Educação, território e tecnologias Digitais: A experiência nas escolas Das ilhas Egadi (Itália)

Por Iracema Munarim (Autor), Rogério Santos Pereira (Autor), Gilka Girardello (Autor).

Parte de Pesquisa e formação em Mídia - Educação Física . páginas 43 - 56

Resumo

Este artigo2

busca discutir a apropriação pedagógica de tecnologias di-
gitais nas escolas das Ilhas Egadi, no sul da Itália, visitadas em 2012 durante

o nosso período de estágio sanduíche no exterior (CAPES/PDSE)3

. Ao pesqui-
sarmos a inserção das tecnologias digitais nas escolas do campo no Brasil, en-
contramos nas escolas isoladas italianas um contexto que nos permitiu refletir

sobre as dificuldades que enfrentamos em nosso país e conhecer caminhos de

intervenção pedagógica que reforçam o papel social e político da escola nas co-
munidades. Essa aproximação entre dois cenários distintos e geograficamente

distantes teve como inspiração o depoimento de uma professora italiana que
narrou suas experiências pedagógicas com o uso de tecnologias em um evento
acadêmico4
que versava sobre o uso de dispositivos digitais móveis no campo da

aprendizagem. A vontade de conhecer melhor seu trabalho nos levou ao arqui-
pélago Egadi, formado por três ilhas que pertencem à região da Sicília, sul da

Itália: Favignana, Marettimo e Levanzo. 

A utilização do termo escolas isoladas5

para se referir às escolas de peque-
nas ilhas da Itália destaca o fato de que, em decorrência da localização geográfi-
ca, elas vivem condições diferentes da maior parte das escolas daquele país: são

escolas pequenas com número reduzido de crianças; há predominância de clas-
ses multisseriadas; há dificuldade em contar com professores de disciplinas es-
pecíficas e de realizar o transporte dos professores entre as ilhas e o continente;

as escolas vivem a constante ameaça de fechamento (nas contas orçamentárias
dos governos, custa menos transportar as crianças para um centro urbano do
que manter a escola aberta). Já no Brasil, o isolamento é uma condição comum

à maioria das escolas situadas no meio rural e também é gerador de singulari-
dades e dificuldades. Deste modo, a oportunidade que tivemos de conhecer in

loco uma realidade sociocultural e econômica diferente da brasileira nos inspira
a fazer um exercício de aproximação e tradução intercultural (SANTOS, 2012)
entre práticas pedagógicas que observamos no exterior (escolas isoladas) e os
cenários educativos do nosso país (escolas do campo).

Como particularidade, as escolas de ilhas do sul da Itália elaboram estra-
tégias que se apropriam política e pedagogicamente das tecnologias digitais

para buscar romper com o isolamento cultural e geográfico a que estão subme-
tidas. A opção pedagógica dessas escolas tem como objetivo promover o prota-
gonismo dos estudantes no processo educativo de reconhecimento coletivo das

demandas locais e a busca de suas soluções, bem como a construção coletiva

de um sentimento de pertença à comunidade. Na luta pela manutenção e va-
lorização de sua cultura, as escolas expressam o pedido de socorro e o grito de

resistência de um arquipélago que pouco a pouco perde sua população em um
fluxo migratório de famílias que avistam no continente a promessa de melhores
oportunidades de trabalho e de estudo.

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