Resumo

O campo curricular da educação física, disciplina componente da Educação Básica brasileira, sofreu intensa movimentação a partir da década de 1980 devido às primeiras críticas ao seu caráter predominantemente esportivista e excludente. Para contraposição ao pensamento dominante, surgem diversas teorias curriculares que disputam a hegemonia escolar, cada qual com sua visão de mundo, sociedade, escola, objetivos e metodologia. Apostamos que a melhor resposta para o mundo contemporâneo é o currículo cultural, discurso colocado em circulação a partir do início do novo milênio, muito influenciado por rastros críticos anteriores, das quais podemos destacar influências do marxismo, antropologia social, fenomenologia, entre outros. O momento atual do currículo cultural apoia-se principalmente nos campos teóricos dos estudos culturais e multiculturalismo crítico. Objetivamos então adentrar a escrita-currículo coletiva, tensionando o currículo cultural com a(s) filosofia(s) da(s) diferença(s), principalmente a partir de pensadores como Foucault, Deleuze e Guattari. A partir disso detectamos que a questão da aprendizagem não foi problematizada no âmbito de produção desta perspectiva curricular, de modo que mergulhamos neste intento: pensar a aprendizagem a partir de uma perspectiva pós-crítica. Para tanto, nos inspiramos nos escritos de Deleuze sobre o aprender, bem como nos textos de Silvio Gallo e René Schérer que ampliaram e desenvolveram o tema. Também nos alimentamos do conceito de educação menor, deslocamento da filosofia para a educação também realizado por Gallo, bem como da ideia de aprendizagem inventiva de Virginia Kastrup. Para não nos distanciarmos da prática e cotidiano escolar, cartografamos docentes experientes no currículo cultural durante dois semestres, utilizando os encontros como potencialidades numa escrita-efeito, tencionando desenvolver ferramentas para uma articulação com a atual produção curricular cultural. O atual momento da pesquisa nos permite inferir a urgência de pensarmos uma educação física outra, que rompa com discursos totalizantes, autoritários e repressivos, muito comuns na área. Uma experiência educacional pensada a partir de conceitos como “educação física menor”, “aprendizagem inventiva” e “esquizopolítica” e “esquizoaprender” são virtualmente potentes para atualizar uma educação física menor. 

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