Integra

 A Educação Adventista tem por base os princípios cristãos que propiciam o desenvolvimento integral e harmonioso do ser, nos aspectos físico, espiritual e social, que serão desenvolvidos através de: 1- um currículo fundamentado em princípios filosóficos e científicos; 2- o conhecimento do corpo e sua relação com a mente, promovendo a saúde física e o desenvolvimento de um caráter íntegro e equilibrado; 3- o preparo para todo período de existência possível ao ser humano; 4- o conhecimento da vontade divina exarada nas Sagradas Escrituras; 5- Integração da família, escola e comunidade.


 O que caracteriza os fins e objetivos da Educação Adventista é sem dúvida, o equilíbrio entre todas as dimensões do ser humano a serem desenvolvidas. Ao longo de todo o processo educacional, o aluno estará imerso num ambiente que converge para a Verdade, o Caminho e a Vida, pois são essas as premissas básicas da Eduação Adventista. A Educação Adventista enfoca aspectos de ordens sociais e morais, assim como o desenvolvimento cognitivo e o domínio de habilidades.


 Percebemos, no entanto, que esta educação dá ênfase especial ao aspecto da saúde: zelar pela saúde, ter melhor compreensão das leis da vida, desenvolvendo hábitos dietéticos saudáveis, isto é, saber o por quê, quando e como comer, ensinar bons hábitos de beber, fazer exercícios, ensinar a respirar, se expressar, conhecer a si mesmo e, finalmente, ter mente sã e corpo são.


 Toda esta filosofia está embasada na Bíblia Sagrada e nos escritos de Ellen G. White que é fonte inspiradora de toda abordagem realizada acima, dos conceitos sobre família, educação, saúde, temperança e fé. Tomamos como base três escritos de Ellen G. White que são: Ciência do Bom Viver, Conselhos Sobre Educação e Mensagens Escolhidas. Destes livros retiramos partes que referem-se à Educação Física, Escola, Saúde e Esporte (competitivo).


 Vejamos então alguns tópicos que selecionamos de forma a entender o que se passa com a Educação Física Escolar de acordo com a filosofia Adventista.


 Comecemos justificando a Educação Física na escola e alguns comentários sobre saúde:


 1- Ao deixarem o colégio, os estudantes devem ter melhor saúde e compreensão das leis da vida do que quando entraram.


 2- A ocupação física é parte do processo essencial a todo jovem.


 3- O estudante deve sair da escola com a constituição física inalterada com força e coragem para perseverar em qualquer posição que lhe for designada.


 4- A educação será de pouco valor se não houver força física para usá-la depois de ser adquirida.


 5- A cultura física é uma parte essencial de todo bem ordenado método de educação.


 Com relação ao esporte de competição e rendimento:


 1- As diversões e dispêndio de meios para satisfação própria que, passo a passo, levam à glorificação do próprio eu, e a educação nesses jogos com o fm de desfrutar o prazer, produz por essas coisas um amor e paixão que não são favoráveis ao aperfeiçoamento do caráter cristão.


 2- A maneira como o esporte tem sido conduzido no colégio não traz aprovação do Céu. Não fortalece o intelecto, não enobrece nem purifica o caráter. Os praticantes se tornam envaidecidos e vangloriosos.


 3- Os esportes não estão ajudando ao jovem a se preparar para o trabalho prático e ardoroso da vida. Sua influência não tende para o refinamento, generosidade.


 4- Mas acaso a satisfação nos esportes dá aos homens o desejo de conhecer a verdade e a justiça? Mantem Deus em seu pensamentos?


 Como último comentário a respeito de Ellen G. White tomamos como principal enfoque a sigla NEW START que desmembrada formam: N- nutrition (nutrição); E- exercise (exercício); W- work and water (trabalho e água); S- sunshine (luz solar); T- temperance (temperança); A- air (ar puro); R- rest (descanço); T- trust in Divine power (confiança no poder Divino).


 A partir destas visões relacionadas à saúde, Educação Física, e esporte formulamos um programa de Educação Física de 5° à 8° séries que foi no seu todo bem satisfatório, tendo limitações e virtudes que iremos relatar à seguir.


 Tomando os conteúdos e procedimentos que os alunos apresentavam no início do ano letivo de 2000 chegamos à conclusão junto à coordenadora pedagógica da escola que todos estes estavam na estaca zero com relação aos objetivos que gostaríamos de alcançar na escola. Os outros professores que por ali passaram tinham uma tendência tradicional esportivista, portanto ensinaram basicamente os fundamentos esportivos do futebol, voleibol e handebol.


 Os alunos foram avaliados fisicamente em três oportunidades ( 2°, 3° e 4° bimestres), sendo estes testes de verificação de peso e altura, flexibilidade ("sentar e alcançar"), força (dinamometria manual), resistência muscular (suspensão na barra), velocidade de membro superior ("plate-tapping"), velocidade (corrida de ida e volta 10 X 5 metros), potência muscular (salto em extensão sem corrida), resistência cádio-respiratória (progressivo de 20 metros), e força abdominal (repetições em 30 segundos). Todos os testes seguidos do manual do EUROFIT.


 Estes testes, nos ofereceram suporte para abranger conceitos e fatos sobre saúde, diferenças individuais, conhecimentos sobre o corpo, crescimento e desenvolvimento, cinesiologia (problemas de coluna: lordose, cifose e escoliose) , anatomia (nomenclatura de músculos, fisiologia (funcionamento de órgãos e músculos), além de responder questões sobre treinamento, obesidade, estirão... Os alunos tiveram aulas teóricas sobre regime alimentar adequado, o valor do café da manhã, doenças da modernidade (diabetes, problemas cardiovasculares, colesterol alto, osteoporose e câncer), diferenças entre negros e brancos (aspectos sociais e fisiológicos), atividade física regular e avaliação sobre aspectos esportivos (competição, oportunidades, lazer e cooperação).


 Com relação à parte esportiva, nos objetivos, quisemos mostrar um lado que estes não refletiam que é o da exclusão. Na visão da Escola Adventista não devemos deixar de lado pessoas que são menos aptas para algumas tarefas, pois estas têm seu valor perante Deus. Abordamos o esporte na forma de lazer, retirando, o quanto pudemos, seu caráter excludente e hierarquizante, dando valor à participação e não ao rendimento das crianças. Neste ano letivo (2000) a escola deixou de participar de torneios e competições que iriam confrontar com a filosofia cristã e que nos deixariam em contradição perante toda a comunidade escolar, no que diz respeito a selecionar os melhores alunos do esporte que estaria em pauta.


 Com o ano letivo correndo normalmente concluímos que os alunos compreenderam que a Educação Física é uma disciplina como todas que eles aprendem na escola, sendo um direito de todos, tendo seu conteúdo, seu valor educativo e portanto deveria ser tratada com respeito e não como hora de brincar e jogar bola.


 O que nos surpreendeu foi o interesse pelos testes e aulas teóricas, pedindo para que continuassem até a última aula do ano, onde temos como costume "liberar os alunos" para fazerem a atividade que tivessem vontade.


 Concluímos que a Educação Física é uma disciplina que, como as demais, adequa-se ao padrão de educação que a instituição tem como fim, portanto não devemos dizer quais são os métodos, técnicas e tendências mais eficazes, mas sim estar integradas à proposta pedagógica da escola.


 Obs.
O autor, prof. Laercio Iorio, leciona na Escola de Porto Feliz-SP


 Referências bibliográficas:


 White, E.G. Conselhos sobre Educação.1ed.Casa Publicadora Brasileira, 1976.
White, E.G. Ciência do Bom Viver.Casa Publicadora Brasileira, 1947.
White, E.G. Mensagens Escolhidas.2ed.Casa Publicadora Brasileira, 1985.