Escritas: forças que operam na diferenciação no currículo cultural da educação física
Por Welington Santana Silva Júnior (Autor), Carolina Rodrigues de Souza (Autor).
Em XX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Esta pesquisa em andamento, tem como objetivo, pensar a escrita nas aulas de educação física de um professor atravessado pelo currículo cultural, sendo essa uma proposta curricular pautadas nas teorias pós-estruturalistas. Trata-se de uma tese que prevê problematizar a escrita tradicionalmente presente na escola e propor intervenções pensando como seria uma escrita criativa nas aulas de educação física, lugar que o corpo ainda tem certo destaque na escola moderna. A pesquisa não visa defender a escrita nas aulas de educação física, mas sim, denunciar um movimento atual de desvalorização do corpo nessas aulas e propor intervenções na qual a escrita esteja associada a outros movimentos e propósitos, inclusive, de denúncia da relação dos corpos com as aulas de educação física. Para Foucault (2010), a escrita é algo que transforma, não somente as coisas e os significados, mas aquele que escreve, que ao escrever, faz afirmações, desconstrói argumentos para construir outros e olha para si, com isso, pode mudar seu modo de viver ao se diferenciar. Segundo esse filósofo, a escrita é algo que o leva a pensar não como pensava antes sobre certos assuntos, uma experiência que provoca transformações em si mesmo. Nesse pensar sobre a possibilidade de diferenciação pela escrita, entende-se nessa pesquisa a diferença a partir de Deleuze. Trata-se de uma diferença que está na repetição, na multiplicidade e na criação. Deleuze (2021), nos explica que o diferenciar-se está na repetição que implica na mudança qualitativa por meio do rompimento dos limites. A repetição rompe certos limites e da emergência ao novo. A repetição faz saltar uma outra coisa, isso é, o metabolismo da força. Ao pensarmos na escrita e no diferenciar-se ao escrever, buscamos por escritas discentes que ocorreram durante as aulas na tematização de diferentes práticas corporais, em uma escola municipal, durante o ano letivo de 2024. Para a produção do material empírico, experimentamos três possibilidades de escritas discentes, sendo: a escrita no caderno, após as aulas; a escrita no painel de kraft, no final das aulas; e a escrita no tapete de kraft, em qualquer momento da aula. Os corpos que escreveram foram alunos de duas turmas que cursam o último ano do ensino fundamental I. Com suporte teórico da filosofia da diferença, buscaremos traçar, por meio dessas escritas discentes, linhas e construir mapas, a serem lidos e relidos, não na busca de uma defesa da escrita nas aulas de educação física, cujo corpo se ocupa, mas, de escritas que escapam das amarras do processo de escolarização. Escritas que possam dar vazão ao desejo, à criação e à diferença.