Cevnautas, vai aqui a notícia do Jornal O Público achado pelo Antonio Rocha Santos e a sinopse do artigo da Lancet garimpado por madrelaerciodecalcuta.

Vacina contra a doença de Alzheimer com bons resultados em ensaio clínico

08.06.2012 - 15:40 Por Teresa Firmino
do Jornal PÚBLICO

    Pela primeira vez, uma vacina contra a doença de Alzheimer teve bons resultados num ensaio clínico. Liderada pelo Instituto Karolinska, na Suécia, uma equipa de cientistas testou a nova vacina durante um ensaio que envolveu 58 doentes de Alzheimer. Verificou-se, segundo o estudo publicado na revista The Lancet Neurology, que a vacina conseguiu desencadear a produção de anticorpos contra uma proteína que se acumula no cérebro destes doentes e o danifica – a beta-amilóide.

A doença de Alzheimer não tem cura e todos os tratamentos actualmente disponíveis limitam-se a tentar abrandar os sintomas. Neste momento, há cerca de 36 milhões de pessoas com Alzheimer em todo o mundo. Em 2050, pensa-se que serão 115 milhões.

A beta-amilóide vai-se acumulando no cérebro e formando placas, que destroem os neurónios e degradam progressivamente as funções corporais em geral. Não se conhecem as causas exactas da doença de Alzheimer, que inicialmente tem como sintomas a dificuldade em recordar as memórias recentes porque a acumulação das placas provoca as primeiras lesões nas regiões cerebrais envolvidas na formação de novas memórias. À medida que a doença progride, outras regiões do cérebro são afectadas pelos agregados de beta-amilóide. Só depois da morte do doente é que se comprova a doença, através da análise de amostras do cérebro, para verificar a presença das placas.

Já tinha havido um ensaio clínico para testar uma vacina, há cerca de uma década. Mas correu mal, recorda o Instituto Karolinska em comunicado, e o ensaio foi interrompido porque provocou muitas reacções adversas (a vacina activava certos linfócitos T, células do sistema imunitário, mas que depois começaram a atacar o próprio tecido cerebral).

Agora, a equipa de Bengt Winblad, que foi patrocinada pela empresa farmacêutica Novartis, testou a nova vacina – chamada CAD106 –, que procura induzir a produção de anticorpos contra a beta-amilóide. “Neste segundo ensaio clínico em humanos, a vacina foi modificada para afectar apenas a prejudicial beta-amilóide”, lê-se no comunicado.

Neste ensaio, de fase 1 (que testa a segurança e tolerância de um novo medicamento), 46 dos 58 participantes receberam a vacina e aos restantes 12 foi dado um placebo (uma substância sem acção biológica). “Os investigadores descobriram que 80% dos doentes envolvidos nos ensaios desenvolveram os seus próprios anticorpos contra a beta-amilóide sem efeitos secundários durante os três anos do estudo. Isto sugere que a CAD106 é um tratamento tolerável para os doentes com doença de Alzheimer ligeira a moderada”, lê-se ainda.
Para avaliar e confirmar a eficácia da vacina, terão agora de ser feitos ensaios clínicos com mais doentes, sublinha a equipa no artigo.

O ARTIGO NA LANCET:

he Lancet Neurology, Early Online Publication, 6 June 2012

doi:10.1016/S1474-4422(12)70140-0Cite or Link Using DOI Safety, tolerability, and antibody response of active Aβ immunotherapy with CAD106 in patients with Alzheimer's disease: randomised, double-blind, placebo-controlled, first-in-human study Prof Bengt Winblad MD a Corresponding AuthorEmail Address, Niels Andreasen MD a, Prof Lennart Minthon MD b, Annette Floesser MSc c, Georges Imbert PhD c, Thomas Dumortier MSc d, R Paul Maguire PhD c, Kaj Blennow MD e, Joens Lundmark MD f, Matthias Staufenbiel PhD c, Prof Jean-Marc Orgogozo MD g, Ana Graf MD d Summary Background Immunotherapy targeting the amyloid β (Aβ) peptide is a potential strategy to slow the progression of Alzheimer's disease. We aimed to assess the safety and tolerability of CAD106, a novel active Aβ immunotherapy for patients with Alzheimer's disease, designed to induce N-terminal Aβ-specific antibodies without an Aβ-specific T-cell response. Methods We did a phase 1, double-blind, placebo-controlled, 52-week study in two centres in Sweden. Participants, aged 50—80 years, with mild-to-moderate Alzheimer's disease were entered into one of two cohorts according to time of study entry and then randomly allocated (by use of a computer-generated randomisation sequence) to receive either CAD106 or placebo (4:1; cohort one received CAD106 50 μg or placebo, cohort two received CAD106 150 μg or placebo). Each patient received three subcutaneous injections. All patients, caregivers, and investigators were masked to treatment allocation throughout the study. Primary objectives were to assess the safety and tolerability of CAD106 and to identify the Aβ-specific antibody response. Safety assessment was done by recording of all adverse events, assessment of MRI scans, physical and neurological examinations, vital signs, electrocardiography, electroencephalography, and laboratory analysis of blood and CSF. Patients with Aβ-IgG serum titres higher than 16 units at least once during the study were classified as responders. This study is registered with ClinicalTrials.gov, number NCT00411580. Findings Between August, 2005, and March, 2007, we randomly allocated 31 patients into cohort one (24 patients to CAD106 treatment and seven to placebo) and 27 patients into cohort two (22 patients to CAD106 treatment and five to placebo). 56 of 58 patients reported adverse events. In cohort one, nasopharyngitis was the most commonly reported adverse event (10 of 24 CAD106-treated patients). In cohort two, injection site erythema was the most commonly reported adverse event (14 of 22 CAD106-treated patients). Overall, nine patients reported serious adverse events—none was thought to be related to the study drug. We recorded no clinical or subclinical cases of meningoencephalitis. 16 of 24 (67%) CAD106-treated patients in cohort one and 18 of 22 (82%) in cohort two developed Aβ antibody response meeting pre-specified responder threshold. One of 12 placebo-treated patients (8%) had Aβ-IgG concentrations that qualified them as a responder. Interpretation Our findings suggest that CAD106 has a favourable safety profile and acceptable antibody response in patients with Alzheimer's disease. Larger trials with additional dose investigations are needed to confirm the safety and establish the efficacy of CAD106.

 

Comentários

Nenhum comentário realizado até o momento

Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.