Resumo

Este estudo propõe uma leitura do esporte de rendimento, com o aporte teórico do  imaginário radical, considerando as dimensões sócio-históricas e subjetivas na prática  de corridas de longa distância. De início, a amostra da pesquisa foi composta por oito  sujeitos-atletas do grupo de corredores de rua Sport Vida. Assim, ao fazermos uma  análise sócio-histórica dessa prática esportiva, consideramos em conjunto os aspectos  socioculturais e seguimos com o objetivo de compreender os sentidos a ela atribuídos  pelos sujeitos-atletas, para além do aspecto econômico e do consumo. Observamos que,  mesmo o atletismo envolvendo aspectos relacionados ao rendimento, os atletas criam  outros sentidos para continuarem desenvolvendo essa prática, como as amizades, o estar  juntos com os amigos. Eles rompem com a lógica determinista do esporte – ultrapassar  o limite do corpo, vencer a qualquer preço, sobrepujar os colegas –, buscando  momentos de solidariedade, um esporte sem violência e afetivo. Percebemos, porém,  contradições, no discurso de alguns atletas, quando confessam que o mais importante é  o amor pelo esporte, as amizades, mas reclamam da falta de patrocínio e de apoio para  poderem treinar com mais tranquilidade. Esta pesquisa também revelou que, nessa  prática, os atletas constroem uma obstinação, devido ao sacrifício que ela impõe ao  corpo, porém isso é transformado em prazer, excitação e busca de fortes emoções.  Valores éticos também são construídos e valorizados no atletismo, o que é observado  quando os sujeitos-atletas fazem críticas contundentes ao uso de substâncias químicas  por aqueles (as) que o praticam. Ao tomarmos o imaginário radical como principal fonte 
teórica para esta pesquisa, fica evidente que o esporte pode ser ressignificado, desde que  esse imaginário seja potencializado no ensino da educação física, provocando nos  alunos uma reflexão crítica sobre a sociedade e sobre o esporte, que passa a ser  direcionado para a solidariedade, com democracia e autonomia. Enfim, o estudo revelou  que o esporte de rendimento é capaz de criar laços sociais e estruturar relações à sua  volta.

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