisso que eu aposto minhas fichas, minha energia de vida e meu vigor acadêmico: no estudo do fenômeno olímpico e em suas reverberações em diferentes indivíduos, sejam eles crianças ou adultos, que se refletirão nos movimentos da sociedade de forma mais ampla.

 

Essa foi a motivação para realizar os projetos de pesquisa Do atleta à instituição esportiva: o imaginário esportivo brasileiro (2001/14054-8) com auxílio pesquisa FAPESP, A função social da derrota entre atletas medalhistas olímpicos brasileiros com auxílio pesquisa concedido pelo CNPq (403212/2003 - edital 06/2003 – Ciências Humanas), Mulheres Olímpicas Brasileiras (2006/61269-3) com auxílio pesquisa FAPESP e meu pós-doutorado na Universidade Autônoma de Barcelona com bolsa concedida pela FAPESP (2004/05625-0), que como pode ser observado nos títulos dos projetos, abordam de diferentes maneiras o fenômeno olímpico.

 

Além disso, como sugerem os títulos de meus livros, quase todos eles relatando o resultado de pesquisas, o fenômeno olímpico e esportivo é o motor de minha ação autoral. São eles Esporte, educação e valores olímpicos. São Paulo: Ed. Casa do Psicólogo, 2009. Joaquim Cruz - Estratégias de preparação psicológica: da prática à teoria. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008. Medalhistas olímpicos brasileiros: memórias, histórias e imaginário. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. Heróis Olímpicos Brasileiros. São Paulo: Zouk, 2004. RUBIO, K. O atleta e o mito do herói: o imaginário esportivo contemporâneo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.

Além dos livros organizados com colegas dos Estudos Olímpicos, Psicologia do Esporte e Educação Física a seguir: RUBIO, K. (Org.); REPPOLD FILHO, A. (Org.); MALUF, R. M. (Org.); TODT, N. S. (Org.). Ética e compromisso social nos Estudos Olímpicos. Porto Alegre: Editora PUC-RS, 2007. RUBIO, K. (Org.). Educação Olímpica e responsabilidade social. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. RUBIO, K.; ANGELO, L. F. (Orgs). Instrumentos de avaliação em Psicologia do Esporte. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. RUBIO, K. (Org.) Megaeventos esportivos, legado e responsabilidade social. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. RUBIO, K. (Org.). Psicologia do Esporte: teoria e prática. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. RUBIO, K. (Org.). Psicologia do Esporte aplicada. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. RUBIO, K. (Org.); CARVALHO, Y. M. (Org.). Educação Física e Ciências Humanas. São Paulo: Hucitec, 2001. RUBIO, K. (Org.). Psicologia do Esporte: interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. RUBIO, K. (Org.). Encontros e desencontros: descobrindo a Psicologia do Esporte. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

 

Há anos estamos trabalhando na realização de projetos de educação olímpica em consonância com o pensamento de Pierre de Coubertin. Pensei que a realização dos Jogos Olímpicos no Brasil fosse o momento oportuno e privilegiado para multiplicarmos essas ações que já ocorrem dentro de uma perspectiva de educação não-formal e informal. Nós da área acadêmica temos essa estranha mania de ter fé na vida e acreditar em coisas improváveis ou mesmo impossíveis.

 

Na última quinta-feira, 28 de janeiro de 2010 tomei contato com um documento do Comitê Olímpico Brasileiro que me informa que devo recolher o livro Esporte, educação e valores olímpicos. Essa notícia além de me surpreender me causou enorme espanto por conta das alegações utilizadas para tal. Conforme o documento “o uso dos termos ‘olímpico’, ‘olímpica’, ‘olimpíada’, ‘Jogos Olímpicos’ e suas variações... são de uso privativo do Comitê Olímpico Brasileiro no território brasileiro.”

 

 Voltamos ao tempo da Inquisição onde apenas os iniciados poderiam fazer parte dos mistérios e os livros e publicações indexados deveriam ser expurgados impingindo aos descuidados o calor das chamas das fogueiras? É sempre bom lembrar que Hitler também fez suas escolhas de obras indexadas e termos permitidos.

 

O livro Esporte, educação e valores olímpicos foi gestado muito antes do anúncio da candidatura do Rio de Janeiro, uma vez que não tínhamos em nosso país nenhuma obra dedicada aos jovens para  tratar do tema Olimpismo. Criei também um guia didático para uso dos professores em sala de aula apontando como usar o material como tema transversal, aproximando assim nossa tão desrespeitada educação física escolar de disciplinas "nobres" como a língua portuguesa, história, geografia, biologia etc.

 

Como diria Luther King "I have a dream" e continuarei a tê-lo, independente da ação do COB. Meu sonho continua vinculado ao país que tenho e ao país que desejo ter, e como o esporte pode contribuir para essa realização.

 

Publicar livros é dever de ofício de pesquisadores, principalmente das ciências humanas, e esse último é mais um entre os muitos que ainda pretendo publicar sobre o tema olímpico. Tenho um livro no prelo sobre as Mulheres Olímpicas Brasileiras. Que faço diante disso? Nomeio o inominável ou deixo que pisem as flores de meu jardim como no poema em homenagem a Maiakovsky?

 

"[...]

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

[...]"

 

Conto com o apoio de todos aqueles que estudam, pesquisam, ensinam e publicam sobre Olimpismo, Educação olímpica, Valores olímpicos, Ideais olímpicos, Imaginário olímpico, os deuses olímpicos não atletas, os heróis olímpicos de hoje e da Antiguidade para que essa forma de censura não se abata sobre nossas produções, para que prevaleça a liberdade de pesquisa e de expressão e para que o conhecimento possa chegar a toda a sociedade, saindo dos círculos restritos da universidade e contribuindo para uma sociedade mais justa e um país melhor.

 

Se de alguma forma essa notícia também lhe causa perplexidade escreva para carlos.nuzman@cob.org.br, andre.richer@cob.org.br, presidência@cob.org.br manifestando sua opinião.

 

 

São Paulo, 29 de janeiro de 2010

 


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