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ALBERTO LATORRE DE FARIA

Victor Andrade de Melo

               Nas investigações históricas, que destaque devemos dar às ações individuais? Que notabilidade devemos dar a certas lideranças em contrapartida dos grupos liderados? Que valor têm as biografias?

              Quando escrevi meu primeiro estudo histórico de maior porte, um trabalho de conclusão de curso (concluído em 1993, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ainda não tinha em vista essas questões. Na ocasião, desejava me debruçar sobre a trajetória de um personagem que apresentara denotado envolvimento político, fazendo uso das potencialidades da história oral, primeiro método/metodologia a qual tive acesso.

              O tempo passou, me embrenhei pelos caminhos da História, e aquele estudo nunca saiu de minha memória afetiva. Tem obviamente muitos problemas de todas as naturezas, mas guarda para mim a lembrança de ter marcado meus primeiros passos acadêmicos. Na verdade, tanto assim o foi, que o recuperei tentando ponderar algumas afirmações e melhor situá-lo do debate historiográfico.

              Publiquei esse artigo na revista Lecturas. Nele, em determinada passagem afirmei:

 “Seria a trajetória de um indivíduo interessante para nos permitir compreender melhor um determinado objeto de estudo? Ou seria a própria trajetória individual o alvo do estudo, por si só, sem injunções maiores? Alvo de muitas desconfianças entre os historiadores, as biografias, entretanto, seguem ganhando espaço. Talvez porque, como afirma Giovani Levi (1996):

a maioria das questões metodológicas da historiografia contemporânea diz respeito à biografia, sobretudo as relações com as ciências sociais, os problemas de escalas de análise e das relações entre regras e práticas, bem como aqueles, mais complexos, referentes aos limites da liberdade e da racionalidade humana (p.168). 

            Parece-me adequado adotarmos uma postura de equilíbrio entre os diversos questionamentos que permeiam as possibilidades da biografia. Ainda mais, assumirmos claramente os seus limites, para que também possamos ressaltar suas potencialidades. Se a macro-estrutura coloca determinantes para qualquer indivíduo, não significa que ele não tenha o poder de subverter e optar por caminhos diferenciados. Tampouco significa que essa opção é fácil e instantânea, tendo que ser construída no decorrer de sua vida. Assim, o que mais nos interessa seria compreender não somente o macro ou o micro, mas de que forma se estabelecem tais relações”.

              De toda forma, parece-me que, mesmo com todos os limites, no trabalho de conclusão de curso consegui situar as principais contribuições de Alberto Latorre de Faria:

a) preocupação com o aspecto educacional do esporte, principalmente do boxe, onde também se preocupou com a redução da violência.

b) a preocupação com a formação de um profissional atuante na transformação de sua sociedade.

c) Estímulo a organização do movimento estudantil.

d) Introdução da preocupação sócio-transformadora na educação física brasileira – origem da abordagem crítica de inspiração marxista.

 

              Ainda tenho aquela monografia. Precisaria no mínimo de uma revisão gramatical e de formato. Não sei se é o caso de atualizar conteúdo. Talvez ela valha pelo que significou: fundamentalmente ter sido uma homenagem a um dos mais incríceis personagens da história da Educação Física brasileira.

Ttrecho de: Alberto Latorre de Faria, História Oral e a Educação Física Brasileira

Pagina e arquivos sob a curadoria do Professor Victor Andrade de Melo

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