Compreensões do Lazer Pelos Coordenadores do Programa Segundo Tempo

Esta pesquisa aborda o Programa Segundo Tempo (PST) do Ministério do Esporte através de dois eixos de ação, os Coordenadores de Núcleo (CNs) e a Capacitação profissional. Investigamos como as Capacitações do PST estão envolvidas na construção dos sentidos de lazer dos CNs por meio de uma decodificação do vídeo “Fundamentos do lazer e da animação cultural” exibido aos CNs durante a Capacitação à distância do PST. No que tange às Capacitações, buscamos mapear os conceitos de lazer expressos no vídeo, e a relação que os CNs estabeleciam com o vídeo. Nosso objetivo se configurou em identificar as compreensões de lazer que os CNs (que já haviam realizado a Capacitação do PST) constroem a partir da apresentação do vídeo construído para a Capacitação à distância do PST. A realização dessa pesquisa contou com uma coleta de dados junto ao convênio do PST da cidade de Betim/MG. O instrumento de coleta foi uma exibição do vídeo “Fundamentos do lazer e da animação cultural” seguido da aplicação de 37 questionários com questões sobre o vídeo. Os estudos de Stuart Hall (1997; 2003) permitiram olhar para as Capacitações do PST como elemento de um sistema de produção cultural. E, para elencar as compreensões de lazer, utilizamos a teoria da codificação e decodificação de Hall (2003) que indicou os sentidos preferenciais, negociados e de oposição. Como conclusão, demarcamos os sentidos apresentados pelas Capacitações do PST como preferenciais, e, a partir deles, referenciamos os sentidos de lazer dos CNs. Disponibilizado no canal Youtube na internet, o vídeo “Lazer e Animação Cultural” (23’ e 42” de duração, do ano de 2010) é apresentado pela professora Ângela Bretas e trata dos temas argumentando como o PST se configura um programa de lazer, pois acontece a partir das escolhas das crianças e dos jovens e no contraturno escolar, tempo livre dessas pessoas. No vídeo, encontramos, o lazer como um fenômeno social moderno que tenciona os tempos da vida humana delimitando os tempos de produção e os tempos cotidianos e, nos tempos cotidianos, excluindo as obrigações rotineiras, encontramos atividades culturais que são relacionadas à busca do prazer. Dos 37 respondentes, 36,1% indicaram que era a primeira vez que viam o vídeo mesmo tendo participado da Capacitação à distância do PST. Quanto à concordância com o conceito de lazer expresso pelo vídeo, tomamos as respostas que indicavam o vídeo como positivo e assertivo, assim, 33,3% dos CNs acharam o vídeo ótimo, 58,3% acharam bom e apenas 8,3% acharam regular, ninguém indicou que o filme fosse ruim. Os dados apontaram para uma leitura por parte dos CNs preferencial. Para eles, o vídeo contribui para ampliação das percepções sobre o lazer e o trabalho nos núcleos a partir dessa temática. Concordam também que o vídeo é importante para a atualização de seus conhecimentos e um olhar crítico sobre a realidade nos núcleos.