Resumo

Objetiva compreender como foram produzidas e veiculadas as representações em termos de práticas de pesquisa e saberes científicos presentes nos discursos dos articulistas, no que se refere à Educação Física escolar nos últimos 30 anos (1979- 2009), por meio do processo de constituição do pensamento científico, considerando os recursos teórico-metodológicos empregados no campo. Utiliza como fonte a Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE), chancelada pelo Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE). A revista se apropria de discursos das chamadas “ciências-mãe”, buscando ser reconhecida como autoridade científica. Entendida como dispositivo estratégico de conformação de sentidos, a RBCE se vale de seu lugar de poder para definir o que merece ser “publicizado” e/ou preservado no campo científico. Analisa a forma com que circulavam os saberes da Educação Física escolar, seus praticantes e suas práticas. Possui como referencial teórico as proposições de Chartier (1988) acerca das lutas de representação pela autoridade científica num campo permeado por interesses e por estratégias que partem de um lugar de poder (CERTEAU, 2007) específico – o CBCE. Entre as proposições desse autor, foi mobilizada, também, a noção de apropriação. A base metodológica foi amparada pelo paradigma indiciário de Ginzburg (2003), por meio do qual foi investigado o dito e o não dito no periódico. Foi possível notar que os estudos sobre escola aparecem pulverizados em diversos exemplares, com temáticas variadas, utilizando esse espaço e seus praticantes como campo fértil de investigação, indicando que muito se publica, mas poucos são os estudos que se direcionam à prática pedagógica com vistas à sua ressignificação. Além disso, conclui que o teorizar específico da Educação Física se concentra na integração das diferentes abordagens, configurando-se num teorizar sintetizador de conhecimento à luz de necessidades específicas da prática pedagógica. 
 

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