Resumo
A doença renal crônica (DRC) afeta diretamente respostas hormonais ligadas ao metabolismo proteico e compromete a função física de pacientes tratados por hemodiálise (HD). Uma alternativa não farmacológica para atenuar os prejuízos oriundos da DRC é a prática regular de exercício físico (EF) por exercer papel protetor contra a morbidade. Os artigos que que compõem a presente tese, estão descritos a seguir. O primeiro estudo objetivou revisar a literatura a respeito da eficácia dos programas de treinamento intradialítico sobre a capacidade funcional de pacientes com DRC medida pelo teste de caminhada de 6 minutos (TC6). Métodos: foi realizada uma busca eletrônica por ensaios clínicos randomizados (ECR) que mensuraram a capacidade funcional por meio do TC6 em pacientes renais crônicos submetidos a treinamento físico intradialítico, nas bases de dados MEDLINE / PubMed, Cochrane, Lilacs, PEDro e Scielo e publicados até outubro de 2020. A escala PEDro de qualidade foi utilizada para avaliar a qualidade metodológica dos estudos. Os dados foram extraídos por dois autores de forma independente, usando indicadores de qualidade predefinidos. Resultados: um total de 348 RCTs foram inicialmente identificados na pesquisa, mas somente 19 estudos preencheram os critérios de inclusão. O EF intradialítico aumentou a distância percorrida no TC6, em média, em 43 metros (IC95% 29,4 a 56,7). Em relação aos modelos de EF, o modelo aeróbio promoveu um aumento médio de 44 metros (IC95% 22,3 a 66,7), o modelo de força promoveu um aumento médio de 30,7 metros, (IC95% 10,1 a 51,3), enquanto a combinação de ambos promoveu um aumento médio de 53,2 metros (IC95% 31,7 a 74,5), independentemente da idade, tempo de intervenção, duração das sessões e qualidade metodológica do estudo. Conclusão: encontrou-se resposta positiva do treinamento intradialítico na capacidade funcional medida pelo TC6 em pacientes com DRC, sendo o treinamento combinado o modelo mais eficaz. O segundo estudo objetivou, através de uma intervenção controlada e randomizada, comparar os efeitos do exercício aeróbio intradialítico de intensidade moderada com restrição parcial de fluxo sanguíneo (RPFS), sobre as concentrações plasmáticas dos hormônios do crescimento (GH) e cortisol. Métodos: incluiu-se 66 pacientes adultos com DRC alocados em um de três grupos: EF com RPFS, EF sem RPFS (exercício físico convencional) e grupo controle que não realizou nenhum exercício físico. A intervenção durou 12 semanas, com sessões de exercício aeróbio intradialítico de 20 minutos, três vezes por semana. Os níveis dos hormônios GH e cortisol foram medidos antes e após o período de intervenção. Resultados: as concentrações plasmáticas do GH não foram diferentes entre os grupos em nenhum dos momentos, assim como não houve diferença na interação grupo/tempo. Os níveis de cortisol não foram diferentes nas análises intra-grupo ou inter-grupos, mas apresentou diferença significativa na interação grupo/tempo (p<0,01), mostrando um aumento significativo (+25%, tamanho de efeito de 0,20) no grupo exercício com RPFS em comparação aos grupos controle e exercício sem restrição de fluxo. Conclusão: Em pacientes com DRC, o treinamento aeróbico intradialítico com RPFS, comparado aos grupos de exercício convencional e controle, provocou um aumento significativo no cortisol plasmático, embora esses valores tenham permanecido na faixa de valores de referência.