Resumo

Esta pesquisa se ancora no pressuposto de que a religião evangélica influencia na educação do corpo e de que as diferenças decorrentes desta forma de educação podem ser percebidas nas aulas de Educação Física (EF). Percebendo o fato de que os evangélicos pesquisados durante o curso de mestrado estabelecem negociações e/ou acomodações entre seus costumes religiosos e suas práticas cotidianas, a intenção desta pesquisa foi compreender como este movimento acontece, transformando as experiências religiosas e principalmente as experiências escolares relacionadas às aulas de EF. Meu interesse foi compreender como e em que medida os conteúdos da EF tensionam ou podem tensionar estes movimentos de acomodação. Neste sentido, o objetivo foi analisar a trajetória das meninas pesquisadas para compreender como cada uma constrói suas ações partindo da relação entre a educação religiosa que recebem e outras formas de educação relacionadas ao corpo, neste caso, especificamente o conhecimento produzido na e pela EF. Mais do que isso, busquei entender como cada uma relacionava um tipo de "conhecimento religioso" com aqueles produzidos e veiculado nas aulas de EF. Para tanto, o grupo selecionado foi composto por cinco meninas pertencentes ou a Congregação Cristã no Brasil (CC) ou a igreja evangélica Assembléia de Deus (AD) e que estavam cursando os anos finais do Ensino Médio. Busquei acompanhá-las durante o ano letivo de 2011, particularmente durante as aulas de Educação Física. O método utilizado foi o etnográfico, tendo como principal referência o conceito de "descrição densa" do antropólogo Clifford Geertz. Além das observações intensas dos sujeitos selecionados, foram realizadas e registradas entrevistas e conversas informais. No primeiro capítulo, esclareço o campo, apresento os sujeitos selecionados e problematizo teórica e empiricamente aquilo que tratei no decorrer do texto. No segundo capítulo apresento um levantamento a respeito do entendimento de "corpo" e religião na análise antropológica. No terceiro capítulo, analiso os dados da pesquisa de campo com mais profundidade. A partir do entendimento das próprias meninas desenvolvo algumas interpretações sobre a EF, seus conteúdos e as tensões que perpassam as relações entre conhecimento religioso e aquele pertencente ao escopo da EF. No quarto capítulo, avançando para os problemas que dizem respeito ao professor e a escola, apontando a relação dos dados com a especificidade da escola e da EF. Por fim, faço algumas breves considerações que não encerram, mas cingem algumas reflexões, tornando-as menos soltas e mais palpáveis. Se questões continuam sendo levantadas, neste momento elas parecem poder contar com elaborações mais refinadas, ampliando a possibilidade de reflexão sobre o tema por parte de pesquisadores e professores que se deparam com as questões tratadas. 

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