Pelo jeito ainda temos muito para caminhar em direção ao maior entendimento e aceitação da psicologia do esporte!

Gostaria de levantar com todos, a partir da leitura desta reportagem, qual o entendimento de vocês acerca da importância e do entendimento que possuem em relação a psicologia do esporte.

Boa leitura! E espero que bom debate!

 

 

A depressão de Luciano, às vésperas da operação que o deixará seis meses sem jogar no Corinthians. O Brasil segue desprezando algo cada vez mais fundamental no futebol: a psicologia…

 

Ligamento cruzado anterior total e também no menisco lateral no joelho direito. Seis a oito meses para volta aos gramados.

Este o diagnóstico de Joaquim Grava. O médico planejou operar hoje Luciano.

Antes da cirurgia, o atleta de 22 anos mobilizou todo elenco corintiano. Ele estava muito depressivo e não parava de chorar por ter de enfrentar a operação. E o longo tempo que passará sem poder jogar futebol.

Luciano é o digno representante de uma nova safra de atletas. Tatuado, entusiasmado pelo sucesso repentino, no ano passado causou desconforto no Parque São Jorge. Diante do sucesso repentino, fila de jornalistas pedindo entrevistas, fãs implorando por autógrafos, ele tomou uma atitude que chocou a todos. Contratou seguranças.

Os jogadores mais velhos nem acreditaram quando ele chegou protegido para treinar.

Enquanto muitos ironizavam, brincavam, Sheik, fez questão de repreendê-lo.

"Eu ou o Guerrero usarmos segurança, justifica. Você, não. Ainda tem que comer muita grama para precisar de segurança. Pode parar com essa babaquice."

Um jogador do Corinthians relembra a 'dura' que Emerson deu em Luciano. O jovem atacante, sem graça, disse que mudaria sua atitude. Mano Menezes também não gostou da maneira que reagiu diante do sucesso. Sentiu que estava deslumbrado. Se comportando como grande ídolo. O chamou para uma conversa. Mas percebeu que a situação. O Corinthians tem apenas 25% de seus direitos. Seus empresários sonhavam com Europa. Luciano acabou se deixando levar. "Mascarou", em linguajar que os jogadores tanto gostam.

Quando Tite assumiu, percebeu logo o deslumbramento de Luciano. E o deixou de lado. O que irritou profundamente os empresários do atleta. Eles entraram em contato com a direção do Flamengo. O clube carioca pagaria R$ 2 milhões pelos 25% dos direitos do atacante que pertenciam ao Corinthians.

Mas o treinador corintiano percebia o talento do jogador. Não concordava com sua personalidade egocêntrica. Não autorizou a venda. Luciano, mais humilde, passou a treinar muito mais do que fazia com Mano. E foi convocado para disputar o Pan-americano do Canadá, com a Seleção Brasileira. Terminou como artilheiro da competição.

Com mais moral, estava prestes a ganhar a posição de Vagner Love. Até que, na semana passada, contra o Santos, sofreu a gravíssima contusão no joelho direito.

O golpe foi forte. O jogador quando soube da gravidade do caso desabou a chorar ainda na Vila Belmiro. Os médicos avisaram os dirigentes da necessidade de apoio psicológico a Luciano.

E foi feito assim. Joaquim Grava fez questão de explicar 150 vezes que não ficará com sequelas da operação. Será o mesmo jogador. Jussara Borges Viana, psicóloga das equipes amadoras, o apoiou. Tite também garantiu que o esperará até melhor em 2016.

Mas a participação dos jogadores acabou sendo fundamental. Os atletas, concentrados para enfrentar o Santos hoje, fizeram questão de animá-lo. Um deles foi Vagner Love, seu rival de posição. Acabou sendo muito emocionantes esses encontros.

Luciano é apenas mais um atleta da elite do futebol brasileiro que deixa claro. Oesporte necessita cada vez mais dos psicólogos. Eles já conseguiram chegar nos jogadores de base. Mas nos de cima, não. Há um tabu enorme.

"Eu não vou para psicólogo porque não preciso. Não sou louco", é um velho mantra de Neymar.

O coordenador da Seleção, Gilmar Rinaldi, vai pelo mesmo caminho. "Jogador rejeita psicólogo. Então não usamos. E nem pretendemos usar." Na Olimpíada de 2000, Suzy Fleury fez parte da Comissão Técnica de Luxemburgo. O fracasso do time também refletiu na psicóloga.

Na Copa de 2014, Felipão quis fazer a mesma coisa que em 2002. Chamou Regina Brandão para fazer o perfil de cada jogador. Só que o resultado foi péssimo. A Seleção do ano passado foi uma das mais descontroladas da história do futebol brasileiro.

O Corinthians mantém a psicóloga Jussara Borges Viana como 'colaboradora'. Ou seja, não faz parte da Comissão Técnica oficial. Mas é chamada quando os garotos precisam.

O que mais valeu para Luciano foi a solidariedade dos companheiros, a confiança de Tite do que a assistência psicológica improvisada.

No Brasil é assim.

Mas, por exemplo, na Alemanha, não.

Hans Dieter Hermann é o psicólogo do selecionado germânico.

Há nada menos do que 13 anos.

E, ao que consta, não há nenhum louco entre os convocados por Löw...

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