Resumo

A constituição dos grupos esportivos, a sensação de pertencimento dos seus integrantes e a motivação para a realização de tarefas, pressupõe o estabelecimento de um contrato que norteia as relações individuais e coletivas. Alguns aspectos como, tamanho do grupo, modalidade, gênero, contexto e, especialmente os vínculos afetivos e emocionais entre aqueles que desempenham liderança, no caso o técnico, e seus liderados, os atletas afetam essa organização. Assim, a relação social e profissional entre treinador e atleta caracteriza-se por nuanças comportamentais relacionadas à resolução de conflitos e a coesão de grupo. Este texto se baseia na pesquisa qualitativa, documental, amparada pelo método netnográfico e análise de discurso. Os objetivos desta apresentação será analisar os conflitos advindos da relação estabelecida entre técnico e atleta, os aspectos normativos desses conflitos, a percepção moral para a resolução de tais dilemas e sua relação com desempenho individual e coletivo. Tomando-se por base os trabalhos de investigação relativos ao processo de liderança, um número significativo de estudos mostra que as características e estilo dos técnicos são variáveis que interferem no processo de coesão de grupo. Os atletas experientes avaliam positivamente o técnico que dá ênfase a tarefa, enquanto para os atletas iniciantes o técnico é mais bem avaliado quanto atua com base no modelo transformacional de liderança. Portanto, os vínculos entre atleta e técnico se diferem dependendo da idade e da categoria das equipes (novatos ou profissionais). Pelos objetivos traçados, outros fatores marcam o papel desempenhado pelo líder, e estão relacionados aos conflitos gerados pela submissão do atleta ao poder do técnico para cumprir as leis e normas reguladas pelos contratos não-verbal e a manutenção da cultura dos vestiários. Assim, a relação paternal que se estabelece entre eles contribui para o aparecimento de dilemas de ordem moral, como ser conivente com os assédios sexuais, a combinação de resultados, o doping e outras formas veladas de corrupção e violência que mantém a ordem para o funcionamento do grupo. Os conflitos são superados em nome da unidade, coordenado pelo líder maior. Pode ocorrer um sacrifício pessoal em favor do coletivo, da coesão grupal e da possibilidade de permanência no grupo. Embora esse comportamento pode não representar uma concordância pessoal, acontece apenas para o cumprimento do contrato social estabelecido entre os integrantes, seguindo as leis silenciosas dos vestiários.

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